![]() |
Ilustrattion:JRCasas |
As formigas de Fukushima fazem um roquenrol mais produtivo
Por Antonio Siqueira
Há quem diga que nunca houve "roquenrou" de verdade no Brasil e que, com exceção dos Mutantes, o resto não passa de bricolagem. Não sei se isto está certo ou errado, às vezes vendo alguns roqueiros da antiga que cagaram literalmente nas suas obras solos, acabo me rendendo a alguns casos mas a zoação que Raulzito faz com a fábula de Jean de La Fontaine é uma ótima crítica para o taylorismo e a máxima “O trabalho enobrece/dignifica…”.
O problema é que tanto esta fábula como a da Lebre & a Tartaruga falam da perseverança e da força de vontade. A lebre desdenha do atarracado réptil e a cigarra, mesmo provida de asas, não faz outra coisa senão cantar. Assim como a cigarra troca de casca, as fábulas de Esopo ganharam vida nova com a lírica de La Fontaine. Num belo dia de inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas reservas de comida. Depois de uma chuvarada e a cigarra só cantava e ainda sacaneava as formiguinhas com uma certa satisfação parasitária. Não é justo!
Considerada uma praga para determinadas culturas de plantio, a cigarra foi usada pelo filósofo grego e seu ghostwriter francês como um arquétipo da preguiça e da pusilanimidade. Raulzito que me desculpe mas sua asserção, perfeita para a época em que foi feita, cai como uma luva para a “biltrice” e a falta de comprometimento que assola as terras tupiniquins nos dias atuais.
Portanto, para fazer esta paráfrase elucidativa, peço licença ao pai da “blendagem” roquenrou com o baião. Quem quiser aprender, favor prestar atenção: a cigarra só canta porque ela não sabe trabalhar!
Às cigarras que já estão gritando ao ler isso, vale lembrar as obras de nossos estádios – acontecendo a passo de cágado – e a situação da Lagoa Rodrigo de Freitas e da orla marítima, infestadas pelas algas mutantes ninjas que parecem ter saído de Fukushima. As formigas de lá trabalham incessantemente para conter o vazamento. As cigarras daqui continuam cantando enquanto seu país já deveria ter trocado de casca. A esse fenômeno dá-se o nome de Ecdise. Duvida? Dá um rolé na internet. A Wikipedia é que disse.
*Brilhante Ilustração do artista JR Casas
*O primeiro post de 2014 neste blog, é dedicado aos parasitas da arte, em especial à primeira grande arte e ao canto de trabalho dos operários dos estádios que pretendem sediar jogos da Copa do Mundo no Brasil.
"Como Vovó já dizia" com Rauzito em compacto. coisa rara!
Ácido como sempre...
ResponderExcluirEu estou rindo até agora....
ResponderExcluirAssociação muito oportuna.
Luana
Hilário, inteligente, coerente...um texto bom para começar o ano.
ResponderExcluirMuito bom seu blog!
hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha
ResponderExcluirPublica a minha gargalhada de escarnio, por favor.Tão escarnecedora quanto seu artigo fenomenal!
FER
A verdade em síntese.
ResponderExcluirOsvaldir
Querido Osvaldir, meu cronista preferido;
ResponderExcluirEu, ao terminar este post, passei mal de rir.
Eu ri, cara!
Formigas de Fukushima? Você anda muito louco em suas metáforas. Puta texto!
ResponderExcluirMarcelo
@arte:autordesconhecido ? ilustración de Jr Casas
ResponderExcluirótimo Sr JR Casas, os créditos já estão a caminho. Obrigado pela informação.
ResponderExcluir