" O Funk, o Samba e a MPB"
Por Luiz Felipe Leite
(Rio Claro - SP)
James Lament |
Claro, não posso ser irresponsável ao ponto de tomar apenas um gênero musical para condenar toda a musicalidade brasileira, mas foi algo que pensei de primeira ao ouvir o som tocado na festa. Fiz uma análise e comparei 2012, musicalmente falando, com o ano de 1912, este mergulhado na efervescência do surgimento do Samba.
Politicamente o Brasil vivia o começo da República e começava a resgatar as origens e as tradições da população negra, oprimida cruelmente durante séculos nos engenhos de cana e nas fazendas de café. Uma das consequências deste resgate foi a popularização do Samba, fazendo contraponto ao eruditismo das óperas de Carlos Gomes, Vivaldi, entre outros.
Na ocasião os conservadores condenavam o gênero negro, dizendo que era apenas uma manifestação selvagem, não digna de atenção cultural. Pelo contrário. O Samba era uma das manifestações de uma população que não tinha voz, juntamente com a Capoeira, por exemplo.
Pulando um século na linha temporal, vemos uma situação parecida. O surgimento do Funk Carioca, com a adaptação do Funk dos E.U.A e misturado com o Miami Bass, ritmo mais erotizado e rápido, geraram um gênero que faz muito sucesso nas favelas e em diversos lugares do Brasil.
A grande questão a ser analisada é sobre a manifestação cultural aqui presente: Enquanto no começo do século um gênero surgia após séculos de opressão, 100 anos depois um gênero surgiu com a mistura de algo bem sucedido com algo meramente sexual.
Não deixa de ser cultura, claro. Afinal cultura é toda manifestação/produção intelectual de uma sociedade. Mas isso não impede o seu conteúdo de ser analisado. Não acho que ‘apelação ’ constante seja musicalmente agradável, muito pelo contrário, considero isso uma imensa falta de criatividade.
O Funk como ele é:
* Luiz Felipe Leite é Jornalista, Repórter do G1 Piracicaba e Região, escriba com o blog "Fala Ligeira" e interessado pelo mundo.
3 comentários:
Muito bem observado, os morros cariocas depreciaram um ritmo maravilhoso!
Quando você pensa estar livre desta doença que é o funk carioca ele aparece do nada. Ainda não vi nenhuma chilena ou chileno promover um baile desses e acho que aqui não chega; porém, estar em Rio claro, andando de bicicleta tranquilamente e dar com uma cena dessas deve ser horrível.
Esta resenha tá ótima, Luiz Felipe!
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