Vinícius e Lyra |
O diplomata, advogado, jornalista, dramaturgo, compositor e poeta carioca Marcus Vinícius da Cruz de Melo Moraes (1913-1980) escreveu com Carlos Lyra, em 1963, a “Marcha da quarta-feira de cinzas”. O lirismo melancólico dos foliões a espera do próximo carnaval, que imperava na letra, depois serviu também como música de protesto contra a ditadura militar de 1964.
Embora consagrada pela voz de Nara Leão, essa marcha-rancho foi gravada, inicialmente, por Jorge Goulart, em 1963, pela Copacabana.
Marcha da Quarta-Feira de Cinzas
Carlos Lyra e Vinícius de Moraes
Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou.
Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri, se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor.
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade…
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir, voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar.
Porque são tantas coisas azuis
Há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe…
Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando
Seu canto de paz
Seu canto de paz
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