
Vinícius:
Eternamente do Brasil
Por Antonio Siqueira
caricature: @image_batistao
Em meio a um temporal, na madrugada de 19 de outubro de 1913- há exatos 100 anos -, nascia o homem que marcaria a música brasileira para sempre com suas composições. Virou ícone e passava bem longe do padrão. Não era careta, falava de amor, era a favor do "eterno enquanto dure", definiu o que poucos conseguiram. O "poetinha", como era conhecido, casou-se e fez isso com propriedade, amou nove mulheres oficialmente e diversas outras por toda a sua vida. Vinicius de Moraes era um homem como poucos, teve parcerias felizes com Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque, Carlos Lyra, Tom Jobim, entre outros. Gostava de beber uísque, o qual garantia ser o melhor amigo do homem, o "cachorro engarrafado". Admirava as mulheres belas, a beleza (como um todo, é bom ressaltar) era fundamental. Sofreu um acidente grave de avião, um de carro, fez uma operação para instalar um dreno cerebral, mas não padeceu em nada disso. Vinicius de Moraes morreria no seu lugar preferido: a banheira. Teve um edema pulmonar. O dia 9 de julho de 1980 amanheceu triste no Rio de Janeiro. Este escriba tinha 12 anos e, logo pela manhã, ouvia pelo rádio, junto à sua mãe, a voz de Adelson Alves pronunciar num misto de imensa tristeza e tom audívelmente lacônico: “Morreu o Poetinha!”. Vinícius tocou o coração de crianças como eu naquela época, não só com “A Arca de Noé”, (Os discos A arca de Noé 1 -1980 e A Arca de Noé 2 -1981, traziam composições como "O pato", "A casa", "O gato", "O pinguim" e "São Francisco", que se tornaram famosas nas vozes de Chico Buarque, Milton Nascimento, Toquinho, Marina Lima e Ney Matogrosso, entre outros intérpretes) uma obra-prima destinada às crianças da geração oitentista mas, também, pelo conjunto da sua obra, que encantava a todas as criaturas de todas as idades, credos, gerações...