
Deserto
Livrarias fecham, editoras agonizam e só funcionários públicos podem se dedicar à literatura no Brasil, mas está tudo bem. Afinal, pra que serve a literatura? Pra nada. O que os dramas burgueses de Machado fizeram pela emancipação do proletariado? Nada. O que o indeciso príncipe dinamarquês de Shakespeare fez pela restauração do catolicismo na Inglaterra? Nada. O que Euclides fez pelo banimento dos canudos? Acertou: nada. Poderia comentar ainda o papel de Cervantes na emancipação da mulher negra (nenhum) ou de Mário de Andrade na demarcação de terras indígenas (zero), mas acredito que o argumento esteja claro. A literatura é uma atividade inútil e é uma absoluta perda de tempo se ocupar com essa bobagem. Ativismo, sim! Essa é a glória que fica, eleva, honra e consola. Afinal, pra que serve a literatura? Só pra uma coisa, que é, no entanto, desprezível, desnecessária e dispensável: criar o imaginário de um povo. Uma ideia de nação. Uma ideia de país. Uma ideia de cultura. Uma ideia de futuro. Uma ideia de passado. Mas quem precisa disso?
Livrarias fecham, editoras agonizam e só funcionários públicos podem se dedicar à literatura no Brasil, mas está tudo bem. Afinal, pra que serve a literatura? Pra nada. O que os dramas burgueses de Machado fizeram pela emancipação do proletariado? Nada. O que o indeciso príncipe dinamarquês de Shakespeare fez pela restauração do catolicismo na Inglaterra? Nada. O que Euclides fez pelo banimento dos canudos? Acertou: nada. Poderia comentar ainda o papel de Cervantes na emancipação da mulher negra (nenhum) ou de Mário de Andrade na demarcação de terras indígenas (zero), mas acredito que o argumento esteja claro. A literatura é uma atividade inútil e é uma absoluta perda de tempo se ocupar com essa bobagem. Ativismo, sim! Essa é a glória que fica, eleva, honra e consola. Afinal, pra que serve a literatura? Só pra uma coisa, que é, no entanto, desprezível, desnecessária e dispensável: criar o imaginário de um povo. Uma ideia de nação. Uma ideia de país. Uma ideia de cultura. Uma ideia de futuro. Uma ideia de passado. Mas quem precisa disso?