sábado, 7 de fevereiro de 2015

As Sequelas Morais de Auschwitz

Por Antonio Siqueira






Horror Secular























O mundo acaba de lembrar, na Polônia, os 70 anos da libertação, por soldados da antiga União Soviética, do campo de extermínio de Auschwitz, talvez o mais terrível exemplo do exercício da discriminação e do mal, na história humana, e da máquina de genocídio nazista.

Auschwitz destacou-se, entre os outros e numerosos campos de concentração e de extermínio. Não pela perversidade de seus oficiais, dos guardas e dos kappos, prisioneiros que controlavam as barracas em que se amontoavam, às centenas, seres humanos esquálidos e sub-alimentados, doentes e torturados pelas ameaças, as pancadas, o frio e assombrados pela perda de seus pais, mulheres e filhos, assassinados, muitas vezes, na sua frente, comuns a outras sucursais do inferno, como Sobibor, Maidanek, Belsen e Treblinka.

Mas, principalmente, por sua escala inimaginável, gigantesca, da qual tomava parte o campo vizinho de Birkenau, e pela organização metódica, planejada, de suas instalações. Elas foram planejadas para o roubo dos pertences, a exploração e a morte de milhares de pessoas por dia, da recepção dos prisioneiros, em sua dantesca estação ferroviária, até sua execução a tiros, por extenuação, espancamento ou em câmaras de gás, com a posterior destruição do corpo em fornos crematórios, em uma especie de matadouro tão bem organizado, que tudo era aproveitado, do ouro das jóias e dos dentes, ao cabelo dos prisioneiros, usado para forrar botas de inverno.

O fato de o presidente Vladimir Putin, líder do país herdeiro da URSS, potência que libertou Auschwitz, e venceu a batalha de Berlim, derrotando a Alemanha Nazista e levando Hitler ao suicídio, não ter sido convidado, é significativo.

Principalmente, quando se leva em consideração, que, na cerimônia, como convidado, esteve presente Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia, país de origem de muitos dos guardas que trabalhavam em Auschwitz, e em outros campos, auxiliando prazeirozamente os SS nazistas, na vigilância, tortura e morte de milhares de homens, mulheres e crianças das mais diferentes origens.

Na Ucrânia de hoje, desfilam orgulhosamente neonazistas, e cresceram, vertiginosamente, depois da derrubada do governo que estava no poder anteriormente, os ataques a judeus, ciganos – dos quais milhares também morreram em Auschwitz – e outras minorias.

Por mais que os revisionistas e deturpadores da história – extremamente ativos nos últimos tempos – insistam em equiparar russos e nazistas, a verdade é que quando um criminoso nazista era capturado pelos soviéticos, ele era julgado, e na maioria das vezes, condenado à morte ou a pesadas penas de prisão, enquanto a maioria dos que foram apanhados pelos norte-americanos e pelos alemães ocidentais, mais tarde, permaneceram impunes, ou se tornaram colaboradores de organizações como a CIA durante a Guerra Fria – morrendo gordos e velhos, na cama, como não mereciam.



2 comentários:

Anônimo disse...

Não fosse esse arcabouço cultural, científico e tecnológico, os alemães não seriam o que hoje representam para o mundo em termos de desenvolvimento e progresso!
O nazismo foi uma excrescência política e ideológica, que obteve êxito mediante amedrontamento do povo com os camisas pardas, inicialmente, as perseguições aos judeus, os guetos, o incêndio do Reichstag, e cujo estopim do crescimento do Nacional Socialismo Alemão foi a quebra da Bolsa em 1929, somada às impagáveis cláusulas do Tratado de Versalhes, perda de território, e unicamente culpada pela Primeira Guerra Mundial.
Faz-se necessário excluir o povo alemão desta catástrofe que foi a Segunda Guerra, pois a responsabilidade de sua deflagração foi o consentimento de França e Inglaterra sobre a anexação da Áustria e Sudetos pela Alemanha, ocasionando a invasão da Polônia, em consequência, para também anexar Dantzig, a saída para o mar deste país.
Desta forma, e voltando ao assunto que classifica o nazismo como um regime mais cruel que o comunismo, conforme menciona Antonio Siqueira, os soviéticos se aproveitaram da força dos países aliados que enfraqueceram os exércitos nazistas em França, Bélgica, Holanda, Itália, e alguns países africanos para derrotar o nazismo em 1945, na razão direta que o comunismo se alastrava pela Europa, cometendo igualmente as mesmas invasões de territórios praticadas pelos nazistas, formando a famosa Cortina de Ferro.
O nazismo acabou em 1945 mas, o comunismo, somente em 1989, com a queda do Muro de Berlim, 44 anos depois de subjugar várias nações, causar genocídios, separar o mundo, e criar mais guerras e revoltas após o fim do maior conflito mundial.
A Rússia também é famosa pela sua literatura, música, artes, que não impediram surgimento do comunismo, que matou milhões de compatriotas e gente de dezenas de países anexados à força pelo regime soviético.
Foi o povo russo o culpado?
Claro que não, pois foi também vítima de um sistema totalitário, sanguinário e cruel.

Francisco

Antonio Siqueira disse...

Bela defesa dos nobres povos russo e alemão, no sentido contrário, da igualdades das bestas que os comandaram, faltou citar o Massacre de Katyn (salvo engano em 40, na Polônia), feito pelos russos e que os atribuíram aos nazistas, só trazido à luz nos anos 80. De autoria controversa, na guerra a primeira vítima é a verdade. A minha abordagem foi de natureza politica, nada mais, nada menos.

Inegavelmente, os campos de concentração nazistas serão símbolos da bestialidade humana eternamente.
Os relatos dos sobreviventes quanto à crueldade praticada nessas prisões de trabalhos forçados e de extermínio são abomináveis.
Não se pode imaginar que, mesmo em uma guerra, uma pessoa se despe da sua condição de ser humano para adotar uma personalidade doentia, sádica, nefasta e infame, afora atos de covardia explícitos porque armada contra prisioneiros indefesos e obrigando-os a humilhações supremas! A Segunda Guerra Mundial foi o conflito que mostrou a selvageria por excelência, a estupidez, as deformações de mentes voltadas exclusivamente para o mal, e onde não se salvaram desta barbárie os países do Eixo e tampouco os Aliados. Sem mais...

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