sábado, 26 de outubro de 2013

VELHOS AMORES SÃO ETERNOS

Helloooooooo !!!!!

Nos anos 70, o programa FANTÁSTICO, da Rede Globo de Televisão, já existia e preenchia as noites de domingo com entretenimento e alguma informação.

Nessa época, acredito que por volta de 1977, o programa apresentou um ancestral distante do vídeo-clip que me chamou a atenção.

Assim que pude, fui a loja de discos em busca de informações sobre o que eu tinha visto. O balconista me trouxe um álbum duplo, recém lançado no Brasil, cuja a capa, quando aberta verticalmente, ao contrário do que era usual, mostrava uma foto de um jovem artista, de longos cabelos loiros, empunhando uma guitarra.

Esse preambulo todo, é para dizer que o disco era o FRAMPTON COMES ALIVE e a guitarra, que iria se tornar legendária, era a 54's BLACK GIBSON LES PAUL.

É a história desse icônico instrumento que quero contar.



Em 1970, quando ainda fazia parte do HUMPLE PIE, Frampton usou essa guitarra em um show em San Francisco, emprestada por um músico local, chamado Mark Mariana. Frampton gostou tanto do resultado que perguntou a Mariana se ele venderia o instrumento. Mariana disse a Frampton que a guitarra não estava a venda, mas ficaria feliz em dar-lhe de presente.

A partir daí a BLACK LES PAUL tornou-se o principal instrumento do músico e ficou imortalizada na capa de seu maior sucesso.

FRAMPTON COMES ALIVE ainda hoje é o álbum-duplo, ao vivo, mais vendido da história.

Em 1980, Frampton esteve pela primeira vez no Brasil. Eu estava no seu show do ginásio do Ibirapuera-SP, e pude ver "in loco" o músico e sua Gibson atuando .

Alguns dias depois que o músico foi embora do Brasil, chegou a noticia de que um avião de carga com alguns membros de sua equipe técnica e todo seu equipamento havia caído na Venezuela. Frampton não tocaria mais seu instrumento preferido. Ele estava perdido.

Trinta anos se passaram até que, em Curaçao, um músico local levou a um luthier, chamado Donald Ballentina, uma guitarra para reparos.

Ballentina achou o modelo que lhe foi confiado muito parecido com a guitarra perdida de Frampton. Começou a investigar a procedência do instrumento e o fotografou, conseguindo que as fotos chegassem a seu suposto dono original.  Frampton achou que a guitarra parecida com a sua, mas disse que não tinha como ter certeza através de fotos.

Dois anos foram necessários para que Ballentina, com a ajuda de um agente de turismo chamado Gatim Kabarra, comprasse do músico de Curaçao o instrumento.

A GIBSON, fabricante  do instrumento, foi contactada para autenticar sua procedência e confirmou: O instrumento de Curaçao era a guitarra que estava no avião.

Ballentina e Kabarra viajaram até Nashville-EUA, onde vive Frampton, e graciosamente lhe devolveram a guitarra como um gesto de boa vontade e admiração

Frampton recebeu a guitarra surpreendido e emocionado. Mais de 30 anos foram necessários para que músico e instrumento estivessem novamente reunidos.



Agradecido as pessoas que trabalharam para que ele tivesse sua guitarra preferida de volta,  Frampton mandou o instrumento para que que fossem feitos alguns reparos. Entretanto, pediu para que as marcas de queimaduras e arranhões não fossem retiradas. Ele queria que as "cicatrizes de batalha" permanecessem.

Ao contrário do que poderíamos imaginar, Frampton não colocou sua GIBSON numa redoma em sua casa. Depois dos reparos, ela esta na estrada com o músico, tocando seus antigos sucessos mundo afora.



Quem disse que velhos amores não podem ser recuperados.

Me and Julio down by the Schoolyard


 P.S.: A coluna de hoje atende a um pedido antigo do CHEFE, Antonio Siqueira, que queria que eu contasse essa história. E pedido do Chefe é ordem ...... rs

sábado, 19 de outubro de 2013

Vinícius de Moraes: 100 Anos de Eternidade



Vinícius:
Eternamente do Brasil

   Por Antonio Siqueira



caricature: @image_batistao
Em meio a um temporal, na madrugada de 19 de outubro de 1913- há exatos 100 anos -, nascia o homem que marcaria a música brasileira para sempre com suas composições. Virou ícone e passava bem longe do padrão. Não era careta, falava de amor, era a favor do "eterno enquanto dure", definiu o que poucos conseguiram. O "poetinha", como era conhecido, casou-se e fez isso com propriedade, amou nove mulheres oficialmente e diversas outras por toda a sua vida. Vinicius de Moraes era um homem como poucos, teve parcerias felizes com Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque, Carlos Lyra, Tom Jobim, entre outros. Gostava de beber uísque, o qual garantia ser o melhor amigo do homem, o "cachorro engarrafado". Admirava as mulheres belas, a beleza (como um todo, é bom ressaltar) era fundamental. Sofreu um acidente grave de avião, um de carro, fez uma operação para instalar um dreno cerebral, mas não padeceu em nada disso. Vinicius de Moraes morreria no seu lugar preferido: a banheira. Teve um edema pulmonar. O dia 9 de julho de 1980 amanheceu triste no Rio de Janeiro. Este escriba tinha 12 anos e, logo pela manhã, ouvia pelo rádio, junto à sua mãe, a voz de Adelson Alves pronunciar num misto de imensa tristeza e tom audívelmente lacônico: “Morreu o Poetinha!”. Vinícius tocou o coração de crianças como eu naquela época, não só com “A Arca de Noé”, (Os discos A arca de Noé 1 -1980 e A Arca de Noé 2 -1981, traziam composições como "O pato", "A casa", "O gato", "O pinguim" e "São Francisco", que se tornaram famosas nas vozes de Chico Buarque, Milton Nascimento, Toquinho, Marina Lima e Ney Matogrosso, entre outros intérpretes) uma obra-prima destinada às crianças da geração oitentista mas, também, pelo conjunto da sua obra, que encantava a todas as criaturas de todas as idades, credos, gerações...

       Vinícius era a sensibilidade do poeta e do compositor de todos os gêneros, estilos e ritmos. Um dos maiores nomes da poesia contemporânea; Vinícius, Pablo Neruda e Maiakovski foram insuperáveis, o segundo, seu grande amigo. Neruda dizia que Vinícius de Moraes era insuperável pela capacidade iluminada de fazer da sua poesia, a canção mais bela, para o corpo e a alma da mulher amada. O lirismo e a vitalidade que se desprendem de sua obra contagiaram seus contemporâneos, mudaram o rumo da produção musical no país e influenciaram o modo de encarar a vida de várias gerações de brasileiros. Um sublime poeta e homem de paixões viscerais, dedicou sua vida à perseguição do amor e da felicidade, presenteando o mundo com a bossa nova, gênero que ajudaria a moldar a identidade brasileira. Muito além da sua literatura universalizada e de um nível elevadíssmo, não desfilou sua poesia e sua canção apenas na bossa-nova; ele escreveu, compôs e cantou em diversos gêneros, ritmos e estilos.



Neruda e Vinícius: Genialidade em dose dupla






       Impulsivo, passional, sedutor e "Bon vivant", Vinicius se casou com nove mulheres pelas quais se apaixonou perdidamente e das quais se separou ao término do feitiço, com exceção de Gilda de Queirós Mattoso, sua última companheira, com quem foi casado até 1978, dois anos antes de sua morte. E seu amor pelas mulheres ficou imortalizado nos versos de "Garota de Ipanema", canção que compôs em 1962 junto com o amigo Tom Jobim, com um copo de uísque na mão e na mesa de um bar do Rio de Janeiro, de onde observavam os passos de uma bela jovem de 15 anos a caminho do mar. O uísque, sua bebida preferida, corria em abundância nas famosas reuniões de artistas, intelectuais e boêmios que Vinicius costumava organizar quase que diariamente em sua casa do bairro de Jardim Botânico nos anos 60. Os encontros em questão reuniam diversos talentos da música brasileira, como Toquinho, João Gilberto, Baden Powell e o próprio Tom Jobim, alguns dos artistas, - como citado acima -, com quem Vinicius colaborou em suas melhores composições.


      Esse estilo de vida pouco ortodoxo e os ideais políticos de esquerda desagradaram os militares que governavam o país na época e, por isso, o mesmo acabou expulso do corpo diplomático em 1969 pelo então tiranossaurico gagá, Costa e Silva. Até então, Vinicius ocupou importantes cargos nas embaixadas e consulados do Brasil em Paris, Los Angeles e Montevidéu, funções que alternava com frequentes viagens ao Rio para realizar seus shows, nos quais era obrigado a se vestir de terno e gravata. A crítica literária da época também não tolerou bem seu estilo de vida e passou a persegui-lo. Porém, o engraçado de tudo isso era o fato de a ditadura e seus censores semi-alfabetizados nunca terem notado que as letras e poemas de Vina eram críticas severas ao sistema ou piadas engraçadíssimas. As letras de "Testamento", "Na Tonga da Mironga do Cabuletê", por exemplo, passaram incólumes e incógnitas pela caneta da censura. Vinícius brincava com as palavras e com o regime e os ditadores, apesar de terem o expulsado do corpo diplomático, eram seus fãs de carteirinha, inclusive Costa e Silva; este incapaz de traduzir as mensagens do menino Chico Buarque à sua pessoa de forma direta e até mais explicita, como no samba suingadíssimo, "Jorge Maravilha" (Você não gosta de mim, mas sua filha gosta). E ter dançado "Carolina" num baile de formatura com sua mulher e primeira dama, Iolanda Barbosa da Costa e Silva, foi risível e mostrava o lado cafonamente burro e medíocre dos militares bucéfalos. O poetinha Vinícius de Moraes superou o jovem Chico na genialidade em achincalhar o regime dos boçais de farda, criando metáforas como cenouras penduradas numa varinha para hipinose em jumentos.

      O Poeta maior da música popular contemporânea deixou um legado de mais de oito centenas de poemas editados, trabalhos ainda inéditos, canções maravilhosas, umas duas dezenas de viúvas, seu nome em uma das ruas mais famosas do país... Enfim, se o amor se traduz na arte, se a arte de escrever, compor e cantar puderem ser renomeadas, se a poesia atendesse por um codinome, o codinome da criação, do sentimento, do prazer e da alegria de viver, este nome seria Vinícius de Moraes, o “Vina”... o “Poetinha”! Que com o sol desta nação que ele tanto amou e reverenciou mundo a fora, ele... Vinícius  “...o andrógino meigo e violento, que possuiu a forma de todas as mulheres e morreu no mar”; como no seu “Epitáfio”, ainda nos brinda e encanta com os  100 anos de eternidade. Por que o amor é eterno...e se acaba, pode ser qualquer coisa; menos o amor.


*Caricatura: Batistão
**Foto: Arquivo do Site: www.viniciusdemoraes.com.br 



Vinícius e Tom: "Se Todos Fossem Iguais a Você"



O VELHINHO e as BIOGRAFIAS

Hellooooooooooooooooo agaaaaaaain

Essa semana, depois de seis anos, o Velhinho lançou um álbum de inéditas: NEW  .......

O Velhinho, como carinhosamente o trato, é Sir James Paul McCartney ............

Apesar dele não saber, somos íntimos ....... Já o vi por três vezes ....... Em 1990, 1993 e 2010 ......

Conheço detalhes de sua vida que, provavelmente, ele mesmo não deve lembrar ........

Essas "coisinhas" que sei dele não foram pauta da nossa última conversa de botequim, tomando um chopp

.......

Aliás, Paul dessa vez eu paguei, a próxima é sua ........ Leva a carteira .....

Sei porque li sua biografia ...... A autorizada, MANY YEARS FROM NOW, e algumas outras que, sei lá se autorizadas ou não, me montaram um escopo do homem por trás da obra ......

Durante as entrevistas de lançamento do álbum o Velhinho disse, abertamente, que um dos fatores que influenciaram nas composições de NEW foi seu terceiro casamento, relativamente recente.

Pergunto eu, Garbosos Infantes, como analisar e apreciar NEW, ainda mais depois desse comentário do próprio autor da obra, sem o pleno conhecimento disso e do que aconteceu anteriormente ?

É possível, e é correto, apreciar o efeito desconhecendo a causa ?

Alguns dirão: O HOMEM COMUM NÃO LIGA PARA ESSAS COISAS.

Mas certamente o homem comum é afetado por essas coisas e, me é muito claro isso, cabe essa análise. Ela se faz extremamente necessária.

McCartney sempre teve sua vida esmiuçada por todo tipo de análise/avaliação, jornalisticamente elaborada  ou não.

Mesmo assim, e é notório isso, é constantemente visto no Metrô de Londres e fazendo compras em supermercados.

Não quero aqui fazer comparações sobre a importância de A ou B para a história e a sociedade. Mas uma Figura Publica obviamente é publica . Políticos, artistas, atletas e, certamente, jornalistas tem uma atuação que transcende o seu universo pessoal.

Não vou entrar aqui no mérito do CASO GLORIA PERES. Essa argumentação é absurdamente frágil e  o problema nem existiria se tivesse sido resolvido, lá atrás, com uma simples injeção letal. Mas a legislação da Taba não prevê isso. Entretanto, contempla censura prévia de biografias.

Acho que esta na hora dessa turminha do PROCURE SABER descer desses pedestais onde se entronizaram e virem até o supermercado sentir o preço das coisas.

Quem sabe a gente não encontra com Paul, comprando tomates, e saímos para um chopinho e um papo ...... E olha, nem precisa levar dinheiro, dessa vez é ele que paga.

Vamos aguardar, sem respirar

Me and Julio down by the schoolyard



@image:antoniojorgemendes













SEJA O QUE DEUS QUISER !

Helloooooooooooooooooooo;

Inicio hoje a minha participação no Blog Arte Vital ........ 

A gente tem que admirar profundamente um camarada como Antonio Siqueira, que tem a CORAGEM de de ceder esse espaço para alguém com uma absoluta competência para gerar polêmicas como eu .......

Mas, enfim, a sorte esta lançada ...... rsrsrs

A partir de hoje, vamos conversar, principalmente sobre ARTE .......... 

Mas considero extremamente importante discutirmos também aquilo que a forma ....... Quem a manifesta ....... E, principalmente, a sociedade que a assimila .......

A ARTE é uma infinita somatória de pequenos fatores, que geram um trabalho, que apresenta um resultado, que de alguma forma vai afetar o mundo que o cerca ........ 

Alguns desses resultados podem até passar despercebidos ........ Mas eles estão lá, adormecidos, como uma semente esperando o solo propicio para germinar ........

Essa semente gerar uma rosa ou uma erva daninha é uma direta dependência da constituição de seu DNA e do tipo de solo em que ela cair.

Tentaremos ser observadores daquilo que o mundo que nos cerca manifesta em forma de arte.

Aguardemos, sem respirar

Me and Julio down by the schoolyard


@image:antoniojorgemendes



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A foto que tornou-se um dos principais símbolos da música contemporânea


           44 Years Ago



Abbey Road street photography: By Iain Macmillan





 































I Received this treasure by e-mail from a good friend, my father The following photo essay of the Abbey Road street from the original draft of Paul McCartney to the famous photo. The charge of the mission was a Scottish photographer friend of John Lennon and Yoko Ono, called Iain Macmillan. Before starting, he took a picture of the empty street and so was ... 44 years ago today




The Abbey Road album is much more than this famous picture: it's a masterpiece:

"Abbey Road" - The Beatles - Full Album








                 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A natureza antiga é uma canção que resiste ao tempo


Lagoa Viva:
Até quando?

Por Antonio Siqueira

@image:antoniosiqueira




















         





         


          A Terra é um grande organismo vivo, que se recicla, resiste, subverte qualquer lógica, por que a vida tem que prevalecer, por que os rios devem singrar vales, montanhas. Por que o céu é a casa de quem germina o solo, é a realização dos grandes milagres de todas as floras. A Terra é feito música, são todos os movimentos de uma grande sinfonia, de água, fogo, ar...tempestades, de vida, essencialmente vida.




          A poluição a que são submetidas as praias e lagoas da Cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, é uma amostra sublime de como a natureza subverte o improvável. A Lagoa Rodrigo de Freitas recebe uma quantidade pesada de esgoto e de outras substancias que a própria razão desconhece.  A fauna e a flora que ali existe, contava com companhias mais amistosas: Lagoa era habitada pelos índios Tamoios até a chegada do Governador Geral da Capitania do Rio de Janeiro, António Salema em 1575. O canalha pretendia instalar ali um engenho de açúcar e . Para livrar-se da presença indesejável dos indígenas, recorreu ao estratagema de fazer espalhar roupas anteriormente utilizadas por doentes de varíola às margens da lagoa, vindo assim a exterminá-los. Iniciou-se, então, o plantio de cana-de-açúcar e a montagem do Engenho d'El-Rey, onde atualmente funciona o Centro de Recepção aos Visitantes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Desde então se iniciou um processo indecoroso de aterro. Não faço ideia das dimensões originais deste pedaço do paraíso encravado na cidade entre o oceano aberto e a Baía da Guanabara.  A lagoa tem uma parte dela aterrada. Isso ocorreu nos meados do século XX (lá pelas décadas de 1940, 1950 e 1960), já que muitos morros, como o do Catumbi e o da Praia do Pinto, foram ocupados nas margens da lagoa e, por muitos e muitos anos, abrigou mais de 50 000 moradores. Só que os barracos erguidos nos morros eram de risco, podendo desabar. Então o governo, depois de mais de vinte anos da ocupação dos morros, expulsou todos os moradores e "desmontou" os morros, aterrando grande parte da cidade. Seus moradores foram para o subúrbio e passaram a morar conjuntos habitacionais. No lugar dos morros, foram construídos os prédios de apartamentos e parques.




A fauna resiste bravamente: A Lagoa Rodrigo de Freitas se mantém viva.
 Foto:Antonio Siqueira




            Embora receba as águas de diversos rios tributários que descem das encostas circundantes, entre os quais se destaca o Rio dos Macacos (hoje canalizado), apresenta águas salgadas. A massa aquática da lagoa teve a sua origem através de um vulcão adormecido que teve o seu contato com o oceano Atlântico parcialmente interrompido, exceto por um canal (Canal do Jardim de Alá). O acúmulo de nutrientes contribui para alterações ecológicas que se tornam visíveis nas frequentes florações de microalgas, principalmente cianobactérias e dinoflagelados, que conferem às águas coloração desde o verde a tons de marrom acastanhado. Podem-se destacar, ainda, as alterações ecológicas que resultam em eventos de mortandades de peixes.

          A ‘Rio Águas’ construiu ali uma barreira para evitar as cheias e oxigenar mais a Lagoa, que volta e meia é vitimada por uma mortandade desenfreada de sua fauna marinha.  O problema é que a empresa que cuida dos rios e lagoas da cidade não conta com uma logística que a possibilite proceder de uma forma menos boçal no que concerne às comportas. Volta e meia eles se esquecem de abrir essas comportas, que são monitoras por engenheiros, não biólogos. E o que existe ali, morre por absoluta falta de oxigênio. Os engenheiros sanitaristas da prefeitura não dão conta nem dos deveres que lhes são atribuídos, que dirá cuidar do ecossistema destas lagoas.

           Só que a Rodrigo de Freitas é brava, é dura na queda e mantém-se viva. São milhares de pássaros, centenas de espécies nativas e migratórias e um acervo botânico composto pelo Parque do Cantagalo, que encanta a quem por ali passa. A vida é mais forte que a destruição! O que precisa viver, resiste, mesmo que não seja do interesse de alguns.

*           *           *            *            *               *              *               *


Começando a semana com boa música, a gente ouve e assiste aqui o clipe de Yara Maria cantando "Água" de Djavan. Yarinha que defende a natureza com unhas e dentes e se criou no mar, nas montanhas, aos olhos do criador.




sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Os Velhos Babões e a Feira do Livro de Frankfurt

Na falta do que escrever
     Por Antonio Siqueira 




Biografias são, nada mais, nada menos
que o fruto da incapacidade literária.


     





















          E a polêmica das biografias medíocres foi dar na “Feira do Livro de Frankfurt”,  quem diria?!   Laurentino Gomes, autor dos excelentes “1800”, “1822” e “1889”, biografias centradas na vida personagens históricos do Brasil Colônia, fez uma defesa contundente no estande brasileiro. Convidado para fazer uma palestra a respeito de biografias no estande brasileiro da Feira do Livro de Frankfurt, Laurentino Gomes acreditava que seria um debate como vários outros em que já participou. "As notícias que chegaram do Brasil, no entanto, fizeram com que eu mudasse de ideia e, ao invés de falar sobre meus livros, decidi tratar da ameaça que os biógrafos sofremos agora", disse ele, na tarde de ontem à Folha de São Paulo. De fato, com o surgimento de um grupo chamado 'Procure Saber', a discussão se polarizou. De um lado, o Procure Saber, pilotado pela empresária Paula Lavigne e formado por músicos como Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Gilberto Gil e que lutam contra a modificação no Código Civil, ou seja, que continue sob vigilância qualquer tentativa de se biografar alguma personalidade sem prévia autorização. De outro, o grupo dos biógrafos, formado por Fernando Morais, Ruy Castro, Lira Neto, Paulo César de Oliveira e o próprio Laurentino Gomes que, apesar de não organizados sob uma mesma entidade, defendem o pleno direito de se escrever sobre a vida pública de personalidades.

         Acompanho Feiras Literárias pela web quando tenho tempo, e a de Frankfurt é uma das mais ricas. O que não esperava era que esta pobreza reacionária fosse atravessar o atlântico. Laurentino, ao menos, escreveu três Best Sellers de riqueza história absoluta, queiram ou não os Orleans & Bragança, ou o diabo que for.

         Biografias de artistas (principalmente os da música) são tão inúteis! Geralmente muito mal escritas, servem apenas para enriquecer quem as escreve.  Aliás, qualquer biografia é literatura de gosto bastante duvidoso. Lembram-me daqueles livros medíocres e fotonovelas vendidas no trem, só que em formato muito maior. Pouquíssimas publicações do gênero são realmente ricas e proporcionam algo de significativo e bom para o leitor que desembolsa uma bela grana para adquirir estes livros e permanecer ainda mais ignorante. Caetano Veloso é um indivíduo submerso em tantas contradições que conseguiu mediocrizar  uma das obras mais ricas da Música Popular Contemporânea: a dele próprio.  Caetano, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Chico Buarque e Djavan encabeçam uma fileira de músicos que defendem o direito de veto a biografias, alegando proteção da privacidade, fazendo vigorar com força o artigo 20 do código civil. Como se estes senhores tivessem algo de muito rico, culturalmente falando, para se explanar ao público. Nada além de fofocas, histrionices símias, “disse me disse” e outras viadagens. Os exílios de Gil, Caetano e Chico foram, realmente, acontecimentos “épicos” na história da humanidade!

         Algumas biografias têm o peso literário de verdadeiros tesouros da cultura. Como por exemplo “A Harmonia do Mundo”, do físico e escritor Marcelo Gleiser;  Um romance biográfico saboroso, baseado em fatos reais, cuja narrativa retrata a vida do astrônomo alemão Johannes Kepler, o homem que, em pleno século XVII, descobriu que os planetas não orbitavam circularmente ao redor do Sol, mas sim seguiam órbitas elípticas (ovais). O livro tráz a vida de Kepler desnudada em trabalho de pesquisa fenomenal e extremamente rico.

         Caetano Veloso escreveu em  “Verdade Tropical “ a sua auto biografia em 1997. Um livro bom,   Mas para quem berrou “É PROIBIDO PROIBIR” vestido de lâmpadas e debaixo de vaias decibélicas há 45 anos, cerrar fileiras com deputados da bancada evangélica para impedir mudança de lei soa como um contra sendo sem medidas e enjoa o estômago. É difícil de entender como artistas que foram censurados pela ditadura, se arrogam o direito de censurar o trabalho de biógrafos, por mais ridículo que o trabalho destes parasitas possa ser.





quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O Admirável Gado Velho

Aldous Husley:
Mais moderno do que nunca

  Por Antonio Siqueira





 hipotético futuro onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com as leis e regras sociais












     





     “Admirável Mundo Novo" romance consagrado de 1932, foi sem dúvidas, umas das obras mais proféticas da literatura mundial. Só que só foi incorpora-se, definitivamente, na literatura mundial nos anos 1960, juntamente com Jean Paul Sartre, Herbert Marcuse, Willian Faulkner, Frans Kafka e outros fenômenos da literatura filosófica existencial. ADM, obra ficcional do genial Adous Huxley  ganha, cada vez mais, os contornos de uma realidade sutilmente etérea e desenvolvida por líderes muito menos carismáticos e capacitados como o personagem Thomas "Tomakin", o frio e imprevisível Alfa, Diretor de Incubação e Condicionamento (D.I.C.) de Londres.

      ADM narra um hipotético futuro onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com as leis e regras sociais, dentro de uma sociedade organizada por castas. O livro retrata a sociedade perfeita onde todos seriam conformados com sua condição social. Mais do que isso, seriam felizes, harmônicos e satisfeitos com a casta pela qual fazem parte. A Sociedade “perfeita” desse futuro criado por Huxley é mostrada através de uma viagem ao Admirável Mundo Novo. Coisa que não é muito diferente do que vivemos, muito antes da "profecia" de Huxley. Ele vislumbra este futuro em 2540 d.C, o que não chega ser uma grande equívoca dada à década de produção desta obra-prima.

O Livro
A temática conta a história de uma jovem típica, pertencente a uma das castas altas, que, em uma crise existencial (uma falha inexplicável no sistema de produção de indivíduos), conhece uma reserva de selvagens, e, particularmente, um “selvagem” (a reserva é uma alegoria para o mundo real e os selvagens são pessoas remanescentes do mundo em que vivemos, ou em que se viveu na década de 30 – quando o livro foi publicado). Os dois personagens representam o antagonismo entre a nova e a velha sociedade. A personagem vive em uma sociedade formada por indivíduos pré-programados genética e psicologicamente para desempenhar um papel social e gostar deste. Sem questionar ou desejar, nem mais nem menos, simplesmente ser o que lhe foi designado pelo sistema, administrador do bem-estar geral. O selvagem, por outro lado, vive em um mundo cheio dos antigos valores e costumes, dogmas, tradições e imperfeições. O personagem Bernard Marx sente-se insatisfeito com o mundo onde vive, em parte porque é fisicamente diferente dos integrantes da sua casta. Num reduto onde vivem pessoas dentro dos moldes do passado uma espécie de "reserva histórica" - semelhante às atuais reservas indígenas - onde se preservam os costumes "selvagens" do passado (que corresponde à época em que o livro foi escrito), Bernard encontra uma mulher oriunda da civilização, Linda, e o filho dela, John. Bernard vê uma possibilidade de conquista de respeito social pela apresentação de John como um exemplar dos selvagens à sociedade civilizada. Para a sociedade civilizada, ter um filho era um ato obsceno e impensável, ter uma crença religiosa era um ato de ignorância e de desrespeito à sociedade. Linda, quando chegada à civilização foi rejeitada pela sociedade. O livro desenvolve-se a partir do contraponto entre esta hipotética civilização ultraestruturada (com o fim de obter a felicidade de todos os seus membros, qualquer que seja a sua posição social) e as impressões humanas e sensíveis do "selvagem" John que, visto como algo aberrante cria um fascínio estranho entre os habitantes do "Admirável Mundo Novo", repleto de personagens fictícios ou reais que já não estavam mais vivos no decorrer do evento do livro, porém são citados no romance como; Henry Ford, Sigmund Freud, H.G. Wells, Ivan Petrovich Parlov, Willian Shakespeare, Karl Marx e Thomas Malthus.

      Neste mundo criado por Huxley não há pais, mães ou relacionamentos duradouros. Os embriões são “montados” em linhas de produção, de acordo com sua casta. Desde o nascimento, são condicionados, seja por hipnopedia (repetição de frases durante o sono) ou outros métodos, a aceitarem a morte e tratarem o sexo como algo absolutamente trivial, para ser praticado sempre e com todos. Não possui a ética religiosa e valores morais que regem a sociedade atual. Qualquer dúvida e insegurança dos cidadãos eram dissipadas com o consumo da droga sem efeito colateral: o “soma”. As crianças têm educação sexual desde os mais tenros anos da vida. O conceito de família também não existe. Para a sociedade civilizada, ter um filho era um ato obsceno e impensável, ter uma crença religiosa era um ato de ignorância e de desrespeito à sociedade. Faz parte da tríade distópica da literatura mundial, juntamente com 1984 de George Orwell e Laranja Mecânica de Anthony Burgess. Impossível não ver os traços de uma política totalitária que “trabalha incansavelmente” para “o bem-estar da sociedade”. É uma maneira de criticar a substituição das pessoas por máquinas, de uma forma diferente: substituindo o lado humano, os sentimentos e emoções, por sensações pré-programadas.



      O “Admirável Gado Novo” do notável compositor paraibano, Zé Ramalho, está ficando velho, mas procriou outros “bezerros novos” para o grande rebanho do povo e da ignorância; alias este povo nunca esteve tão perto dela nestes tempos de interatividade digital e o que mais assusta; Social. Poderás tu, prezado leitor, sem medo de estar cometendo gafes, comparar estes programas de assistencialismo do atual sistema de governo a que somos submetidos no Brasil do PT (este “partido” que não sabe se é comunista, capitalista ou, simplesmente, uma quadrilha de indecorosos falsos idealistas) aos princípios mais primordiais do embrião desta tríade diabólica. É para ler, pensar, guarda reler e deixar como herança para seu filho.



Nota do autor:

Esta resenha surgiu a partir de um papo profundo com meu amigo Roger (Roger W. Pires M. Silva) acerca da falta de esperança de uma civilização que observa o crescimento de sua nação, contemplando-o de dentro das grades seladas da ignorância. Valeu Roger, muito obrigado pelo generoso diálogo.




A Canção do Povo Marcado...Do Povo Feliz








      Mini Bio
             
Aldous Leonard Huxley

Aldous Leonard Huxley (1894 a 1963) foi um escritor inglês que passou parte da sua vida nos Estados Unidos, e viveu em Los Angeles até à sua morte. Mais conhecido pelos seus romances, Huxley também editou a revista Oxford Poetry e publicou contos e guias de cinema.  Foi um entusiasta do uso responsável do LSD, como catalisador dos processos mentais do indivíduo, em busca do ápice da condição humana e de maior desenvolvimento das suas potencialidades.