quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

10 anos sem Cássia Eller

Réquiem a uma estrela
     Por Antonio Siqueira


Cássia Eller: sorriso marcante
Os bons morrem jovens e esta frase que pontua Love in the Afternoon, uma das canções mais belas do saudoso Renato Russo que se foi igualmente jovem, está longe de ser um clichê barato. Exatamente há 10 anos, morria de maneira precoce e absurdamente obscura, o gênio inigualável de Cássia Eller.  A cantora morreu às 19h05 do dia 29 de dezembro de 2001, aos 39 anos, após sofrer três paradas cardíacas na clínica Santa Maria, no bairro de Laranjeiras,  no auge de uma carreira que, até aquele fatídico momento, vivia o seu auge. Segundo pessoas próximas da cantora, Cássia Eller estava se sentindo mal e reclamando de enjôos. Os sintomas seriam resultado de estresse provocado por excesso de trabalho e laudos periciais não apontavam o uso de drogas como acharam os médicos que a atenderam.

     Um parecer de duas peritas do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro apontou que Cássia Eller morreu devido a um erro médico. Os médicos da Casa de Saúde Santa Maria teriam ministrado, segundo a perícia, o medicamento Plasil, o que poderia ter provocado uma parada cardíaca na cantora.   Os médicos foram denunciados à 29ª Vara Criminal pelo promotor Alexandre Themístocles de Vasconcelos, da 1ª Central de Inquéritos do Ministério Público. De acordo com o parecer de duas peritas do Ministério Público, o atendimento dado a Cássia Eller teria sido contra-indicado para eventual uso de álcool ou de qualquer outro tipo de droga. Para o promotor, a conduta dos médicos contribuiu "para a morte da paciente que, nas circunstâncias era previsível, mas poderia, com o tratamento adequado, ter sido evitada". O processo ainda corre, Cássia está morta, mas o seu legado não.

      A moça impôs-se por seu estilo enérgico de interpretação, principalmente em razão de seu timbre vocal de contralto - uma das mais marcantes vozes da nova MPB dos anos 1990. Cássia foi lançada como um míssil nos áureos tempos do Circo Voador em apresentações soberbas ao lado do guitarrista Vitor Biglione, onde destilava-se no melhor do blues. Numa dessas memoráveis apresentações, nas quais o público beirava o delírio, estaria eu, este humilde escriba, antevendo o futuro do único artista brasileiro que cantou e tocou o rock e o blues como realmente deveriam ser. Porém foi a partir de 1989 que Cássia começou seu trajeto pelo mundo do disco. Em São Paulo, ela gravou uma fita demo, apoiada pelo tio, que foi seu primeiro empresário. Ele que levou a fita para uma audição na gravadora Polygram. Nesta fita estava gravada a música que viria a ser o primeiro grande e eterno sucesso na voz de Cássia, a música "Por Enquanto", de Renato Russo. Veio então o contrato com a gravadora e o primeiro disco, lançado em 1990. Depois disso, Cássia não parou mais. Foram seis discos gravados. vários sucessos e uma personalidade inconfundível, que mistura sua timidez latente à rebeldia quase adolescente.

    Cássia Rejane Eller nasceu no Rio de Janeiro RJ em 10 de Dezembro de 1962. Residiu em Santarém PA, Belo Horizonte MG e Brasília DF. Tocando violão desde os 18 anos, chegou também a cantar opera e frevo e a tocar surdo em grupo de samba. Voltando ao Rio de Janeiro em 1990, foi contratada no mesmo ano pela Polygram. Seu primeiro disco, Cássia Eller, de 1990, incluiu regravações de Rubens (Premeditando o Breque), Já deu pra sentir (Itamar Assumpção), Qualquer dia (Legião Urbana) e um arranjo improvável e marcante de reggae para Eleanor Rigby (Beatles).


O segundo, Marginal, trouxe ECT (Marisa Monte, Carlinhos Brown e Nando Reis). No terceiro disco, Cássia Eller, gravou uma versão de Malandragem (Frejat e Cazuza), muito tocada nas rádios. Em 1996 lançou Ao vivo, gravado nas apresentações carioca e paulista do show Violões. Em Veneno antimonotonia (1997), traz somente composições de Cazuza.

      No ano de sua morte, ela gozava do sucesso de seu Acústico MTV, brilhantemente produzido por Nando Reis. Cássia deu uma roupagem tão marcante às interpretações das musicas do ex-titãs que acabou por catapultar também a carreira do brilhante baixista e compositor. Deixou um legado notável nos seus curtos onze anos de carreira, mostrou que um artista da música pode cantar e produzir de tudo e deu um chute pra longe no marasmo ideológico que se abatia sobre a MPB e à musica brasileira como um todo. Que todos cantem Cássia Eller sempre e hoje em especial. O planeta musica ficou mais pobre e a MPB órfão por tempo indeterminado.



* Cassia Eller no vídeo completo de sua memorável apresentação no Rock in rio 2011




sábado, 24 de dezembro de 2011

Poema de amor ao próximo
















...Podemos olhar pela janela

Podemos ver o sol
Podemos sorrir, alimentar os beija-flores
Temos a certeza de que os dias virão
O sol, para quem é de sol
a chuva, para que é de chuva
a neve, para que é de deve
a seca, para que em de seca
A tempestade... A calmaria...
Fazer o bem!
Mas o que é o bem?
Deve ser o amor em versão easy
Leve como o próprio amor deveria ser
Amar o próximo
Não como a si mesmo
E sim mais do que a si mesmo
Perdoar
Ponderar
Reivindicar
Construir
Reconstruir
Compor uma canção a 14 Bilhões de mãos e almas esperançosas
O mundo poderia ser bem mais habitável
A fome seria uma realidade do passado
Não seriamos bastardos
De uma dor, de uma natureza insana
Nem filhos da guerra
Talvez nem mesmos da paz
Seríamos filhos de nós mesmos
A utopia é um barco à vela
No meio do oceano
Sem rota
Sem vento
Sem rosa dos ventos
E o céu seria uma visão possível e transcendente
Sobreviver ao fardo de existir seria viável.
Sejamos menos tristes por mais tempo



*O Arte Vital deseja um Feliz Natal e um 2012 com menos desamor e desumanidade aos seus leitores e amigos. Que o espirito verdadeiro do Natal esteja com todos vocês.


Antonio Siqueira

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O Modernismo de Maurice Ravel

A revolução clássica de todos os estilos
Por Antonio Siqueira



Maurice Joseph Ravel nasceu em Ciboure (França), perto de Saint-Jean-de-Luz, Baixos Pirineus, a 7 de março de 1875. Entrou em 1889 no Conservatório de Paris e era ainda estudante quando apareceram suas primeiras composições. Estas criaram para o jovem compositor a fama de revolucionário perigoso, sendo-lhe negada por três vezes a atribuição do Prêmio de Roma.

     Sua vida se resumiu depois em trabalho interrompido apenas pela sua participação na I Guerra Mundial. Em 1920 recusou a legião d'Honneur. Um acidente em 1932 provocou em Ravel um trauma de que jamais se recuperou. A memória foi afetada e também a coordenação dos movimentos. Seus amigos organizaram viagens à Espanha e ao Marrocos, a fim de distraí-lo. Operado em 1837, Ravel morreu em Paris a 28 de dezembro de 1937, ainda inconsciente.

      A vida de Ravel foi neutra, sem acontecimentos, a não ser as reações provocadas por sua obra, reações que foram contraditórias, pois Ravel foi julgado revolucionário nos círculos tradicionalistas do Conservatório e conservador pelos círculos vanguardistas da década de 1920.

     Ravel contribuiu mais para a extensão e abertura do que para a destruição do sistema tonal clássico. Foi inovador em suas harmonias estranhas e clássico pelo firme contorno de suas linhas melódicas. É nesse ponto mesmo que diverge de Debussy, com quem foi, por equívoco, sempre comparado. Enquanto Debussy foi músico impressionista, pela dissolução da linha melódica (tal como os pintores impressionistas dissolveram o traço em proveito da luminosidade), Ravel foi anti-impressionista na construção da melodia.

     Não obstante, há uma atmosfera comum a Debussy, Ravel e outros músicos da época: certo esoterismo da linguagem musical, pela procura de novas harmonias, e um certo preciosismo temático, inspirado pelo Simbolismo, além de atração pelo Oriente e pela Espanha. A influência entre os dois compositores foi recíproca. Ravel, longe de ser um epígono, foi personalidade totalmente original. Sua música é a revelação dessa personalidade, reticente e reservada, ao mesmo tempo irônica e sentimental.

     Apesar de ter sido inovador em todos os gêneros musicais e na própria estrutura musical, não é um acaso a grande admiração de Ravel pela música pré-classicista francesa e pelos mestres do Classicismo vienense: ele próprio foi algo como o 'último clássico', antes de Stravinsky e a escola de Schönberg realizarem a grande subversão da música.

Entre as primeiras apresentações públicas das obras de Ravel está a abertura Sherazade, uma ópera não realizada. Ravel foi um mestre da orquestração, na descendência direta de Rimski-Korsakov, mas pouco do que fez foi produzido originalmente para a orquestra.

     Orquestrou obras para piano, suas e dos outros. É mesmo famosa a sua transcrição para a orquestra dos Quadros de uma exposição, de Mussorgsky, que pode ser considerada como obra original, raveliana. Escrito para orquestra é o célebre Bolero (1927), que se desgastou pela execução repetida. Mas é obra originalíssima pela sua estrutura rítmica e pela concepção melódica, que o próprio Ravel definiu como 'um estudo em crescendo, com o tema obstinadamente repetido'. Ravel também orquestrou sua obra pianística Pavana para uma infanta morta, de que se falará a seguir.

     Famoso são dois concertos, o Concerto para piano em ré maior (1931), também conhecido como Concerto para mão esquerda, e o Concerto para piano em sol maior (1932). Ravel tinha uma concepção clássica do concerto, como obra racional, mas não é possível ignorar a dramaticidade inerente ao Concerto para mão esquerda, escrito para o pianista Wittgenstein, que tinha na I Guerra Mundial perdido o braço direito.

     Muito se discutiu a estrutura rítmica da música de Ravel, herdeira dos ritmos de dança dos barrocos franceses (Lully, Couperin, Rameau). Na sua obra mais extensa, o balé Dafne e Cloé (1909-1912), reconhece-se tal sensualidade rítmica, enquanto o poema coreógrafo A valsa (1919-1920) é de marcação propositalmente lenta. Avesso à grandiloqüência, Ravel deixou, na ópera, duas obras de singulares humor e fantasia: A hora espanhola (1907) e A criança e os sortilégios (1925).

     No setor de música de câmara, Ravel se revela em sua intimidade, em sua secreta tensão; mas também como músico que, sem assumir qualquer radicalidade estrutural, numa elaboração arquitetônica clássica, explora sensualmente as sonoridades raras. São obras-primas o Quarteto para cordas em fá maior (1903), o Trio para piano, violino e violoncelo (1914) e a Sonata para piano e violino (1923-1927). De rara beleza melódica é a Introdução e Allegro (1906), para harpa, cordas, flauta e clarineta, explorando um jogo singular de contrastes harmônicos.

     O primeiro êxito de Ravel foi uma peça pianística, Pavana para uma infanta morta (1899), depois severamente julgada pelo autor, mas que persiste, em seu ritmo elegíaco, como uma de suas produções mais memoráveis. Ravel evoluiu, no piano, do impressionismo ainda sensível em Espelhos (1905), para os ritmos mais ásperos de Gaspard de la nuit (1908) em que persistem, no entanto, arabescos cromáticos fantasiosos.

     Mestre do piano na linha de artifício caprichoso de Liszt (um gênio notábilíssimo), explorou a espirituosidade em Valsas nobres e sentimentais (1911), mas tendeu depois para o despojamento de O túmulo de Couperin (1917). Seu estilo pianístico explorou uma aguda definição e acabamento formal, de feição neo-clássica.

     Grande mestre da orquestra e do piano, Ravel deixou obra vocal restrita, mas de grande singularidade. Sua escolha de textos era, às vezes, surpreendente, e o compositor seguia estritamente o ritmo da própria linguagem verbal. São assim, o ciclo das Histórias naturais (1906), segundo textos de Jules Renard, e as muito posteriores Canções de Dom Quixote à Dulcinéia (1932) sobre textos de Paul Morand. Música de câmara restrita são os ciclos Três poemas de Stéphane Mallarmé (1913) e Chansons madégasses (1925-1926). Além de outros ciclos eruditos, deixou várias transcrições de melodias populares.



Bolero de Ravel





Fonte para pesquisa: Larrouse Cultuiral

Artigo originalmente escrito e publicado em 2008 - Todos os direitos reservados


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um poema ainda existe e mora aqui


Meu lugar
Por Antonio Siqueira




@image: Jorge Freitas Lopes - Santiago RS













O meu lugar é o refúgio de toda as dores
Por vezes é onde moram todas as minhas dores
Às vezes é onde o meu único sol nasce e se esconde
O meu lugar é onde cantam os ciganos enluarados
Os vagabundos revestidos de alma
As canções embebidas de sonhos
De amores
De solidão
De carinho...
O meu lugar é onde choro
Onde o meu sorriso também impera
É onde sua voz chega, macia, reluzente...
É onde meu corpo repousa sobre o teu corpo
É onde teu peito acolhe minha cabeça
E tuas mãos me envolvem e me mostram
Que o infinito é mais próximo do que supomos.


Ilustração: Jorge Freitas Lopes www.jorgefreitaslopes.com



Clones inaudíveis


Eu sou você amanhã
  Por
  Antonio Siqueira



Todo artista, por mais talentoso e genial que seja, sofre algum tipo de influência na sua trajetória para um possível sucesso. Nas artes cênicas, o teatro brasileiro, por excelência, nos apresenta diversos atores de extrema capacidade e postura de palco que não titubeiam ao exaltar suas referências na arte de representar. Fernanda Montenegro, Paulo Autram e Cacilda Beker, são os principais ícones de duas gerações bem sucedidas. No cinema não é diferente, pois volta e meia, surgem novos candidatos a Antonionis anti-heróicos, Fredericos Fellinis neoliberais Hitchcocks que não causam medo ou suspense, Spielbergs ensandecidos, Amaldovares multicoloridos, enfim, uma fauna de usurpadores vampirescos e chatos. No Brasil, pelo menos, os aspirantes a Glauber Rocha desistiram do Cinema Novo ou por que não, o compreenderam, ou pela falta de espaço no mercado, o que é um alívio, pois Glauber foi único, apesar de, por vezes, ser tão surrealista a ponto de não dar a mínima chance aos estudiosos de sua metafórica obra, de decifrar a sua verdade oculta. É humanamente impossível imitar o que não se entende.

      No universo da música, esse fenômeno é como uma praga. Quase todos os artistas populares do nosso tempo têm uma verve beatlemaníaca. Nada foi tão “divisor de águas” quanto o quarteto inglês e as circunstâncias daquela época do século 20, o pós-guerra e outras irremediáveis mudanças de comportamento que aconteciam naturalmente no coração do homem moderno. Tanto que, quem sepultou os Beatles não foram seus eventuais filhotes e sim o novo. O Rock’n Roll se renovara no final dos anos 60 com os maiores artistas do gênero que já surgiram até hoje e, o mais impressionante, com trabalhos originais: Hendrix e Joplin,  grupos como Led Zeppelin, Gênesis e Yes, ajudaram, involuntariamente é claro, - não a beatlemania, pois eles são eternos e deixaram apóstolos incansáveis para reescreverem a história do rock e da música pop.

      O mundo fervia com suas transições e a música popular brasileira também se transmutava gradualmente. A Bossa-Nova já havia surgido levando o cancioneiro popular brasileiro aos quatro cantos do planeta, quando os Tropicalistas, com sua Geléia Geral, tentavam abalar as estruturas do regime ditatorial dos generais. Pouco depois surgiria o Clube da Esquina de Milton Nascimento, Lô Borges e um “trem mineiro” de músicos geniais que revolucionava a maneira de se fazer música por aqui. O rock nacional, finalmente, tornou-se um adolescente simpático. O samba, princípio de quase tudo, tentava reciclar o que jamais necessitara de reciclagem e deu à luz - ou às trevas - a seus subgêneros mais lodosos como o pagode ou sambanojo, como bem escreveu o saudoso jornalista, Fernando Toledo, em uma de suas explosões urbe-filosóficas.

     Até o parágrafo anterior, a criatividade era clarividente, mesmo com influências visíveis de compositores e intérpretes ainda que contemporâneos. Podia-se notar que na obra de Ivan Lins havia uma visitação constante a Tom Jobim e a Jackson do Pandeiro, que Caetano Veloso e João Gilberto eram, às vezes, quase a mesma pessoa; que havia muito de Lô Borges, Beto Guedes e Clube da Esquina no trabalho de Guilherme Arantes que, recentemente, até confessou usar as harmonias dos mineiros para criar as suas;  que Flávio Venturini, apesar de ser um dos mais talentosos compositores da música contemporânea, pilota os seus teclados com influências fortes de Keith Emerson, o lendário tecladista do grupo inglês Emerson, Lake & Palmer. Os arranjos com participação de Venturini em suas respectivas bandas, O Terço e 14 Bis - na fase inicial -, são belas revisitações que, no 14 Bis, geraram verdadeiras obras-primas, com a parceria do mesmo Venturini com Vermelho, este último com uma formação sofisticadamente clássica é imprescindível ao grupo até hoje. Maria Gandu, mais recentemente, transformou-se em uma versão chinfrim demais da inigualável Cássia Eller.

      A MPB moderna, atualmente, tornou-se um grande conglomerado de clones inaudíveis. Seria muito tortuoso enumerar cada morto-vivo nesse teatro de horrores produzido e dirigido pela mídia. Gente da monta de Fausto Silva, Gugu Liberato e Raul Gil, deveria ser Prioridade numa eventual Revolução Cultural. Só que um artista em especial chama a atenção nessa rapsódia de ignomínias: Jorge Vercillo. Certa vez, há pouco mais de quinze anos, fui a um famoso bar carioca, o Hospício do Chopp em Realengo, na zona oeste do Rio. Vercílo tocava em casas noturnas cariocas e, por acaso, tocava neste mesmo lugar citado. Percebi que o rapaz já interpretara Djavan pela décima vez naquela noite e com uma destreza incrível, fechava-se os olhos, veria-se o alagoano. Saí de lá bestificado com a Djavan Cover Session apresentada pelo jovem carioca com cara e trejeitos de Latin Lover norte-americano. O que me intrigou demais, foi ver o mesmo Jorge Vercillo se lançar no mercado, apadrinhado pelo mesmo Djavan, surgir com força total no mercado fonográfico nacional. Quando o ouvi numa FM da cidade, pensei que fosse ele, o Djavan, mas não era. Pensei: “nada mais se cria, tudo se copia”... (... eu sou você amanhã...), como disse um maluco que era velho e guerreiro. Foi quando percebi o quanto é insólita a nossa cultura popular.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Um poema ainda existe e fala de estrelas


Supernova
Por Antonio Siqueira

A_estrela_e_o_mar




Havia um pedacinho de mim no seu olhar,
Lá bem longe onde o rio surge,
Até onde o mar o acolhe.
Lá... Bem alto,
Onde só o céu espera,
Na ponta das asas e no sorriso dos anjos.

Estrelas em face,
Da cor dos diamantes.
Solfeja
Riqueza
Manhãs que levantam as marés.
O mar usou sua voz para anunciar que tu eras o meu sonho de felicidade.

Mesmo que e a estrela morra
Ainda levarão bilhões de anos
Para que saibamos
Que a eternidade nos espera.


@Musica: "A fala da paixão" de Egberto Gismont - Interprete: Dayana Fontenelle


sábado, 10 de dezembro de 2011

Um poema ainda existe, mesmo que caótico


Caos
Por Antonio Siqueira


"Caos Urbano" de Glauber Shimabukuro





















Nascemos do caos,
de um delírio de corpos se amando,
misto de paixão, suor e prazer.
Nascemos com a imensa necessidade de vida
e o incontrolável desejo da morte,
que ronda nossos passos,
sombra negra
a certeza de partir.
Somos animais hipócritas vestidos de razão,
ocultando em nossas veias o sangue vermelho do instinto.
Cai a minha máscara
e sei que preciso viver a intensidade de cada desejo.
Sentir sem medo de sentir,
caminhar sem medo de errar,
errar sem medo de acertar.
Meu coração adormece sozinho
a chama daquilo que um dia poderia ter sido.
Minha vida espreita o dia de poder
explodir em riso e festa
aquilo que ainda guardo para viver
Moram em mim
outros olhos que me vêem.
Neles existo e não me enxergo.
Tenho os olhos de um animal,
arisco e selvagem.
Farejo minhas vontades,
sacio minha sede
nos rios que correm em outros corpos.
Todos únicos sem serem um;
verdadeiros sem serem reais.
Tenho os olhos do pecado que não existe,
e escorrem por eles
lágrimas do sangue da minha culpa.
Tenho os olhos de versos.
Olhos de alma
que mostram meu coração de vidro,
tão pequeno e frágil,
que brilha e lacera em meu peito
inúmeras feridas
da onde brotam palavras vazias,
palavras vãs,
que eu nunca conseguirei entender.


@image "Caos Urbano" de Glauber Shimabukuro

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Alternativos e notáveis


Musica independente é o canal
Por Antonio Siqueira e Luana Campanelli (de BH)

















A música alternativa e independente no Brasil sempre foi de uma qualidade inquestionável. O Arte Vital, com a colaboração da  jornalista Luana Campanelli, pinçou o que tem surgido nesses últimos dois anos. Confiram:


Fernando Magalhães
,  notável guitarrista do Barão Vermelho desde 1985 e produtor de bandas como Detonautas, enfim tirou um tempo para lançar o seu primeiro trabalho solo homônimo instrumental. O disco é de 2009, mas o Arte Vital só teve acesso dias atrás. Excelente!

Kings of Caramel, grupo alternativo da Polônia, chega com sua música desencanada, acompanhada de um instrumental bem elaborado. Em lançamento de seu primeiro álbum homônimo, já disponível na íntegra.

Transmissor - Com uma turma que já passou por um punhado de bandas como Diesel, Udora, mordeorabo e Cinza, a bandaTransmissor mostra experiência na fusão dos distintos rock contemporâneo e bossa-nova. O grupo lança o primeiro disco, “Sociedade do Crivo Mútuo”.

Clube da Luta - O Clube da Luta nada tem a ver com porradas, mas sim com uma batalha para fomentar a boa música catarinense. O Clube começou em Floripa no ano de 2006, realizando um festival de bandas, e logo se tornou um espaço importante para a música independente do estado. Dele fazem parte grupos como Aerocirco, Lenzi Brothers, Maltines, Reino Fungi e outros. Venha sentir o “punch” sonoro de perto.

King of Leon
– A banda lança novo single no MySpace (http://br.myspace.com/kingsofleon). A música “Sex on Fire” estará no álbum “Only by the Night”, previsto para chegar às lojas no dia 23 de setembro.

Samambaia Sound Club – grupo de Florianópolis que autodenomina seu som como groove-rock com ironia e acidez”, o Samambaia lança um ep de remixes, “Outra sugestão”, para audição no MySpace (http://br.myspace.com/samambaiasoundclub).


Scracho - A banda formada num colégio na zona sul do Rio traz para download seu CD “A Grande Bola Azul”, de jeitão pop rock, com pitadas de reggae. Baixe agora no MySpace da banda (http://br.myspace.com/scracho).

Staples – a banda carioca de “punk rock pirulito de morango”, segundo as próprias integrantes, libera o álbum “Sem Olhar Pra Trás” para download no MySpace. É só baixar no perfil do quarteto http://br.myspace.com/bandastaples.


Backyard Babies – Punk com porradas de hard rock, os Backyard Babies (http://br.myspace.com/backyardbabies) trazem da sua Suécia o novo álbum, “Fuck Off and Die”, na íntegra para audição a partir de hoje (06), no MySpace.



Kings of Leon - Sex on Fire





sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Com a palavra (...e os versos):




Pensando em você
Sandra Britto














Pensando em você.
perceba com carinho que

Apesar dos pássaros
o abismo não se converterá.
Precisam ultrapassar.

Divinos!
Que em si guardam
poder em elevar-se.

Seguindo de olhos fechados
ou abertos.
Chegaram companheiro.



*Sandra Britto é professora graduada de História da Humanidade, palestrante e poeta notável.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Noite estrelada em óleo sobre tela


Genialidade e Tragédia
  Por Antônio Siqueira


Vincent_Van_Gogh_Wheat_Field_with_Crows


















     Nos meses finais de 1888, dois gênios da pintura, ainda que desconhecidos em seu tempo, encontraram-se em Arles, no sul da França. Vicent Van Gogh e Paul Gauguin eram diferentes em tudo, do temperamento ao físico, só afinavam na idéia de que era preciso ir atrás do sol para que o grande astro lhes ensinasse os caminhos da pintura moderna.


     Ainda que a estadia deles juntos naquela pequena cidade não tenha chegado a ultrapassar dois meses, permeada por desavenças de toda ordem, ela foi mutuamente enriquecedora. Gogh aspirou um ar estético de Gauguin e este, ao mudar-se depois para o Taiti, levou a cabo a idéia de Gogh de encontrar algum lugar onde o sol imperasse sempre.

     Por terem sido rejeitados numa grande exposição de pintura que anualmente era realizada em Paris, um grupo um tanto irreverente de artistas decidiu-se por realizar uma mostra paralela, produzindo com ela um grande escândalo: o salão dos impressionistas, como o evento foi posteriormente batizado. Ele deu-se no salão do fotógrafo Félix Nadar, que abriu suas portas no dia 15 de abril de 1874, expondo as telas de Auguste Renoir, Edgar Degas, Alfred Sisley, Berthe Morisot, Claude Monet, e outros tantos que não conseguiram se perpetuar. De certo modo era a reedição do Salon des Refusés, que ocorrera em 1863 em razão do escândalo provocado pela tela Déjeuner sur l'herbe de Manet (1832-1883), classificada pela imperatriz Maria Eugênia como "impudica", sem que entretanto provocasse a celeuma e a verdadeira revolução que a exposição de 1874 causou. O salão de 1874 também foi filho de um movimento anterior que buscava inspiração no ar livre, liderado por Eugène Delacroix, Eugène Fromentin e Théodore Chassériau, todos eles mobilizados pela palavra de ordem "il faut sortir de l'atelier!", era preciso sair-se do atelier. A crítica os tachou de preguiçosos fabricantes de borrões para baixo e, como em tantos outras oportunidades, a palavra "impressionistas", como pejorativamente foram apelidados, tornou-se o lema da bandeira estética deles. Seja como for, a exposição de 1874 marcou o declínio da arte acadêmica e deu impulso a uma extraordinária desordem estética criativa da qual o pintor holandês Vicent van Gogh vai ser um dos maiores exponenciais.

     Provavelmente, Paul deu-se contra que a loucura de Vicent era um caso perdido. Na noite de Natal, andando pela rua, ele sentiu-se seguido. Ao virar-se para ver quem era deparou-se com Vicent, com um olhar desvairado, empunhando uma navalha. Ao ser reconhecido, desatou a correr. Paul, que já havia se mudado para um pequeno hotel, tratou de voltar para Paris. No dia seguinte, porém, ele foi avisado do desatino de Vicent. O seu amigo havia cortado parte da orelha e a enviado, enrolada num lenço, a uma das rameiras, vizinhas dele. A cama e o quarto de Vicent havia se transformado numa grande poça de sangue.

     Quem mantinha Vincent na sua intenção de ser pintor era o seu irmão mais moço Theo Van Gogh, um modesto, mas premonitório, negociante de artes em Paris, que nunca poupou um tostão sequer para ajudá-lo. Graças a intensa correspondência trocada entre eles, entre Vicente e Theo, felizmente preservada, sabe-se com detalhes da evolução da pintura de Van Gogh, bem como suas impressões gerais sobre a arte, a dele e dos outros. Pelas cartas percebe-se como Vicent era um extraordinário sensitivo, um meticuloso, captando tudo ao seu redor para transformar em arte, em maravilhas extraídas do pincel. Theo, por sua vez, jamais faltou com o irmão, sendo o único a lhe reconhecer a genialidade, apesar de Vicent não ter conseguido vender nada em vida. Ao ser chamado com urgência a Arles para socorrer o irmão mutilado, Theo, desolado, não encontrou outra solução senão interná-lo numa clínica de alienados em Saint-Rémy. Um ano e meio depois, em 1890, Vicent, num outro ataque, dos tantos que já tivera, disparou contra o seu estômago, matando-se aos 37 anos de idade. Theo, seu irmão, logo o seguiu, morreu em 1891, aos 33 anos. Ambos estão enterrados no mesmo local.



 English Version

Genius and Tragedy

In the final months of 1888, two geniuses of painting, though unknown in his time, met in Arles in southern France. Vincent Van Gogh and Paul Gauguin were different in everything from the physical temperament, only thinned the idea that you had to go behind the sun so that the big star to teach them the ways of modern painting.


     Although their stay together in that small town has not reached more than two months, permeated by all sorts of disagreements, it was mutually enriching. Aspirated air Gogh Gauguin's aesthetic and that, after the move to Tahiti, he pursued the idea Gogh to find somewhere where the sun must reign.

     Have been rejected by a large exhibition of painting that was held annually in Paris, a somewhat irreverent group of artists decided to perform a parallel exhibition, producing with it a major scandal: the hall of the Impressionists, as the event was later named . He settled in the lounge of the photographer Félix Nadar, which opened its doors on April 15, 1874, exposing the screens Auguste Renoir, Edgar Degas, Alfred Sisley, Berthe Morisot, Claude Monet, and many others that could not be perpetuated . In a sense it was the reissue of the Salon des Refuses, which occurred in 1863 due to the scandal caused by the screen Dejeuner sur l'herbe by Manet (1832-1883), classified by the Empress Maria Eugenia as "shameless", without however, cause stir and revolution of 1874 that caused the exposure. The hall of 1874 was also the son of an earlier movement that sought inspiration in the outdoors, led by Eugene Delacroix, Eugène Fromentin and Théodore Chassériau, all mobilized by the slogan "il faut sortir de l'Atelier", had to leave from the workshop. Critics pan the lazy manufacturers smudges down and, as in many other occasions, the word "impressionist" as were pejoratively dubbed, became the motto flag aesthetic them. Anyway, the exhibition of 1874 marked the decline of academic art and gave an extraordinary impulse to creative aesthetic disorder which the Dutch painter Vincent van Gogh will be one of the largest exponential.

     Probably Paul gave against the insanity of Vincent was a goner. On Christmas night, walking down the street, he felt followed. As he turned to see who was faced with Vincent, with a wild-eyed, clutching a knife. When recognized, began to run. Paul, who had moved to a small hotel, tried to return to Paris. The next day, however, he was warned of the folly of Vincent. His friend had cut part of the ear and sent, wrapped in a scarf, one of the whores, his neighbors. The bed and room Vincent had become a big puddle of blood.

     Who kept Vincent's intention to be a painter was his younger brother Theo Van Gogh, a modest but prescient, art dealer in Paris who never spared a penny to help you. Thanks to intense correspondence between them, between Vincent and Theo, fortunately preserved, it is known in detail the evolution of Van Gogh painting, as well as their overall impressions of art, he and the others. The letters is perceived as Vincent was an extraordinary sensitive, meticulous, capturing everything around you to transform into art, wonders extracted from the brush. Theo, in turn, never missing with his brother, being the only one to recognize his genius, though Vincent was unable to sell anything in life. Upon being summoned urgently to Arles to rescue the crippled brother, Theo, sorry, no other solution but to commit him to a clinic for the insane in Saint-Remy. A year and a half later, in 1890, Vincent, in another attack, many of which already had been fired against his stomach, killing up to 37 years old. Theo, his brother, soon followed him, died in 1891 at age 33. Both are buried in the same place.




sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Um poema ainda existe...Em qualquer estação

Que o sol presente se faça
Por Antonio Siqueira
















É preciso o frio
Para que se faça a canção
Aquela que o calor emana dos corpos
A canção do coração maior
É necessário que a alma
Esteja em sintonia
Que o céu possa esperar mais um pouco
Eu escrevi a canção de toda uma vida
E o mundo parou
Pra você cantar

Serei sempre cigano
Sempre que o frio e a lua estiverem juntos
Até que o verão
Presente se faça.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Notas e notáveis: SWU Full



Ultrajado com rigor

Gabriel e Roger


















Que Peter Gabriel era o astro da noite do último sábado no SWU, todos sabíamos. No início da apresentação dos brasileiros, técnicos de ambos artistas protagonizaram uma briga de socos e pontapés em cima do palco. O fim do show do Ultraje teve o som cortado pelo empresário de Gabriel; Lamentável e demasiadamente feio. Os ingleses são ogros por natureza, é fato. E Roger, o "ultrajado", apesar de ser extremamente inteligente e de QI elevadíssimo, não leva desaforo para o travesseiro.



Porrada
O inglês, que escreveu uma das histórias mais notáveis do ProgRock à frente dos vocais do épico Genesis, admitiu sua parte de culpa e emitiu uma nota na qual se desculpou pelo ocorrido. Segundo a nota, devido as fortes chuvas, as apresentações ficaram todas atrasadas e, numa reunião entre a produção do evento e os artistas, ficou decidido que todos diminuiriam o tempo de suas apresentações. O Ultraje não teria encurtado seu show e então o empresário de  Gabriel desligou o som da banda na última música. Gabriel telefonou para Roger, vocalista do Ultraje a Rigor, a fim de pedir desculpas pelo incidente. Disse não concordar com a atitude do empresário. Mas em nota, reforçou que todos os artistas haviam                      
concordado em cortar 15 minutos de seus shows.


A maioria das pessoas, como esperado, tomaram as dores de Roger Moreira. Mas ainda falta que ele e o Ultraje a Rigor também admitam seus excessos por não terem cumprido o que foi combinado.


Alice


Quem encerrou as apresentações no palco "Consciência" foi o Alice in Chains, banda norte americana que ficou conhecida como uma das principais integrantes do movimento grunge de Seattle do começo da década de 90 - a banda não passava pelo Brasil desde 1993 e sob forte chuva, coube à banda o desafio de afastar o fantasma de Layne Staley e apresentar para o público brasileiro o vocalista Willian DuVall, que não decepcionou.  Destaque para “Rain when i die”, música que deu um tom mais poético à chuva que não parava de cair em Paulínia.


 Chuva





Como era esperado, a chuva judiou o público nos dois últimos dias do SWU e, curiosamente, a organização do evento, em entrevista coletiva na noite de segunda, afirmou que não havia lama no festival. Que o digam aqueles que voltaram para casa com lama até os joelhos depois de assistirem aos shows no palco New Stage, cuja pista era um espaço gramado.


Megadeth




Dave Mustaine e cia iniciaram o show no palco Consciência com "Trust" e emendaram "Wake Up Dead" na sequência. As rodas começaram a abrir e o bate cabeça contagiou mesmo aqueles lá no fundo da pista. Assim que terminou "Hangar 18", Mustaine caminhou no palco, de lado a lado, aplaudindo o público e fazendo reverências, como se de repente ele fosse o fã e o público seu ídolo.

Depois de cumprimentar a platéia e dizer o quanto era bom estar ali, Mustaine perguntou se o público reconhecia a canção seguinte. "A Tout Le Mond" foi recebida aos gritos logo nos primeiros acordes.

As canções mais antigas, clássicos do heavy metal como "Sweating Bullets", "Symphony of Destruction" e "Peace Sells, But Who's Buying", foram as que mais provocaram reações efusivas na platéia. Mas a nova "Public Enemy no. 1" também agradou. Para o bis, a banda escolheu nada menos que "Holy Wars", sempre alucinante ao vivo, e encerrou seu curto show de uma hora de forma apoteótica. Lembrei com carinho da Silvinha Schroeder e do Eric Coutinho, casal lindinho e minhas "coisa fina dus paraná", moradores ilustres da "Pequena Londres" e que, provavelmente, levitaram. ;-)

*
O Duran Duran encantou e remeteu-nos há um tempo bom demais.

O SWU é infinitamente mais bem organizado e interessante que o Rock in Rio. Palavra de carioca desiludido com a Medina Family. Esses porcos burgueses daqui gostam muito sim...de dinheiro.

* O prazer me chama...Keith Jarrett in the rain


Peter Gabriel no SWU



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A poesia da chuva


Dias de Chuva
Por Antonio Siqueira



Image_@luabela





















Procuro teu colo
Teu olhar
Tuas mãos
O chocolate quente
Um verso na viola
-Beijo de amor-
Tua boca
Tua voz
Amamos mais nos dias de frio?
De chuva?

Não.

A chuva é que te deixa mais bonita.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Notas e notáveis

Palhaçada

Não costumo mencionar esses tipos aqui neste espaço que prima pela qualidade e pelo bom gosto, mas essa palhaçada da dupla Zezé de Camargo e Luciano não passa batida e vem provar o quanto é piegas e sandia a opinião pública no cenário atual da musica brasileira. Tornar público esse teatro nauseante de brigas dos filhos do pobre Francisco chega ser deprimente. As vendas, provavelmente, devem estar em fase de entressafra e a saída é sempre essa: apelar para a comoção publica com chorumelas deste tipo com direito à internação hospitalar e intervenção Global. Lamentável!  


Você vai ao SWU?


Se vai, prepare-se, pois  pode chover e muito na semana do festival. Uma pena, pois o festival é bem mais interessante que o Rock i Rio. Paulínea, a cidade que sediará o SWU Music and Arts Festival daqui a menos de duas semanas foi atingida por uma forte chuva neste final de semana. Rajadas de ventos de aproximadamente 90 km por hora derrubaram parte da estrutura montada para o festival no Parque Brasil 500, em Paulínia, interior paulista.

Segundo nota dos organizadores do evento, o prazo de conclusão das obras para o festival não será alterado.



Amy Winehouse: Álbum póstumo com inéditas


Amy Winehouse, que faleceu em julho, terá um disco póstumo a ser lançado ainda neste ano. De acordo com o site inglês NME, o álbum será intitulado “Amy Winehouse Lioness: Hidden Treasures” e chegará às lojas no exterior em 05 de dezembro, contando com a produção de Mark Ronson e Salaam Remi usando faixas que a cantora não havia finalizado.

O disco conta com 12 canções, incluindo ‘covers’ de “Will You Still Love Me Tomorrow”, do The Shirelles, “A Song For You”, de Donny Hathaway, e “Our Day Will Come”, do Ruby & The Romantics.

A compilação trará também versões alternativas de alguns dos trabalhos anteriormente lançados por ela, como uma versão demo de “Wake Up Alone” e versões mais lentas de “Tears Dry On Their Own” e “Valerie”.

As faixas inéditas do álbum contam com “Halftime” e “The Girl From Ipanema”, gravadas durante as sessões do álbum “Frank”. Cada libra (cerca de R$ 2,70) de cada cópia vendida do álbum vai para a Amy Winehouse Foundation.

Confira a ‘tracklist’ abaixo:

01. Our Day Will Come
02 . Between The Cheats
03 . Tears Dry
04 . Wake Up Alone
05 . Will You Still Love Me Tomorrow
06 . Valerie
07 . Like Smoke
08 . The Girl From Ipanema
09 . Halftime
10. Best Friends
11. Body & Soul
12. A Song For You


O prazer me chama...Aceita um café?

O vídeo de hoje é um beijo no bom astral, apesar do clipe ser um tanto soturno:



Sting - Fields of Gold


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um poema ainda existe e fala de saudade




Também sentimos saudade do que não existiu 
Por Antonio Siqueira



By Space Blog




















A ausência diminui as paixões medíocres e eleva as paixões verdadeiras
Assim como o vento apaga as velas,
Mas atiça as fogueiras.
A ausência torna o coração mais amante.
A saudade precisa da distância para crescer.
Debruço-me na sua ausência
Como se o vazio fosse dotado
De ombros largos
Cor
Calor
E pudesse me ouvir ao relento a roçar o ponto mais sensível
Da imensa falta que você me faz.
Conservar algo que possa recordar-te
Seria admitir que eu poderia esquecer-te.
Também temos saudade do que não existiu...
E dói bastante.


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O atestado de óbito da invenção literária


Para onde ia James Joyce?
 Por Antonio Siqueira




      Depois que James Joyce escreveu aquele monumento literário chamado Ulisses era natural que criasse, ao mesmo tempo, uma via de mão única. É extraordinário que o romance inaugural de um novo modelo de prosa é o mesmo que decreta o início e o fim de si mesmo. Para os outros era impossível imitá-lo ou tê-lo como manual do romance moderno; para Joyce, ou se superava enquanto escritor ou decretava a morte pública através de uma experiência radical de linguagem. E veio Finnegans Wake, “the illegible book.

Finnegans Wake é o atestado de óbito da invenção literária cuja causa mortis só era conhecida por Joyce, a mãe em estado puerperal. Já li e ouvi que Finnegans Wake não era um livro para ser lido. Alguns afirmam que aquilo sequer podia ser considerado uma obra literária, tamanho o delírio, tamanha a transgressão. Em carta, Joyce confessou seu desejo em voltar a escrever um romance na forma tradicional. Como imaginar o resultado literário do livro que sequer chegou a ser escrito depois dessas duas experiências abissais (Ulisses e Finnegans Wake)?

      Num exercício de imaginação posso tentar uma aposta provocadora: sem a preocupação com a forma iria direcionar seu talento para a história e para os personagens. Mas ao escrever isso desvalorizo o trabalho de artesão feito por Joyce em Ulisses na construção e condução dos personagens e da história. Como seria o último livro do Joyce? Um Ulisses sem os experimentos? Um Dublinenses mais maduro e ainda melhor escrito? Será que Joyce, mesmo que não tivesse morrido, continuaria a escrever?

Perguntas sem respostas são igualmente interessantes e inúteis.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um poema ainda existe


O Beijo da Poesia

    Por Antonio Siqueira


@image_antonio_siqueira























O beijo da poesia vem com cheiro de mar
Te falei do meu amor
Escrevendo nos muros da cidade
Frases que paravam o trânsito
Os transeuntes
E o movimento das marés.

Descobri que os poetas vagam
Que os traga a noite
E tussa-os como um Hollywood mal fumado
- A noite e seus vagalumes mortos -
A manhã traz bem-te-vis viciados
E pardais delinquentes.

Quero ouvir o som que brota dos teus cabelos negros
Quando o vento
- Enfurecido de paixão -
Beija a terra
Tórrida de desejos cataclísmicos
Sonhava eu com Deuses e trovões em tardes de verão.

Meu caminho livre
Às margens de um rio
Calmaria que me conduz aos olhos mansos da fera
Que aguarda ansiosa
O momento de devorar-me.


Foto: Antonio Siqueira

20/02/2011 Barra de Guaratiba-RJ

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Um poema ainda existe e está muito além do longe

Longe
 Por Antonio Siqueira


Foto: Dayana Fontenelle























Nasci para te amar
É a minha única certeza
Sigo o sol
As folhas das vinhas do Pacifico
Mar que não é calmo
Oceano de frias correntezas
Mas que se aquece ao sentir seu toque
E ao tocar o mar, toquei o teu corpo
Em terra
Me fiz raiz
Arvore, fruto e flor
Separei com as mãos o teu coração da terra úmida
Tuas entranhas
Tua boca
Teu sorriso
Paralelo constante dos meus dias
Nasci tarde
Pois quando me fiz homem
Tu já eras a mãe de todas as manhãs
Aprendi a amanhecer sem os teus cabelos em meu rosto.
Nasci para te amar
E a minha única certeza
É a de que o meu sono vela o teu
Mesmo longe
Jamais me sentirei só
Até o último pulsar.


Foto: Dayana Fontenelle

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Um poema ainda existe a revelar sonhos belos


Beautiful
Por Antonio Siqueira





















Com coisas belas, sonhei a vida inteira
Mulheres
Paisagens
O som dos pássaros
Fazendas 'Vangogueanas'
A serra rasgando o horizonte, maciça... Imponente
O “sim” do amor
Poemas espalhados na mesa do chá das cinco
Alguém sorri na janela
Como uma tela
Um esboço de Vincent
sonhava sim,
Mas não esperava ela
Vestida do sol da tarde.
Não era tarde, era cedo demais
Meus olhos eram como dois girassóis enchendo o ambiente
De um amarelo surreal
Era ela sim!
Natural
Era o mar
A brisa
O sonho
Poderia a lua descer do seu pedestal cósmico
 E me beijar desvairada e perdida de amor
Poderia Deus ralhar com vontade
A vontade do amor seria plena
E eu viveria para sonhar com coisas belas.

sábado, 8 de outubro de 2011

Um poema ainda existe

Dezembros
Por Antonio Siqueira
o visual do pensamento










Assim como a lua perfaz meu caminho
Replica minha alma que já foi doce, porém mais prudente
Os olhos da fera refletem nos meus
Contente
Sorrindo
Amo teu riso
Teus olhos
Minha lágrima afoita de medo e desejo
Rogo à lua que te traga
Mas que venhas sim
Com a paz das marés de abril
Trazendo flores de maio
Que durem por eternos dezembros


*English Version

Decembers


Just as the moon makes my way
Replica my soul, which was sweet, but more prudent
The beast's eyes reflected in my
happy
smiling
I love your laugh
your eyes
My tears of fear and desire reckless
I pray that they bring you to the moon
But rather that thou mayest
With the peace of the tides in April
Bring May flowers
That last for eternal Decembers.



*Music: 'Mirante' by Daniela Starling


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Notas e notáveis - Um Numero 100 muito especial

Numeros


      O Rock In Rio acabou. Foram 7 dias de festival que trouxeram artistas de variados estilos incluindo veteranos como Elton John e Stevie Wonder, estrelas pop como Rihanna e Shakira e pesos pesados como Metallica e System of a Down. Confira alguns números da quarta edição do Rock In Rio no Brasil.

- Mais de 160 atrações musicais nos sete dias de evento;

- Ingressos esgotados: 700 mil ingressos vendidos;


















- Área Vip recebeu 4 mil pessoas diariamente;

- Até sexta-feira (30) cerca de 24 mil pessoas já tinham passado pela Roda Gigante do Itaú e da Prefeitura, quase 21 mil pela Montanha Russa da Chilli Beans, em torno de 4 mil pela Tirolesa da Heineken e cerca de 7 mil pelo Free Fall do Bis.

- No primeiro fim de semana de shows, o canal oficial do Rock in Rio no YouTube atingiu a expressiva marca de 4 milhões de visitas;

      - Usuários de mais de 200 países acompanharam, ao vivo, via YouTube, artistas como Metallica, Red Hot Chilli Peppers e Kate Perry. O show do Metallica, um dos mais aguardados, bateu recorde e foi o festival mais visto de toda a história de transmissões da comunidade de compartilhamento de vídeos, que inclui festivais internacionais como Lollapalooza e Coachella;

      - Até a manhã do domingo (2), o impacto causado pelo Rock in Rio em mídias sociais atingiu 150 milhões.

      - Apenas no primeiro fim de semana do evento foram vendidas 25 mil camisas oficiais, sendo 12,5 mil com os dizeres “Eu fui” e outras 4 mil com os logos das bandas que se apresentaram, 10 mil chaveiros e 20 mil squeezes personalizados.



Novidades para o SWU

Lynyrd Skynyrd









     


     

      A organização do SWU acaba de anunciar duas aguardadas atrações: Lynyrd Skynyrd, uma das mais influentes bandas do ‘southern rock’, pela primeira vez no Brasil; e Hole, banda liderada por Courtney Love, também inédita no país. As duas bandas se apresentam no dia 13 de novembro.

     O Lynyrd Skynyrd é uma das mais antigas bandas de rock americanas ainda em plena atividade, conhecida por hits como “Sweet Home Alabama” e “Free Bird”. Ganhou notoriedade nos anos 70, tendo sido formada em 1964, na Flórida, quando Ronnie Van Zant, Robert Burns, Gary Rossington, Larry Junstrom e Allen Collins se juntaram para fazer música.

      Hole é uma banda norte-americana de rock, formada em 1989 por Courtney Love e Eric Erlandson. Em outubro de 91, Courtney começou o relacionamento com Kurt Cobain, um mês antes da banda iniciar sua primeira turnê pela Europa. Os anos seguintes foram anos de sucesso para o Hole e de dramas na vida pessoal da cantora, culminando com o suicídio de Cobain em 94.



O numero 100 e um reecontro especial


Moniquinha
Este blog chega ao centésimo seguidor. Eu andei brincando dizendo que o Numero 100 ganharia um brinde, só que eu ganhei este brinde e acredito que ela também. A jornalista Mônica Torres é uma das referências de coisas muito boas, muito especiais em minha vida. Uma amiga para todas as horas, uma companheira que, por motivos de trabalho (e o trabalho desta jovem é duríssimo e de uma nobreza que foge do convencional), precisou se afastar. Monica têm dois filhos lindos, duas maravilhas. Quanta saudade!

O amor está para amizade como o sol e a chuva estão para a terra. Monica é vida, é amor em estado bruto! Uma espiritualidade que desconhece limites, é luz pura e dona de um sorriso que toca a alma. Monica, minha irmã, são 100 motivos para dizer aqui o quanto tu fostes e és fundamental para o equilíbrio do astral. Seja bem vinda a este espaço que ama a arte e quem faz arte.

      O vídeo de hoje é com a musica de Oswaldo Montenegro. Fomos a tantos shows deste poeta controverso, não é mesmo minha amiga?


Metade - Oswaldo Montenegro



terça-feira, 4 de outubro de 2011

My place is good music


Sabor de mundo

Por Antonio Siqueira



     











     

      Não devo ter sentido nada parecido com o som de outras bandas. E olha que tenho 42 anos e 11 meses, passei por fases musicais que me remeteram ao pop, como qualquer adolescente ou jovenzinho sonhador. Por mais que se apurem os gostos, as inclinações musicais, a minha sempre foi essa universalidade, esse sabor de mundo incomparável que invade, das culturas mais primitivas, à guitarra furiosa de um virtuose, de um gênio aloprado, um som mais pesado, uma sinfônica impecável, a voz inesquecível e sublime; A simplicidade.

      O Coldplay é a prova de que a simplicidade é linda. Os quatro rapazes não são os músicos mais virtuosos e “animais” do cenário mundial, mas se alinharam harmoniosamente ao contexto pop. Um fenômeno que dura 10 anos com uma aceitação imensa, um som simples, com um rock tecno-apurado e belas baladas para relaxar o espírito e a mente. De fato, há tempos não me sentia tão bem, tão vivo e altivo com o som de uma banda. Piegas ou não...Esses momentos de paz são gratificantes, e ao mesmo tempo, não têm preço.

      O Rock in Rio teve o excelente som do Sistem of a Down, a “Majestade” de Steve Wonder, a voz maravilhosa e a beleza de Joss Stone, o Caos Imperativo o Slipknot, o metal saudosista do Moto Head, o belíssimo show do Capital Inicial, o maravilhoso tributo ao Renato Russo e o carinho sonoro do Coldplay. O som desses garotos me é, por demais, especial por N motivos e talvez seja o amor que me fale com a autoridade que lhe é conferida... E o Chris Martin é bonito demais de se ver e ouvir.

      O Arte Vital disponibiliza um vídeo completo do Youtube com o mais belo show deste festival cheio de contrastes, mas que acabou colocando de vez o Brasil no roteiro dos grandes espetáculos musicais que correm mundo a fora:


English Version

Flavor World


There must have felt nothing like the sound of other bands. And look I have 42 years and 11 months, I went through phases of music that I forwarded to pop, like any teenager or young man dreamer. As much as it is established tastes, musically inclined, this has always been my universality, this unique flavor that pervades the world, the more primitive cultures, with a furious guitar virtuoso, a genius of nutty, a heavier sound, a symphonic impeccable, the unforgettable voice and sublime; simplicity.

       Coldplay is proof that simplicity is beautiful. The four boys are not the most virtuous musicians and "animals" on the world stage, but harmoniously aligned to the context pop. A phenomenon that lasts 10 years with great acceptance, a simple sound, techno-rock with a refined and beautiful ballads to relax the mind and spirit. In fact, there are times I do not feel so good, so alive and proud with the sound of a band. Hokey or not ... These are rewarding times of peace, and at the same time, are priceless.

       Rock in Rio was the excellent sound of "Sistem of a Down", the "Majesty" by Stevie Wonder, the wonderful voice and beauty of Joss Stone, Chaos Imperative Slipknot nostalgic Moto Metal Head, the beautiful concert Home Capital Inicial, the wonderful tribute to Renato Russo and affection sound of Coldplay. Their sound is my kids, too, especially by N motives and perhaps the love that I speak with the authority conferred on it ... And Chris Martin is too beautiful to see and hear.

       The Arte Vital offers a full video on YouTube this festival the most beautiful show full of contrasts, but rather just putting Brazil in the script of the big musicals running in the outside world:



Coldplay Rock in Rio 2011
(Full Concert)