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domingo, 9 de fevereiro de 2025

O Adeus ao Cantador Vital Farias

Vital Farias deixou legado de poesia, engajamento político e amor pela cultura nordestina


Vital Farias



















Por Antonio Sqiueira

Vital Farias partiu para outras terras, foi levar sua cantiga para além desse plano conturbado que vivenciamos. Aos 82 anos, vítima de um infarto do miocárdio, o cantor, compositor e violonista era daquele tipo de artista cujas obras eram muito mais conhecidas do que ele próprio. É muito comum você encontrar gente que nunca ouviu falar dele, mas que sai cantando imediatamente a letra inteira quando alguém assopra: “não se admire se um dia, um beija-flor invadir...” Além de “Ai Que Saudade D'Ocê”, o cantador e violeiro é autor de vários outros sucessos que ficaram conhecidos principalmente nas vozes de outros cantores como “Veja”, “Caso você case”, “Canção em dois tempos”, da minha preferida e amada "Sete Cantigas Para Voar" que toco no violão como um desabafo em meus momentos solitários. 

Nascido no sítio Pedra d'Água, no município de Taperoá PB mudou-se para João Pessoa aos 18 anos, onde serviu no 15º Regimento de Infantaria e estudou no Lyceu Paraibano. Foi na capital paraibana que ele começou a tocar violão de forma autodidata, tornando-se, posteriormente, professor de violão e teoria musical no Conservatório de Música.

Em 1975, partiu para o Rio de Janeiro, onde mergulhou no cenário artístico, participando de peças como 'Gota d’Água', de Chico Buarque, e concluindo sua formação na Faculdade de Música em 1981. Vital participou de diversos festivais de música, onde suas canções ecoaram como hinos de resistência e poesia. Sua música 'Toada do Ausente' foi premiada no Festival MPB Shell, em 1980, e se tornou um marco em sua carreira. Ele também colaborou com grandes nomes da música brasileira, como Elba Ramalho, Zé Ramalho e Fagner, além de ter sido homenageado em eventos culturais por sua contribuição à música nordestina.

Sua primeira composição gravada foi 'Ê mãe', em parceria com Livardo Alves, interpretada por Ari Toledo. Em 1978, lançou seu álbum de estreia, 'Vital Farias', seguido por 'Taperoá' (1980), que consolidou seu nome como um dos grandes representantes da música nordestina. Ao longo da carreira, lançou discos como “Cantoria” (1984), 'Vital Farias e Convidados' (1995) e 'Vital Farias ao Vivo'(2002), sempre destacando a riqueza cultural do sertão e a luta do povo nordestino.

Com quase 6 decadas de carreiras, 7 álbuns autorais e dezenas de produções teatrias, musicais e fonograficas, Vital Farias têm um classico em sua discografia: "Sagas Brasileiras" gravado pela PolyGram em 1982. Este disco reúne talvez as mais belas obras do cancioneiro popular como  "Do Meu Jeito Natural, "Forrofunfá , "Sete Cantigas Para Voar", "Ai, Que Saudade D'Ocê", "Saga de Severinin", "Saga da Amazônia", "Trem da Consciência", "Belo Belo (instrumental)", "Apesar da Solidão", "Saga do Boi de Mamão". Uma obra-prima para todo o sempre.

LP Sagas Brasileiras


















Desde o início de jornada Vital Farias era ativista e em sua música haviam fortíssimas inclinações à resistência contra as injustiças sociais e sobretudo à destruição do meio ambiente. Sempre foi conhecido por seu engajamento político. Durante a ditadura militar, suas canções carregavam críticas sociais e políticas, refletindo sua visão de mundo e seu compromisso com as causas populares. Ele foi filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e apoiou diversas causas progressistas ao longo da vida se candidatando duas vezes pelo PSOL e uma pelo PCdoB. No entanto, nos últimos anos, especulou-se que ele teria se aproximado de ideias bolsonaristas, o que gerou controvérsias entre seus fãs e admiradores. Vital nunca confirmou publicamente essa mudança de posicionamento, mas suas declarações em redes sociais e entrevistas levantaram debates sobre suas convicções políticas. 

O melhor mesmo de sua vida, no entanto, fica por conta de sua obra, que sempre nos legou um tanto de encanto, talento e alegria. A poesia e música de Vital é de beleza eterna e inequívoca.


Sete Cantigas Para Voar




3 comentários:

Anônimo disse...

Grande abraço amigo!

Anônimo disse...

Os gênios estão morrendo

Antonio Siqueira disse...

Abraço recebido e devidamente retribuído.

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