quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Brasil acordou!


O "NÃO" GERAL!
   Por Antonio Siqueira


Imagem aérea da Cinelândia na passeata que reuniu 220mil pessoas no Rio de Janeiro

     


      Parece que agora os brasileiros estão tendo uma ideia clara e evidente do que vem acontecendo nas ruas do país. É aquele ‘NÃO ROTUNDO’ que certo caudilho bom de briga bradava em seus discursos nas décadas de 1970 e 80. Por dias tentaram fazer com que a opinião pública entendesse o maior movimento da história deste país como “A revolta dos 0,20 centavos” (como se vinte centavos, em um ano, não  representassem uma fortuna para o orçamento dos trabalhadores de média e baixa rendas). As manifestações nas principais capitais do país são a lógica do capitalismo hoje.

       A coisa tomou forma de revolução e agora preocupa as classes absolutistas e conservadoras. A festa da democracia e do engajamento político-social do povo é uma realidade preocupante para a esquerda no poder.  A cobertura das televisões, ao vivo, mostra que as manifestações em sua imensa e gigantesca maioria, até agora foram pacíficas, sem baderna. Os únicos incidentes ocorreram por causa da ideia infeliz da direção do PT, que resolveu pegar uma carona no movimento e instou seus militantes a participarem com camisas e bandeiras dos partidos. Os quebra-quebras preocupam sim, em especial os que ocorreram no Rio de Janeiro e em São Paulo. No Rio houve saque em lojas e agências bancárias. Porém, a cidade com boa parte dos morros e comunidades pacificados já gera uma fenômeno que era esperado: o tráfico com mãos atadas empurrou seus bandidos para as ruas. Muitos estão à solta e assaltando cidadãos livremente, por mais que a Secretaria de Segurança negue o fenômeno. A invasão da ALERJ com o povo querendo a cabeça de certos parlamentares, constitui-se em uma mera tentativa de vingança, o que não convém neste momento de extrema mudança e transição social.

      Em literatura (e contra o senso comum generalizado), grandes escritores como Alejo Carpentier sustentam que as manifestações latino-americanas, longe de seguirem as vanguardas europeias, na verdade as precederam. Pois bem, no que concerne à estruturação e ao treinamento de um aparato repressivo “de massa”, tal pensamento parece ser igualmente válido. No processo de desmonte do governo civil-militar, quando da redemocratização do Brasil na década de 1980, intelectuais como Florestan Fernandes já chamavam a atenção para o fato de que não bastava livrar o Estado das mãos autoritárias de seus milicos. Era preciso também destruir os aparatos repressivos construídos sob esse regime. Entre eles, a própria polícia, com seu caráter militar: excrescência desse período, constituída na transição da década de 1960 a 1970.

     Segue uma ótima ideia baseada nas manifestações na Argentina: Quando os vândalos começavam a quebrar tudo por lá, os verdadeiros manifestantes se sentavam, assim facilitava a ação da policia para reprimir e prender os culpados por esses tipos de ações mesquinhas. Podemos usar isso como ação na nossa manifestação, pois queremos um país melhor e não um país destruído.

      Os jovens de todas as tribos do Brasil foram bem claros. Disseram que não toleram mais altos impostos e serviços de péssima qualidade. Não admitem servidores burocratas que servem apenas para criar dificuldades aos empreendedores e aplicar multas. Não aceitam mais ver políticos torrando os recursos angariados com o suor da testa dos brasileiros para erguer estranhas catedrais do futebol. Não querem que o transporte público seja tratado como uma questão secundária por Estados e Municípios, nem que a corrupção fique impune em nossos tribunais.

     Nos primeiros dias, devido ao envolvimento com a Copa das Confederações e a Fifa, além das delicadas relações publicitárias com os governantes em geral, a Rede Globo tentou desconhecer o movimento das ruas, exatamente como aconteceu há 30 anos, no histórico episódio das Diretas, Já. Câmeras não mostrando os cartazes, áudios sem as palavras de ordem que já estão virando jargão... Enfim; as mesmas sabotagens de outrem.

      Hoje, a Rede Globo despertou e interrompeu a programação para mostrar a cobertura dos protestos. Estrategicamente, porém, os cinegrafistas continuam sem focalizar as faixas e cartazes. Depois da destruição de um carro da TV Record, as equipes da TV Globo temem se misturar com o povo e ficam alojadas em cima dos prédios, como franco-atiradores sem munição. Filmagens? Só do alto dos edifícios ou a bordo dos helicópteros…

Uma imprensa covarde é lamentavelmente desprezível.


Como aqui a arte será sempre vital, cabe este vídeo do U2, lembrando que não queremos "domingos sangrentos" e sim um país justo e igualitário:



U2 - Sunday Bloody Sunday







2 comentários:

Anônimo disse...

Um grande país eu espero, Antonio querido!
Maravilhoso seu texto.

Luana BH

Anônimo disse...

É ISSO AÍ!
UMA VOZ INTELIGENTE, MEU DEUS!
BOTO FÉ NESTA ERA DE MUDANÇAS!

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