sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Os Velhos Babões e a Feira do Livro de Frankfurt

Na falta do que escrever
     Por Antonio Siqueira 




Biografias são, nada mais, nada menos
que o fruto da incapacidade literária.


     





















          E a polêmica das biografias medíocres foi dar na “Feira do Livro de Frankfurt”,  quem diria?!   Laurentino Gomes, autor dos excelentes “1800”, “1822” e “1889”, biografias centradas na vida personagens históricos do Brasil Colônia, fez uma defesa contundente no estande brasileiro. Convidado para fazer uma palestra a respeito de biografias no estande brasileiro da Feira do Livro de Frankfurt, Laurentino Gomes acreditava que seria um debate como vários outros em que já participou. "As notícias que chegaram do Brasil, no entanto, fizeram com que eu mudasse de ideia e, ao invés de falar sobre meus livros, decidi tratar da ameaça que os biógrafos sofremos agora", disse ele, na tarde de ontem à Folha de São Paulo. De fato, com o surgimento de um grupo chamado 'Procure Saber', a discussão se polarizou. De um lado, o Procure Saber, pilotado pela empresária Paula Lavigne e formado por músicos como Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Gilberto Gil e que lutam contra a modificação no Código Civil, ou seja, que continue sob vigilância qualquer tentativa de se biografar alguma personalidade sem prévia autorização. De outro, o grupo dos biógrafos, formado por Fernando Morais, Ruy Castro, Lira Neto, Paulo César de Oliveira e o próprio Laurentino Gomes que, apesar de não organizados sob uma mesma entidade, defendem o pleno direito de se escrever sobre a vida pública de personalidades.

         Acompanho Feiras Literárias pela web quando tenho tempo, e a de Frankfurt é uma das mais ricas. O que não esperava era que esta pobreza reacionária fosse atravessar o atlântico. Laurentino, ao menos, escreveu três Best Sellers de riqueza história absoluta, queiram ou não os Orleans & Bragança, ou o diabo que for.

         Biografias de artistas (principalmente os da música) são tão inúteis! Geralmente muito mal escritas, servem apenas para enriquecer quem as escreve.  Aliás, qualquer biografia é literatura de gosto bastante duvidoso. Lembram-me daqueles livros medíocres e fotonovelas vendidas no trem, só que em formato muito maior. Pouquíssimas publicações do gênero são realmente ricas e proporcionam algo de significativo e bom para o leitor que desembolsa uma bela grana para adquirir estes livros e permanecer ainda mais ignorante. Caetano Veloso é um indivíduo submerso em tantas contradições que conseguiu mediocrizar  uma das obras mais ricas da Música Popular Contemporânea: a dele próprio.  Caetano, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Chico Buarque e Djavan encabeçam uma fileira de músicos que defendem o direito de veto a biografias, alegando proteção da privacidade, fazendo vigorar com força o artigo 20 do código civil. Como se estes senhores tivessem algo de muito rico, culturalmente falando, para se explanar ao público. Nada além de fofocas, histrionices símias, “disse me disse” e outras viadagens. Os exílios de Gil, Caetano e Chico foram, realmente, acontecimentos “épicos” na história da humanidade!

         Algumas biografias têm o peso literário de verdadeiros tesouros da cultura. Como por exemplo “A Harmonia do Mundo”, do físico e escritor Marcelo Gleiser;  Um romance biográfico saboroso, baseado em fatos reais, cuja narrativa retrata a vida do astrônomo alemão Johannes Kepler, o homem que, em pleno século XVII, descobriu que os planetas não orbitavam circularmente ao redor do Sol, mas sim seguiam órbitas elípticas (ovais). O livro tráz a vida de Kepler desnudada em trabalho de pesquisa fenomenal e extremamente rico.

         Caetano Veloso escreveu em  “Verdade Tropical “ a sua auto biografia em 1997. Um livro bom,   Mas para quem berrou “É PROIBIDO PROIBIR” vestido de lâmpadas e debaixo de vaias decibélicas há 45 anos, cerrar fileiras com deputados da bancada evangélica para impedir mudança de lei soa como um contra sendo sem medidas e enjoa o estômago. É difícil de entender como artistas que foram censurados pela ditadura, se arrogam o direito de censurar o trabalho de biógrafos, por mais ridículo que o trabalho destes parasitas possa ser.





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