quarta-feira, 29 de março de 2017

The Who: O Rock Imortal





Por Antonio Siqueira


53 anos de eterna vitalidade e criatividade





























Eles virão tocar no Rock In Rio, é tentador. O The Who tem 53 anos, é uma das maiores entidades musicais vivas do planeta e é uma banda mítica, que flertou com as drogas, outros 'mundos', e com as 7 artes, de certa forma. A primeira banda que pode ser considerada a base do Who foi um grupo de "trad jazz" montado por Pete Townshend e John Entwistle, chamado The Confedereates. Townshend tocava banjo e Entwistle trompa (instrumento que ele continuaria a usar no Who e em sua carreira solo). O guitarrista Roger Daltrey conheceu Entwistle na rua (enquanto este último carregava seu baixo pendurado no ombro) e o chamou para entrar para sua banda. Entwistle concordou e sugeriu Townshend como guitarrista rítmico.

No princípio essa banda era conhecida como The Detours. Assim como muitos de seus contemporâneos britânicos, o grupo era fortemente influenciado pelo blues americano e country music, inicialmente tocando mais rhythm and blues. A primeira formação consistia de Roger Daltrey na guitarra base, Pete Townshend na guitarra rítmica, John Entwistle no baixo, Doug Sandom na bateria e Colin Dawson nos vocais. Depois de Dawson deixar a banda, Daltrey assumiu sua vaga e Townshend se tornou o único guitarrista. Em 1964 Doug Sandom saiu do grupo, e Keith Moon se tornou seu baterista.

O Detours mudou de nome para "The Who" em 1964 e, com a chegada de Keith Moon, a formação estava completa. No entanto, por um breve período em 1964, sob a direção do afamado mod Peter Meaden, eles mudaram de nome novamente, agora para High Numbers, lançando o compacto "Zoot Suit / I'm The Face", designado para atrair o público mod. Com o fracasso do compacto, a banda demitiu Meaden e retornou ao nome The Who, passando a ser empresariada por Chris Stamp e Kit Lambert. Pouco depois conseguiram se tornar uma das bandas mais populares entre os mods britânicos, uma subcultura dos anos 60 que unia modas, Motonetas e gêneros musicais como o rhythm and blues, soul, e música beat. Uma curiosidade: Townshend  desenvolveu em 1964, os acordes de peso para as guitarras elétricas.

Em setembro de 1964, na Railway Tavern em Harrow and Wealdstone, Inglaterra, Pete Townshend destruiu sua primeira guitarra. Tocando num palco alto demais, o estílo físico das performances do guitarrista resultaram no rompimento do corpo de seu instrumento, quando ele se chocou contra o teto. Furioso com as risadas da platéia, Townshend arrebentou a guitarra em pedaços, pegou uma Rickenbacker de doze cordas e continou o concerto. Por conta disso, o público no show seguinte aumentou consideravelmente, mas ele se recusou a destruir outro instrumento. Ao invés disso, Keith Moon foi quem arrebentou seu kit de bateria. A destruição de instrumentos se tornaria um destaque dos shows ao vivo do Who pelos próximos anos, e o incidente na Railway Tavern acabaria entrando para a lista de "50 Momentos que Mudaram a História do Rock 'n' Roll" da Rolling Stone.


O primeiro lançamento do Who, e seu primeiro sucesso, foi o compacto estilo-Kinks "I Can't Explain", lançado em 1965, seguido por "Anyway, Anyhow, Anywhere", a única composição conjunta de Townshend e Daltrey.

Sua estréia em LP foi no mesmo ano, com My Generation. O álbum trazia canções que se tornariam hinos do movimento mod, como "The Kids Are Alright" e a faixa-título "My Generation", com o famoso verso "I hope I die before I get old" ("Eu espero morrer  antes de envelhecer"). Outros êxitos seguiram-se com os compactos "Substitute", "I'm A Boy" e "Happy Jack" (1966), "Pictures Of Lily" e "I Can See For Miles" (1967) e "Magic Bus" (1968).

O grupo logo se cristalizaria ao redor das composições de Townshend (embora Entwistle também contribuísse com suas canções). Townshend era o centro das tensões da banda, esforçando-se sempre para surgir com ideias inovadoras e reflexivas enquanto Daltrey preferia o material mais agressivo e enérgico e Moon a surf music norte-americana.

Melhor que escrever histórias sem fim é juntar 42 faixas para contar o que aconteceu em cinco décadas. Selecionei 50 músicas para contar a trajetória do grupo ao longo destes anos. Embarque agora em uma viagem por meio século de muito Rock & Roll, em músicas que ajudaram a pavimentar a história do gênero. Suba nesse Magic Bus e vamos voltar ao ano de 1964. Para destacar seu estilo, a banda criou o slogan "Maximum R&B".


Abaixo, você pode analisar todas as faixas listadas:


01. Zoot Suit
Antes de ser The Who, o quarteto inglês chamava-se The High Numbers e tinha total interesse em fazer sucesso entre o meio Mod, público jovem inglês que comprava roupas de cortes italianos e ouvia necessariamente ritmos como Jazz, R&B e Soul. Nessa primeira fase, a banda tinha como seu principal letrista Peter Meaden, que assumia também o papel de empresário do grupo. Na tentativa de impressionar e conquistar o público operário inglês com o que já era conhecido na época, Zoot Suit é uma copia descarada de Misery, faixa do grupo de R&B norte-americano The Dynamics.

02. I’m The Face
Mais uma da fase The High Number e mais uma música do cancioneiro norte-americano sendo apropriada. Desta vez, quem foi “homenageado” foi o blueseiro Slim Harpo, que teve sua I Got Love If You Want It um pouco acelerada com letras novas.

03. I Can’t Explain
Com letras do guitarrista Pete Townshend (que depois seguiu como principal letrista do grupo), a música, lançada em 1964 como single, foi o primeiro grande sucesso da banda, agora nomeada como The Who. Apesar de muitos na época apontarem algumas semelhanças com Louie Louie, de Richard Berry, e All Day and All of the Night, de seu contemporâneo The Kinks, o primeiro Power Pop do quarteto foi arrebatador, alcançou um bom público e até mesmo foi parar no primeiro disco do grupo, My Generation, que seria lançado no ano seguinte.

04. Anyway Anyhow Anywhere
Primeira e única letra escrita por Townshend e o vocalista Roger Daltrey, essa foi uma música importante para a história do Rock, mesmo não sendo exatamente um dos maiores sucessos do grupo. Assim como You Really Got Me (1964), de The Kinks, a faixa também é considerada um dos embriões do Hard Rock por trazer feedback em seu solo, alguma distorção e riffs bem ásperos além de se encaixar também no Protopunk. Curiosamente, a música nunca foi lançada em um álbum.

05. My Generation
Talvez sua faixa de maior sucesso, ela dá também nome ao primeiro disco do grupo, além de algumas coletâneas e documentários sobre o quarteto. Imortalizada pelo verso “I hope I die before I get old”, a canção representa muito da sensação de viver naquela época e do sentimento de rebelião juvenil e liberdade que o Rock representava para seu público. Entre as diversas histórias que são contadas pelas eventuais “engasgadas” no vocal de Daltrey nesta faixa, uma das mais interessantes é que ela foi inspirada por Stuttering Blues, de John Lee Hooker - o que faz muito sentido ao se ouvir a faixa do blueseiro norte-americano. Vale a pena apontar também que esta foi uma das primeiras músicas do Rock a terem um solo de baixo - e, não à toa, se tornou um dos mais icônicos do Rock'n'Roll.

06. The Kids Are Alright
Também uma das mais emblemáticas faixas do grupo, The Kids Are Alright dá nome ao mais famoso documentário sobre a história da banda. Ela fala sobre a cultura Mod da época e também reflete muito do panorama da sociedade inglesa e da visão da juventude sobre ela no meio dos anos 1960. Ao longo de tempo, Townshend foi aprendendo lições novas e agregando tais ensinamentos a sua letra.

07. Substitute
A faixa, lançada através de um single em 1966, nunca foi parar em nenhum registro de estúdio de The Who, porém ficou bastante popular junto à compilação Meaty Beaty Big and Bouncy, lançada em 1971. Uma curiosidade sobre a faixa é que, em sua versão americana, o verso “I look all white but my dad was black” foi substituido por “I try going forward but my feet walk back” e toda a estrofe foi cortada em uma reedição posterior, deixando-a consideravelmente menor.

08. I’m A Boy
Três anos antes do lançamento de Tommy (1969), The Who já parecia interessado em contar histórias através de seus discos. Originalmente composta como parte de uma Ópera Rock, nomeada Quads, a faixa contava parte de uma narrativa de uma família futurista que podia escolher o sexo de seus filhos. Após um erro, a família que deveria ser composta por quatro filhas, ganha um membro inesperado: um menino. Forçado a viver como uma garota, durante toda sua infância, o protagonista tenta se impor como um garoto (“I'm a boy, I'm a boy, but my Mum won't admit it...") e fazer atividades típicas de uma criança dessa idade. Essa epopeia nunca saiu do papel, mas rendeu este ótimo single, relançando após alguns anos, também na coletânea Meaty Beaty Big and Bouncy.

09. Happy Jack
Gravada como uma homenagem para um mendigo presente na infância de Townshend, a faixa originalmente foi feita como um single, porém seu tamanho sucesso fez com que não só ela compusesse a versão americana do segundo álbum do grupo, A Quick One, como desse o nome para o disco na terra do tio Sam. Ao final dela, Pete grita “I saw you!” porque o baterista Keith Moon tentou invadir o estúdio para colaborar com os vocais.

10. A Quick One, While He's Away
Tratada como uma mini-Ópera-Rock, a música de mais de nove minutos se divide em seis segmentos bem distintos - sendo apontada também como um dos embriões do Rock Progressivo que se estabeleceria dali a um tempo - e conta uma narrativa através deles. A história se desenrola ao redor de uma mulher abandonada pelo marido que encontra um novo amante ("Ivor, The Engine Driver"). Ao fim da faixa, o esposo volta e ela pede perdão por ter ficado com outros (“I missed you and I must admit / I kissed a few and once did sit / On Ivor the Engine Driver's lap / And later with him, had a nap / You are forgiven, you are forgiven, you are forgiven”). O enredo pode até parecer desinteressante quando contado de forma resumida, mas, através de seus diversos capítulos, a música encanta e prende o ouvinte nessa narrativa.

11. Boris The Spider
Composta em seis minutos por Entwistle durante uma bebedeira com Bill Wyman, baixista do conterrâneo The Rolling Stones, a faixa carrega um senso de humor meio obscuro e é considerada pelos seus membros uma “música de horror”. Talvez por isso, essa era a faixa de The Who preferida por ninguém menos que Jimi Hendrix, segundo Pete, que contou o fato uma vez à revista Rolling Stone.

12. Pictures Of Lily
Townshend criou em 1967 uma ode à masturbação masculina, mesmo não falando disso explicitamente. Inspirada na atriz e modelo Lillie Langtry, a música fala sobre um garoto que olha as fotos da tal Lily antes de dormir e acaba por se apaixonar por ela - porém a moça já havia morrido há algum tempo ("She's been dead since 1929" / Oh, how I cried that night/ If only I'd been born in Lily's time / It would have been alright”).

13. Mary Anne with the Shaky Hand
Com uma estrutura Pop e melodia inspirada na Música Latina, a faixa tem como seu principal destaque sua lírica ambígua e bem humorada (“What they've done to a man, those shaky hands"). Por não se saber ao certo o que as mãos trêmulas de Mary Anne fazem, especula-se que essa seja a segunda música do grupo a envolver masturbação. A faixa foi parar no ótimo The Who Sell Out, disco lançando em 1967.

14. Odorono
Como se fosse uma rádio pirata no meio dos anos 60, o terceiro trabalho do grupo, The Who Sell Out, é um disco conceitual que, além de músicas, apresenta também algumas propagandas, seja em forma de teaser ou através de faixas inteiras dedicadas a elas. Odorono é uma delas e faz propaganda de um desodorante de mesmo nome através de uma narrativa bem humorada de uma atriz que passa em um teste, mas, quando vai encontrar um homem após a audição está, digamos, com o “desodorante vencido” ("Her deodorant had let her down / She should have used Odorono").

15. I Can See For Miles
Parte de Who Sell Out, essa faixa seria o grande hit da estação. Inspirada em Helter Skelter de The Beatles, a faixa era a mais “pesada” já produzida pelo quarteto e utilizava das técnicas mais modernas de estúdio para soar grandiosa. Não à toa que quase nunca era tocada ao vivo, principalmente por conta das difíceis harmonias vocais.

16. Glow Girl
Essa faixa foi gravada somente em 1968, como parte de um disco que se chamaria Who’s for Tennis? e seguiria o mesmo clima conceitual de Who Sell Out. A ideia foi engavetada, mas a música de abertura sobreviveu (assim como boa parte do projeto, que pode ser ouvido aqui) e foi lançada em duas ocasiões, como bônus de Sell Out e na compilação Odds & Sods, que veria a luz do dia somente em 74. Uma de suas partes (“It's a girl, Mrs. Walker, it's a girl, / It's a girl, Mrs. Walker, it's a girl”) foi reaproveitada em Tommy como faixa de abertura, sendo substituido somente o gênero da criança.

17. Call Me Lightning
Faixa que pode lembrar bastante a era Mod do grupo, Call Me Lightining foi lançada somente como single em 1968 e, pelo que parece, esquecida. No ano seguinte, a banda embarcaria em suas viagens psicodélicas com Tommy, então, de certa forma, esse single (acompanhado de Dogs e Dr. Jekyll and Mr. Hyde) servia para fechar um ciclo do banda e começar outro novo.

18. Dogs
Sim, esta é uma música sobre cães, mais especificamente sobre corrida de cachorros - muito populares na Inglaterra. Descompromissada e muito divertida, a faixa termina com Pete dizendo em uma voz jocosa “Nice dog, yes, lovely form, lovely buttocks". Uma segunda faixa, a instrumental Dogs (Part Two), seria lançada no ano seguinte como lado-B do single Pinball Wizard e creditada ao baterista Keith Moon.

19. Magic Bus
Originalmente, a canção foi composta por Pete em 1965, época que a banda ainda usava melodias (ou mesmo músicas inteiras) de algum artista para criar suas faixas - e não é à toa que a música usa as batidas de uma criação de Bo Diddley. Lançada somente em 1968, ela se tornou um dos grandes sucessos do grupo, porém não foi gravada por ele logo de início. Uma obscura banda inglesa, chamada The Pudding, havia gravado ela um ano antes, porém sem atingir o mesmo sucesso que faria na versão de The Who.

20. 1921
Terceira faixa do épico Tommy, primeira Ópera-Rock do grupo, 1921 é um dos momentos mais pesados da obra, apesar de sua leveza instrumental que acompanha a obra toda e que a diferencia de todo o restante da discografia da banda. A música conta como o personagem principal se tornou surdo, cego e burro após um evento traumático em sua infância.

21. Pinball Wizard
Um dos maiores hits da banda, essa é uma faixa que conta mais um episódio da bizarra e tocante saga de Tommy. Com letras como “What makes him so good? / He ain't got no distractions / Can't hear those buzzers and bells / Don't see lights a flashin' / Plays by sense of smell / Always has a replay / Never tilts at all / That deaf dumb and blind kid / Sure plays a mean pin ball”, a música se aprofunda na narrativa, contando como o protagonista da história se tornou um mito por jogar tão bem pinball mesmo lidando com sua deficiências.

22. The Acid Queen
Mais uma passagem da trama de Tommy e parte essencial da obra e mesmo do panorama do Rock na época, a faixa refletia o clima psicodélico e de livre experimentação que começava a ganhar cada vez mais força naqueles anos. A faixa faz alusão ao uso de drogas como maneira de tentar curar o tal menino “surdo, cego e burro” e, de certa forma simboliza o uso de drogas como forma de se libertar de suas próprias limitações e de enxergar além do que o mundo comum permite - algo que estava em alta na época devido à cultura hippie.

23. I’m Free
Em certo momento da epopeia de Tommy, ele se cura, tornando-se uma espécie de Messias, e sua palavra de liberdade começa a arrebanhar seguidores (“If I told you what it takes / to reach the highest high, / You'd laugh and say 'nothing's that simple' / But you've been told many times before / Messiahs pointed to the door / And no one had the guts to leave the temple!”). Vale dizer que este é era um dos pontos mais altos no show do grupo e que Daltrey sempre encarnou perfeitamente o personagem nos palcos, transformando Roger e Tommy em uma só pessoa naquele instante.

24. See Me, Feel Me
Mais um momento marcante nos shows, See Me, Feel Me nunca existiu exatamente dessa forma no álbum. Ela é na verdade um recorte de We're Not Gonna Take It estendido e transformado em um dos momentos mais épicos do grupo em cima dos palcos. O mais interessante é que partir desta época, The Who começou a despontar ao público de Rock como uma banda considerada muito melhor ao vivo do que em estúdio, tocando em shows realmente incríveis com esse álbum (como o na Ilha de Wight e no festival de Leeds) - tudo isso graças a Tommy.

25. Heaven and Hell
Ainda que gravada só em 1970 (e lançada como single nesse mesmo ano), a música vinha sendo tocada em grande parte da turnê de Tommy e tinha uma visão caricata sobre o que significava o céu e o inferno, definidos como “a place where you go if you've done nothing wrong” e “a place where you go if you've been a bad boy”, respectivamente. Escrita pelo baixista Entwistle, a música tem no seu humor sarcástico e cheio de ironias, um de seus grandes valores.

26. The Seeker
Mais uma faixa popularizada pela compilação Meaty Beaty Big and Bouncy, The Seeker torna-se mais um protesto do grupo, agora contra pessoas que levam a vida de forma apática, que só reclamam de tudo e dizem que ninguém está fazendo nada por eles, o que só gera mais reclamações - um ciclo infinito apontado por Townshend em uma entrevista na época. Lançada apenas um ano depois de Tommy, a faixa inaugurava mais uma nova fase do grupo.

27. Baba O’ Riley
Baba O’ Riley é uma nova direção musical do grupo e marca outra nova fase da banda sendo a primeira faixa do clássico Who’s Next. Depois de Tommy, o grupo resolveu embarcar em uma nova Ópera Rock ainda mais ambiciosa, inspirada nos ensinamentos do filósofo Inayat Khan e do guru Meher Baba, com quem Townshend havia se envolvido alguns anos antes. O projeto era tão audacioso, grande e demasiadamente humano, que acabou não dando certo e foi engavetado. Suas sobras, ironicamente, moldaram um dos discos mais icônicos do grupo - além de ainda render alguns lançamentos solo de Pete.

28. Won’t Get Fooled Again
Assim como Baba O’ Riley, Won’t Get Fooled Again mergulha no mundo dos sintetizadores e traz uma nova proposta ao Rock do grupo. Soando moderna e altamente contemporânea, a faixa que fecha o disco traz uma mensagem de revolução e de tomada de poder pelos jovens (dando uma solução a tal “teenage wasteland” apontada na primeira faixa do registro).

29. Behind Blue Eyes
Mais uma sobra de Lifehouse, essa faixa seria o ponto de vista e tema do vilão da narrativa. A faixa é um lamento de alguém que se esconde o tempo todo atrás de muita raiva e angústia. Com uma melodia doce e melancólica, guiada principalmente pelo violão, a música explode ao fim, com raivosos solos de guitarra. Sem dúvida alguma, uma das mais belas canções já produzidas pelo grupo.

30. Bargain
Muitas vezes confundida com uma música que fala sobre o amor e outras ainda interpretada sob o ponto de vista feminino, Bargain é uma busca por uma divindade em si, pela perda do ego, uma busca de si mesmo através de uma barganha (mostrada logo no começo da faixa com os versos “I'd gladly lose me to find you / I'd gladly give up all I had / To find you I'd suffer anything and be glad” ou ainda em “sit looking 'round / I look at my face in the mirror / I know I'm worth nothing without you”). Muito do conteúdo da faixa vem dos ensinamentos de Baba e da vontade de Townshend de ser tornar um ser único como Deus.

31. Water
Talvez uma das primeiras composições de Lifehouse, Water surgiu ainda em 1970 durante a turnê de Tommy, porém só foi gravada em 1973 como lado-B de 5:15, um dos singles de Quadrophenia, e posteriormente foi lançada como faixa bônus de *Who’s Next. A música é o ponto de partida dessa nova narrativa do The Who e mostra o dia a dia nesse futuro distópico do grupo em meio a uma crise de poluição em que o Rock não era permitido.

32. Long Live Rock
A batalha pela liberdade e pelo Rock nessa sociedade de Lifehouse foi exposta em Long Live Rock, faixa que existia desde antes de Who’s Next nascer, mas que foi gravada somente em 1972 e lançada na coletânea Odds & Sods (1974). Apesar não ser um sucesso tão significativo em vendas, a faixa sempre aparecia nos shows do grupo.

33.Postcard
Essa faixa composta por Entwistle é uma espécie de cartão postal que registra a passagem da banda por diversos lugares do mundo enquanto estavam em turnê. Repleto daquele humor tipicamente inglês do baixista, a música detalha viagens por países como Austrália, Estados Unidos e Alemanha, e ainda usa alguns efeitos captados nestes locais para adicionar ambiências típicas à faixa, que foi originalmente criada nos estúdios ingleses em que a banda gravava suas músicas. Apesar de nunca ter sido lançada formalmente, a canção ganhou notoriedade na compilação Odds & Sods.

34. Let’s See Action
Mais uma homenagem a Meher Baba e mais uma sobra de Lifehouse, este single, gravado em 1971, era segundo Entwistle uma mensagem de Townshend aos jovens. Letras encorajadoras como “Let's see action / Let's see people / Let's see freedom / Let's see who cares” mostram isso.

35. Join Together
Lifehouse parece mesmo ter sido um poço sem fim de criatividade e de lá saíram várias faixas que nunca foram parar em álbuns. Apesar de ser lançada como só como um single, em 1972, Join Together ganhou um divertido videoclipe, que mostra a banda em ação, mas em uma espécie de playback jocoso.

36. Relay
É claro que o conceito de Internet ainda engatinhava em 1972, mas, em apresentações mais recentes, Townshend declarou que essa faixa fala sobre essa tecnologia. A propósito, os sintetizadores que ficam ao fim da faixa até podem lembrar o barulho que os antigos modems faziam. Especulações a parte, essa faixa também mostra indignação quanto àquela sociedade distópica de Lifehouse.

37. 5:15
Finalmente, chegamos ao sexto álbum do grupo e a sua segunda Ópera Rock. Mais uma vez focando em um só personagem, a banda foi capaz de desenvolver uma narrativa muito boa e abordou temas como esquizofrenia, amor, redenção, lutas sociais e eventos contemporâneos na cultura britânica. Em resumo, a história de Jimmy (que engloba um pouco da personalidade de cada um dos quatro integrantes do grupo) reflete aquele momento da Inglaterra, com o surgimento do Punk e a morte da cultura Mod. Em 5:15 o protagonista se questiona sobre esses valores - até mesmo sobre sua postura como Mod - depois de uma noite regada a drogas, violência e sexo.

38. Love Reign O’er Me
Trazendo um pouco de Meher Baba ao capítulo final da epopeia de Jimmy, a faixa mostra o protagonista encontrando sua redenção espiritual depois de uma longa crise pessoal e uma tentativa de suicídio. Nesse ponto da história, ele havia perdido tudo e encontra na chuva a comunhão com Deus. Segundo Pete, Jimmy até poderia voltar para a mesma cidade, para sua terrível situação envolvendo família e emprego, mas agora ele está mais forte.

39. Squeeze Box
The Who By Numbers, sétimo álbum do grupo, serve como um espaço para que as letras confessionais de Townshend ganhem forma. Aqui, ele croniquiza seus problemas como álcool (However Much I Booze), mulheres (Dreaming From the Waist e They Are All in Love") e com a vida em geral. Ainda assim, há espaço para uma faixa suja e que fala de sexo através de comparações com instrumentos da família do acordeom (ocasionalmente nomeado como “Squeezebox”).

40. Slip Kid
Pensou que a essa altura as faixas de Lifehouse já haviam se esgotado? Pois bem, não acabaram e Slip Kid é mais uma delas. Até certo ponto autobiográfica, a música fala muito sobre o processo de crescer e de se conhecer (“there's no easy way to be free”). Como conclusão, a canção aponta que é impossível evitar responsabilidades ou a vida adulta de maneira geral.

41. Who Are You
Ao longo dos anos, Pete Townshend causou diversos problemas com seu envolvimento com as drogas e álcool, alguns casos até ficaram bastante famosos. Um deles foi descrito na faixa que dá nome ao oitavo álbum do grupo. Um policial o acordou no meio da rua no bairro do Soho (“I woke up in a Soho doorway / A policeman knew my name / He said ‘You can go sleep at home tonight / If you can get up and walk away’”). Na época, Keith Moon também lutava contra o mesmo o problema e veio a falecer algumas poucas semanas depois do lançamento de Who Are You, por conta de uma overdose causada por um medicamento que deveria tratar seu alcoolismo.

42. Trick Of The Light
Se nos anos 60 o grupo havia escrito músicas sobre masturbação, no fim dos 70 estava dialogando sobre prostituição. Ou melhor, sobre sentir-se desconfortável e meio constrangido durante o sexo com uma prostituta. Essa sensação quase angustiante descrita pela faixa de Entwistle ganha forma em uma música carregada e cheia de distorção -até mesmo chegam a categoriza-la como Hard Rock ou Heavy Metal.

43. You Better You Bet
Por mais que haja um pezinho no que havia sido feito em Who Are You, o grupo inaugurava em You Better You Bet e posteriormente com o disco Face Dances (1981) uma nova fase. Há um pouco de Art Rock e até mesmo New Wave neste álbum, presença sentida em grande parte das canções e arranjos. É claro que a falta de Ketih Moon, que havia morrido de overdose três anos antes, faria falta e a banda nunca mais seria a mesma.

44. Don’t Let The Coat
Com letras que abordam redenção, sabedoria e espiritualidade (em versos como “I can't be held responsible for blown behavior / I've lost all contact with my only saviour”), essa é mais uma daquelas faixas que Pete compôs em homenagem ao guru Meher Baba - alguns dizem que se trata de uma referência aos seus pais. De qualquer forma, o músico lida nessa música com seus problemas como as drogas e o alcoolismo. A faixa também faz parte de Face Dances, primeiro disco com Kenney Jones assumindo as baquetas.

45. Athena
Abrindo o álbum It’s Hard (1982), a faixa mostra como Pete reagiu (não muito bem) a uma rejeição amorosa. Endereçada à atriz Theresa Russel (apelidada de Athena para não dar muito na cara), a música mostra uma grande frustação, raiva e certa imaturidade ao lidar com a situação. Mais tarde, ela foi parar no Lifehouse Chronicles, que conta com diversas músicas do descontinuado Lifehouse e ainda com versões de faixas como Baba O'Riley, Behind Blue Eyes e Who Are You.

46. Eminence Front
"This song is about what happens when you take too much white powder; it's called Eminence Front", disse Pete Townshend certa vez em um show - e entenda “white powder” como cocaína. Pois é, os anos 80 trouxeram ares bem diferentes à música do trio. A faixa mostra também uma ácida crítica a sociedade, através de uma analogia a uma festa em que pessoas que se escondem atrás de máscaras (a droga seria uma delas).

47. It’s Hard
É irônico saber que a faixa que nomeia este álbum surgiu na verdade anos antes, ainda durante as gravações de Face Dances, mas não foi terminada a tempo de entrar nesta obra. Originalmente nomeada como Popular - a demo desta música aparece em um disco solo de Pete -, a faixa foi reescrita e transformada no que ela é hoje em dia.

48. Real Good Looking Boy
Originalmente, essa faixa apareceu na compilação Then and Now, lançada em 2004, mas ganhou também uma versão em single, lançado no mesmo ano. Comemorada como o primeiro lançamento do grupo em mais 15 anos, a faixa é uma homenagem a uma das principais inspirações do grupo lá nos anos 50/60: Elvis Presley.

49. It’s Not Enough
24 anos depois de seu último álbum, sem Moon e agora sem John (falecido em 2002), a metade da banda continuava fazendo diversos shows desde o fim dos anos 80 e ao que parece Townshend nunca parou de escrever. Ainda com certo entrosamento e com músicas “sobrando”, a banda resolveu lançar mais um disco, praticamente todo feito por Pete, que além de compor as canções ainda tocou a grande maioria dos instrumentos de Endless Wire, lançado em 2006. O trabalho de Daltrey na obra foi cantar (ou pelo menos tentar soltar um pouco sua voz). O disco é sem dúvidas a obra mais fraca da carreira do grupo, mas, neste ponto e com esta idade, os músicos não tem que provar mais nada a ninguém.

50. Be Lucky
Mais recente faixa da banda, essa é a primeira a ser lançada em mais de oito anos, desde que Endless Wire chegou às prateleiras. Ela encabeça a coletânea The Who Hits 50!, mostra o grupo se posicionando entre sonoridades vindas de discos como Who's Next e Who Are You, e serve como um bom lembrete que o duo sobrevivente ainda sabe fazer boa música - e há especulações que um novo álbum pode vir em 2015, no mesmo ano em que a banda fará sua última turnê.




The Who - Who Are You?


1 comentários:

Anônimo disse...

IMPRIMINDO!!!!!

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