Por Antonio Siqueira
Sabemos, há tempos, que existe uma fenda global que parece crescer, por onde passaria a emergência de novas formas de governo com traços claramente fascistas. Há o medo de certas palavras. Esse medo vem na maneira com que tentamos, até o limite, não utilizá-las. Porque seu uso acende alertas vermelhos, nos quebra a letargia de sentir que, por mais que nossa situação atual seja complicada, a vida corre. E corre com uma velocidade de conspira violentamente contra a liberdade de expressão, contra as instituições democráticas e, principalmente, contra a arte de pensar, isto é: o objetivo é exterminar a cultura sem deixar vestígios.
Este fenômeno não se materializou apenas no Brasil. Se fez presente nos EUA, na Itália, na Hungria, na Polônia, nas Filipinas. Esta confluência de semblantes perplexos dando a volta ao mundo não é mero acaso. Ela indica uma fenda global que parece paulatinamente crescer, fenda por onde passaria a emergência de novas formas de governo com traços claramente fascistas. E aqui se fez, se consumou e está nos consumindo. Víamos estes governos como simplesmente “populistas”? Não é assim que se diz hoje, “governos populistas de direita”? Sim, é assim que se diz.
Esse Estado perverso, injusto, violento e intolerante, somos nós. Nós, que misturamos o público com privado, nós, que corrompemos o Estado e que determinamos que a Polícia Federal deveria servir à família do presidente, nós, que desvirtuamos a Justiça, que mostramos, adulteramos ou escondemos provas de delitos, que julgamos e aplicamos sentenças conforme nossos interesses arbitrários. Nós, nós, nós. O que dá "legitimidade" a toda esta gama de ignomínias é uma estrutura psicológica explicada por Freud; a perversão. A perversão não é a maldade, como o senso comum indicaria, a perversão para a psicanálise é o desdém, é a recusa da lei. O que podemos diante dos perversos?
Mas e se este uso extensivo do termo “populismo” fosse, na verdade, uma forma de não chamar de gato um gato? Pois talvez os chamávamos de “populistas” para não dizer o que eles realmente são: governos nos quais uma certa concepção de ‘estado total’, uma forma explícita de implosão de qualquer possibilidade de solidariedade social com grupos historicamente vulneráveis, uma noção paranoica de nação e o culto da violência são a verdadeira tônica. "Bandido bom é bandido morto", por exemplo, é um termo muito perigoso, mas é o chavão dos ídolos modernos. "Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra" é "socialista" demais, Jesus Cristo iria para o tribunal paralelo dos justiceiros institucionalizados dos novos tempos. "Lamento por todos os mortos, pois é o destino de todo mundo" é a frase de ordem na maior crise de saúde que o mundo conhecido já teve notícia.
Mas seria isto exatamente “fascismo”? E por que não falar em “populismo”, neste caso? Por que o nome disso é crueldade. Vocês não elegeram um "coveiro"...e daí...o Messias não faz milagres...e daí!? O verde e o amarelo são lenientes, off course. O Estado perverso, violento e intolerante somos nós. Devemos reconhecer que nossa perversão se alimenta dia a dia e recusar a esse chamado é o que pode ser feito para salvar nossas vidas.
AGN |
Sabemos, há tempos, que existe uma fenda global que parece crescer, por onde passaria a emergência de novas formas de governo com traços claramente fascistas. Há o medo de certas palavras. Esse medo vem na maneira com que tentamos, até o limite, não utilizá-las. Porque seu uso acende alertas vermelhos, nos quebra a letargia de sentir que, por mais que nossa situação atual seja complicada, a vida corre. E corre com uma velocidade de conspira violentamente contra a liberdade de expressão, contra as instituições democráticas e, principalmente, contra a arte de pensar, isto é: o objetivo é exterminar a cultura sem deixar vestígios.
Este fenômeno não se materializou apenas no Brasil. Se fez presente nos EUA, na Itália, na Hungria, na Polônia, nas Filipinas. Esta confluência de semblantes perplexos dando a volta ao mundo não é mero acaso. Ela indica uma fenda global que parece paulatinamente crescer, fenda por onde passaria a emergência de novas formas de governo com traços claramente fascistas. E aqui se fez, se consumou e está nos consumindo. Víamos estes governos como simplesmente “populistas”? Não é assim que se diz hoje, “governos populistas de direita”? Sim, é assim que se diz.
Esse Estado perverso, injusto, violento e intolerante, somos nós. Nós, que misturamos o público com privado, nós, que corrompemos o Estado e que determinamos que a Polícia Federal deveria servir à família do presidente, nós, que desvirtuamos a Justiça, que mostramos, adulteramos ou escondemos provas de delitos, que julgamos e aplicamos sentenças conforme nossos interesses arbitrários. Nós, nós, nós. O que dá "legitimidade" a toda esta gama de ignomínias é uma estrutura psicológica explicada por Freud; a perversão. A perversão não é a maldade, como o senso comum indicaria, a perversão para a psicanálise é o desdém, é a recusa da lei. O que podemos diante dos perversos?
Mas e se este uso extensivo do termo “populismo” fosse, na verdade, uma forma de não chamar de gato um gato? Pois talvez os chamávamos de “populistas” para não dizer o que eles realmente são: governos nos quais uma certa concepção de ‘estado total’, uma forma explícita de implosão de qualquer possibilidade de solidariedade social com grupos historicamente vulneráveis, uma noção paranoica de nação e o culto da violência são a verdadeira tônica. "Bandido bom é bandido morto", por exemplo, é um termo muito perigoso, mas é o chavão dos ídolos modernos. "Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra" é "socialista" demais, Jesus Cristo iria para o tribunal paralelo dos justiceiros institucionalizados dos novos tempos. "Lamento por todos os mortos, pois é o destino de todo mundo" é a frase de ordem na maior crise de saúde que o mundo conhecido já teve notícia.
Mas seria isto exatamente “fascismo”? E por que não falar em “populismo”, neste caso? Por que o nome disso é crueldade. Vocês não elegeram um "coveiro"...e daí...o Messias não faz milagres...e daí!? O verde e o amarelo são lenientes, off course. O Estado perverso, violento e intolerante somos nós. Devemos reconhecer que nossa perversão se alimenta dia a dia e recusar a esse chamado é o que pode ser feito para salvar nossas vidas.
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