sábado, 30 de março de 2019

A Presença Iluminada de Juca TerraNova no Cultura Em Ação Vídeo #13


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Cultura Em Ação #13, Ives Pierini entrevista uma das vozes mais bela do Rio de Janeiro. Juca Terra Nova, cantor de voz celestial, violonista e compositor de canções magníficas (que certamente marcariam presença na história do cancioneiro popular brasileiro se o mercado não fosse tão vazio de ideias), fala de sua carreira, das suas influências e, claro, de suas belíssimas composições. 











Faça o bem, doe cultura


quarta-feira, 20 de março de 2019

CULTURA EM AÇÃO VÍDEO #12 (Fernando Barreto)




Cultura em Ação é uma realização de Ives Pierini



No décimo segundo vídeo da série CULTURA EM AÇÃO, apresentada por Ives Pierini, a conversa é com o super talentoso guitarrista, vocalista, compositor e fundador da banda Black Dog Brazil, Fernando Barreto. Esta fera fala um pouco da carreira da Black Dog e anuncia algumas novidades que vêm por aí.




terça-feira, 19 de março de 2019

Intelectuais Acadêmicos do Imbecilismo Contemporâneo


Por Antonio Siqueira



     Não há ideias e sociedades perfeitas. É certo que se deve buscar uma sociedade mais igualitária (a igualdade absoluta é uma fantasia, porque o mundo é movido pelas desigualdades profundas entre os indivíduos), mas não se deve mexer nos textos de escritores, ainda que se discorde profundamente deles.

     Histórias complexas, difíceis de aceitar, por vezes são registros de uma época, de visões de mundo cristalizadas num período. Mudá-las, para que se adequam aos novos tempos e às ideias aceitas, além de desfigurá-las, é falsificar como se pensavam e se comportavam os homens de ontem (e, em alguns casos, de hoje). O racismo da época de Monteiro Lobato vai deixar de ser racismo porque sua obra foi modificada? Não vai, é claro. As editoras devem deixar os textos como foram escritos. Quem não gostar, por um motivo ou outro, que não os leia.







       Intelectuais acadêmicos, alguns deles respeitáveis, quando defendem mudanças na obra de Monteiro Lobato e até vetos a determinados trechos (em “Caçadas de Pedrinho”, por exemplo), não percebem que se comportam como se fossem ditadores e como a liberdade de expressão não fosse uma exigência das sociedades democráticas. O ditador soviético Stálin tinha o hábito de retocar fotografias, para se colocar nos centros dos acontecimentos históricos, e de excluir adversários das fotos e dos livros, como se tais indivíduos não existissem. Querem fazer o mesmo com Monteiro Lobato, “limpando” a história e seus livros? Querem construir uma história e uma literatura perfeitas, de boas ações? Se querem, o que querem mesmo é matar a literatura. Stalin matava opositores e queimava livros. Enfatizando aqui que os rumos tomados pela União Soviética, sob a liderança de Stálin, eram visivelmente contrários ao que pregava o socialismo. Com isso, é possível reconhecer que a crise do socialismo soviético corresponde à crise de um regime afastado daquilo que ele dizia representar. O Brasil não precisa e nunca precisou de regimes ou posicionamentos para tratar mal a sua cultura.

      Reescrever obras literárias, para dotá-las de um espírito politicamente correto, é uma atitude stalinista. É um assassinato cultural. Deixem Monteiro Lobato em paz. Ou melhor, deixem as crianças escolherem, porque, rebeldes por natureza, não aceitam totalitarismos de alguns adultos e se divertem — como eu me diverti quando menino — com a prosa divertida, inteligente e livre do escritor. O racismo “de” Monteiro Lobato está sendo “expandido”, não por leitores qualificados (as crianças são), e sim por maus leitores, intelectuais que forçam a literatura a dizer o que não querem dizer, nunca disseram e não estão dizendo.





sexta-feira, 8 de março de 2019

Não caberão parabéns no dia 8 de março até que seja reparada toda a desigualdade entre homens e mulheres

Por Élida Ramirez 

















Estamos no final da segunda década do século 21, onde habitava o sonho de um futuro mais justo, mas o passado opressor ainda é presente na vida de milhões de mulheres. Mais de um século de luta organizada não foi suficiente para mudar a mentalidade de parte da sociedade, dependente do demérito feminino. A maioria das brasileiras ainda tem piores condições de desenvolvimento desde o nascimento e vive espremida por mais e mais exigências de performance. Das piadas aos assassinatos, passamos por abusos, assédios e estupros, e a banalização desses comportamentos não mente: o Brasil ainda é severamente machista e violento conosco. Infelizmente!Não precisamos estar de burca ou ser apedrejadas por desobediência para sentir a barbárie em nossas peles.

 Por aqui, ela começa com sutileza na infância, quando se presenteia as meninas com panelinhas e vassouras e os meninos com pipas e aviões — brinquedos que denunciam as possibilidades de cada papel. Muitas vezes, as meninas são condenadas a ser exclusivamente cuidadoras. Da casa, dos homens da família, dos mais fracos e de todas as necessidades do entorno. Exceto delas mesmas. Por outro lado, aos meninos é oferecida a chance de viver seus voos, naquele céu lúdico e no seu real, empinando sonhos. Nasce desse descuido uma possível educação sexual castradora para elas x caçadora para eles.

Infligem obrigações às fêmeas humanas. E restringem o universo de descoberta e prazer ao mundo masculino, sob o pretexto do bem-estar geral. Eu me pergunto ao bem-estar de quem, já que estar imersos e adormecidos nessas noções à la Crime e Castigo adoece todo mundo. 
Na vida adulta, seguem o massacre. Magras ou gordas. Inteligentes ou alienadas. Resolvidas ou problemáticas. Empresárias ou mães. No casamento, por favor, todo cuidado é pouco! Podem trocar você por alguém mais recatada e do lar, hein? Rótulos de um 8 ou 80 desrespeitoso, que a ninguém protegem. E quando a gente acha que o pior dos cenários é ocuparmos o ranking do quinto lugar em feminicídios no mundo, apesar de todos os avanços do feminismo, uma Ministra da Mulher usa de seu cargo para defender costumes que reduzem pessoas a rosa e azul e potencializam o risco do rico diverso.
 
Atitudes assim prestam o desserviço de seguir repetindo, a essa altura do campeonato, que a mulher nasceu para ser apenas a dona da casa grande, enquanto tentam garantir que residamos eternamente na senzala. Apreciando maus tratos. Sendo escravas de ideias alheias. Encenando corretamente papéis que não necessariamente desejamos. Para a senhora ministra e a todos que tentem se adequar a um manual de existência, aqui vai o meu recado: sejam o que quiserem. Apenas não sigam a obrigação de nenhum modelo. Isso é aviltante. Amordaçador. Pessoalmente, escolho seguir em luta, apesar dos riscos.

Daí penso em quantas Marielles perderam suas vidas por ousarem ser mulheres, pretas, pobres, lésbicas e, o mais ameaçador, corajosas. Sinto medo, passeio por uma desesperança que quase me rouba para sempre. Mas é na revolta com tais descabidas noções que percebo que resistir ainda é o melhor caminho. Aprumo meu corpo e sigo. Tenho avós, mãe, tias, primas, amigas. Uma filha pequena. Sinto irmandade com as manas e monas. E, por tudo isso, não admito um futuro tão limitador para elas. Nem para mim.
Não me ofende que estabeleçam um Dia Internacional da Mulher. Apenas entendo que o calendário não é um aniversário coletivo feminino, pois a construção histórica dessa data refere-se aos protestos pelas más condições enfrentadas desde sempre pelas mulheres.

 E serve de lembrança das conquistas políticas e sociais como combustível para seguir avançando em busca de direitos iguais aos dos homens. Tomo emprestadas as palavras da socióloga Eva Blay, uma das pioneiras nos estudos sobre os direitos das mulheres no País, para encerrar no texto uma discussão que deve ser permanente: “Esse dia tem uma importância histórica porque levantou um problema que não foi resolvido até hoje. A desigualdade de gênero permanece. As condições ainda são piores para as mulheres. Já faz mais de cem anos que isso foi levantado, e é bom a gente continuar reclamando de modo organizado e combativo, porque os problemas persistem. Historicamente, isso é fundamental”.
Por isso, amigos, mesmo que seja boa a intenção, não me venham com bombons, flores ou homenagens vazias. Não caberão parabéns no dia 8 de março. Até que seja reparada toda a desigualdade entre homens e mulheres.
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