terça-feira, 31 de agosto de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
Rio: ame-o ou deixe-o
A suprema excelência do Rio de Janeiro
Ser carioca tem sido nos últimos anos uma tarefa que transcende o heroísmo, todos sabem. Há exatamente duas semanas, um grupo de mais de 50 homens fortemente armados, invadiu o Hotel Intercontinental na Praia de São Conrado, recheados de turistas e conferencistas. Uma praça de guerra civil pesada, artilharia de grosso calibre, 4 policiais feridos e uma mulher morta. O verdadeiro inferno descrito pela câmera amadora de um morador de uma das dezenas de prédios do bairro, famoso por ali se cobrar o IPTU mais caro do Brasil.
Óbviamente que o cidadão carioca / fluminense piora esse quadro grave de paciente terminal ao final de cada eleição. A politica no Rio é suja e de contágio certo. De 4 em 4 anos, acabo reforçando minhas orações, pois parece que o povo carioca desaprendeu a escolher seus representantes há muito tempo. Os que sofrem mesmo são os que moram nas periferias. Também são as "vítimas" preferidas dos pilantras de plantão; ainda há muita miséria na cidade. Aqueles pilantras de sempre que se candidatam a cargos públicos, sacam? Sempre os mesmos pilantras...pois bem, é Lamentável. Aliás, sejamos diretos, mais que diretos: Sergio Cabral é lamentável e o meu "patrão" subserviente e bom pau-mandado, Srº Prefeito Eduardo Paes, um equivocado. Esse pode preparar a sua camisa de força, se continuar aliado a Cabral.
Hoje, passeando pela orla, com o dia ensolarado, famílias na rua, pessoas cruzando o calçadão, as áreas de lazer lotadas de jovens e esportistas de fim de semana, pessoas praticando esportes náuticos. Gente que saiu para simplesmente bater pernas, namorar ou botar o papo em dia. Quando se olha para trás, não parece que aquela cidade em guerra no domingo passado era o Rio. O Rio de hoje era, exatamente, o Rio cantado e versado por Chico Buarque,Tom Jobim... O Rio de Cartola, O Rio do Profeta Gentileza, o Rio dos seres que ainda preservam a paz como maior cartão de visitas. O Rio de Janeiro continua lindo sim e está muito acima do lixo humano que o representa. Thank you.
Por Antonio Siqueira
Ser carioca tem sido nos últimos anos uma tarefa que transcende o heroísmo, todos sabem. Há exatamente duas semanas, um grupo de mais de 50 homens fortemente armados, invadiu o Hotel Intercontinental na Praia de São Conrado, recheados de turistas e conferencistas. Uma praça de guerra civil pesada, artilharia de grosso calibre, 4 policiais feridos e uma mulher morta. O verdadeiro inferno descrito pela câmera amadora de um morador de uma das dezenas de prédios do bairro, famoso por ali se cobrar o IPTU mais caro do Brasil.
Óbviamente que o cidadão carioca / fluminense piora esse quadro grave de paciente terminal ao final de cada eleição. A politica no Rio é suja e de contágio certo. De 4 em 4 anos, acabo reforçando minhas orações, pois parece que o povo carioca desaprendeu a escolher seus representantes há muito tempo. Os que sofrem mesmo são os que moram nas periferias. Também são as "vítimas" preferidas dos pilantras de plantão; ainda há muita miséria na cidade. Aqueles pilantras de sempre que se candidatam a cargos públicos, sacam? Sempre os mesmos pilantras...pois bem, é Lamentável. Aliás, sejamos diretos, mais que diretos: Sergio Cabral é lamentável e o meu "patrão" subserviente e bom pau-mandado, Srº Prefeito Eduardo Paes, um equivocado. Esse pode preparar a sua camisa de força, se continuar aliado a Cabral.
Arpoador: 18h:08m/Por Antonio Siqueira_2009 |
Essa cidade teve a mão do maior dos arquitetos.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Poemando...
O que a alma não compreende
Por Antonio Siqueira
Oh solidão
No teto a expressão da face do nada
A atmosfera pulsa em minhas pálpebras
E as paredes comprimem o meu silêncio
Esse apartamento tornou-se labiríntico
E a calçada do outro lado da rua,
A minha highway mais primitiva.
À noite os morcegos são ágeis anfitriões
E as aranhas procriam tranqüilas
No teto que me abriga
Ângela, a lagartixa, me parece intima.
Até um vagalume salvou-se da extinção e aqui fez morada
Oh sim
A solidão é um bem desnecessário
Um livro é amigo mais sincero que o amor
Aquele que sempre atinge os limites dos meus lençóis
Só que meus olhos não compreendem ainda
Que é preciso estar só
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Feira de Segunda...
Roubaram mais um Van Gogh
Por Antonio Siqueira
O quadro, conhecido como "Flor de papoula", segundo um comunicado em árabe, foi furtado no sábado do Museu Mahmoud Khalil, no Cairo, que abriga uma das mais refinadas coleções no Oriente Médio da arte dos séculos 19 e 20.
O procurador-geral do Egito bloqueou a saída do país de nove altos funcionários do Ministério da Cultura, como parte de um inquérito sobre o furto de uma pintura de Van Gogh estimada em US$ 55 milhões. Eu queria saber como se rouba quadros de um museu nacional sem ninguém perceber?
O Rio no Brasileirão
Vasco X Fluminense fizeram um belo jogo ontem no Maracanã. O empate foi justo, porém se o Vasco jogasse com mais seriedade, poderia sair do maraca entre os 5 primeiros. Falta de atenção e algumas firulas. Serviu para mostrar que o Fluminense está longe de ser imbatível. Em sua estréia, o brasileiro naturalizado Português, Deco, isolou um gol certo. Mas valeu a pena acompanhar o jogo. O Cariocas estão com um desempenho no brasileirão e isso já bastante legal.
Sandices do norte
Sylvester Stallone e a sua gangue do filme "Os mercenários" lideraram neste domingo (22) as bilheterias norte-americanas pela segunda semana, enquanto estreias com as atrizes Emma Thompson e Jennifer Aniston fracassaram. Lá vale e tudo. Espero que nós, os melhores vira-latas na visão Yanque, não tenhamos o disparate de proporcionar a Stallone, esta marca nos cinemas daqui.
Vivemos no Inferno
Não custa lembrar: a área onde houve a perseguição, o tiroteio e a situação com reféns estará, daqui a seis anos, repleta de delegações de atletas, jornalistas e visitantes do mundo todo para os Jogos Olímpicos de 2016. Não se trata, portanto, de uma parte da cidade com desequilíbrio desfavorável em termos de recursos, conhecimento dos problemas de segurança ou dificuldades operacionais. Pelo contrário: os bairros da zona sul, em especial a região do Leblon, sede da unidade da PM que cobre esta parte da cidade, são historicamente privilegiados em termos de investimentos e presença ostensiva da polícia.
A repercussão internacional da invasão do hotel – algo sempre temido em episódios de violência no Rio – certamente virá. E, entre os países que pretendem participar dos eventos dos próximos anos, esmiuçar a atuação e as falhas da polícia torna-se, a partir de agora, atividade de rotina. Afinal, reagir a uma situação de invasão de hotel, por mais que não seja algo comum no Brasil, faz parte da ‘alfabetização’ das forças de segurança de qualquer cidade que pretende receber eventos internacionais. A Cidade do Inferno precisa voltar a ser maravilhosa em tempo recorde, caro leitor!
Tio Antonio Cold Play New Cover
A banda que toca hits do fenômeno pop ingles, composta por Suelem: Voz, Celso Lins; Guitarras, violão e vocais, Alex Freitas; Teclados, Fernando; Baixo e Wellingtom Sá; bateria, se apresenta no Caverna Rock, na próxima quinta, às 22 horas. Levem suas namoradas (os), sejam romanticos, my jovens.
Este humilde escriba deve dar o ar da graça na guitarra e nos vocais.
Para relaxar a sua segundona, um belo vídeo com os originais
O prazer já me chamou a quase duas horas. Vai um café?
Je reviens...
sábado, 21 de agosto de 2010
Por aí...
Notas Cariocas
Por Antonio Siqueira
Dois dias depois de agitar o público de São Paulo com seus hits dos anos 80, os escoceses do Simple Minds se apresentaram nesta quinta-feira (19) no Vivo Rio, casa de shows da Zona Sul carioca. O vocalista Jim Kerr e seus instrumentistas subiram ao palco com 40 minutos de atraso, mas animados e bem-humorados, botaram a plateia pra pular ao som de hits como Alive and Kicking e Don't You Forget About Me, que ficou famosa como trilha sonora do filme O Clube dos Cinco.
O Simple Minds, que conta ainda com Charlie Burchill (guitarra) e Mel Gaynor (bateria), remanescentes da formação original, além de Eddie Duffy (baixo), Andy Gillespie (teclados) e Sarah Brown (backing vocal), se apresentam ainda neste sábado (21) em Brasília, no ginásio Nilson Nelson, e se despedem do Brasil no domingo, com show no Bourbon Country, em Porto Alegre.
Fortalezas medievais
Maria Bethânia e a poesia
Por Antonio Siqueira
Dois dias depois de agitar o público de São Paulo com seus hits dos anos 80, os escoceses do Simple Minds se apresentaram nesta quinta-feira (19) no Vivo Rio, casa de shows da Zona Sul carioca. O vocalista Jim Kerr e seus instrumentistas subiram ao palco com 40 minutos de atraso, mas animados e bem-humorados, botaram a plateia pra pular ao som de hits como Alive and Kicking e Don't You Forget About Me, que ficou famosa como trilha sonora do filme O Clube dos Cinco.
Simple Mind |
O Simple Minds, que conta ainda com Charlie Burchill (guitarra) e Mel Gaynor (bateria), remanescentes da formação original, além de Eddie Duffy (baixo), Andy Gillespie (teclados) e Sarah Brown (backing vocal), se apresentam ainda neste sábado (21) em Brasília, no ginásio Nilson Nelson, e se despedem do Brasil no domingo, com show no Bourbon Country, em Porto Alegre.
Fortalezas medievais
O excelente companheiro Daniel Ramos me conduzia ontem, no final da manhã, para a Barra da Tijuca. Ao passar por São Conrado, assustei-me com o que vi; o prédio no qual residem Gilberto Gil, Gal, Cesar Maia e entre outras celebrities droppings, estava blindado de uma ponta a outra na faixada. Ao chegar ao nosso destino, o Down Town, fui informado de que 14 prédios de bacanas da Praia de São Conrado, blindaram suas portarias. O resultado foi catastrófico e demonstra bem situação do famoso bairro diante de tanta violência.
Maria Bethânia e a poesia
Maria Bethânia fará seis apresentações no Fashion Mall.
Recitará Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Wally Salomão e cantará à capela. Estreia dia 3.
Ancelmo Góis publicou ontem, no GLOBO
A nota dizia: "Quarta, por volta de 19h40m, um PM entrou num ônibus Metrô Barra Expresso (Alvorada-Ipanema) e foi direto a um turista espanhol: “Identidade!”, pediu. “Qué pasa? Yo no hablo portugués”, respondeu o jovem.
O PM devolveu: “Dame tu tarjeta de identificación.” Documento conferido, o rapaz foi liberado, e o PM foi embora. Ninguém entendeu nada. Mas eu entendi e muito bem: Os turistas internacionais sempre andaram bastante à vontade na cidade, inclusive aprontando mil e uma por muitas vezes, principalmente na orla de Copacabana. Não contaram pra ninguém, mas a prefeitura pediu maior atenção com os espanhóis. Represália diante dos absurdos e dos fatos escabrosos vividos por turistas e trabalhadores brasileiros na Espanha, especialmente em Madrid. Eu gostei. E você?
Twitter
Meu amigo Celso Lins resolveu usar o Twitter para algo útil: o riso. Quem quiser seguir o divertido professor de história do Colégio Teresópolis anote aqui: @celsoeduc
Uma de suas tiradas: "O mais importante é ser positivo. Tudo na vida tem um lado positivo. Até a bateria tem um lado positivo."
Meu amigo Celso Lins resolveu usar o Twitter para algo útil: o riso. Quem quiser seguir o divertido professor de história do Colégio Teresópolis anote aqui: @celsoeduc
Uma de suas tiradas: "O mais importante é ser positivo. Tudo na vida tem um lado positivo. Até a bateria tem um lado positivo."
LUTO NO DIA DAS ELEIÇÕES! A idéia é excelente.
O prazer me chama...vou tomar um chá e entregar o espírito aos anjos do bom sono.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
De fato a arte é muito mais encantadora, quando os verdadeiros talentos são alternativos...
Samba do Sinó: canção de Lidi Satier e do compositor mineiro Tuca Oliveira, em homenagem aos 50 anos de Brasilia. Teatro do SESC, Brasilia,, 24 de Abril de 2010.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Lo que sucede en el mundo del arte...
Notas Notáveis
Por Antonio Siqueira
Prezados amigos, o horário gratuito reservado à propaganda política passou a vigorar hoje, há minutos atrás. Sei que vocês se protegem muito bem dessa enxurrada diária de canalhices. Por mais que estejamos entregues nas mãos destes mesmos canalhas, nos resta pudor suficiente para detectá-los e bani-los do nosso convívio. Eu, particularmente, deduzi com louvor e glória egocentrísticos o seguinte: os políticos honestos, decentes e trabalhadores são essa imensa minoria por que o universo político já é, por si só, um ambiente inadequado para indivíduos de bem. A política é a gene principal do inferno físico que habitamos. Como tudo é mais que perfeito na natureza, é óbvio que isso terá um fim. Será repelido como um vírus diante uma febre útil. Tudo que é ruim, em todos os aspectos, tem o seu tempo; acaba, ceifa ou desaparece numa espécie de entropia. Um dia você viverá livre, tenha certeza disso.
*******
E o Simple Minds ainda existe! Toca em São Paulo hoje às 22 horas no Via Funchal. A trajetória desses caras é vira casacas, eles tocavam punk no começo. aos poucos foi se aproximando do eletrônico, da new wave e do pós-punk. Já tocou outras vezes no país. Em 1988, foi uma das principais atrações do hoje extinto festival Hollywood Rock. É uma bandinha boa, mas nada que valha pôr a cara pra fora nesse frio.
*******
"Ficar rico não muda as experiências e a forma de pensar. A única diferença é que você não precisa se preocupar com dinheiro, comida, teto, etc, etc..." Esse é um trecho da tal carta que John Lennon escreveu dando conselhos ao cantor de folk, Steve Tilston que estava preocupado que um hipotético sucesso financeiro pudesse arruinar as letras de suas músicas. Até aí, tudo bem; o mais sinistro é que essa carta foi chegar às mãos de Tilston na semana passada, 34 anos depois.
*******
Bob Dylan também é apaixonado pela pintura. Lançará em setembro uma exposição da sua nova coleção "Brazil Series" pela primeira vez em Copenhague, na galeria "National Galley of Denmark". criou cerca de 40 telas que mostram sua experiência durante viagens no país. "Estes quadros mostram paisagens da vida cotidiana nas cidades, favelas e no campo do Brasil, para onde Bob Dylan viajou em várias oportunidades", revelou o curador-chefe da galeria, Kaspar Monrad. "Também há quadros dramáticos sobre amores infelizes, ajustes de conta mafiosos e outras cenas que mostram o fascínio do artista pela diversidade desse país", Ele gostou apenas da paisagem. Tratou com indiferença o público. Dylan é o João Gilberto do Pop Rock.
********
Amy Winehouse aprontou. Ela havia abandonado os dias de bebedeira, tudo estava indo bem, quando foi flagrada pelo jornal The Sun dormindo em uma posição nada confortável em uma mesa do lado de fora de um bar às 9h30 da manhã da última terça (3). A suspeita é de que Amy tenha exagerado na bebida, como nos velhos tempos. Desde que começou a namorar com o cineasta Reg Traviss, apontado por familiares e amigos como uma boa influência, Amy tinha se mantido longe das noitadas e dos vícios. Mas pelo jeito as coisas vão piorar para o lado da cantora, pois os donos do estabelecimento são os pais de Traviss.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Mais um roquiequívoco ...
Rock in Shit
Organização e produção do Rock in Rio mantêm a tradição de convidar artistas que não tem nada a haver com o rock.
Por Antonio Siqueira
O Rock in Rio está de volta! O Evento acontecerá entre 23 de setembro e 02 de outubro do ano que vem no seu berço esplêndido; O Rio.de Janeiro. Já estão confirmados apenas nomes da música brasileira como Capital Inicial, Jota Quest, Pitty e Ivete Sangalo. As atrações internacionais só serão anunciadas seis meses antes do evento, mas estrelas como Lady Gaga, Shakira, Iron Maiden e Guns N' Roses estão cotadas.
Organização e produção do Rock in Rio mantêm a tradição de convidar artistas que não tem nada a haver com o rock.
Por Antonio Siqueira
O Rock in Rio está de volta! O Evento acontecerá entre 23 de setembro e 02 de outubro do ano que vem no seu berço esplêndido; O Rio.de Janeiro. Já estão confirmados apenas nomes da música brasileira como Capital Inicial, Jota Quest, Pitty e Ivete Sangalo. As atrações internacionais só serão anunciadas seis meses antes do evento, mas estrelas como Lady Gaga, Shakira, Iron Maiden e Guns N' Roses estão cotadas.
O que impressiona é a capacidade de Roberto Medina em inventar atrações que estão longe do que é o rock na essência. Se Medina acha que vai reinventar outro sentido digamos, de universalização do gênero inserindo no contexto gente da monta de Ivete Sangalo, Olodum e outros, com certeza o mega empresário dará novamente com os burros n’água. As experiências com Erasmo Carlos em 1985 (ele foi vaiado e mal pode fazer o show) e Carlinhos Brown em 2001 (voaram no mínimo uns 5000 copos sobre o seu cocar indígena naquela tarde de domingo) não bastaram. A piada da vez chama-se Ivete. Até Sandy e Junior apresentaram-se no festival. Só que o Rock in Rio Lisboa segue a máxima das tradições do Rock. Roqueiros de toda Europa lotam a cidade, as exigências do publico são outras. Talvez se seguíssemos essa linha aqui no Rio, o festival esvaziar-se-ia. Medina não se contenta com menos de 50 mil pessoas por dia de evento. Então, se pintar um grupo do bom pagode saba-nojo, não se surpreenda.
O festival realizar-se-á nos dias 23, 24, 25, 30 de setembro e 01º e 02 de outubro. As bandas Iron Maiden, Guns N' Roses e Radiohead estão cotadíssimas. O Rock in Rio será realizado na Barra da Tijuca, às margens da Lagoa de Jacarepaguá. O acordo com a prefeitura prevê a realização de pelo menos três edições do evento nesta área, em 2011, em 2013 e 2015. O espaço também já é um legado dos Jogos Olímpicos de 2016, já que a área, às margens das lagoas da Barra, será usada para o lazer dos atletas que participarão da competição. O terreno está sendo desapropriado pela prefeitura, que fará obras de urbanização.
O local é excelente, o primeiro e o terceiro evento foram realizados lá, que é um lugar belíssimo. Será um sucesso de publico como os anteriores. Duro é ter que aceitar Tico Santa Cruz, Rogério Flausino e Dinho Ouro Preto como representates máximos do roquenrol em terras tupiniquins. Mas essa é outra questão...bem “sócio musical”, meus queridos. O Rock in Rio foi criado com a intenção de transformar-se numa nova versão do legendário Woodstock. O que está há anos luz de se tornar uma realidade. The Rock'n'Roll Brazilian is a big shit, sir!
"Funciona assim: Pegue qualquer melodia seja ela qual for, Beethoven ou música Havaiana, toque na guitarra, adicione baixo e bateria e as pessoas chamarão de Rock 'n' Roll." (Frank Zappa)
"Funciona assim: Pegue qualquer melodia seja ela qual for, Beethoven ou música Havaiana, toque na guitarra, adicione baixo e bateria e as pessoas chamarão de Rock 'n' Roll." (Frank Zappa)
Assista aqui ao vídeo da apresentação do White Snake no Rock in Rio em 1985
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Racismo: O último estágio da ignorância humana
Racismo: O último estágio da ignorância humana
*Eu odeio o racismo, pois o considero uma coisa selvagem, venha ele de um negro ou de um branco. (Nelson Mandela )
A espécie humana a que pertencemos (e às vezes nos esquecemos de que somos bichos) surgiu na África Central, como revelam as investigações paleontológicas. Dali, emergindo das selvas do Congo e às margens do Rio Nilo, esses primatas, de mãos articuladas e cordas vocais capazes de emitir sons modulados, saíram para a conquista do planeta. À medida que escalavam as latitudes, desbotavam-se da cor negra: a escassez da luz exigia a redução da melanina, para que a pele pudesse absorver a energia solar. Os brancos, de acordo com essa teoria, não são brancos: são negros. Os novos ambientes de vida dispensaram a melanina, clarearam os olhos e, em certos indivíduos, os cabelos.
Racismo, no Dicionário Aurélio, significa: “Uma doutrina que sustenta a superioridade de certas raças. Preconceito ou discriminação em relação a indivíduo considerado de outra raça”. Um contra senso desmedido diante as origens da humanidade. Porém, não é isto que está em questão. O ser humano é por si só, um contra senso do próprio Deus que ele enaltece como o ponto culminante de uma fé plantada como doutrina e constituição universal. Esse mesmo Criador enviou seu filho com a missão de morrer de forma horrenda e consertar algo que não tem conserto. O livre arbítrio gera uma filosofia de posse e submissão de povos sobre povos, de raças sobre raças. Apesar de que, numa visão mais lúcida e menos ufanista, chega-se à conclusão óbvia que existimos e somos uma só raça: a HUMANA.
Ao longo da história da humanidade, registrou-se toda sorte de segregações raciais. O racismo, a xenofobia e as etnias mais radicais, transformaram-se num terreno fértil para movimentos e sistemas genocidas que ceifaram a vida de centenas de milhões de indivíduos. O próprio Homo Sapiens se encarregou de dizimar os Neandertais. Obviamente que não deixa de ser um instinto: o instinto de dominação, de absolutismo e de hegemonia. O que o bom Deus talvez não esperasse, era que a sua criação mais importante não evoluísse no sentido humano e social. Somos bichos sim; mas também somos os únicos bichos que poluem e destroem o meio ambiente que habita e depende de todos os seus recursos para a sua sobrevivencia. A ponto de pôr-mos em risco a existência do planeta inteiro. Não é surpresa essa onda de escárnio é ódio entre raças e etnias. No país que vivemos, respira-se uma atmosfera de racismo camuflado. A escravidão e os métodos torpes das sociedades do Brasil Colonial abriram uma ferida que nunca se fechou e que sangra despercebida. O Brasil foi a última nação a abolir a escravidão no mundo. Um país essencialmente agrário, com uma postura político-imperial que beirava a mediocridade e um imperador fraco e, na época, encantado com uma Europa industrializada. Não me surpreendo se um dia for provado que Charles Darwin foi o grande catalisador do movimento em prol da abolição da escravatura em terras brasileiras.
Lá pelos idos de abril de 1832, Darwin desembarcara no Rio de Janeiro antes de praticamente redescobrir a Floresta Amazonica. Embrenhou-se durante dias na Floresta da Tijuca, coletou amostras de insetos, pequenos anfíbios, repteis e diversas espécies de vegetações. Impressionou-se com a biodiversidade da Serra do Mar e fascinou-se com o ecossistema encontrado lá. Só que nem tudo em sua estadia em terras fluminenses esteve pautado em descobertas fantásticas. Darwin horrorizou-se ao deparar-se com o grande mercado de escravos que era as areias da Enseada da Praia de Botafogo. Enojado com o que viu; um grande mercado de escravos a céu aberto, onde os navios negreiros desembarcavam suas mercadorias e as negociavam ali mesmo. Seres humanos tratados como animais de tração, espancados, humilhados e doentes devido à árdua viagem nos porões desses mesmos navios. Alguns já chegavam mortos e eram atirados ao relento. Passou algumas horas discutindo com mercadores. Porém, a comunicação era impossível, devido o idioma e na ausência de um tradutor, Darwin dirigiu-se a galope com seus acompanhantes até o porto da cidade. Naquela época, a Marinha Real Britânica mantinha uma esquadra ancorada no Rio de Janeiro. Enviou uma carta escrita naquele mesmo momento à Coroa Britânica, exigindo uma postura firme contra o que acabara de presenciar. A Inglaterra havia a pouco, proibido a escravidão em todo o Reino Unido. Era a vitória de uma campanha que fez do Império Britânico uma força abolicionista que acabaria mais tarde com o comércio em todo Atlântico. Contou com uma participação popular inédita sendo a maior campanha de opinião pública que o Ocidente viveu antes do século XX. Organizaram boicotes a produtos feitos por escravos e em 1787, Thomas Clarkson conseguiu que trezentas mil pessoas deixassem de consumir o açúcar das Índias Orientais em protesto contra a escravidão. Mas não foi o bastante, pois essa página triste da história do Brasil dos portugueses ainda se estenderia por mais de meio século. O ultimato veio em 1884, com a ameaça de sansões comerciais. Acuado, o europófilo D.Pedro II cederia aos movimentos abolicionistas com a adesão de membros da corte. Em 13 de maio 1888 sua filha Isabel assinaria a Lei Áurea.
A escravidão até o XIX era oficializada e institucionalizada. A simples libertação de indivíduos de pele negra e advindos da Mãe África não mudou a consciência da população. Digo isso por ter ouvido histórias de meus avós sobre seus ancestrais que fariam tremer o mais comedido dos seres humanos. O inciso 42 do artigo 5° da Constituição Federal prevê a prática do racismo como crime inafiançável. O autor desta lei - deputado Carlos Alberto Caó (PDT-RJ) - integrava, à época a Assembléia Nacional Constituinte de 1988. As manifestações de racismo passaram a ser mais discretas. O Brasil é um país racista SIM! Uma sociedade hipócrita e ainda moldada pelo arcaísmo político-imperial.
Certa vez ouvi de um cientista a seguinte frase que me marcou e muito: “Estudo física 18 horas por dia e não sou ateu. Amo a Deus. Por isso quero estudar suas regras divinas. As leis da física são a tela que Deus estendeu para pintar a sua obra-prima.” Alguns homens evoluíram seu pensamento a este extremo. Compreenderam que a ciência e a religião caminham lado a lado sem que a compreendamos de uma forma definitiva. Que podemos transpor até certas idéias de infinito, como lançar sondas espaciais por todo sistema solar e visitar outros astros e outros planetas. Só não somos capazes de olhar nossos semelhantes como um todo, como um só alicerce que ampara o que chamamos de mundo.
*Post dedicado a Nelson Mandela
Por Antonio Siqueira
Um olhar reto e direto para o abismo de nossas almas |
*Eu odeio o racismo, pois o considero uma coisa selvagem, venha ele de um negro ou de um branco. (Nelson Mandela )
A espécie humana a que pertencemos (e às vezes nos esquecemos de que somos bichos) surgiu na África Central, como revelam as investigações paleontológicas. Dali, emergindo das selvas do Congo e às margens do Rio Nilo, esses primatas, de mãos articuladas e cordas vocais capazes de emitir sons modulados, saíram para a conquista do planeta. À medida que escalavam as latitudes, desbotavam-se da cor negra: a escassez da luz exigia a redução da melanina, para que a pele pudesse absorver a energia solar. Os brancos, de acordo com essa teoria, não são brancos: são negros. Os novos ambientes de vida dispensaram a melanina, clarearam os olhos e, em certos indivíduos, os cabelos.
Racismo, no Dicionário Aurélio, significa: “Uma doutrina que sustenta a superioridade de certas raças. Preconceito ou discriminação em relação a indivíduo considerado de outra raça”. Um contra senso desmedido diante as origens da humanidade. Porém, não é isto que está em questão. O ser humano é por si só, um contra senso do próprio Deus que ele enaltece como o ponto culminante de uma fé plantada como doutrina e constituição universal. Esse mesmo Criador enviou seu filho com a missão de morrer de forma horrenda e consertar algo que não tem conserto. O livre arbítrio gera uma filosofia de posse e submissão de povos sobre povos, de raças sobre raças. Apesar de que, numa visão mais lúcida e menos ufanista, chega-se à conclusão óbvia que existimos e somos uma só raça: a HUMANA.
Ao longo da história da humanidade, registrou-se toda sorte de segregações raciais. O racismo, a xenofobia e as etnias mais radicais, transformaram-se num terreno fértil para movimentos e sistemas genocidas que ceifaram a vida de centenas de milhões de indivíduos. O próprio Homo Sapiens se encarregou de dizimar os Neandertais. Obviamente que não deixa de ser um instinto: o instinto de dominação, de absolutismo e de hegemonia. O que o bom Deus talvez não esperasse, era que a sua criação mais importante não evoluísse no sentido humano e social. Somos bichos sim; mas também somos os únicos bichos que poluem e destroem o meio ambiente que habita e depende de todos os seus recursos para a sua sobrevivencia. A ponto de pôr-mos em risco a existência do planeta inteiro. Não é surpresa essa onda de escárnio é ódio entre raças e etnias. No país que vivemos, respira-se uma atmosfera de racismo camuflado. A escravidão e os métodos torpes das sociedades do Brasil Colonial abriram uma ferida que nunca se fechou e que sangra despercebida. O Brasil foi a última nação a abolir a escravidão no mundo. Um país essencialmente agrário, com uma postura político-imperial que beirava a mediocridade e um imperador fraco e, na época, encantado com uma Europa industrializada. Não me surpreendo se um dia for provado que Charles Darwin foi o grande catalisador do movimento em prol da abolição da escravatura em terras brasileiras.
Lá pelos idos de abril de 1832, Darwin desembarcara no Rio de Janeiro antes de praticamente redescobrir a Floresta Amazonica. Embrenhou-se durante dias na Floresta da Tijuca, coletou amostras de insetos, pequenos anfíbios, repteis e diversas espécies de vegetações. Impressionou-se com a biodiversidade da Serra do Mar e fascinou-se com o ecossistema encontrado lá. Só que nem tudo em sua estadia em terras fluminenses esteve pautado em descobertas fantásticas. Darwin horrorizou-se ao deparar-se com o grande mercado de escravos que era as areias da Enseada da Praia de Botafogo. Enojado com o que viu; um grande mercado de escravos a céu aberto, onde os navios negreiros desembarcavam suas mercadorias e as negociavam ali mesmo. Seres humanos tratados como animais de tração, espancados, humilhados e doentes devido à árdua viagem nos porões desses mesmos navios. Alguns já chegavam mortos e eram atirados ao relento. Passou algumas horas discutindo com mercadores. Porém, a comunicação era impossível, devido o idioma e na ausência de um tradutor, Darwin dirigiu-se a galope com seus acompanhantes até o porto da cidade. Naquela época, a Marinha Real Britânica mantinha uma esquadra ancorada no Rio de Janeiro. Enviou uma carta escrita naquele mesmo momento à Coroa Britânica, exigindo uma postura firme contra o que acabara de presenciar. A Inglaterra havia a pouco, proibido a escravidão em todo o Reino Unido. Era a vitória de uma campanha que fez do Império Britânico uma força abolicionista que acabaria mais tarde com o comércio em todo Atlântico. Contou com uma participação popular inédita sendo a maior campanha de opinião pública que o Ocidente viveu antes do século XX. Organizaram boicotes a produtos feitos por escravos e em 1787, Thomas Clarkson conseguiu que trezentas mil pessoas deixassem de consumir o açúcar das Índias Orientais em protesto contra a escravidão. Mas não foi o bastante, pois essa página triste da história do Brasil dos portugueses ainda se estenderia por mais de meio século. O ultimato veio em 1884, com a ameaça de sansões comerciais. Acuado, o europófilo D.Pedro II cederia aos movimentos abolicionistas com a adesão de membros da corte. Em 13 de maio 1888 sua filha Isabel assinaria a Lei Áurea.
A escravidão até o XIX era oficializada e institucionalizada. A simples libertação de indivíduos de pele negra e advindos da Mãe África não mudou a consciência da população. Digo isso por ter ouvido histórias de meus avós sobre seus ancestrais que fariam tremer o mais comedido dos seres humanos. O inciso 42 do artigo 5° da Constituição Federal prevê a prática do racismo como crime inafiançável. O autor desta lei - deputado Carlos Alberto Caó (PDT-RJ) - integrava, à época a Assembléia Nacional Constituinte de 1988. As manifestações de racismo passaram a ser mais discretas. O Brasil é um país racista SIM! Uma sociedade hipócrita e ainda moldada pelo arcaísmo político-imperial.
Certa vez ouvi de um cientista a seguinte frase que me marcou e muito: “Estudo física 18 horas por dia e não sou ateu. Amo a Deus. Por isso quero estudar suas regras divinas. As leis da física são a tela que Deus estendeu para pintar a sua obra-prima.” Alguns homens evoluíram seu pensamento a este extremo. Compreenderam que a ciência e a religião caminham lado a lado sem que a compreendamos de uma forma definitiva. Que podemos transpor até certas idéias de infinito, como lançar sondas espaciais por todo sistema solar e visitar outros astros e outros planetas. Só não somos capazes de olhar nossos semelhantes como um todo, como um só alicerce que ampara o que chamamos de mundo.
*Post dedicado a Nelson Mandela
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Com a palavra...
A primeira pedra
Por Zuenir Ventura
Afinal, o nosso presidente telefonou ou não, pedindo a misericórdia de seu amigo Ahmadinejad para a iraniana condenada à morte? Em Cuba, ele não quis tomar partido, mas agora não se trata "apenas" de um dissidente morrendo de fome. A história se reveste da crueldade de um crime bárbaro, só que em nome da lei. Sakined Mohhammadi Ashtiani, de 43 anos e dois filhos, acusada de adultério, foi condenada à lapidação. Ou seja, a morrer por meio de uma das formas mais infames de execução: apedrejada. Enterra-se a vítima até o busto e a multidão se encarrega de matá-la a pedradas. Recomenda-se atirar pedras na cabeça e no rosto no tamanho certo: nem muito grandes, que matem a vítima logo, poupando-lhe padecimento; e nem muito pequenas, que não a machuquem o suficiente para fazê-la sofrer por bastante tempo.
A repercussão internacional foi grande, com protestos de rua em várias capitais. Um abaixo-assinado com 700 mil nomes, entre os quais Condoleezza Rice, Yoko Ono e Gwyneth Paltrow, está correndo o mundo pela internet. No Brasil, há ainda a campanha "Liga, Lula", pelo Twitter. Num primeiro momento, o nosso presidente negou-se a interceder, sob a incrível alegação de que "as leis dos países precisam ser respeitadas para não virar avacalhação", como se a barbárie legalizada merecesse respeito. Ele mesmo ajudou a avacalhar a nossa ditadura militar, sendo inclusive preso.
Depois, pressionado pela comunidade internacional, Lula voltou atrás. Num comício na semana passada, ofereceu asilo político a Sakined, não sem antes fazer uma declaração de amor ao algoz dela. "Se vale a minha amizade e o carinho que tenho pelo presidente do Irã e pelo povo iraniano, se essa mulher está causando incômodo, nós a receberemos no Brasil de bom grado." Pelo noticiário de ontem, no entanto, o oferecimento não foi aceito. Uma autoridade do governo dos aiatolás declarou que o nosso presidente "é muito humano e emotivo", mas está mal informado sobre o caso.
Outro dia, Lula evocou Cristo ao lembrar as torturas sofridas por Dilma durante a ditadura. Como gosta dessas comparações desproporcionais, é possível que recorra agora ao episódio bíblico em que os fariseus ameaçavam apedrejar uma adúltera. Deve achar que, como ele, que não sabe se fica do lado do bem ou do mal, Jesus se encontrava num dilema parecido: se fosse contra a execução, seria acusado de desrespeitar a lei de Moisés. Se fosse a favor, estaria contrariando seus próprios princípios. Foi então que lhe ocorreu — ao Divino Mestre, não ao Nosso Guia — a genial ideia: "Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra." A pecadora saiu ilesa.
Publicado no Globo de hoje.
Por Zuenir Ventura
Afinal, o nosso presidente telefonou ou não, pedindo a misericórdia de seu amigo Ahmadinejad para a iraniana condenada à morte? Em Cuba, ele não quis tomar partido, mas agora não se trata "apenas" de um dissidente morrendo de fome. A história se reveste da crueldade de um crime bárbaro, só que em nome da lei. Sakined Mohhammadi Ashtiani, de 43 anos e dois filhos, acusada de adultério, foi condenada à lapidação. Ou seja, a morrer por meio de uma das formas mais infames de execução: apedrejada. Enterra-se a vítima até o busto e a multidão se encarrega de matá-la a pedradas. Recomenda-se atirar pedras na cabeça e no rosto no tamanho certo: nem muito grandes, que matem a vítima logo, poupando-lhe padecimento; e nem muito pequenas, que não a machuquem o suficiente para fazê-la sofrer por bastante tempo.
A repercussão internacional foi grande, com protestos de rua em várias capitais. Um abaixo-assinado com 700 mil nomes, entre os quais Condoleezza Rice, Yoko Ono e Gwyneth Paltrow, está correndo o mundo pela internet. No Brasil, há ainda a campanha "Liga, Lula", pelo Twitter. Num primeiro momento, o nosso presidente negou-se a interceder, sob a incrível alegação de que "as leis dos países precisam ser respeitadas para não virar avacalhação", como se a barbárie legalizada merecesse respeito. Ele mesmo ajudou a avacalhar a nossa ditadura militar, sendo inclusive preso.
Depois, pressionado pela comunidade internacional, Lula voltou atrás. Num comício na semana passada, ofereceu asilo político a Sakined, não sem antes fazer uma declaração de amor ao algoz dela. "Se vale a minha amizade e o carinho que tenho pelo presidente do Irã e pelo povo iraniano, se essa mulher está causando incômodo, nós a receberemos no Brasil de bom grado." Pelo noticiário de ontem, no entanto, o oferecimento não foi aceito. Uma autoridade do governo dos aiatolás declarou que o nosso presidente "é muito humano e emotivo", mas está mal informado sobre o caso.
Outro dia, Lula evocou Cristo ao lembrar as torturas sofridas por Dilma durante a ditadura. Como gosta dessas comparações desproporcionais, é possível que recorra agora ao episódio bíblico em que os fariseus ameaçavam apedrejar uma adúltera. Deve achar que, como ele, que não sabe se fica do lado do bem ou do mal, Jesus se encontrava num dilema parecido: se fosse contra a execução, seria acusado de desrespeitar a lei de Moisés. Se fosse a favor, estaria contrariando seus próprios princípios. Foi então que lhe ocorreu — ao Divino Mestre, não ao Nosso Guia — a genial ideia: "Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra." A pecadora saiu ilesa.
Publicado no Globo de hoje.
*Esse post é dedicado ao Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Valinhos, do qual Mariza Lourenço faz parte como conselheira.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Gênio, mago, louco, veloz e híper virtuoso...
Uma escola flamenca chamada Paco
Por Antonio Siqueira
Este DVD duplo resgata a vida e a obra de um dos maiores violonistas do mundo, o espanhol Francisco Sánchez, vulgo Paco de Lucía. No vídeo 1, um documentário repassa sua carreira relembrando fatos marcantes pelo próprio Lucía, músicos próximos e amigos dele. No 2, a edição completa de dois concertos que ele realizou em 1991, um deles retornando à monumental peça de Joaquín Rodrigo: Concierto de Aranjuez.
O concerto, já gravado em CD por Paco de Lucía (1993), foi realizado com a Orquesta de Cadaqués regida por Edmon Colomer. Ao final, o vídeo traz uma das últimas imagens do compositor Rodrigo, que foi ao concerto já bem debilitado (ele morreu em 1999 aos 98 anos). O outro concerto do vídeo tem Paco acompanhado por um duo de violões repassando cinco temas próprios.
No excelente documentário, realizado por duas produtoras espanholas de TV, Paco de Lucía é personagem focado em diferentes ambientes, incluindo o familiar na bela casa de praia que possui em Yucatán, no México. O músico diz que se mudou para o litoral mexicano porque "o clima de Madri é muito seco". Imagens da carreira, depoimentos de amigos e músicos são entrecortadas por cenas pessoais.
Paco de Lucía nasceu em Algeciras, no sudoeste da província de Cadiz. O pai, violonista de flamenco, teve grande influência sobre sua formação. Da mãe, a portuguesa Luzia Gomes, veio o apelido que se tornou artístico. O primeiro mestre foi o pai, depois Niño Ricardo. Ainda na infância, integrava grupos de música flamenca e estreou no rádio com 11 anos. Músico extremamente habilidoso ao instrumento e com profundo senso melódico, Paco de Lucía é desses artistas prodígios que sofreram incompreensão em seu próprio país, a exemplo do acontecido também com o genial músico argentino, Astor Piazzolla.
No filme, ele relembra episódios em que foi duramente criticado por improvisar no flamenco, uma escola rígida que não admitia sequer a mudança na posição de portar o instrumento. "A posição [vertical] do instrumento era porque sempre se tocava com apenas quatro acordes e os músicos achavam mais fácil manter o instrumento de pé, mas, à medida que se evoluiu no conhecimento de escalas, já não dava para manter assim porque precisava ter apoio ao braço que dedilha", comentou Paco.
Posição de tocar a "guitarra" (como o violão é tratado na Espanha) foi apenas a face visível dos motivos que levaram os tradicionalistas a atacar Lucía: a improvisação e a ampliação do universo sonoro do flamenco. O filme refaz esse arco de Paco que passa por outro dos grandes compositores espanhóis de concerto, Manuel de Falla (1876-1946), a parceria com um dos maiores intérpretes vocais do flamenco (El Camarón de la Isla - Jose Monge Cruz, 1951-1992) e a chegada ao jazz. O jazz, aliás, rendeu a Paco trabalhos de maior relevo comercial com o pianista Chick Corea e o duo de guitarristas Al Di Meola e John McLaughlin (Guitar Trio, de 1996 - vendeu mais de 6 milhões de cópias). É curios hoje ouvir o músico, mirando nos "silêncios eloqüentes" do Concierto de Aranjuez, dizer que não vê mais tanta graça naquela reunião de músicos "extremamente técnicos e velozes".
Outra barreira que Paco precisou vencer foi de parte da escola erudita espanhola. O poeta Félix Grande diz no filme que Paco foi o músico que mais sofreu a resistência da direção do centenário Teatro Real, tido até então como palco exclusivo de música erudita. Tocar música popular no Teatro Real de Madrid era uma heresia. "Já tocava em palcos do mundo até mais importantes para música clássica do que o do meu país", relembrou um resignado Lucía.
O resumo da trajetória de Paco de Lucía, 62 anos, é dado logo no início pelo violonista Manolo Sanlúcar: "Paco é o melhor símbolo do que significa uma estrela porque encanta até quem não sabe disto". O DVD, lançado pela Universal, não tem previsão de chegar ao Brasil. Quem se animar a vê-lo deve se preparar para o preço salgado da importação e se contentar com legendas em inglês e francês. O último CD dele lançado no Brasil é de 2004, Cositas Buenas (Universal), um apanhado desse "nuevo flamenco", uma verdadeira escola do gênero que ele criou.
DVD duplo de um dos maiores violonistas em atividade joga luz numa carreira que já foi barrada no Teatro Real espanhol, transcrito aqui a partir do show e das entrevistas do making off.
Por Antonio Siqueira
Paco de Lucia |
Este DVD duplo resgata a vida e a obra de um dos maiores violonistas do mundo, o espanhol Francisco Sánchez, vulgo Paco de Lucía. No vídeo 1, um documentário repassa sua carreira relembrando fatos marcantes pelo próprio Lucía, músicos próximos e amigos dele. No 2, a edição completa de dois concertos que ele realizou em 1991, um deles retornando à monumental peça de Joaquín Rodrigo: Concierto de Aranjuez.
O concerto, já gravado em CD por Paco de Lucía (1993), foi realizado com a Orquesta de Cadaqués regida por Edmon Colomer. Ao final, o vídeo traz uma das últimas imagens do compositor Rodrigo, que foi ao concerto já bem debilitado (ele morreu em 1999 aos 98 anos). O outro concerto do vídeo tem Paco acompanhado por um duo de violões repassando cinco temas próprios.
No excelente documentário, realizado por duas produtoras espanholas de TV, Paco de Lucía é personagem focado em diferentes ambientes, incluindo o familiar na bela casa de praia que possui em Yucatán, no México. O músico diz que se mudou para o litoral mexicano porque "o clima de Madri é muito seco". Imagens da carreira, depoimentos de amigos e músicos são entrecortadas por cenas pessoais.
Paco de Lucía nasceu em Algeciras, no sudoeste da província de Cadiz. O pai, violonista de flamenco, teve grande influência sobre sua formação. Da mãe, a portuguesa Luzia Gomes, veio o apelido que se tornou artístico. O primeiro mestre foi o pai, depois Niño Ricardo. Ainda na infância, integrava grupos de música flamenca e estreou no rádio com 11 anos. Músico extremamente habilidoso ao instrumento e com profundo senso melódico, Paco de Lucía é desses artistas prodígios que sofreram incompreensão em seu próprio país, a exemplo do acontecido também com o genial músico argentino, Astor Piazzolla.
No filme, ele relembra episódios em que foi duramente criticado por improvisar no flamenco, uma escola rígida que não admitia sequer a mudança na posição de portar o instrumento. "A posição [vertical] do instrumento era porque sempre se tocava com apenas quatro acordes e os músicos achavam mais fácil manter o instrumento de pé, mas, à medida que se evoluiu no conhecimento de escalas, já não dava para manter assim porque precisava ter apoio ao braço que dedilha", comentou Paco.
Posição de tocar a "guitarra" (como o violão é tratado na Espanha) foi apenas a face visível dos motivos que levaram os tradicionalistas a atacar Lucía: a improvisação e a ampliação do universo sonoro do flamenco. O filme refaz esse arco de Paco que passa por outro dos grandes compositores espanhóis de concerto, Manuel de Falla (1876-1946), a parceria com um dos maiores intérpretes vocais do flamenco (El Camarón de la Isla - Jose Monge Cruz, 1951-1992) e a chegada ao jazz. O jazz, aliás, rendeu a Paco trabalhos de maior relevo comercial com o pianista Chick Corea e o duo de guitarristas Al Di Meola e John McLaughlin (Guitar Trio, de 1996 - vendeu mais de 6 milhões de cópias). É curios hoje ouvir o músico, mirando nos "silêncios eloqüentes" do Concierto de Aranjuez, dizer que não vê mais tanta graça naquela reunião de músicos "extremamente técnicos e velozes".
Outra barreira que Paco precisou vencer foi de parte da escola erudita espanhola. O poeta Félix Grande diz no filme que Paco foi o músico que mais sofreu a resistência da direção do centenário Teatro Real, tido até então como palco exclusivo de música erudita. Tocar música popular no Teatro Real de Madrid era uma heresia. "Já tocava em palcos do mundo até mais importantes para música clássica do que o do meu país", relembrou um resignado Lucía.
O resumo da trajetória de Paco de Lucía, 62 anos, é dado logo no início pelo violonista Manolo Sanlúcar: "Paco é o melhor símbolo do que significa uma estrela porque encanta até quem não sabe disto". O DVD, lançado pela Universal, não tem previsão de chegar ao Brasil. Quem se animar a vê-lo deve se preparar para o preço salgado da importação e se contentar com legendas em inglês e francês. O último CD dele lançado no Brasil é de 2004, Cositas Buenas (Universal), um apanhado desse "nuevo flamenco", uma verdadeira escola do gênero que ele criou.
PACO DE LUCIA , John McLaughlin , Al Di Meola
Assinar:
Postagens (Atom)