segunda-feira, 21 de dezembro de 2015


Com a cabeça cheia de sonhos,
Coldplay chega ao 7º álbum

 Por Antonio Siqueira




"Uma cabeça cheia de sonhos" é o novo disco da banda inglesa

















Os ótimos ingleses do Coldplay atingiram um patamar de fama e reconhecimento na cena musical mundial que é incontestável. Fenômeno de força comercial que eu, na minha santíssima ignorância, comparo sem problemas aos Beatles. Mas a banda não é unanimidade ( assim como o quarteto de Liverpool também não era): há quem goste e há quem deteste. Há também quem não dê a mínima.

Com o lançamento deste que é o sétimo álbum de estúdio da carreira, "A Head Full of Dreams", o grupo deverá manter sua enorme base de fãs, mas provavelmente não irá converter ninguém que não se interesse por sua música. O álbum é bom, melhor que o antecessor.

Enquanto "Ghost Stories" (de 2014) refletia um conturbado momento na vida do vocalista Chris Martin - que havia se separado da atriz Gwyneth Paltrow -, "A Head Full of Dreams" traz uma vibe muito mais pra cima, como indica seu título.

Mas isso não significa uma mudança no direcionamento musical do Coldplay. A música continua a mesma: aquele pop muito bem produzido, obrigado, que a banda sempre fez. A produção do disco ficou mais uma vez nas mãos de Rik Simpson, que trabalhou com a banda em "Ghost Stories", "Mylo Xyloto" e "Viva la Vida or Death and All His Friends". O duo norueguês Stargate também colocou seu talento na produção do álbum.

O novo disco traz 45 minutos que se desdobram em 11 faixas - ou 12, se você contar a "X Marks the Spot" escondida na bela "Army of One". É tempo suficiente para incluir algumas estrelas fazendo participação especial: tem Beyoncé, Noel Gallagher, Tove Lo e até o presidente norte-americano Barack Obama - ele está em um sampler, na faixa "Kaleidoscope", cantando um trecho de "Amazing Grace".

A diva pop está em duas faixas. Em "Hymn for the Weekend", sua voz inconfundível abre a música e Beyoncé, numa performance discreta, faz um dueto interessante com Chris Martin, coisa que fará falta quando a música for tocada ao vivo - já que é óbvio que a cantora não irá acompanhar a banda em turnês.

Na longa "Up&Up", que encerra o repertório depois de quase 7 minutos de duração, Beyoncé também aparece. Mas ao lado de Annabelle Wallis, Merry Clayton e mais um coro de vozes, sua participação se torna dispensável - poderia ser qualquer outra cantora em seu lugar. Nessa mesma faixa está Noel Gallagher e é ele quem 'salva' a música da mesmice. É seu solo, especialmente, que dá uma empurrada na música para fora do óbvio.

A já citada Gwyneth Paltrow também faz uma ponta em "A Head Full of Dreams", na faixa "Everglow". Um dos pontos altos do álbum, a música conduzida pelo piano traz um ar levemente melancólico - comparada ao restante do repertório - e a impressão que fica, considerando a letra e a participação da ex-mulher na faixa, é de que Chris Martin superou qualquer "hard feeling" com relação à atriz.

De maneira geral, "A Head Full of Dreams" é um bom disco, o que é uma ótima notícia para os muitos fãs do grupo. Mas é também mais do mesmo e eventualmente o Coldplay corre o risco de parecer um genérico de si mesmo.




O Vídeo Oficial



quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O show de David Gilmour por Robson Nazareth


Palco I

"Com o violão em mãos, Gilmour dá boa noite e toca as primeiras notas de "Wish You Were Here", o que causa uma avalanche de emoções (basta uma simples olhada para os lados para ver homens e mulheres de todas as idades derramando lágrimas). "A Boat Lies Waiting" e "The Blue" conduzem o show até chegar a sequência floydiana de clássicos "Money", "Us and Them". Depois "In Any Tongue", e então mais um clássico, "High Hopes", com belíssimos solos, finalizando a primeira parte do show.

Após pausa de aproximadamente 20 minutos, Gilmour presenteia os fãs de Syd Barret com "Astronomy Domine", que, com o auxílio do telão, nos transporta ao início de tudo: ao mais experimental, lisérgico e psicodélico Pink Floyd. Depois, a não menos esperada "Shine On You Crazy Diamond (I-V)", outro momento que emociona a todos.
Palco II

Para recuperar o fôlego, mais um Floyd, "Fat Old Sun", com uma bela iluminação alaranjada para caracterizar o Sol, seguida de três músicas da carreira solo do guitarrista: "On an Island", "The Girl in the Yellow" e "Today".

Fechando a segunda parte em grande estilo, mais duas pérolas: "Sorrow" e "Run Like Hell". Após breve pausa, a banda retorna para o bis, que tem os petardos "Time"/"Breathe (Reprise)" e "Comfortably Numb", acabando com o pouco de energia que restava aos praticamente hipnotizados e contentes fãs. Ao final, com o público deixando o estádio, é possível ouvir vários grupos comentando e desejando: que a primeira vez de Gilmour no Brasil não seja a última."


Palco III

Por Robson Nazareth 
(Robson Nazareth é carioca radicado em São Paulo há exatos 20 anos, Guitarrista, Corretor de Valores, casado com Gisele Reis Nazareth, pai de Aiana Reis Nazareth e amigo deste blogueiro que vos traduz este post. Robson narrou o final do antológico show de David Guilmour no Alianz em São Paulo.)



Palco IV




 O Show

domingo, 30 de agosto de 2015

A verdadeira carência do homem brasileiro contemporâneo

Por Antonio Siqueira

Solução e Vitória






















Se formos buscar nos Evangelhos algumas réguas para aferir os valores segundo os quais nos devemos conduzir, veremos que a régua da caridade, do zelo pelos mais necessitados, serve como medida do amor a Deus. Nenhum cristão negará essa realidade ao mesmo tempo material e espiritual. No entanto, o pobre dos Evangelhos é, principalmente, o carente de Deus. E é também, entre muitos outros aspectos, o materialmente pobre, o necessitado de afeto, de justiça, de liberdade, de oportunidade. Desconhecer isto é uma primeira e muito comum perversão do sentido evangélico da palavra “pobre” e da situação da pessoa humana a ela correspondente.

Infelizmente, muitos alegam encontrar, nos Evangelhos, inspiração para uma visão sociopolítica do pobre. O pobre das Escrituras, nessa hipótese, não seria uma pessoa concreta, mas uma classe social. Mais um passo, e ele muda de nome, tornando-se o “excluído da teologia da libertação. É fácil perceber onde se quer chegar com a substituição do vocábulo por um suposto sinônimo.

Dizer-se “excluído” implica a ideia simétrica do “incluído”, ou seja, de alguém que ocupou determinado espaço e rejeita a presença do outro. É o que sugere Lula, por exemplo, cada vez que coloca um suposto pobre num suposto avião e diz que os demais passageiros, supostamente, não o querem ali. Não há limite para a demagogia do multimilionário Lula. E não há limite para a malícia sociopolítica, supostamente religiosa, da teologia da libertação. Esta é uma segunda perversão envolvendo o mesmo conceito.

Uma terceira corresponde ao culto à pobreza material como um bem em si. Nessa perspectiva, muito comum, tudo se passa como se o empenho individual ou coletivo para sair de uma situação de carência material em direção a uma vida com maior dignidade e bem-estar fosse desvio de finalidade da existência humana e não um bem a ser buscado. Afirmo, aqui, o oposto: o ser humano não foi criado com tantos dons físicos, espirituais e intelectuais para se nutrir num pomar e se vestir com folhas de parreira.

Uma quarta perversão – e talvez a socialmente mais maléfica – é a que procura enfrentar a pobreza mediante políticas e sistemas econômicos que a conservam, reproduzem e aprofundam. Refiro-me ao igualitarismo percebido como ideal de vida social, cujos péssimos resultados se tornam nítidos nas experiências comunistas. Em nome da igualdade, mata-se a riqueza na sua fonte. Solapa-se a iniciativa dos indivíduos e das comunidades. Cerceia-se a liberdade de criação, condena-se o mérito e planeja-se a mediocridade. Se a igualdade é o objetivo, a pobreza de todos não perturba os adeptos dessa estranha ideologia que se diz protetora e defensora dos pobres.

A sociedade contemporânea já demonstrou, com excesso de evidências, que o modo mais eficiente de promover o desenvolvimento social, sem prejuízo da caridade, da solidariedade e do amor cristão ao próximo, exige: zelosa formação de recursos humanos, através da educação; inserção dos indivíduos de modo eficiente na vida social, política e econômica; segurança jurídica e atividades produtivas desempenhadas em economia livre, de empresa. Só são contra isso os que têm mais ódio ao materialmente rico do que amor ao materialmente pobre. Cegos pela ideologia, semeiam o que dizem combater: pobreza material e crescentes desníveis sociais.

No Brasil, temos uma assustadora e tenebrosa média de apenas 5% de resolução de homicídios. Nos Estados Unidos, este número é de 65%. No Reino Unido sobe para 85%, Nosso índice é ridículo, estamos no país da impunidade. Mas quem se interessa?




Nota: *Quando ouço (ou leio) um petista reverenciar o assistencialismo, me convém resgatar Rousseau, que no Pacto Social observa que “o homem abdica da sua condição natural de liberdade para viver em sociedade, e sob a sua proteção. Mas, a sociedade organizada em Estado, e este, sem realizar a sua função precípua, violenta e escraviza o homem, trazendo a sua infelicidade. Assim , precisa o Estado fazer valer o seu poder, variando a forma conforme as condições, para resguardar os direitos subjetivos do cidadão, perfazendo o bem comum e promovendo a paz social.” É preciso dar informação e conhecimento ao conjunto da sociedade para que haja a formação de uma consciência política, moral, ética, e responsável, permitindo ao cidadão e eleitor desestimular essas práticas assistencialistas com atos consequentes e voto qualificado. Isso tudo só acontecerá com profundas mudanças na orientação dos investimentos públicos para que beneficiem a população, permitindo acesso à informação e a condições de vida com dignidade e autoestima elevada.



A cronica de hoje tem música.
Tudo a ver com a temática; Milton Nascimento, "Credo" de Milton e do saudoso Fernando Brant.  Do álbum Clube da Esquina nº2 de 1978.






Charge "Educação": Mr Rios

quinta-feira, 30 de julho de 2015

A Ciência, a Bíblia e Outros Infernos: Uma Breve Reflexão

Por Antonio Siqueira




 a vida do lado de lá































A proibição de Moisés de contato com os espíritos dos mortos (Deuteronômio, capítulo 18) é uma das suas 613 leis mosaicas, que não são divinas. Realmente, elas são diferentes das leis divinas ou naturais dos Dez Mandamentos (Decálogo), que foram confirmadas por Jesus e que Ele até sintetizou em apenas duas: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. (Mateus 22: 38 e 39). Outra síntese de Jesus das leis do Decálogo encontra-se, também, no Sermão da Montanha ou Bem-Aventuranças (Mateus 5: 3 a 11; e Lucas 6: 20 a 23).

Os demônios são almas ou espíritos humanos dos mortos. Esse é o significado da palavra grega “daimon”, no plural “daimones”, na época em que a Bíblia foi escrita. Assim, eles podem ser, pois, demônios maus, mas podem ser também bons. Os demônios de Moisés e Elias manifestaram-se a Jesus e aos apóstolos, médiuns especiais, Pedro, Tiago e João, no monte Tabor. Não se tratava, pois, de demônios maus nem do Espírito Santo trinitário, que muito respeitamos. Com esse episódio da transfiguração, ficou também evidente que Jesus não obedeceu a essa lei mosaica de proibição do contato com os espíritos dos mortos. E Moisés proibiu esse contato porque as pessoas do seu tempo eram muito ignorantes, não estando, pois, preparadas para exercer a mediunidade e, também, porque muitos médiuns faziam comércio com esse dom mediúnico, o que gerava falsos médiuns ou falsos profetas (Números 11: 24 a 30; e 1 João 4: 1).

A citada proibição mosaica deu origem à crença errada de que não existe contato com os espíritos dos mortos. Ela foi entendida, também erroneamente, como prova de que quem já morreu jamais voltou ao nosso mundo para contar-nos como é a vida do lado de lá. E, ainda, essa mesma lei mosaica deu origem à crença de que os demônios são outra categoria de espíritos somente maus e de que apenas eles manifestam-se por meio dos médiuns, o que o espiritismo e a parapsicologia desmentiram com a ciência e a Bíblia.

Demônios

Muitos cristãos pensavam e ainda pensam que para os espíritas a comunicação é somente com demônios maus, e que para eles manifesta-se o próprio Deus que eles chamam de Espírito Santo. Que pretensão!

Se fosse verdade que somente demônios maus se comunicam com os espíritas e adeptos de outras crenças, poderíamos até concluir que Deus, então, dá apoio ao mal, permitindo que somente espíritos ou demônios maus portadores de falsas doutrinas se manifestassem!

Mas não é assim. E foi com Kardec que o mundo foi esclarecido cientificamente sobre a grande verdade de que Deus permite, sim, que tanto os maus como os bons espíritos manifestem-se. Viva, pois Kardec, que, impulsionando a espiritologia, deu um chega pra lá no materialismo, concretizando, assim, seu grande desejo.


Proibir

Pode-se concluir da proibição mosaica de Deuteronômio, capítulo 18, que é uma verdade a comunicação com os espíritos dos mortos, pois Moisés não era doido de proibir uma coisa que não existe! E eis mais um exemplo bíblico da comunicação entre os dois mundos, o espiritual e o físico: “Samuel até depois de morto profetizou” (Eclesiástico 46: 20).

Mas ainda há cristãos católicos, protestantes e evangélicos que acreditam, ou fazem de conta que acreditam, na grande mentira de que os espíritos dos mortos não se comunicam conosco! Vale mais do que nunca a filosofia existencialista de 'São' Jean Paul Sartre: "O Inferno São os Outros".




Sagrado Coração da Terra - Manhã dos 33 - 1987
                                 By Arte Vital Blog





quinta-feira, 2 de julho de 2015

Uma Canção Histórica de 2 Geraldos

Por Antonio Siqueira


Vandré: Uma vida exilada!


















Canção da Despedida” é a única parceria de Dois Geraldos, dos cantores e compositores  Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, o Geraldo Vandré, paraibano, com Geraldo Azevedo de Amorim, o Geraldo Azevedo, pernambucano.

Para entendermos melhor a letra desta música devemos saber que Geraldo Vandré foi um dos que sentiram fortemente o peso da ditadura militar. E a maior responsável por isso foi sua canção “Pra não dizer que não falei de flores”, ou “Caminhando”, apresentada no III Festival Internacional da Canção, em 1968. A canção ficou em segundo lugar (perdeu para “Sabiá”, de Chico e Tom Jobim, que receberam a maior vaia de suas vidas), mas foi cantada e recantada pelo público e chamada de a “Marselhesa Brasileira”.

O certo é que, após o sucesso estrondoso de “Caminhando”, um verdadeiro hino contra a ditadura, a vida de Vandré tornou-se um martírio. Para se ter uma ideia, Zuenir Ventura faz uma referência a um artigo revoltado de um general, publicado no Jornal do Brasil em 06 de outubro de 1968, com o militar dizendo que a final do Festival da canção contemplara 3 injustiças:

Do Júri, ao colocar a música em segundo lugar, desconsiderando a “pobreza” da letra com seus gerúndios e rimas terminadas em “ão”, sem falar da canção em dois acordes.
Do público, que vaiou “Sabiá”.

De Geraldo Vandré, que se insurgira contra “soldados armados”. Mas neste caso o general dizia que apenas essa terceira injustiça poderia ser reparada.

Antes mesmo de ser proibida oficialmente no dia 23 de outubro de 68, os discos já eram apreendidos, e Vandré vivia na paranoia de ser preso. Medo que se intensificou na sexta-feira 13 de dezembro de 1968, quando veio o AI-5, que fechava o Congresso, suprimia garantias individuais (como o habeas corpus) e fazia com que a ditadura mostrasse sua face mais horrenda.

Vandré era advogado, e sabia dos riscos que corria, passou a esconder-se, viver na clandestinidade, mesmo sem saber se ele seria preso ou não, e, como relata Dalva Silveira, no seu livro “Geraldo Vandré: A vida não se resume em festivais (FT Editora), ele passou a planejar a fuga para um autoexílio. Mas, antes de fugir do Brasil, Vandré passou um tempo escondido com ajuda da viúva de Guimarães Rosa.

No período em que estava foragido, uma das pessoas que tinha acesso a Geraldo Vandré era Geraldo Azevedo, que compunha o “Quarteto livre”, banda que o acompanhara na turnê do show “Pra não dizer que não falei de flores”, cujo título, censurado, passou a ser “Socorro – a poesia está matando o povo”.

Geraldo Azevedo disse que, para ver Vandré, tinha que se comportar “como um militante de organização clandestina; entrava num carro, mudava para outro, fazia tudo para despistar pessoas da repressão que pudessem estar me seguindo para, por meu intermédio, chegar a Vandré”.

Nesse clima compuseram em parceria, Vandré e Azevedo, a “Canção da Despedida”, cuja letra é absolutamente clara e explícita.

A primeira gravação de “Canção da Despedida” foi feita por Geraldo Azevedo no LP A Luz do Solo, em 1985, pela Polygram.



"CANÇÃO DA DESPEDIDA"
Geraldo Vandré e Geraldo Azevedo

Já vou embora, mas sei que vou voltar
Amor não chora, se eu volto é pra ficar
Amor não chora, que a hora é de deixar
O amor de agora, pra sempre ele ficar
Eu quis ficar aqui, mas não podia
O meu caminho a ti, não conduzia
Um rei mal coroado,
Não queria
O amor em seu reinado
Pois sabia
Não ia ser amado
Amor não chora, eu volto um dia
O rei velho e cansado já morria
Perdido em seu reinado
Sem Maria
Quando eu me despedia
No meu canto lhe dizia






"Canção da Despedida" com discurso em tom de desabafo de Geraldo Azevedo:


domingo, 28 de junho de 2015

O contrabaixo e o rock ficaram mais pobres



Morreu hoje um dos maiores contrabaixistas da musica contemporânea e do rock progressivo, Mr 
Chris Squire da lendária e fantástica banda Yes







             Chris Squire 
                R.I.P


Chris Squire -  Baixista e co-fundador do YES
























Chris Squire 
✰ Londres, 4 de março de 1948
✞ Phoenix, 28 de junho de 2015



quinta-feira, 4 de junho de 2015

Notas & Notáveis



Cancelamento

Sinéad O'Connor cancela apresentações na America do Sul
















A cantora e compositora irlandesa Sinéad O'Connor cancelou os shows que faria pela América do Sul neste mês de junho. De acordo com comunicado, o motivo é uma doença que acometeu o filho da artista, que tem 11 anos de idade e esta seria a primeira vez que Sinéad O'Connor faria shows no País, com apresentações agendadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A cantora trazia a turnê de seu mais recente disco, "I'm Not Bossy, I'm the Boss", lançado em agosto do ano passado.

A Opus Promoções, responsável pela vinda da cantora ao Brasil, divulgará em breve informações sobre o reembolso dos ingressos já adquiridos.




Revival



















E quando uma gravadora mega corporativista resolve desenterrar do fundo do baú um álbum de uma banda?! É o que está fazendo a Universal com "Sticky Fingers”, álbum clássico dos Rolling Stones de 1971, será relançado dia 08 de junho pela gravadora Universal, em uma série de formatos e com versões raras e inéditas das faixas de seu repertório. As pérolas desenterradas incluem uma versão alternativa de “Dead Flowers” e uma de acústica de “Wild Horses”, uma versão alternativa e estendida de “Bitch”, com alguns trechos da letra original alterados e uma versão de “Brown Sugar” com participação de Eric Clapton, que acaba de ser disponibilizada no Youtube e você pode conferir logo abaixo. De acordo com um comunicado enviado à imprensa, a gravação aconteceu durante uma festa de aniversário de Keith Richards em 1970.


Ouve aí: 









Biografia Bem Sucedida


O retorno do lançamento de “Eu dormi com Joey Ramone” foi tão bom - o livro está entre os cinco mais vendidos da Dublinense - que a editora já tem planos para novos lançamentos: “Esse filão da música é uma coisa que a gente já estava buscando fazia bastante tempo. Estávamos pesquisando. Mas não é muito simples achar coisas boas, por incrível que pareça. Teve um boom recente de publicações e é difícil achar coisas bacanas”, declarou Gustavo Faraon, o editor.


Para quem curte o The Cure
















Acaba de chegar às prateleiras brasileiras e em português, o livro "Nunca é o bastante: a história do The Cure" que, como indica o título, conta a história da banda The Cure, que está na ativa desde os anos 1970. 
Escrito por Jeff Apter, ex-editor da Rolling Stone Austrália, e lançado originalmente em 2005, o livro traz 336 páginas sobre polêmicas, curiosidades e a fama mundial da banda além de passagens pessoais sobre cada um de seus integrantes.  A obra inicia com o incidente de 1986, quando um jovem se esfaqueou pouco antes do início de um dos shows da banda em Los Angeles (EUA). Nesse link, você consegue ler as primeiras 40 páginas do livro. A edição brasileira da biografia foi feita com base na reedição atualizada de 2009. O preço sugerido pela editora, a Ideal Edições, para "Nunca é o bastante: a história do The Cure" é de R$ 44,90.



Coldplay e Peter Dinklage

O Coldplay se uniu ao ator Peter Dinklage, o Tyrion Lannister de Game of Thrones, para lançar uma música. Ela faz parte do Red Nose Day, evento beneficente norte-americano marcado para o dia 21 de maio que irá angariar fundos para crianças carentes. A música "Still going strong" foi composta pelo Coldplay e você pode conhecê-la assistindo ao vídeo abaixo. Peter Dinklage assume o microfone e canta os personagens que morreram ao longo da série televisiva. Mas Tyrion Lannister, diz a musica, continua forte.


Veja o vídeo e, abaixo, acompanhe a letra de "Still going strong".






♬♫♪♩♩ Good Autumn Good Vibrations ♬♫♪♩♩




quinta-feira, 21 de maio de 2015

Apocaliticamente Fantástico

Apocalyptica:
"Shadowmaker"


Por Antonio Siqueira



Shadowmaker 2015
 
















Foi com um misto de espanto e entusiasmo que o mundo conheceu o Apocalyptica, no já longínquo 1996, quando a banda lançou o primeiro disco, composto todo por versões de clássicos do Metallica em arranjos feitos para violoncelo. Aos poucos o que parecia ser um projeto apenas curioso se tornou uma banda consolidada no cenário metal internacional.

E se a banda precisou de uma ajudinha do Metallica para se tornar conhecida, hoje mostra que realmente conseguiu deixar seu nome encravado nessa história graças ao que lhe torna diferente, o uso dos violoncelos e contrabaixos, criando boas canções.

Neste novo disco, “Shadowmaker”, a banda não traz nenhuma novidade musicalmente falando. É o mesmo som, geralmente denso e pesado, no limiar do clássico e do metal. A principal novidade no álbum é que as músicas contam com os vocais de Franky Perez, ex-Scars on Broadway.

Perez é um vocalista competente, mas não podemos dizer que ele seja do tipo que deixa sua marca por aí ou que tenha um estilo e timbre único. Não que isso seja necessário, mas significa que a adição de um vocalista fixo, ao contrário do que a banda fez em alguns anteriores, quando vários cantores colaboravam, não deixou o som do Apocalyptica mais marcante por isso.

A edição padrão do CD traz 10 faixas, com outras três na versão deluxe. Tem momentos no disco onde aparentemente há uma certa aproximação com o metal alternativo, principalmente aquele feito e adorado nos Estados Unidos, como em “House of Chains” e na faixa-título. E aí a vontade é pular para a próxima faixa. O problema é que isto está presente em diversos momentos.

“Cold Blood”, que já ganhou uma edição em vídeo, é uma boa canção com um apelo pop. Não é das mais pesadas ou sombrias, como temos em outros momentos da banda e pode ser um convite para quem ainda não conhece a banda se aprofundar em seu material.

A primeira faixa que realmente me chamou atenção foi a lenta “Hole in My Soul”. Não que tenha nada especial, é apenas uma balada bonita com uma bela melodia principalmente após a marca de dois minutos.

“Sea Song (You Waded Out)”, com seu início melancólico, é outra faixa de destaque do repertório. Tem trechos onde parece que o peso vai ganhar vida, mas fica só na promessa e isso não é algo negativo.

Com quase oito minutos de duração, “‘Till Death Do Us Part” é outra que começa lenta, com uma beleza triste, mas esse clima vai dando espaço para passagens mais rápidas e pesadas. Poderia figurar num disco de banda de post rock. Mas ao longo da faixa ela vai mudando o clima, o que pode agradar diferentes gostos.

“Dead Man’s Eyes”, que encerra o repertório da edição padrão, também é lenta e o modo como Perez canta os versos faz lembrar algo de darkwave e gótico dos anos 80 e 90. E aí me dou conta que os melhores momentos deste disco são justamente aqueles em que a banda explora os belos timbres dos instrumentos de forma mais lenta e delicada. Melhor se seguissem esse caminho ao invés dos flertes com o metal alternativo que pipocam aqui e ali.



Confira Shadowmaker






quarta-feira, 4 de março de 2015

As SuperBandas e seus efêmeros diamantes


Por Antonio Siqueira



Dave Grohl, Mike Portnoy, Randy Blythe e Bumblefoot


















Além dos ‘revivals’, os anos 2000 trouxeram também a onda dos chamados supergrupos. O termo, que tem ganhado cada vez mais força na indústria musical, foi resgatado no início da década passada com a criação do Velvet Revolver. A banda até que durou bastante e conseguiu boa repercussão, mas na prática trazia o pessoal antigo do Guns n’ Roses, mas com o vocalista Scott Weiland no lugar de Axl.

Curiosamente, Weiland compôs e gravou recentemente com o Art Of Anarchy, supergrupo que conta com o atual guitarrista do Guns n’ Roses RonBumblefoot” Thal, além do baixista John Moyer do Disturbed, e dos irmãos Jon e Vince Votta.

Outro álbum muito aguardado é o do Teenage Time Killer, supergrupo que conta com contribuições de Reed Mullin e Mike Dean (Corrosion of Conformity), Corey Taylor (Slipknot), Keith Morris (Black Flag), Jello Biafra (Dead Kennedys), Randy Blythe (Lamb of God), Dave Grohl entre outros. O ex-Nirvana e atual líder do Foo Fighters, inclusive, adora esses projetos e já gravou com diversos deles como o Them Crooked Vultures, com John Paul Jones (Led Zeppelin), e Josh Homme (Queens of the Stone Age).

Outro que tem muitos amigos é Mike Portnoy. Ex-baterista do Dream Theater, o músico já integrou supergrupos como Liquid Tension Experiment (Tony Levin, John Petrucci, Jordan Rudess), Transatlantic (Neal Morse, Roine Stolt, Pete Trewavas) e atualmente trabalha em um novo projeto com Dave Ellefson (Megadeth) e Alex Skolnick (Testament, Savatage). Além disso, Portnoy está em turnê e gravando com o excelente The Winery Dogs, ao lado de ninguém menos que Richie Kotzen (Poison, Mr. Big) e Billy Sheehan (Mr. Big).

O baterista, é bom lembrar, já integrou o Adrenaline Mob, que tem Russel Allen (Symphony X) como vocalista. Este, inclusive, também tem uma forte rede de relacionamento na cena e, além de ter participado de grandiosos projetos como Ayreon e Avantasia, gravou alguns discos com Jørn Lande e recentemente lançou o ‘debut’ do supergrupo Level 10 (Mat Sinner, Roland Grapow, Alex Beyrodt, Randy Black, Alessandro Del Vecchio).

O Level 10, vale lembrar, saiu da cabeça do italiano Serafino Perugino, dono da Frontiers Records. O selo, com base na cidade de Nápoles, tem dezenas de bandas de heavy metal, hard rock e AOR em seu catálogo, e Serafino adora misturar essas peças – ou lançar álbuns dos projetos que já existiam. Alguns exemplos são Rated X (Joe Lynn, Karl Cochran, Carmine Appice, Tony Franklin), Revolution Saints (Deen Castronovo, Jack Blades, Doug Aldrich - com participações de Alessandro Del Vecchio, Neal Schon e Arnel Pineda), Snakecharmer (Chris Ousey, Micky Moody, Laurie Wisefield, Adam Wakeman, Neil Murray, Harry James) e o Sweet & Lynch (Michael Sweet, George Lynch, James LoMenzo, Brian Tichy).

Entre os supergrupos instrumentais, podemos destacar os dois geniais discos do trio Bozzio Leven Stevens - “Black Light Syndrome” (1997) e “Situation Dangerous” (2000) - e as parcerias do guitarrista Greg Howe com Richie Kotzen. Falando em guitarristas, Joe Satriani tem o Chicken Foot com Sammy Hagar, Michael Anthony e Chad Smith. Por outro lado, o Northern Kings reúne integrantes do Sonata Arctica, Nightwish entre outros finlandeses para, essencialmente, cantar versões metálicas de músicas pop.

Em teoria, os supergrupos deveriam reunir músicos bem-sucedidos de diferentes bandas para produzir material inédito. Mas, na prática, nem sempre é isso o que acontece. Muitos nem trazem gente tão expressiva, enquanto outros tentam apenas aproveitar o marketing - sem uma preocupação real com as músicas. Com as facilidades da tecnologia, que permitem gravações “por correspondência”, muitos fãs reclamam de certa frieza nesses projetos - que em sua grande maioria acabam durando um único disco e parecem um tanto quanto sem propósito.

O supergrupo mais efêmero também foi o maior deles, mas tinha um objetivo bastante claro. Trata-se do USA for Africa, que fez história há 30 anos com “We Are The World”, criada por Michael Jackson, Lionel Richie e Quincy Jones, e que contava com a participação de todos os nomes importantes da época como Bruce Springsteen, Bob Dylan, Ray Charles, Steve Perry e Tina Turner.

Também em 1985, Dio idealizou a versão metálica do projeto, batizado de Hear n’ Aid. A música destinada a levantar fundos para o continente africano foi batizada de “Stars” e contou com a participação de nomes como Yngwie Malmsteen, Mick Mars, Ted Nugent, Rob Halford, Geoff Tate, Dave Murray, Adrian Smith, George Lynch, Vinny Apice entre outros. A faixa é boa, mas o mais divertido é assistir o vídeo para tentar identificar todas essas estrelas - muitas em seu auge.



The Winery Dogs - Elevate Music Video






quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A Beija-Flor de Nilópolis é a cara do Brasil do PT

Por Antonio Siqueira


Família do mal


















O carnaval termina melancolicamente, trazendo o país de volta à sua realidade. No principal evento carnavalesco a vitória foi bancada por uma das mais cruéis e implacáveis ditaduras do mundo contemporâneo, mostrando que esse país está mesmo de pernas para o alto. No ano passado o vice-ditador Teodorin Obiang, que passa todo carnaval no Brasil, tinha sido preso pela Polícia Federal em Salvador, por ser procurado pela Interpol (Polícia Internacional), com ordem de prisão emitida pela França.

Não se sabe como, Teodorin deu um jeito, foi liberado e fugiu do país em seu jato particular, antes que a Justiça brasileira se pronunciasse. A maior surpresa veio depois. Não somente conseguiu ganho de causa na apodrecida Justiça brasileira, como também comprou o enredo da Beija-Flor e veio assistir ao desfile, como faz todos os anos.

A  criatividade da Beija-Flor foi comprada por R$ 10 milhões de reais, teve como tema a Guiné Equatorial (leia-se: sanguinária ditadura da família Obiang), um enredo absurdo foi desenvolvido pelo Carnavalescossauro REX Laíla, que é uma cria maldita de Fernando Pamplona, que foi o grande renovador do carnaval carioca, apesar de deixar sequelas irreversíveis, é verdade.

Como explicar que um enredo como este possa tirar tirado 10 na contagem dos três jurados do quesito e 9,9 no outro julgador? Ora, a vitória da Beija-Flor só é explicável pelo surrealismo atual, pois o Brasil está vivendo uma fase de completa inversão de valores, onde os cidadãos de bem passaram a ser a escória do país. No ano que vem, quem sabe o Estado Islâmico também queira participar, com o enredo sobre as Mil e uma Noites? É claro que vai levar 10, nota 10!


sábado, 7 de fevereiro de 2015

As Sequelas Morais de Auschwitz

Por Antonio Siqueira






Horror Secular























O mundo acaba de lembrar, na Polônia, os 70 anos da libertação, por soldados da antiga União Soviética, do campo de extermínio de Auschwitz, talvez o mais terrível exemplo do exercício da discriminação e do mal, na história humana, e da máquina de genocídio nazista.

Auschwitz destacou-se, entre os outros e numerosos campos de concentração e de extermínio. Não pela perversidade de seus oficiais, dos guardas e dos kappos, prisioneiros que controlavam as barracas em que se amontoavam, às centenas, seres humanos esquálidos e sub-alimentados, doentes e torturados pelas ameaças, as pancadas, o frio e assombrados pela perda de seus pais, mulheres e filhos, assassinados, muitas vezes, na sua frente, comuns a outras sucursais do inferno, como Sobibor, Maidanek, Belsen e Treblinka.

Mas, principalmente, por sua escala inimaginável, gigantesca, da qual tomava parte o campo vizinho de Birkenau, e pela organização metódica, planejada, de suas instalações. Elas foram planejadas para o roubo dos pertences, a exploração e a morte de milhares de pessoas por dia, da recepção dos prisioneiros, em sua dantesca estação ferroviária, até sua execução a tiros, por extenuação, espancamento ou em câmaras de gás, com a posterior destruição do corpo em fornos crematórios, em uma especie de matadouro tão bem organizado, que tudo era aproveitado, do ouro das jóias e dos dentes, ao cabelo dos prisioneiros, usado para forrar botas de inverno.

O fato de o presidente Vladimir Putin, líder do país herdeiro da URSS, potência que libertou Auschwitz, e venceu a batalha de Berlim, derrotando a Alemanha Nazista e levando Hitler ao suicídio, não ter sido convidado, é significativo.

Principalmente, quando se leva em consideração, que, na cerimônia, como convidado, esteve presente Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia, país de origem de muitos dos guardas que trabalhavam em Auschwitz, e em outros campos, auxiliando prazeirozamente os SS nazistas, na vigilância, tortura e morte de milhares de homens, mulheres e crianças das mais diferentes origens.

Na Ucrânia de hoje, desfilam orgulhosamente neonazistas, e cresceram, vertiginosamente, depois da derrubada do governo que estava no poder anteriormente, os ataques a judeus, ciganos – dos quais milhares também morreram em Auschwitz – e outras minorias.

Por mais que os revisionistas e deturpadores da história – extremamente ativos nos últimos tempos – insistam em equiparar russos e nazistas, a verdade é que quando um criminoso nazista era capturado pelos soviéticos, ele era julgado, e na maioria das vezes, condenado à morte ou a pesadas penas de prisão, enquanto a maioria dos que foram apanhados pelos norte-americanos e pelos alemães ocidentais, mais tarde, permaneceram impunes, ou se tornaram colaboradores de organizações como a CIA durante a Guerra Fria – morrendo gordos e velhos, na cama, como não mereciam.



quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Candeia é a Flor do Samba (...) Reeditado, Remasterizado e Revivido

Por Antonio Siqueira




O Gênio Criativo, Candeia





















Não é à toa que “não deixe o samba morrer” é um verso tão emblemático não só da música como da cultura brasileira. “A voz do morro” é “a voz do povo de um país”, como já diz o clássico que você não tem como negar que conhece. E um povo que canta em coro “eu samba” faz dele sua personificação musical.

Mais que cultura popular, o samba tem um caráter quase folclórico, tanto pelas mensagens quanto pela transmissão oral que faz com que as origens de muitos registros seja desconhecida ou diluída em incontáveis intérpretes. Ainda assim há alguns cânones cuja importância continua ecoando, e pessoas empenhadas em fazer com que suas vozes sejam ouvidas.

O selo Discobertas é um dos mais engajados com essa missão e segue nela com o box “Sou Mais o Samba”, com cinco álbuns de Candeia que provam que “o samba é o tesouro maior que se deixa na vida”, como diz o próprio em “A Flor e o Samba”.

A caixa é quase uma continuação da série iniciada pelo selo em 2011, quando foram relançados os três primeiros álbuns do sambista. Esses trabalhos - "Candeia" (1970), "Seguinte... Raiz" (1971) e "Samba de Roda" (1975) – voltam agora acompanhados dos discos “Raridades” e “O Compositor”.

Raridades” inclui pérolas de discos como “Quatro Grandes do Samba” (1977), parceria com Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Elton Medeiros, e da coleção “Partido Alto em 5 Vols 1 e 2” (1975). “O Compositor”, por sua vez, traz músicas de Candeia interpretadas por nomes que incluem Elza Soares, Elizeth Cardoso, Jair do Cavaquinho e a Escola de Samba Portela.

Além de história, o samba pode ser salvação. No caso de Candeia foi ambos: depois de crescer cercado de música, compôs aos 17 anos seu primeiro samba-enredo e levou a Portela a tirar nota 10 em todos os quesitos. Pouco menos de uma década depois, porém, entrou para a polícia e se tornou um oficial descrito como “truculento”, que interrompeu diversas rodas de samba por perturbação da ordem pública e chegou a enquadrar um então desconhecido Paulinho da Viola, que inclusive escreveria uma nota no encarte de “Samba de Roda”.

Foi depois de uma operação que o deixou paraplégico que o músico voltou a fazer do samba o centro de sua vida, permitindo que não só se encontrasse como deixasse esse belo legado, que mostra que Candeia realmente tinha “o samba no sangue”, como diz em uma cadência diferente e irresistível em “A Volta”. Candeia era e é Gênio do Samba de Qualidade.




Teresa Canta Candeia




quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Divagações Acerca da Existência de Deus

Por Antonio Siqueira

Deus pode ser tudo




















Queria ter a sabedoria dos cristãos e dos muçulmanos, por acreditarem que suas almas podem ir para algum tipo de paraíso, onde haveria a vida eterna, e no caso dos islamitas, seria uma festa constante e móvel, como a Paris vivenciada nos tempos de Ernest Hemingway.

Queria ter a sabedoria dos espiritualistas, que estão convictos de que existe vida após a vida, como Sócrates sonhava 400 anos antes do nascimento de Cristo. Eles crêem que podem se comunicar com os que já se foram e acreditam que os espíritos até interferem na nossa vida.

Queria ter a sabedoria dos budistas, que entendem a vida de um modo mais aceitável, não budistas brasileiros ou ocidentalizados demais que se escondem por de trás de suas próprias trevas e nos preceitos de Sidharta, "Nada é, tudo apenas está” e é transitório, nada é permanente. Afirmam que, apesar da inexorabilidade deste princípio, devemos ser otimistas, porque depende de nós mesmos agir a nosso favor na corrente do Universo.

Queria ter a sabedoria dos judeus, que creem em ressurreição num mundo vindouro ou até mesmo em reencarnação diante da figura de um Deus criador, onipotente, onisciente e onipresente, que influencia todo o universo.

Queria ter a sabedoria dos hinduístas, que confiam na chamada Lei do Karma e também acreditam na reencarnação, proclamando que a salvação do ser humano é a liberdade alcançada pela alma depois de um penoso ciclo de sucessivos nascimentos e mortes.

Queria ter também a sabedoria dos ateus, que acreditam apenas na ciência, desprezam todo tipo de religião e de experiência espiritual, estão certos de que a vida é uma só, não há novas encarnações e as almas são simples invenções dos ficcionistas.

Há alguns anos, assisti a um impressionante documentário britânico, baseado nas teorias de Stephen Hawking, o maior físico da atualidade, que fez uma ampla exposição de conceitos para enfim concluir pela inexistência de Deus.

Mais recentemente, assisti a um extenso documentário sobre os grandes difusores do ateísmo moderno, que defendem a respeitável tese de que as religiões servem para fazer com que os homens não se desesperem com a inevitabilidade da morte e possam viver de maneira honesta, solidária e produtiva. Mas os ateus acham que podem se comportar assim, sem necessidade de acreditar em Deus.

Achei os dois trabalhos muito interessantes. Realmente, não há provas materiais da existência de Deus. O que me pareceu errado, porém, é o ateísmo estar sendo transformado numa espécie de religião, com pregadores a percorrer o mundo ganhando substanciais cachês e vendendo milhares de livros, como o biólogo britânico Richard Dawkins, da Universidade de Oxford, que já criou até uma fundação para cultuar o ateísmo.

O mais interessante, porém, foi estudar o ateísmo e constatar que seu maior difusor na Era Contemporânea, o filósofo britânico Antony Flew, no final da vida reviu essa posição e deu uma entrevista célebre, que foi publicada em forma de livro, sob o título “Um ateu garante: Deus existe”.

Achei os dois trabalhos muito interessantes. Realmente, não há provas materiais da existência de Deus. O que me pareceu errado, porém, é o ateísmo estar sendo transformado numa espécie de religião, com pregadores a percorrer o mundo ganhando substanciais cachês e vendendo milhares de livros, como o biólogo britânico Richard Dawkins, da Universidade de Oxford, que já criou até uma fundação para cultuar o ateísmo.

Entre os princípios basilares das maiores religiões, acho a teoria budista a mais adequada. É inteiramente verdadeira a tese de que “nada é, tudo apenas está, tudo é transitório, nada é permanente”, porque pode ser aplicada a qualquer coisa na vida. Desconfio que essa tese religiosa tenha inspirado Lavoisier na teoria que revolucionou a Química com o “nada se cria, tudo se transforma”, e também tenha sido usada pelo intelectual Eduardo Portela ao declarar que não “era” ministro, apenas “estava” ministro.

Confesso também que fico muito impressionado com o fato de certas pessoas fazerem previsões acertadas ou nos revelarem coisas íntimas de nosso conhecimento que jamais poderiam saber. Fico até desconfiado de que exista mesmo alguma coisa entre o céu e terra, com dizia Shakespeare, que parecia budista e socrático ao desenvolver aquela genial tese hamletiana do “ser ou não ser”, também desenvolvida depois por Molière em “El Cid”.

Concluindo: Se Deus não existe, é óbvio que deveria existir. Em nome de Deus, todas as religiões visam ao bem, embora ao longo da História muitas vezes tenham sido usadas para o mal. Mesmo assim, é preferível seguir alguma delas, porque isso nos dá forças para ir em frente neste mundo que a Bíblia classifica de “um vale de lágrimas”. Viemos aqui para sofrer, mas podemos nos divertir de vez em quando. Pense sobre isso.




Raul Seixas - Gitá