Foi com imenso prazer que aceitei integrar o time de colunistas da muito bem cuidada Germina - Literatura e Arte O amável convite feito pelas editoras Mariza Lourenço e Silvana Guimarães foi prontamente aceito e o desafio de escrever sobre Noel Rosa e os seus 100 anos de nascimento resultou na estréia de Leituras Musicais A coluna de musica da Germina escrita por esse articulista que ama a música e as artes; as únicas coisas que salvam esse planetinha mais ou menos que habitamos.
Aproveitando o momento e o espaço para desejar um Feliz 2011 aos meus 64 leitores e à todos os amigos e amigas que prestigiam e enriquecem esse blog. 2011 de paz, amor, prosperidade e muita musica para todos.
O eterno clichê do rock'n'roll encontra sua face mais recente em Os Últimos Dias, de Gus Van Sant
Por Antonio Siqueira
Ao se matar com um tiro na cabeça no dia 05 de abril de 1994, Kurt Cobain, vocalista da banda Nirvana e um dos líderes do movimento grunge que assolou o entusiasmo do “espírito adolescente” da década de 1990, deixou de ser um músico para se tornar uma lenda. O eterno clichê do rock’n'roll , de viver muito, experimentar de tudo e morrer jovem, que fez (e faz) diversos artistas testarem os limites físicos e psicológicos de suas personas , encontrou diversos “seguidores” no decorrer da história.
Com mortes trágicas por overdose, suicídio ou alguma outra doença fatal, o “hall da fama” onde Cobain se inscreveu, possui diversas companhias ilustres: Janis Joplin, Jimi Hendrix, Sid Vicious (baixista do Sex Pistols), Ian Curtis (vocalista do Joy Division), Renato Russo – isso para citar apenas os mais conhecidos. O vocalista do Nirvana deixou uma viúva (Courtney Love, vocalista da banda Hole), uma filha recém-nascida e uma legião de fãs ávidos por esmiuçar a conturbada vida de mais um ídolo vencido pelos excessos sexuais e pelas substâncias ilegais – mais outro dos clichês imposto pela tríade sexo, drogas e rock’n'roll.
Ao retratar os dias que antecedem o suicídio de Cobain, o diretor Gus Van Sant, em Os Últimos Dias ( Last Days , 2005), prefere se concentrar na figura humana do músico, criando uma análise desses dias, minutos e segundos que são anteriores a uma decisão tão trágica e punitiva. Van Sant traz o personagem Blake (Michael Pitt, em uma assombrosa semelhança com Kurt Cobain), músico que quer esquecer os problemas da fama e do dinheiro e se isola em uma casa perto de um bosque com alguns amigos, passando seus dias em total letargia, alheio ao mundo exterior.
O silêncio torna-se palpável com Blake perambulando pelo bosque e pelas dependências da casa. Van Sant não quer explicações e nem justificativas, o ritmo lento, quase contemplativo da jornada de seu protagonista serve para que acompanhemos os passos e as crises que levam o músico a tomar a decisão que está por vir. Nada no cotidiano lento e normal pelo qual a casa é assolada leva a entender o que se passa na mente de Blake. Resquícios de sua vida fora desse isolamento são pincelados durante a projeção do filme, mas não serve para compreender a razão dessa personagem estar vivendo em quase um transe, em meio à floresta e no limiar de sua existência.
Mas Van Sant não adere e nem se deixa vencer pelas fáceis artimanhas de mostrar Blake como uma pessoa á beira da loucura. O que Blake procura é apenas um sentido para que sua vida continue, talvez, ao se matar no final do filme, tenha encontrado esse sentido que tanto procurava. Seria esse o motivo que também levou Cobain ao suicídio? Como não podemos saber a real razão desses fatos, apenas fica a certeza de que escolher entre viver e morrer é mais um acontecimento em um dia-a-dia enfadonho e entediante.
Experimentações – Egresso do cinema alternativo americano com Mala Noche (1985) e Drugstore Cowboy (1989), Van Sant lançou uma nova luz sob o cinema independente ao conseguir que dois dos astros mais comentados e promissores dos anos 90, Keanu Reeves e River Phoenix, protagonizassem Garotos de Programa ( My own private Idaho , 1991), alegoria shakespeariana sobre busca e identidade nas ruas de Portland. Com um começo tão singular e metafórico, O cineasta se lança em mais dois projetos independentes, o fracasso lisérgico de Até as Vaqueiras Ficam Tristes (Even cowgirls get the blues, 1993) e o sucesso cínico e sarcástico de Um sonho sem limites (To die for, 1995).
Catapultuado ao “mainstream”, Van Sant filma o roteiro de dois jovens atores (Matt Damon e Ban Affleck) e faz um filme comercial com direito até de Robin Williams como um professor-guru em Gênio Indomável ( Good Will Hunting , 1997), pelo qual consegue nove indicações ao Oscar e o aval de crítica e público. Quando parecia que o cineasta havia consolidado a carreira, podendo alternar projetos mais significativos e pessoais dentro do “esquemão hollywoodiano”, sua primeira investida é na desastrosa refilmagem, quadro-a-quadro, de Psicose (Psycho), um clássico do suspense do mestre Alfred Hithcock. Tal empreitada, desnecessária e enfadonha, deveria ter mostrado a Van Sant que alguma coisa não estava muito certa em suas escolhas.
Mas o seguinte filme veio para consolidar a maré de má sorte que pairava sobre ele. Van Sant faz uma escolha equivocada, novamente, ao “refilmar” ou fazer uma espécie de Gênio Indomável parte 2, com o filme Encontrado Forrester ( Finding Forrester , 2000), obra menor de apelo comercial e sentimentalóide tão atípico em se tratando de Gus Van Sant. Talvez esses tropeços tenham mostrado que ele precisava experimentar novos caminhos e trafegar por escolhas mais ousadas que fizesse aquele cineasta tão promissor do início dos anos 90 vir á tona.
Com produção da HBO, Gerry (2002) inicia uma nova fase na cinematografia de Van Sant. Ao flertar com o experimentalismo das imagens, do tempo e da narrativa, Gerry se torna um pequeno pedaço no quebra-cabeça que Van Sant vem construindo filme após filme. Elefante ( Elephant , 2003) consolidou essas ousadias com a Palma de Ouro no Festival de Cannes , em um exemplar mais acabado das novas obsessões do diretor: tempos mortos, silêncios intermináveis, câmera colada aos atores e o fluxo narrativo acompanhando a situação como se aquilo estivesse acontecendo naquele exato momento.
Com Os Últimos Dias , Van Sant parece terminar essa suposta “trilogia da solidão”, iniciada com Gerry e passando por Elefante , no qual os personagens trafegam sempre a margem de si mesmos, em busca de um sentido para os acontecimentos banais que os cercam: em Gerry a solidão do deserto e da busca por um caminho; em Elefante a solidão de se perceberam invisíveis no mundo que os cerca, precisando usar extremos para chamar a atenção; em Os Últimos Dias o retorno a si mesmo em busca das respostas perdidas por tanta exposição e fama, sentir-se solitário mesmo entre tantas pessoas.
Com esses novos caminhos abertos e propostas resta aguardamos as novas produções de Gus Van Sant que, apesar de alguns tropeços já perdoados e esquecidos, tem se mostrado um dos mais inventivos e corajosos cineastas americanos da nova geração. Se os personagens de Van Sant nunca sabem para onde ir, o diretor parece muito á vontade em lhes mostrar as rotas, mesmo que esses caminhos sejam apenas para alguns poucos interessados nessas experimentações de linguagem e renovações artísticas.
Verdade é sentir a alma fugir da matéria
A miséria que me arranca a vida do peito
Estreito, sem pulso, sem artéria
A séria razão da tua causa e teu efeito
Meu leito, me deito: teu feito e féria
Nega, ao menos, teu conceito
Ou que te alegre toda essa pilhéria
Enquanto dor e lençois ajeito
Finda, finda, finda vida!
Morte olha-me e recua
Finda vida partida
Fim da vida que era tua.
Raramente costumo discorrer sobre o assunto “televisão” nas páginas deste blog; porém hoje, a partir das 23 horas a TV Brasil, em parceria com a CineMar, apresenta o Especial de Reportagens Musicais, “Noel Rosa, o poeta da vila e do povo”, celebrando o nascimento do gênio Noel Rosa. O roteiro é de Dacio Malta, Vale a pena assistir. Os arranjos e a direção musical são de Zé Renato, ex-Boca Livre.
O Natal nunca perde a essência de paz e esperança num mundo mais justo e digno para todos. Isso está no coração de cada um... é intransponível e intocável. Que neste natal encontremos paz em cada pequeno gesto. Que deixemos nossas mazelas e maldades na entropia. No sal da terra, encontrar aquele fragmento de luz infinita que nos foi legado.
2011 será o ano da musica pop no Brasil U2, Paramore, Coldplay, Roxette são algumas bandas que estarão por aqui no ano que vem.
Por Antonio Siqueira
A agenda do pop music internacional tem o Brasil como parada obrigatória e 2011. Fora o Rock in Rio (que já teve a confirmação de varios grupos e artistas importantes, como Red Hot Chili Peppers), acontecerão shows advindos de turnês de astros do pop e do rock que ancorarão por estas terras quentes. Confira 2011 comRock in Riono pacote e o sistema funcionando a 1000 K/h:
Os irlandeses do U2 estarão em São Paulo no mês de abril com o show "U2 360º". A abertura da turnê ficará por conta da banda inglesa Rock Muse. Os ingressos devem custar entre R$ 70 e R$ 1 mil.
Em fevereiro, a banda de pop rock Paramore passará por Brasília (16, no Ginásio Nilson Nelson), Belo Horizonte (17, no Chevrolet Hall), Rio de Janeiro (19, no Citibank Hall), São Paulo (20, no Credicard Hall) e Porto Alegre (22, no Teatro Bourbon).
A dupla sueca Roxette, formada no começo dos anos 80 por Marie Fredriksson e Per Gessle, se apresenta em abril nos dias 12, 14, 16 e 17 em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, respectivamente. Os fãs poderão conferir alguns de seus hits, como “Listen to Your Heart”, “It Must Have Been Love”, “The Look”,” How Do You Do” e “Joyride”.
Para lançamento do seu novo álbum “Scream”, o ex-líder do Black Sabbath, Ozzy Osbourne fará alguns shows em Porto Alegre (dia 30 de março), São Paulo (2 de abril), Brasília (5), Rio de Janeiro (7) e Belo Horizonte (9). Os ingressos para o show em São Paulo e no Rio custarão entre R$ 200 e R$ 600.
A doidona Amy Winehouse se apresenta em Florianópolis (no dia 8), Rio de Janeiro (11), Recife (13) e São Paulo (15), no mês de janeiro de 2011. As vendas começaram no dia 23/11 no site www.livepass.com.br e pelo telefone 4003-1527 (custo de uma ligação local).
O Iron Maidem voltará ao Brasil em 26 de março no Estádio do Morumbi em São Paulo, 27 no HSBC Arena no Rio de Janeiro, 30 no Estádio Nilson Nelson em Brasília, 1º de abril no Parque de Exposições em Belém, 3 no Parque de Exposições em Recife e terminará dia 5 no Expotrade em Curitiba. As vendas começaram no dia 26 de novembro para membros do fã-clube da banda e no dia 27 para o restante do público. Podem ser realizadas pelo site www.livepass.com.br e pelo telefone 4003-1527.
Coldplay: presença é mais que certa no Rock in Rio
A presença do Coldplay foi confirmada para o Rock in Rio que acontece nos dias 23, 24, 25 e 30 de setembro e 1º e 2 de outubro na cidade do Rock, no Parque Olímpico (Barra da Tijuca). Preço para os ingressos é de R$ 95 (meia) e R$ 190 (inteira) e só pode ser adquirido no site oficial do festival.
Mais Rock in Rio
Arnaldo Antunes e Erasmo Carlos vão cantar juntos no evento. O rock in Rio 2011 terá um palco intitulado Sunset que terá quatro shows por dia. Entre as primeiras atrações, já estão confirmadas: Marcelo Camelo, Céu, Arnaldo Antunes, Erasmo Carlos, Cidadão Instigado, Tulipa Ruiz, Tiê e Letieres Leite e Orkestra Rumpillez, além de Sepultura e Angra, que já haviam sido confirmados no Dia Metal.
O Sunset tem capacidade para um público de 25 mil pessoas e apresenta à plateia novos nomes da música. Os 100 mil tíquetes colocados à venda no primeiro lote para o Rock in Rio já estão esgotados. O festival acontecerá nos dias 23, 24, 25 e 30 de setembro e 1 e 2 de outubro no Parque Olímpico Cidade do Rock, na Barra da Tijuca.
Um vídeo para deixar esse final de manhã bem ligth:
O Quae sunt Caesaris Caesari do futebol brasileiro por Antonio Siqueira
Se for verdade a noticia que corre à solta pelos meios de comunicação interativos sobre a CBF ter unificado os títulos nacionais, talvez esteja acontecendo o grande acerto de contas que faltava para que o futebol brasileiro se moralize. Principalmente no que diz respeito à preservação da memória de um esporte que é a alegria, não só dos brasileiros, mas de quase 80% da população planetária. Quando criança me perguntava o porquê dos campeonatos brasileiros serem uma verdadeira “casa de tolerância” e as ligas européias... até as confederações sul americanas serem tão organizadas; inclusive preservando a memória e as tradições do futebol em seus respectivos países. Obvio que com o tempo, fui compreendendo os esquemas sujos das entidades regionais e, principalmente, os da antiga CBD; até o que está aí atualmente e chamamos de CBF. Em 1971, incharam o Campeonato Brasileiro e resolveram começar do zero, apagando a história do nosso futebol até 1970. Naquela época, para disputar o Brasileiro, o clube tinha que ser campeão do seu Estado. Era muito mais difícil do que é hoje.
Não é de se espantar que o poder interno fosse tão medíocre ao tentar apagar da memória de santistas e alviverdes o legado de suas histórias. A coisa vem de longe. Basta citar as copas de 1930, 1934 e 1938 em que dirigentes cariocas e paulistas, numa mistura “abortiva” de qualquer progresso, prejudicaram e muito a seleção brasileira nos primódios das copas do mundo. Por mais talentos que surgissem, era impossível sobreviver ao coquetel destrutivo composto por xenofobia, regionalismo e corrupção venal que quase estacionaram o futebol brasileiro na história das copas. Por pouco não enlamearam definitivamente o esporte bretão, recém chegado ao continente, com idéias fascistas. Estão dando a estes clubes o que lhes são de direito sim, mas muito tarde.
Reconhecer Palmeiras e Santos, como os dois grandes campeões do futebol brasileiro é mais que merecido, principalmente para os craques do passado, como Gerson, Ademir da Guia, Rivelino (então no Fluminense campeão da taça de prata em 1970), Dirceu Lopes (o Cruzeiro também fez história na década de 1960), que tanto fizeram por seus clubes e pela história do futebol mundial. Cruzeiro, Fluminense, Botafogo e Bahia também tiveram seus triunfos furtados pela bagunça. O Vasco da Gama tem dois títulos sul americanos, na década de 1940 (conquistados pelo lendário Expresso da Vitória), que equivalem à Taça Libertadores de hoje e que vários times latino americanos contabilizam para suas trajetórias. O Vasco reconhece, mas a Confederação Brasileira de Futebol não. Concedei a eles o que é direito, Domine! No blog do Odir Cunha está a integra de uma satira ao suposto telefonema de Joseph Blater para Dom Ricardo Teixeira que seguem aqui os seus trechos finais:
*_Stop, stop, stop Ricardo!!! Quer dizer que Pelé, Tostão, Rivelino, Gérson, Carlos Alberto, Jairzinho, Zito, Clodoaldo e todos esses jogadores que fizeram do futebol do seu país conhecido e respeitado no mundo inteiro, jogaram essas competições oficiais e você ainda não as homologou, Ricardo. Por que?
_Nosso departamento técnico está estudando, presidente…
_Seu departamento técnico está estudando competições realizadas há 50 anos e que reuniram as melhores gerações de jogadores que o seu país já teve, Ricardo?
_Ãhãhãhãh…
_Ricardo, daqui a quatro anos teremos uma Copa do Mundo aí. O mundo olha o Brasil como o berço do futebol arte, da beleza e da magia do esporte. E olha assim não por você, Ricardo, nem por nenhum dirigente, mas por causa desses jogadores que foram campeões e estão sendo ignorados, desprezados pela sua CBF, Ricardo.
……………….
_Sabe em que ano a Itália teve o seu primeiro campeão?
_??????????
_Em 1896, Ricardo, há 114 anos. E para ser campeão, a Udine fez só dois jogos e ambos no mesmo dia. Mas não importa, Ricardo, era o que podia ser feito. E está nos anais do futebol italiano, com muito orgulho. Vocês têm um futebol tão rico, por que desprezar essa história, Ricardo?
………………
_Vamos tentar fazer uma grande Copa do Mundo aí, Ricardo. Um evento pra cima, alegre, que reverencie o futebol arte. Para isso, Ricardo, preciso ter ao nosso lado os maiores campeões que o seu país já teve. Entendeu, Ricardo? Do you understand, my friend?
_Sim, sim, presidente…
_E o telefone de Zurique foi desligado.*
É complicado gostar do bom futebol e conviver com esses contra-sensos. Mas a justiça, até para uma criatura lodosa como Ricardo Teixeira, acaba prevalecendo. Aos poucos vamos deixando de ser vira-latas aos olhos até do mundo do futebol, que é a nossa cátedra. Nem que demore mais 50 anos, a gente chega lá.
*Errata: Rivelino não jogou no time do Fluminense campeão da taça de prata de 1970 como foi dito de maneira errônea por esse escriba que pensa conhecer a história do futebol. Thanks, Antonio Jorge,meu xará! ;-) -----------------------------------------------------------
Noel Rosa faria 100 anos se aqui estivesse Por Antonio Siqueira
Hoje é o aniversário de um dos maiores precursores da musica popular brasileira, o ídolo máximo de Francisco Buarque de Holanda e ícone inspirador de 5 gerações da música popular brasileira; hoje, se estivesse vivo, Noel Rosa faria 100 anos.
Noel Rosa viveu apenas 26 anos e produziu músicas por menos de oito anos. Foi o suficiente para imprimir seu nome na história da música brasileira como autor de alguns dos maiores sambas de todos os tempos. Ele nasceu a exatos cem anos, em 11 de dezembro de 1910, num parto difícil. O fórceps deixou um sinal no maxilar deformado, marca registrada. Filho de um casal de classe média baixa do bairro carioca de Vila Isabel, o garoto feio e franzino aprendeu a tocar bandolim com a mãe Marta. Estudou no tradicional Colégio São Bento. Na adolescência começou a tocar violão nos círculos boêmios do Rio de Janeiro, com lendas da malandragem como João de Barro e Almirante, e entrou em contato com o então nascente samba dos morros e dos quintais do bairro do Estácio.
O Arte Vital não poderia deixar essa data passar sem as devidas homenagens. Noel era arte de criar, compor, de agregar em versos simples e harmonias complicadas, o que vemos cotidianamente, mas que, talvez, nossa sensibilidade não atinja. Parabéns à arte da música...parabéns Noel, onde quer que você esteja.
Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça Por Antonio Siqueira
Entre os vários cinemas novos do mundo (italiano, francês, alemão etc.) que se desenvolveram nos anos 1960, fora dos padrões hollywoodianos de cinema, o Cinema Novo brasileiro foi um dos mais destacados, não só pelo seu sucesso internacional, mas, principalmente, pelo discurso critico em relação à situação político-social do Brasil.
O Cinema Novo encontraria, durante décadas, um ambiente favorável ao seu florescimento, devido à forte influência da cultura engajada e as inovações artísticas na área teatral, com o Teatro de Arena e o Grupo Oficina (ambos de São Paulo), que, ao longo dos anos 1960, a partir de espetáculos como Eles não usam Black-tie, Arena conta Zumbi, Arena conta Tiradentes, O rei da vela, Roda Viva, entre outros, desempenhariam um papel renovador e critico no plano da dramaturgia e da encenação, com diretores como Augusto Boal e Jose Celso Martinez Correa, fora dos padrões tradicionais do teatro da década anterior, o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), propondo uma participação mais critica e ativa do publico, que acabaria influenciando o cinema de vanguarda da época.
Até o golpe militar de 1964, o Cinema Novo concentrou-se basicamente na temática rural. Três obras de grande destaque abordavam a miséria dos camponeses nordestinos: Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos), Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha) e Os Fuzis (Ruy Guerra), ambas produzidas neste mesmo 1964. Cabe também citar o então inacabado Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, também de iniciado em 1964), completado em 1984, onde o diretor faz uma reflexão sobre a primeira tentativa de se fazer um filme baseado na morte de João Pedro Teixeira, líder de uma liga camponesa na Paraíba, utilizando membros da sua própria família, projeto que não foi concretizado devido à repressão desencadeada pelos militares a partir do golpe.
Dessa maneira, entre 1963 e 1964, o ambicioso discurso do inquieto Cinema Novo – “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”- alcançou, de forma definitiva, seu lugar no universo da melhor produção cultural do país, exercida de maneira critica e inteligente, vinculada à realidade de um Brasil ao mesmo tempo moderno e subdesenvolvido.
Mas, se até 1964 fora impossível tecer um discurso mais ou menos claro contra a realidade socioeconômica do país, com o golpe militar e conseqüente mudança do quadro político, houve uma tendência do Cinema Novo e se voltar sobre si próprio e repensar a sua atuação como agente social de uma classe média urbana, refletindo sobre o sentido da própria política de esquerda que até ali produzira.
Com isso, após o golpe, já a partir de 1965, a temática rural se retrai, focalizando-se mais a classe media e suas incertezas; tornam-se destaque filmes como O desafio (Paulo Cesar Saraceni, 1965), O bravo guerreiro (Gustavo Dahl, 1969) e Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade). Mas será Terra em transe (Glauber Rocha, 1967) o exemplo mais significativo do Cinema Novo pós 64. O filme trata de uma revisão critica dos acontecimentos anteriores ao golpe: Eldorado é um país imaginário onde os interesses do povo são manipulados por políticos demagogos.
Pela invenção e pela atualidade das questões que levantou, Terra em transe tornou-se o ponto alto do Cinema Novo brasileiro, pelas criticas em relação à esquerda e ao esquema populista da política brasileira, antes de 1964, onde operários e camponeses aparecem como massa de manobra, pois só podiam agir quando o espaço político lhes era oferecido de maneira paternalista. Isso tudo, marcado por uma narrativa fragmentada e inovadora, serviu de estímulo para o Tropicalismo revolucionando a cultura brasileira de massa, como um todo.
Ando me manifestando em prol de uma nova vanguarda, de um novo segmento de raciocínio, de uma manifestação legítima de amigos universitários da Universidade Federal Fluminense (UFF); O Escrotivismo. Não costumo pronunciar-me sem uma espécie de estatuto. Aguardo o termino da redação do Manifesto Escrotivista para me pronunciar. Porém, os rapazes formaram o Rivotrio e peregrinam por festivais e eventos universitários como menestréis neo-ideológicos. São ideólogos natos: Mad Lucas, Kyoma Oliveira e o Sr. Wilson fazem show, nesta sexta-feira, às 22h no Campus do Cagroatá, na UFF, em Niterói e serão a segunda banda a se apresentar. Estará rolando o II Festival Musical Mente Plural, para mentes, obviamente que não flertam com o singular.
Ele resolveu ser musico e professor de historia de uma só vez, mas parece que o efeito colateral é evidente. Hoje é o dia dele e, com certeza, é dia de rock, uísques, absoluts, absintos e outros venenos que compõem a fusão antropossáurica e autodinâmica deste ser. Hoje é aniversário de Celso Lins,o nosso Celsito que, segundo ele próprio, está comemorando estes seus 35 anos como uma verdadeira celebração e elegia à vida. Se eu fosse sacudido por uma tremedeira de 9.3º na escala Richter, também celebraria meu aniversário com ritos de bravura nórdica ou com longos rituais de chá de ibogaína da boa, é claro, e dançando doidão com uma tribo de gente mais doida ainda.
Não poderia deixar de parabenizá-lo através de um espaço que este meu grande amigo navega e interage freqüentemente. Adorador de todas as artes, guitarrista virtuoso e cantor afinadíssimo em talento e alma, com médios de tirar o fôlego. Celsinho se sente em casa aqui e colabora muito para a manutenção ideológica dessa bagaça cultural com 60 ilustres seguidores.
Meu amigo hoje terá muitos risos, muito The Who e amigos maravilhosos à sua volta. Muito som, muito amor, poesia, Rock n Roll e barro na boneca.
Um vídeo que você ama e a certeza de uma amizade eterna:
...e um poema da nossa Silvinha Scheareder:
Dizem e cantam
O respeito pelo indivíduo
Mas a feia verdade ignorada
Expõe nossa hipocrisia
Negamos o universo alheio
Negamos o individualismo
Está impresso em nossos genes
A falsa sensação de que somos o umbigo de Andrômeda
Hei, entre na pequena porta e veja
Cada um de nós é um universo, Bishop!
Delicie-se com a dor da solidão
Só cortando dolorosamente as amarras da dependência
É que sagraremos no mais alto grau
O Você e o Eu
A pequena porta quando aberta
Te deixará cego
Com medo e inseguro
Há, no entanto, de se perceber em seguida
Uma festa dionisíaca
Apenas entre
Sirva-se de um vinho
E aproveite toda a intensidade despida da humanidade...
Post dedicado ao amigo mais que querido, CelsoLins
O Blues no início representava a expressão cultural através da música de uma minoria. Sua origem está essencialmente ligada à população negra americana. Com simplicidade, sensualidade, poesia, humor e ironia, o Blues pode ser visto como um reflexo das qualidades e as atitudes dos negros Americanos por mais de um século.
A definição e o mais importante sobre o Blues é seu significado além da música, que é uma referência a um estado de espírito. Mas a expressão "O Blues" (The Blues) não se popularizou antes do término da Guerra Civil Americana, quando sua essência passou a ser vista como um meio de descrever o estado de espírito da população afro-americana. Costumava-se dizer que os negros cantavam este tipo de música para tentar se verem livres da tristeza (blues). No blues é o coração que canta e a é que chora.
Muitos sabem que o Blues teve como berço o Delta do Mississipi, no entanto, a grande maioria pensa que foi nas vizinhanças de Nova Orleans. Errado: este foi o berço do jazz. O Delta que os bluesmen se referem, como uma espécie de país místico, é o delta lamacento do rio Yazoo, que junta sua águas às do rio Mississipi nas proximidades de Vicksburg, região de inundações aonde camadas de lama vão se depositando a cada primavera.
Esta região possuía terras ricas para o plantio de algodão, e por isso, ali vivia uma densa população afro-americana, que servia como mão-de-obra escrava das lavouras.
Para aliviar o sofrimento e amenizar o trabalho nos campos, os escravos desenvolveram os cantos de trabalho (work songs) que se tratava de lamentos em forma de gritos melancólicos ritmados pela enxada, martelos e machados. Como não podiam tocar nenhum instrumento, pois os brancos receavam que fosse usado como códigos, incitando à rebelião, a voz se tornou o principal – senão o único – instrumento musical dos negros. Assim como no alvorecer da cultura, porém, em umas das fases mais lamentáveis da humanidade.
Com a abolição da escravatura, prevaleceu o regime de semi-escravidão, sendo os meeiros vilmente explorados pelos brancos proprietários. No entanto, a pouca liberdade concedida foi suficiente para o contato com a música e o surgimento das juke joints, também conhecidas como barrelhouses, que eram casas noturnas onde se vendiam bebidas clandestinas e tinham um palco tosco para apresentação dos músicos locais.
A partir de então, o blues começou a tomar forma e se popularizar. Foi quando surgiram grandes nomes e artistas como Robert Jonhson, considerado por muitos o verdadeiro rei do blues do Delta; a célula máxima, a pulsação.
O estilo veio de uma região na parte sul do Mississippi, romanticamente denominada "O lugar onde o blues nasceu". Foi o primeiro estilo que pôde contar com a gravação de suas músicas por parte de indústrias fonográficas. Embora muitos artistas do Delta tocassem com uma banda, poucos gravaram desta maneira. A maioria das gravações entre 1920 e 1930 consiste em trabalhos solo, com acompanhamento apenas de violão.
Iniciada com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, a crise econômica norte-americana se transformou na Grande Depressão nos anos 30, afetando toda a economia mundial.
Com isto, as lavouras de algodão do Delta do Mississipi também entraram em uma forte crise, o que ocasionou uma verdadeira fuga dos negros dos campos, numa migração em massa rumo às grandes cidades do Norte. Chicago se tornou a terra prometida pela necessidade de mão-de-obra nas fábricas e pelas favoráveis condições ao blues.
A Highway 51 e a 61 foram as principais rotas adotadas pela migração. Os trens e trilhos corriam como sangue nas veias do blues. A ferrovia não era um mero meio de transporte, era quase um veículo mágico que leva o negro a transcender a sua condição. Viagem, união e separação: o trem adquiriu no blues uma dimensão mitológica, sendo imitado por vários músicos, principalmente pelos gaitistas da época.
Nos anos quarenta, o coração do Blues mudou-se para a região sul de Chicago. Lá surgiram grandes nomes como Elmore James, Willie Mabon, Jimmy Rogers, Sonny Boy Williamson, Otis Spann, Willie Dixon, Muddy Waters e Howlin’ Wolf. Entre as canções mais representativas deste período podem ser destacadas Hoochie Coochie Man, Mannish Boy, Sloppy Drunk e Don’t Start Me Talkin.
Foi criado por volta de 1940/1950, amplificando o Delta Blues. Adicionou-se bateria, contra-baixo e piano (às vezes saxofone), criando o que conhecemos hoje como "blues band" (banda de blues). O estilo deu origem às batidas de rock e ao ritmo do funk music nos anos 80 e 90.
Com o surgimento de fábricas e empregos em outros lugares do país atraíram os negros e que levaram consigo o Blues, difundindo o estilo pelo resto dos EUA. O Blues começava a se espalhar por toda a América do Norte e dois estados específicos, fizeram um bom dever de casa: Texas e Califórnia. Os blues-man nascidos nestes estados geralmente são famosos (exemplo Stevie Ray Vaughan do Texas), e as músicas, bem conhecidas.
O Texas Blues nasceu na metade dos anos 20, possuía as tradições do Country Blues, porém o violão mais do que mero acompanhamento, era uma extensão do vocal. Outro estágio do Texas Blues veio depois da Segunda Guerra Mundial, trazendo um estilo totalmente elétrico.
O apesar de ser mais influenciado pelo Blues do Texas, a costa oeste, onde surgiu o Blues da Califórnia, incorporou uma grande variedade de estilos. Pessoas quem vinham do Texas, Oklahoma, Louisiana, e Arkansas, para trabalharem nos campos e nas fábricas, durante e após a Segunda Guerra Mundial, trouxeram consigo o blues da região que viviam. E, nesta mistura de raízes diferentes, dentro do mesmo estilo, formou-se o Blues da Califórnia.
Este parágrafo é dedicado então aos estilos de Blues do Texas que tem como principais representantes: Bobby "Blue" Band, Albert Collins, Lightnin' Hopkins, Blind Willie Johnson, Stevie Ray Vaughan, Lowell Fuson, Freddie King, T-Bone Walker, Clarence Gatemouth Brown e Blind Lemon Jefferson. E dedicado também ao blues da Califórnia, que é fortemente representado por: The Ford Blues Band, Rod Piazza, Andy Just, entre outros.
O blues moderno carrega consigo a tradição do blues antigo misturado ao som da guitarra elétrica. Muitas bandas em meados dos anos 60 começaram a adotar este estilo, principalmente bandas inglesas como John Mayall & The Bluesbreakers e The Cream.
O Blues elétrico é o mais conhecido dentre todos os outros estilos, pois conta com um plantel de artistas renomados e músicas bastante conhecidas. Bandas com Led Zeppelin, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Rolling Stones, Yardbirds, Allman Brothers e até Pink Floyd tiveram suas raízes bem bluseiras, imortalizando a influência do Blues para variados estilos musicais.
O destaque para uso da guitarra elétrica agressiva e distorcida baseada em raízes bluseiras vai para o imortal Jimi Hendrix, um dos mais famosos ícones do instrumento. Surgiram então guitarristas junto com Hendrix, que se tornaram verdadeiros “reis” da guitarra, como Eric Clapton, Jimi Page e Jeff Beck, o trio de guitarras mais conhecido no mundo e que inclusive já gravaram juntos no grupo sessentista “Yardbirds”.
O blues só foi chegar ao Brasil de carona com o Rock ‘n’ Roll dos anos 50, o rock britânico e americano dos anos 60. Só em meados de 70 começaram a brotar por aqui as primeiras bandas exclusivamente de blues, em sua maioria formadas por jovens brancos da classe média saturados do rock e que não conseguiam encontrar na MPB uma identificação para seus anseios e estilo de vida.
O interesse pelo blues no Brasil cresceu tanto que, no final dos anos 80, começaram a acontecer por aqui festivais especializados.
O primeiro festival de blues do Brasil foi em Ribeirão Preto, em julho de 1989, reunindo feras como Buddy Guy, Junior Wells, Albert Collins, Magic Slim e Etta James, contando ainda com a participação brasileira de Blues Etílicos e André Christóvam. Este foi carregado no colo em cima do palco por Albert Collins, pois já havia trabalhado de roadie para ele nos EUA.
Outro evento de destaque foi o ocorrido no espaço Circo Voador, Lapa RJ, junho de 1994, tributo a Robert Johnson. Neste festival, nascia um mito alternativo, mas que, arrastada para o pop, teve uma das carreiras mais dignas do rock’n blues nacional, o trovão, a carioquíssima peregrina, Cássia Rejane Eller.
Junto com os festivais surgiram nomes expressivos dentro do cenário nacional, que tocam muito bem este estilo como Celso Blues Boy (Por onde anda?), André Cristovám, Edvaldo Santana, Sólon Fishbone, Fernando Noronha e mais tarde Nuno Mindelis, angolano nacionalizado brasileiro. A banda de blues nacional de maior importância internacional é a Blues Etílicos, fundada em 1987, Baseado em Blues, Big Allanbik e Big Joe Manfra. Puro blues no coração do blues.
Os boatos rezam pelo fim do grupo. Eddie Vedder teria dito em um concerto em Portugal, no ano de 2009, que aquele seria o último de muitos outros, o que não se confirmou. O grupo nunca foi dado às pirotecnias da grande mídia, tão pouco ao comercialismo compulsivo e barato de tudo que faz sucesso merecido ou não. O Pearl Jam é fantástico e assim se manteve por causa desta postura. Uma sonoridade que acabou, paralelamente com o ótimo Nirvana, alavancando o punk-rock na bela e intrigante Seattle, no auge do movimento local grunge. É considerada uma das mais populares e influentes bandas da década de 90.
Acabando ou não, dando um tempo ou não, a verdade está aí; o Pearl Jam completa 20 anos de estrada em 2011, 13 álbuns depois e uma marca incomum para qualquer segmento do show busines. Um fato inusitado é que durante a turnê de Binaural, lançou nada menos que 72 CDs duplos, que traziam na íntegra cada um dos concertos da turnê. Trajetória inusitada como a suposta geléia com poderes alucinógenos que a vovó Pearl (avó de Vedder) fazia e que batizou o nome do grupo. Desde o primeiro álbum, Ten, considerado um dos melhores álbuns do grunge, e do rock em geral nos últimos tempos. Possui canções belas e inesquecíveis como Alive (o grande sucesso radiofônico do disco, que levou o Pearl Jam a ser conhecido nos quatro cantos do mundo), Oceans, Black e Release, outras pesadas e raivosas típicas do grunge, como Once e Why Go, além de outras excelentes por si só, como Jeremy, outro grande sucesso radiofônico, cuja letra trata de um garoto de que Vedder tinha ouvido falar, que havia cometido suicídio numa sala de aulas de uma escola americana.
2011 deve ser o ano do Pear Jam, o ano do Grunge. O Arte Vital deixa aqui registrado esse marco. Eddie Vedder, muito além de ser uma das maiores vozes da musica e um compositor irrepreensível, é um cara muito gente boa. Parabéns à geléia da grandmother Pearl.
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Guerra mais que anunciada, guerra mais que esperada
Bandidos fogem desesperadamente,
fazendo a festa dos snipers
Era questão de tempo. Essa guerra que o país assiste horrorizado, sempre nos serviu doses extras de um aperitivo amargo demais dentro do âmago mais profundo desta cidade. Rio de Janeiro: Primeira onda de ataques do crime organizado já havia atingido a sua finalidade. A tendência era submergir para voltar a surpreender. Eis que a secretaria de segurança, numa ação que, duvido muito, tenha um dedo se quer desse governador que aí está, resolveu dar um golpe de mestre nas pretensões do tráfico. Cerca de 400 bandidos estão acuados num perímetro equivalente a 800.000 metros quadrados e sem muitas opções para uma evasão. Como o BOPE está acompanhado de Fuzileiros Navais (essas duas corporações são de militares que não são treinados para fazer prisioneiros), sobrarão poucos bandido para contar essa história de horror, cevada por décadas de abandono das autoridades. Nunca na história desses país, se viu tantos bandidos em fuga, ao vivo e à cores e em rede nacional. Era como se tivessem ateado fogo em um bueiro infestado de ratos. Atiradores de eliete se divertiam como se atirassem e patinhos na lagoa. Cruel...porém real e que apela para a mais intrínsecas das necessidades. Segurança é um 'bem' de extrema necessidade.
O que corta o coração de qualquer ser, por mais acostumado que esteja a assistir essa tragédia social, é saber que 99% dos habitantes destas comunidades são pessoas de bem. São trabalhadores que lutam para saldar suas contas e contribuem maciçamente para o desenvolvimento econômico desse país. Pessoas que mereciam programas sociais inteligentes, não esse assistencialismo medíocre. Pessoas que mereciam ter seus filhos matriculados em boas escolas ou universidades. Como a história mesmo demonstra tudo está muito errado e não dá para combater a violência desses indivíduos com programas sociais no momento atual. Que a policia invada sim essas localidades, mas com responsabilidade e sabendo que ali, em sua enorme maioria, vivem pessoas que não têm nada a haver com essa bárbarie. Ontem, dezenas de famílias da Vila Cruzeiro (onde foi executado, em 2003, o jornalista Tim Lopes) dormiram na rua como moradores de rua por medo de subirem o morro e retornarem para suas casas. O governador trouxe o modelo que transformou Medellín numa das cidades mais prosperas e tranqüilas da América do Sul, mas deixou lá a essência desse modelo: um investimento maciço em educação e urbanização. Fora a fanfarronada eleitoreira que foi a ocupação dessas comunidades pelas UPPs. A guerra está aí: encare-a mas mostre a cara.
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Cuidado com o que você anda falando por aí
Têm se falado muito em pena de morte. Um enorme contra-senso é pobre pedir por pena de morte. Até por que, só pobre mesmo morre em algum tipo de execução dessa monta. Os ricos ou aqueles que foram ricos; aqueles que são duros e flertam com as elites mais abastadas (os chamados “piolhos de rico”) acham muito cômodo matar o monstro que eles mesmos criaram e criam. Ainda bem que se está longe...mas muito longe de sancionarmos uma lei dessas aqui no Brasil. Ou você já viu algum norte-americano rico morrer na cadeira elétrica? E olha que rico americano adora tirar uma onda de serial killer!
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Dá uma relaxadinha aí com "Um sábado qualquer"
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Paulo Coelho faz parecer que Caio Fernando Abreu escreve.
Singela dedicatória a quem encanta almas Por Antonio Siqueira
Hoje é dia do musico, dia de quem canta lindo ou não, dia de quem toca com virtuosismo ou não. Hoje é dia de lembrar que a música é uma mistura interessante de silêncio e sons. De também lembrar que a musica apaixona, encanta, rejuvenesce, amadurece e cura; e que os músicos são instrumentos vivos desse milagre da existência humana.
Segundo a mitologia grega, os Titãs, que em literatura simbolizam a audácia orgulhosa e brutal, mas punida pela queda repentina, eram divindades primitivas que se empenharam em luta contra Zeus buscando a soberania do mundo, mas foram fulminados por ele e precipitados no Tártaro. Satisfeitos, os outros deuses pediram ao deus maior que criasse quem fosse capaz de cantar as suas vitórias, e este então se deitou durante nove noites consecutivas com Mnemosina, a deusa da memória, nascendo daí as nove Musas.
Delas, a da música era Euterpe, que fazia parte do cortejo de Apolo, o deus da música.
No princípio, a música foi apenas ritmo marcado por primitivos instrumentos de percussão, pois como os povos da antiguidade ignoravam os princípios da harmonia, só aos poucos foram acrescentando a ela fragmentos melódicos.
Na pré-história o homem descobriu os sons do ambiente que o cercava e aprendeu suas diferentes sonoridades: o rumor das ondas quebrando na praia, o ruído da tempestade se aproximando, a melodia do canto animais, e também se encantou com o seu próprio canto, percebendo assim o instrumento musical que é a voz.
Mas a música pré-histórica não é considerada como arte, e sim uma expansão impulsiva e instintiva do movimento sonoro, apenas um veículo expressivo de comunicação, sempre ligada às palavras, aos ritos e à dança.
Os primeiros dados documentados sobre composições musicais referem-se a dois hinos gregos dedicados ao deus Apolo, gravados trezentos anos antes de Cristo nas paredes da Casa do Tesouro de Delfos, além de alguns trechos musicais também gregos, gravados em mármore, e mais outros tantos egípcios, anotados em papiros. Nessa época, a música dos gregos baseava-se em leis da acústica e já possuía um sistema de notações e regras de estética.
A santa dos músicos - Santa Cecília viveu em Roma, no século III, e participava diariamente da missa celebrada pelo papa Urbano, nas catacumbas da via Ápia. Ela decidiu viver casta, mas seu pai obrigou-a a casar com Valeriano. Ela contou ao seu marido sua condição de virgem consagrada a Deus e conseguiu convence-lo. Segundo a tradição, Cecília teria cantado para ele a beleza da castidade e ele acabou decidindo respeitar o voto da esposa.
Além disso, Valeriano converteu-se ao catolicismo. Mito grego - Na época dos gregos, dizia-se que depois da morte dos Titãs, filhos de Urano, os deuses do Olimpo pediram que Zeus criasse divindades capazes de cantar as vitórias dos deuses do Olimpo. Então, Zeus se deitou com Mnemosina, a deusa da memória, durante nove noites consecutivas. Nasceram dessas noites as nove Musas. Dessas nove, a musa da música era Euterpe, que fazia parte do cortejo de Apolo, deus da Música.
E o que seria da música se não fossem os músicos, os profissionais que cantam, tocam, compõem e enchem a vida de recordações? O Arte Vital homenageia aqueles que são a razão da existência desse blog. Som, Amor, Poesia e Barro na Boneca.
Poucos estilos musicais geraram tanta controvérsia como o Rock Progressivo (RP), um estilo lembrado hoje em dia pelo enorme espetáculo de palco, pelo seu fascínio por temas derivados da ficção científica, mitologia e literatura fantástica e, acima de tudo, pelo seu esforço em combinar o sentido de espaço e monumentalidade da música clássica com a energia e o poder do Rock. O seu deslumbrante virtuosismo e fascinantes espetáculos ao vivo fizeram-no bastante popular durante a década de 1970, aonde vimos bandas como King Crimson, Emerson, Lake & Palmer, Yes, Genesis, Camel, Pink Floyd e Jethro Tull trazerem uma nova profundidade e sofisticação ao Rock. Por outro lado, os críticos estigmatizaram os elaborados concertos destas bandas como auto-indulgentes e materialistas. Eles viram a tentativa de fusão rock/clássica do RP como sendo elitista, uma traição às origens populistas do Rock. Mas de uma perspectiva mais realista, o RP é mais uma expressão vital da contracultura do final da década de 1960 e durante a de 1970. No entanto, a sua característica atemporal faz com que, hoje em dia, e para além do fato de a sua capacidade criativa e produtiva estar bem abastecida, este estilo conviva sempre de mãos dadas com as suas origens e influências.
Era 1967. Na Inglaterra, um dos centros de maior tradição musical, surgia uma necessidade de dar uma abertura estilística à música popular que vinha sendo feita. O cenário político-social da época era o ideal. Artistas, na sua maioria de formação universitária e procedentes de conservatórios, deram as bases para o RP, juntos com alguns seguidores do psicadelismo. Ao Rock foram acrescentados elementos de música Erudita, Jazz e Folk. A partir de então o movimento cresceu, atingindo o grande mercado nos anos 70, que na época aceitava uma música que não fosse descartável. Foi o auge de grandes bandas inglesas como os Yes, King Crimson, Pink Floyd, Genesis, Jethro Tull, ELP, Gentle Giant, Camel, etc, e que acabaram por influenciar bandas em todos os cantos do planeta até aos dias de hoje. Mas não foi só na Inglaterra que o movimento teve o seu auge. A Itália deu também um contributo decisivo para este sucesso com bandas como Premiata Forneria Marconi, Banco Del Mutuo Soccorso, Osanna, Le Orme, Area, etc.
Na segunda metade da década de 70, com a crise do petróleo, as leis comerciais impuseram-se e as editoras começaram a procurar um estilo que exigisse menos investimento e mais vendas. Isso aconteceu com a onda "disco" que explodiu durante o ano de 1978, decretando o fim do RP (assim como outros estilos) em termos comerciais. Para contribuir para este aniquilamento, surgiu também o Punk Rock, apesar de ter sido um fenômeno mais localizado e efêmero, nunca conseguindo alcançar grande numero de vendas a nível internacional.
Ian Anderson: mentor da seminal banda de Rock Progressivo Jethro Tull
No início da década de 1980, algumas mentes criativas decidiram tentar apostar mais uma vez no RP, influenciadas pelos grandes nomes da década anterior. Em face de ser cada vez maior a exigência comercial, onde os contratos eram feitos conforme o numero de vendas, as bandas que então apareceram usaram muito inteligentemente uma mistura de RP com pitadas de uma corrente Pop que então reinava. Entre essas bandas destacam-se os Marillion, mas outras surgiram embora não com tanta notoriedade como IQ, Pendragon, Quaterna Réquiem etc. Durante esta década, o RP resumiu-se envergonhadamente a um punhado de bandas que, teimosamente, não deixaram que o movimento fosse definitivamente sepultado. Além do mais, estas não podiam contar com qualquer tipo de divulgação e promoção. As editoras não se davam a esse luxo com bandas que estavam destinadas a um baixo numero de vendas e os media foram simplesmente engolidos por uma máquina promocional que se auto-alimentava através das bandas que promovia e das vendas que daí advinham. Esta máquina foi toda atrelada aos media, todos os caminhos do RP desde a sua origem na banda até ao ouvido do consumidor. No final da década, e quando as forças começavam a faltar aos resistentes, eis que surgiu um fenômeno que veio revolucionar todo o mundo musical: a Internet.
Como se pode facilmente constatar hoje em dia, a Internet revelava-se um meio fundamental para o RP, pois conseguia os dois processos vitais para uma banda: divulgar e vender. Não tardou e, poucos anos passados, logo foram criadas algumas editoras independentes e especializadas no gênero, as quais utilizavam a Internet como meio principal de distribuição e venda dos seus discos. Foi então uma espécie de paraíso para os artistas deste segmento musical, que assim podiam dar asas à sua criatividade sem ter como pano de fundo o espectro do cumprimento de contratos ao nível das vendas. Até mesmo algumas grandes bandas, que pareciam adormecidas ou a enveredar por estilos muito pouco ligados ao RP, fizeram as pazes com o movimento e voltaram a produzir excelentes trabalhos. Mas não só da Internet viveu este ressurgimento. Também a desvalorização e vulgarização de instrumentos e bons meios de gravação contribuíram para uma massiva produção discográfica neste meio.
No final da primeira metade da década começaram a aparecer os melhores resultados. Bandas como The Flower Kings, Spock's Beard, Anglagard, Porcupine Tree, ressuscitaram o movimento trazendo consigo não só qualidade, como também uma frente descentralizadora do eixo anglo-saxônico que até então era incontornável. Novos mercados como a península Escandinava, o Japão e a França trouxeram uma maior heterogeneidade à linha musical que até então vinha sendo apresentada. Até aos dias de hoje, estas bandas, assim como muitas e muitas outras, têm vindo a provar que o RP goza de ótima saúde, rejuvenescido, e querendo ir mais além... A progredir!