Foi com imenso prazer que aceitei integrar o time de colunistas da muito bem cuidada Germina - Literatura e Arte O amável convite feito pelas editoras Mariza Lourenço e Silvana Guimarães foi prontamente aceito e o desafio de escrever sobre Noel Rosa e os seus 100 anos de nascimento resultou na estréia de Leituras Musicais A coluna de musica da Germina escrita por esse articulista que ama a música e as artes; as únicas coisas que salvam esse planetinha mais ou menos que habitamos.
Aproveitando o momento e o espaço para desejar um Feliz 2011 aos meus 64 leitores e à todos os amigos e amigas que prestigiam e enriquecem esse blog. 2011 de paz, amor, prosperidade e muita musica para todos.
O eterno clichê do rock'n'roll encontra sua face mais recente em Os Últimos Dias, de Gus Van Sant
Por Antonio Siqueira
Ao se matar com um tiro na cabeça no dia 05 de abril de 1994, Kurt Cobain, vocalista da banda Nirvana e um dos líderes do movimento grunge que assolou o entusiasmo do “espírito adolescente” da década de 1990, deixou de ser um músico para se tornar uma lenda. O eterno clichê do rock’n'roll , de viver muito, experimentar de tudo e morrer jovem, que fez (e faz) diversos artistas testarem os limites físicos e psicológicos de suas personas , encontrou diversos “seguidores” no decorrer da história.
Com mortes trágicas por overdose, suicídio ou alguma outra doença fatal, o “hall da fama” onde Cobain se inscreveu, possui diversas companhias ilustres: Janis Joplin, Jimi Hendrix, Sid Vicious (baixista do Sex Pistols), Ian Curtis (vocalista do Joy Division), Renato Russo – isso para citar apenas os mais conhecidos. O vocalista do Nirvana deixou uma viúva (Courtney Love, vocalista da banda Hole), uma filha recém-nascida e uma legião de fãs ávidos por esmiuçar a conturbada vida de mais um ídolo vencido pelos excessos sexuais e pelas substâncias ilegais – mais outro dos clichês imposto pela tríade sexo, drogas e rock’n'roll.
Ao retratar os dias que antecedem o suicídio de Cobain, o diretor Gus Van Sant, em Os Últimos Dias ( Last Days , 2005), prefere se concentrar na figura humana do músico, criando uma análise desses dias, minutos e segundos que são anteriores a uma decisão tão trágica e punitiva. Van Sant traz o personagem Blake (Michael Pitt, em uma assombrosa semelhança com Kurt Cobain), músico que quer esquecer os problemas da fama e do dinheiro e se isola em uma casa perto de um bosque com alguns amigos, passando seus dias em total letargia, alheio ao mundo exterior.
O silêncio torna-se palpável com Blake perambulando pelo bosque e pelas dependências da casa. Van Sant não quer explicações e nem justificativas, o ritmo lento, quase contemplativo da jornada de seu protagonista serve para que acompanhemos os passos e as crises que levam o músico a tomar a decisão que está por vir. Nada no cotidiano lento e normal pelo qual a casa é assolada leva a entender o que se passa na mente de Blake. Resquícios de sua vida fora desse isolamento são pincelados durante a projeção do filme, mas não serve para compreender a razão dessa personagem estar vivendo em quase um transe, em meio à floresta e no limiar de sua existência.
Mas Van Sant não adere e nem se deixa vencer pelas fáceis artimanhas de mostrar Blake como uma pessoa á beira da loucura. O que Blake procura é apenas um sentido para que sua vida continue, talvez, ao se matar no final do filme, tenha encontrado esse sentido que tanto procurava. Seria esse o motivo que também levou Cobain ao suicídio? Como não podemos saber a real razão desses fatos, apenas fica a certeza de que escolher entre viver e morrer é mais um acontecimento em um dia-a-dia enfadonho e entediante.
Experimentações – Egresso do cinema alternativo americano com Mala Noche (1985) e Drugstore Cowboy (1989), Van Sant lançou uma nova luz sob o cinema independente ao conseguir que dois dos astros mais comentados e promissores dos anos 90, Keanu Reeves e River Phoenix, protagonizassem Garotos de Programa ( My own private Idaho , 1991), alegoria shakespeariana sobre busca e identidade nas ruas de Portland. Com um começo tão singular e metafórico, O cineasta se lança em mais dois projetos independentes, o fracasso lisérgico de Até as Vaqueiras Ficam Tristes (Even cowgirls get the blues, 1993) e o sucesso cínico e sarcástico de Um sonho sem limites (To die for, 1995).
Catapultuado ao “mainstream”, Van Sant filma o roteiro de dois jovens atores (Matt Damon e Ban Affleck) e faz um filme comercial com direito até de Robin Williams como um professor-guru em Gênio Indomável ( Good Will Hunting , 1997), pelo qual consegue nove indicações ao Oscar e o aval de crítica e público. Quando parecia que o cineasta havia consolidado a carreira, podendo alternar projetos mais significativos e pessoais dentro do “esquemão hollywoodiano”, sua primeira investida é na desastrosa refilmagem, quadro-a-quadro, de Psicose (Psycho), um clássico do suspense do mestre Alfred Hithcock. Tal empreitada, desnecessária e enfadonha, deveria ter mostrado a Van Sant que alguma coisa não estava muito certa em suas escolhas.
Mas o seguinte filme veio para consolidar a maré de má sorte que pairava sobre ele. Van Sant faz uma escolha equivocada, novamente, ao “refilmar” ou fazer uma espécie de Gênio Indomável parte 2, com o filme Encontrado Forrester ( Finding Forrester , 2000), obra menor de apelo comercial e sentimentalóide tão atípico em se tratando de Gus Van Sant. Talvez esses tropeços tenham mostrado que ele precisava experimentar novos caminhos e trafegar por escolhas mais ousadas que fizesse aquele cineasta tão promissor do início dos anos 90 vir á tona.
Com produção da HBO, Gerry (2002) inicia uma nova fase na cinematografia de Van Sant. Ao flertar com o experimentalismo das imagens, do tempo e da narrativa, Gerry se torna um pequeno pedaço no quebra-cabeça que Van Sant vem construindo filme após filme. Elefante ( Elephant , 2003) consolidou essas ousadias com a Palma de Ouro no Festival de Cannes , em um exemplar mais acabado das novas obsessões do diretor: tempos mortos, silêncios intermináveis, câmera colada aos atores e o fluxo narrativo acompanhando a situação como se aquilo estivesse acontecendo naquele exato momento.
Com Os Últimos Dias , Van Sant parece terminar essa suposta “trilogia da solidão”, iniciada com Gerry e passando por Elefante , no qual os personagens trafegam sempre a margem de si mesmos, em busca de um sentido para os acontecimentos banais que os cercam: em Gerry a solidão do deserto e da busca por um caminho; em Elefante a solidão de se perceberam invisíveis no mundo que os cerca, precisando usar extremos para chamar a atenção; em Os Últimos Dias o retorno a si mesmo em busca das respostas perdidas por tanta exposição e fama, sentir-se solitário mesmo entre tantas pessoas.
Com esses novos caminhos abertos e propostas resta aguardamos as novas produções de Gus Van Sant que, apesar de alguns tropeços já perdoados e esquecidos, tem se mostrado um dos mais inventivos e corajosos cineastas americanos da nova geração. Se os personagens de Van Sant nunca sabem para onde ir, o diretor parece muito á vontade em lhes mostrar as rotas, mesmo que esses caminhos sejam apenas para alguns poucos interessados nessas experimentações de linguagem e renovações artísticas.
Verdade é sentir a alma fugir da matéria
A miséria que me arranca a vida do peito
Estreito, sem pulso, sem artéria
A séria razão da tua causa e teu efeito
Meu leito, me deito: teu feito e féria
Nega, ao menos, teu conceito
Ou que te alegre toda essa pilhéria
Enquanto dor e lençois ajeito
Finda, finda, finda vida!
Morte olha-me e recua
Finda vida partida
Fim da vida que era tua.
Raramente costumo discorrer sobre o assunto “televisão” nas páginas deste blog; porém hoje, a partir das 23 horas a TV Brasil, em parceria com a CineMar, apresenta o Especial de Reportagens Musicais, “Noel Rosa, o poeta da vila e do povo”, celebrando o nascimento do gênio Noel Rosa. O roteiro é de Dacio Malta, Vale a pena assistir. Os arranjos e a direção musical são de Zé Renato, ex-Boca Livre.
O Natal nunca perde a essência de paz e esperança num mundo mais justo e digno para todos. Isso está no coração de cada um... é intransponível e intocável. Que neste natal encontremos paz em cada pequeno gesto. Que deixemos nossas mazelas e maldades na entropia. No sal da terra, encontrar aquele fragmento de luz infinita que nos foi legado.
2011 será o ano da musica pop no Brasil U2, Paramore, Coldplay, Roxette são algumas bandas que estarão por aqui no ano que vem.
Por Antonio Siqueira
A agenda do pop music internacional tem o Brasil como parada obrigatória e 2011. Fora o Rock in Rio (que já teve a confirmação de varios grupos e artistas importantes, como Red Hot Chili Peppers), acontecerão shows advindos de turnês de astros do pop e do rock que ancorarão por estas terras quentes. Confira 2011 comRock in Riono pacote e o sistema funcionando a 1000 K/h:
Os irlandeses do U2 estarão em São Paulo no mês de abril com o show "U2 360º". A abertura da turnê ficará por conta da banda inglesa Rock Muse. Os ingressos devem custar entre R$ 70 e R$ 1 mil.
Em fevereiro, a banda de pop rock Paramore passará por Brasília (16, no Ginásio Nilson Nelson), Belo Horizonte (17, no Chevrolet Hall), Rio de Janeiro (19, no Citibank Hall), São Paulo (20, no Credicard Hall) e Porto Alegre (22, no Teatro Bourbon).
A dupla sueca Roxette, formada no começo dos anos 80 por Marie Fredriksson e Per Gessle, se apresenta em abril nos dias 12, 14, 16 e 17 em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, respectivamente. Os fãs poderão conferir alguns de seus hits, como “Listen to Your Heart”, “It Must Have Been Love”, “The Look”,” How Do You Do” e “Joyride”.
Para lançamento do seu novo álbum “Scream”, o ex-líder do Black Sabbath, Ozzy Osbourne fará alguns shows em Porto Alegre (dia 30 de março), São Paulo (2 de abril), Brasília (5), Rio de Janeiro (7) e Belo Horizonte (9). Os ingressos para o show em São Paulo e no Rio custarão entre R$ 200 e R$ 600.
A doidona Amy Winehouse se apresenta em Florianópolis (no dia 8), Rio de Janeiro (11), Recife (13) e São Paulo (15), no mês de janeiro de 2011. As vendas começaram no dia 23/11 no site www.livepass.com.br e pelo telefone 4003-1527 (custo de uma ligação local).
O Iron Maidem voltará ao Brasil em 26 de março no Estádio do Morumbi em São Paulo, 27 no HSBC Arena no Rio de Janeiro, 30 no Estádio Nilson Nelson em Brasília, 1º de abril no Parque de Exposições em Belém, 3 no Parque de Exposições em Recife e terminará dia 5 no Expotrade em Curitiba. As vendas começaram no dia 26 de novembro para membros do fã-clube da banda e no dia 27 para o restante do público. Podem ser realizadas pelo site www.livepass.com.br e pelo telefone 4003-1527.
Coldplay: presença é mais que certa no Rock in Rio
A presença do Coldplay foi confirmada para o Rock in Rio que acontece nos dias 23, 24, 25 e 30 de setembro e 1º e 2 de outubro na cidade do Rock, no Parque Olímpico (Barra da Tijuca). Preço para os ingressos é de R$ 95 (meia) e R$ 190 (inteira) e só pode ser adquirido no site oficial do festival.
Mais Rock in Rio
Arnaldo Antunes e Erasmo Carlos vão cantar juntos no evento. O rock in Rio 2011 terá um palco intitulado Sunset que terá quatro shows por dia. Entre as primeiras atrações, já estão confirmadas: Marcelo Camelo, Céu, Arnaldo Antunes, Erasmo Carlos, Cidadão Instigado, Tulipa Ruiz, Tiê e Letieres Leite e Orkestra Rumpillez, além de Sepultura e Angra, que já haviam sido confirmados no Dia Metal.
O Sunset tem capacidade para um público de 25 mil pessoas e apresenta à plateia novos nomes da música. Os 100 mil tíquetes colocados à venda no primeiro lote para o Rock in Rio já estão esgotados. O festival acontecerá nos dias 23, 24, 25 e 30 de setembro e 1 e 2 de outubro no Parque Olímpico Cidade do Rock, na Barra da Tijuca.
Um vídeo para deixar esse final de manhã bem ligth:
O Quae sunt Caesaris Caesari do futebol brasileiro por Antonio Siqueira
Se for verdade a noticia que corre à solta pelos meios de comunicação interativos sobre a CBF ter unificado os títulos nacionais, talvez esteja acontecendo o grande acerto de contas que faltava para que o futebol brasileiro se moralize. Principalmente no que diz respeito à preservação da memória de um esporte que é a alegria, não só dos brasileiros, mas de quase 80% da população planetária. Quando criança me perguntava o porquê dos campeonatos brasileiros serem uma verdadeira “casa de tolerância” e as ligas européias... até as confederações sul americanas serem tão organizadas; inclusive preservando a memória e as tradições do futebol em seus respectivos países. Obvio que com o tempo, fui compreendendo os esquemas sujos das entidades regionais e, principalmente, os da antiga CBD; até o que está aí atualmente e chamamos de CBF. Em 1971, incharam o Campeonato Brasileiro e resolveram começar do zero, apagando a história do nosso futebol até 1970. Naquela época, para disputar o Brasileiro, o clube tinha que ser campeão do seu Estado. Era muito mais difícil do que é hoje.
Não é de se espantar que o poder interno fosse tão medíocre ao tentar apagar da memória de santistas e alviverdes o legado de suas histórias. A coisa vem de longe. Basta citar as copas de 1930, 1934 e 1938 em que dirigentes cariocas e paulistas, numa mistura “abortiva” de qualquer progresso, prejudicaram e muito a seleção brasileira nos primódios das copas do mundo. Por mais talentos que surgissem, era impossível sobreviver ao coquetel destrutivo composto por xenofobia, regionalismo e corrupção venal que quase estacionaram o futebol brasileiro na história das copas. Por pouco não enlamearam definitivamente o esporte bretão, recém chegado ao continente, com idéias fascistas. Estão dando a estes clubes o que lhes são de direito sim, mas muito tarde.
Reconhecer Palmeiras e Santos, como os dois grandes campeões do futebol brasileiro é mais que merecido, principalmente para os craques do passado, como Gerson, Ademir da Guia, Rivelino (então no Fluminense campeão da taça de prata em 1970), Dirceu Lopes (o Cruzeiro também fez história na década de 1960), que tanto fizeram por seus clubes e pela história do futebol mundial. Cruzeiro, Fluminense, Botafogo e Bahia também tiveram seus triunfos furtados pela bagunça. O Vasco da Gama tem dois títulos sul americanos, na década de 1940 (conquistados pelo lendário Expresso da Vitória), que equivalem à Taça Libertadores de hoje e que vários times latino americanos contabilizam para suas trajetórias. O Vasco reconhece, mas a Confederação Brasileira de Futebol não. Concedei a eles o que é direito, Domine! No blog do Odir Cunha está a integra de uma satira ao suposto telefonema de Joseph Blater para Dom Ricardo Teixeira que seguem aqui os seus trechos finais:
*_Stop, stop, stop Ricardo!!! Quer dizer que Pelé, Tostão, Rivelino, Gérson, Carlos Alberto, Jairzinho, Zito, Clodoaldo e todos esses jogadores que fizeram do futebol do seu país conhecido e respeitado no mundo inteiro, jogaram essas competições oficiais e você ainda não as homologou, Ricardo. Por que?
_Nosso departamento técnico está estudando, presidente…
_Seu departamento técnico está estudando competições realizadas há 50 anos e que reuniram as melhores gerações de jogadores que o seu país já teve, Ricardo?
_Ãhãhãhãh…
_Ricardo, daqui a quatro anos teremos uma Copa do Mundo aí. O mundo olha o Brasil como o berço do futebol arte, da beleza e da magia do esporte. E olha assim não por você, Ricardo, nem por nenhum dirigente, mas por causa desses jogadores que foram campeões e estão sendo ignorados, desprezados pela sua CBF, Ricardo.
……………….
_Sabe em que ano a Itália teve o seu primeiro campeão?
_??????????
_Em 1896, Ricardo, há 114 anos. E para ser campeão, a Udine fez só dois jogos e ambos no mesmo dia. Mas não importa, Ricardo, era o que podia ser feito. E está nos anais do futebol italiano, com muito orgulho. Vocês têm um futebol tão rico, por que desprezar essa história, Ricardo?
………………
_Vamos tentar fazer uma grande Copa do Mundo aí, Ricardo. Um evento pra cima, alegre, que reverencie o futebol arte. Para isso, Ricardo, preciso ter ao nosso lado os maiores campeões que o seu país já teve. Entendeu, Ricardo? Do you understand, my friend?
_Sim, sim, presidente…
_E o telefone de Zurique foi desligado.*
É complicado gostar do bom futebol e conviver com esses contra-sensos. Mas a justiça, até para uma criatura lodosa como Ricardo Teixeira, acaba prevalecendo. Aos poucos vamos deixando de ser vira-latas aos olhos até do mundo do futebol, que é a nossa cátedra. Nem que demore mais 50 anos, a gente chega lá.
*Errata: Rivelino não jogou no time do Fluminense campeão da taça de prata de 1970 como foi dito de maneira errônea por esse escriba que pensa conhecer a história do futebol. Thanks, Antonio Jorge,meu xará! ;-) -----------------------------------------------------------
Noel Rosa faria 100 anos se aqui estivesse Por Antonio Siqueira
Hoje é o aniversário de um dos maiores precursores da musica popular brasileira, o ídolo máximo de Francisco Buarque de Holanda e ícone inspirador de 5 gerações da música popular brasileira; hoje, se estivesse vivo, Noel Rosa faria 100 anos.
Noel Rosa viveu apenas 26 anos e produziu músicas por menos de oito anos. Foi o suficiente para imprimir seu nome na história da música brasileira como autor de alguns dos maiores sambas de todos os tempos. Ele nasceu a exatos cem anos, em 11 de dezembro de 1910, num parto difícil. O fórceps deixou um sinal no maxilar deformado, marca registrada. Filho de um casal de classe média baixa do bairro carioca de Vila Isabel, o garoto feio e franzino aprendeu a tocar bandolim com a mãe Marta. Estudou no tradicional Colégio São Bento. Na adolescência começou a tocar violão nos círculos boêmios do Rio de Janeiro, com lendas da malandragem como João de Barro e Almirante, e entrou em contato com o então nascente samba dos morros e dos quintais do bairro do Estácio.
O Arte Vital não poderia deixar essa data passar sem as devidas homenagens. Noel era arte de criar, compor, de agregar em versos simples e harmonias complicadas, o que vemos cotidianamente, mas que, talvez, nossa sensibilidade não atinja. Parabéns à arte da música...parabéns Noel, onde quer que você esteja.
Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça Por Antonio Siqueira
Entre os vários cinemas novos do mundo (italiano, francês, alemão etc.) que se desenvolveram nos anos 1960, fora dos padrões hollywoodianos de cinema, o Cinema Novo brasileiro foi um dos mais destacados, não só pelo seu sucesso internacional, mas, principalmente, pelo discurso critico em relação à situação político-social do Brasil.
O Cinema Novo encontraria, durante décadas, um ambiente favorável ao seu florescimento, devido à forte influência da cultura engajada e as inovações artísticas na área teatral, com o Teatro de Arena e o Grupo Oficina (ambos de São Paulo), que, ao longo dos anos 1960, a partir de espetáculos como Eles não usam Black-tie, Arena conta Zumbi, Arena conta Tiradentes, O rei da vela, Roda Viva, entre outros, desempenhariam um papel renovador e critico no plano da dramaturgia e da encenação, com diretores como Augusto Boal e Jose Celso Martinez Correa, fora dos padrões tradicionais do teatro da década anterior, o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), propondo uma participação mais critica e ativa do publico, que acabaria influenciando o cinema de vanguarda da época.
Até o golpe militar de 1964, o Cinema Novo concentrou-se basicamente na temática rural. Três obras de grande destaque abordavam a miséria dos camponeses nordestinos: Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos), Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha) e Os Fuzis (Ruy Guerra), ambas produzidas neste mesmo 1964. Cabe também citar o então inacabado Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, também de iniciado em 1964), completado em 1984, onde o diretor faz uma reflexão sobre a primeira tentativa de se fazer um filme baseado na morte de João Pedro Teixeira, líder de uma liga camponesa na Paraíba, utilizando membros da sua própria família, projeto que não foi concretizado devido à repressão desencadeada pelos militares a partir do golpe.
Dessa maneira, entre 1963 e 1964, o ambicioso discurso do inquieto Cinema Novo – “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”- alcançou, de forma definitiva, seu lugar no universo da melhor produção cultural do país, exercida de maneira critica e inteligente, vinculada à realidade de um Brasil ao mesmo tempo moderno e subdesenvolvido.
Mas, se até 1964 fora impossível tecer um discurso mais ou menos claro contra a realidade socioeconômica do país, com o golpe militar e conseqüente mudança do quadro político, houve uma tendência do Cinema Novo e se voltar sobre si próprio e repensar a sua atuação como agente social de uma classe média urbana, refletindo sobre o sentido da própria política de esquerda que até ali produzira.
Com isso, após o golpe, já a partir de 1965, a temática rural se retrai, focalizando-se mais a classe media e suas incertezas; tornam-se destaque filmes como O desafio (Paulo Cesar Saraceni, 1965), O bravo guerreiro (Gustavo Dahl, 1969) e Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade). Mas será Terra em transe (Glauber Rocha, 1967) o exemplo mais significativo do Cinema Novo pós 64. O filme trata de uma revisão critica dos acontecimentos anteriores ao golpe: Eldorado é um país imaginário onde os interesses do povo são manipulados por políticos demagogos.
Pela invenção e pela atualidade das questões que levantou, Terra em transe tornou-se o ponto alto do Cinema Novo brasileiro, pelas criticas em relação à esquerda e ao esquema populista da política brasileira, antes de 1964, onde operários e camponeses aparecem como massa de manobra, pois só podiam agir quando o espaço político lhes era oferecido de maneira paternalista. Isso tudo, marcado por uma narrativa fragmentada e inovadora, serviu de estímulo para o Tropicalismo revolucionando a cultura brasileira de massa, como um todo.
Ando me manifestando em prol de uma nova vanguarda, de um novo segmento de raciocínio, de uma manifestação legítima de amigos universitários da Universidade Federal Fluminense (UFF); O Escrotivismo. Não costumo pronunciar-me sem uma espécie de estatuto. Aguardo o termino da redação do Manifesto Escrotivista para me pronunciar. Porém, os rapazes formaram o Rivotrio e peregrinam por festivais e eventos universitários como menestréis neo-ideológicos. São ideólogos natos: Mad Lucas, Kyoma Oliveira e o Sr. Wilson fazem show, nesta sexta-feira, às 22h no Campus do Cagroatá, na UFF, em Niterói e serão a segunda banda a se apresentar. Estará rolando o II Festival Musical Mente Plural, para mentes, obviamente que não flertam com o singular.
Ele resolveu ser musico e professor de historia de uma só vez, mas parece que o efeito colateral é evidente. Hoje é o dia dele e, com certeza, é dia de rock, uísques, absoluts, absintos e outros venenos que compõem a fusão antropossáurica e autodinâmica deste ser. Hoje é aniversário de Celso Lins,o nosso Celsito que, segundo ele próprio, está comemorando estes seus 35 anos como uma verdadeira celebração e elegia à vida. Se eu fosse sacudido por uma tremedeira de 9.3º na escala Richter, também celebraria meu aniversário com ritos de bravura nórdica ou com longos rituais de chá de ibogaína da boa, é claro, e dançando doidão com uma tribo de gente mais doida ainda.
Não poderia deixar de parabenizá-lo através de um espaço que este meu grande amigo navega e interage freqüentemente. Adorador de todas as artes, guitarrista virtuoso e cantor afinadíssimo em talento e alma, com médios de tirar o fôlego. Celsinho se sente em casa aqui e colabora muito para a manutenção ideológica dessa bagaça cultural com 60 ilustres seguidores.
Meu amigo hoje terá muitos risos, muito The Who e amigos maravilhosos à sua volta. Muito som, muito amor, poesia, Rock n Roll e barro na boneca.
Um vídeo que você ama e a certeza de uma amizade eterna:
...e um poema da nossa Silvinha Scheareder:
Dizem e cantam
O respeito pelo indivíduo
Mas a feia verdade ignorada
Expõe nossa hipocrisia
Negamos o universo alheio
Negamos o individualismo
Está impresso em nossos genes
A falsa sensação de que somos o umbigo de Andrômeda
Hei, entre na pequena porta e veja
Cada um de nós é um universo, Bishop!
Delicie-se com a dor da solidão
Só cortando dolorosamente as amarras da dependência
É que sagraremos no mais alto grau
O Você e o Eu
A pequena porta quando aberta
Te deixará cego
Com medo e inseguro
Há, no entanto, de se perceber em seguida
Uma festa dionisíaca
Apenas entre
Sirva-se de um vinho
E aproveite toda a intensidade despida da humanidade...
Post dedicado ao amigo mais que querido, CelsoLins