Réquiem à despedida do
*Astro Bom
Por Antonio Siqueira
Ele olhou mansamente o pôr do sol naquela tarde em especial; mais alaranjado do que outras vezes. Seus olhos sentiram uma leve brisa roçar nos seus ternos e tenros 20 anos, passados ao dobro do tempo; Tempo que não volta mais. Ele sempre enxergou no crepúsculo das tardes de inverno, um momento de reflexão profunda e por mais silenciosas que fossem estas tardes, ouvia o sussurro da morte soprar-lhe algo que, ao invés de lhe assustar, lhe dava mais coragem para o que seria uma longa e complexa jornada.
Ninguém ama tanto a vida que não a amaldiçoe por vezes, ninguém canta um blues sem um trovejo vocal ou uma tempestade de lamentações; Ele penetrou sua alma neste crepúsculo de saudade e brutal realidade. A coragem é instinto para quem não quer deixar de vez o seu lugar e o amor pode ser companheiro constante da solidão, do desapego, sobreviva ele ou não ao apelo da eternidade. Morrer nada mais é do que recebermos uma visita inesperada do infinito, por mais que ele se anuncie, por mais delicado que este tente ser. Por mais silencioso que possa ser, o sinal, a palavra, o sussurro ou o afagar de outra alma, de outro ser....
“...Existem luzes no céu desde a minha tenra infância
Mas o infinito não me revelava
O que existia naquelas pequenas luzes
Um mago, um homem, um olhar...
Desde que um gênio pôs-se a voar em um conglomerado de caixotes
E outro ser teorizou as milhares de viagens nas asas da luz
A poesia encanta
A poesia acende
A poesia nasce
a poesia morre
a poesia sobe
a poesia desce
e o infinito sempre insiste em nos revelar....”
Dias sagrados virão! O que eterniza o homem é o que ecoa dele mesmo, o que fazemos, de muito bom ou muito ruim, ecoa na eternidade. E o infinito insiste, se faz presente e nos revela, mesmo que mil gerações de luz deixem de queimar na escuridão.
Citação final do filosofo romano, Sêneca e trecho extraido de um poema antigo do autor entitulado, "Quando o infinito insiste em nos revelar".... 2005 ® Todos os direitos reservados.
4 comentários:
Eu diria que é triste, porém profundamente espiritual. Essa citação final de Sêneca é bem da sua natureza. Abração
Robson Nazareth
O sol e a lua são deuses voadores.
Marcelo
é verdade, meu amigo...
"Morrer nada mais é do que recebermos uma visita inesperada do infinito".
Morte também é recomeço. E isto está bem claro no final. Na citação que você usou. Algo precisa terminar para que algo mais venha. É como ouvir um vinil. Há sempre o lado B.
Refleti.
Beijos procê, Antonio.
Postar um comentário
Diga-me algo