domingo, 23 de junho de 2013

O Brasil está com Fome de Justiça e Paz


O Poder Emana do Povo   
    Por Antonio Siqueira


       A Presidente veio a público discursar o que já era previsto, afirmar o lugar comum e confirmar o atoleiro ideológico do Governo Dilma-Lula (não necessariamente nesta ordem de dualidades). Só que ela (ou eles) esquece que "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição."§ Único da Constituição Federal, Dilma Roussef.Acorde enquanto há tempo, pois o povo...ah, este acordou e quer mudanças!

        A máscara de Guy Fawkes, o conspirador católico inglês que queria atear fogo ao Parlamento, no início do Século XVII, tem sido usada, por equívoco, pelos manifestantes de nossos dias. Embora hoje símbolo do grupo Anonymous e tendo aparecido como ponto comum em manifestações em todo o mundo, o malogrado rebelde, que, semienforcado e, ainda consciente, teve sua genitália cortada antes de ser eventrado e  suas vísceras fervidas, para então ser esquartejado, sabia o que desejava. Sob a influência dos jesuítas, o complô, de que participava, queria uma Inglaterra católica. Seu mérito pessoal foi o de, sob tortura — que só o rei James I podia, então, autorizar, e autorizou — proteger, até o limite do sofrimento, os seus cúmplices. Instrumento de intrigas internacionais de seu tempo, que envolviam a Espanha e a Áustria — países católicos — e se valiam de dissidentes ingleses,  Fawkes é objeto de chacota em 5 de novembro de cada ano, quando se celebra a sua desdita em pequeno Carnaval nas ruas de Londres. Os vencedores escrevem a História, e a Inglaterra é, em sua esmagadora maioria, protestante até hoje.

      Há duas semanas, se alguém falasse que 100 mil pessoas iriam sair pelas ruas das principais capitais do país para protestar, seria difícil acreditar. Agora, no sétimo dia de manifestações, pode-se dizer que “O Gigante Acordou"! Agora, que o PT não está no comando, haja vista que a população das grandes cidades é que está envolvida, o protesto está sendo considerado como baderna, então a PM está agindo com rigor exagerado! Muda o governo, e a verdade é que ele não suporta manifestações legitimamente democráticas, salvo quando elaboradas pelo partido. A vaia dirigida à presidente, no Mané Garrincha, também teve esta parcela de protesto autêntico do povo contra a repressão violenta utilizada pelos policiais, que JAMAIS usaram deste expediente quando os manifestantes desfraldavam a bandeira petista!

      Estado de Guerra Civil, aparelho policial violento...tudo acaba levando a crer que pode piorar muito. Mas se uma civilização enorme como a nossa deseja mudanças, depois de mais de 120 anos de baderna institucional, não cabe a mim, nem a ninguém criticar a autonomia do povo. Por que este mesmo povo deseja tão e unicamente, PAZ e JUSTIÇA. Que matem a fome do povo...a fome por um país melhor e menos imoral.



Resolvi ressuscitar minha verve musical com a Arte Vita Vídeos e celebrar este momento:

O Brasil é Asfalto e Gente (O poder emana do povo) 
"Clube da Esquina N°2"
(Milton Nascimento-Lô Borges-Márcio Borges)




quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Brasil acordou!


O "NÃO" GERAL!
   Por Antonio Siqueira


Imagem aérea da Cinelândia na passeata que reuniu 220mil pessoas no Rio de Janeiro

     


      Parece que agora os brasileiros estão tendo uma ideia clara e evidente do que vem acontecendo nas ruas do país. É aquele ‘NÃO ROTUNDO’ que certo caudilho bom de briga bradava em seus discursos nas décadas de 1970 e 80. Por dias tentaram fazer com que a opinião pública entendesse o maior movimento da história deste país como “A revolta dos 0,20 centavos” (como se vinte centavos, em um ano, não  representassem uma fortuna para o orçamento dos trabalhadores de média e baixa rendas). As manifestações nas principais capitais do país são a lógica do capitalismo hoje.

       A coisa tomou forma de revolução e agora preocupa as classes absolutistas e conservadoras. A festa da democracia e do engajamento político-social do povo é uma realidade preocupante para a esquerda no poder.  A cobertura das televisões, ao vivo, mostra que as manifestações em sua imensa e gigantesca maioria, até agora foram pacíficas, sem baderna. Os únicos incidentes ocorreram por causa da ideia infeliz da direção do PT, que resolveu pegar uma carona no movimento e instou seus militantes a participarem com camisas e bandeiras dos partidos. Os quebra-quebras preocupam sim, em especial os que ocorreram no Rio de Janeiro e em São Paulo. No Rio houve saque em lojas e agências bancárias. Porém, a cidade com boa parte dos morros e comunidades pacificados já gera uma fenômeno que era esperado: o tráfico com mãos atadas empurrou seus bandidos para as ruas. Muitos estão à solta e assaltando cidadãos livremente, por mais que a Secretaria de Segurança negue o fenômeno. A invasão da ALERJ com o povo querendo a cabeça de certos parlamentares, constitui-se em uma mera tentativa de vingança, o que não convém neste momento de extrema mudança e transição social.

      Em literatura (e contra o senso comum generalizado), grandes escritores como Alejo Carpentier sustentam que as manifestações latino-americanas, longe de seguirem as vanguardas europeias, na verdade as precederam. Pois bem, no que concerne à estruturação e ao treinamento de um aparato repressivo “de massa”, tal pensamento parece ser igualmente válido. No processo de desmonte do governo civil-militar, quando da redemocratização do Brasil na década de 1980, intelectuais como Florestan Fernandes já chamavam a atenção para o fato de que não bastava livrar o Estado das mãos autoritárias de seus milicos. Era preciso também destruir os aparatos repressivos construídos sob esse regime. Entre eles, a própria polícia, com seu caráter militar: excrescência desse período, constituída na transição da década de 1960 a 1970.

     Segue uma ótima ideia baseada nas manifestações na Argentina: Quando os vândalos começavam a quebrar tudo por lá, os verdadeiros manifestantes se sentavam, assim facilitava a ação da policia para reprimir e prender os culpados por esses tipos de ações mesquinhas. Podemos usar isso como ação na nossa manifestação, pois queremos um país melhor e não um país destruído.

      Os jovens de todas as tribos do Brasil foram bem claros. Disseram que não toleram mais altos impostos e serviços de péssima qualidade. Não admitem servidores burocratas que servem apenas para criar dificuldades aos empreendedores e aplicar multas. Não aceitam mais ver políticos torrando os recursos angariados com o suor da testa dos brasileiros para erguer estranhas catedrais do futebol. Não querem que o transporte público seja tratado como uma questão secundária por Estados e Municípios, nem que a corrupção fique impune em nossos tribunais.

     Nos primeiros dias, devido ao envolvimento com a Copa das Confederações e a Fifa, além das delicadas relações publicitárias com os governantes em geral, a Rede Globo tentou desconhecer o movimento das ruas, exatamente como aconteceu há 30 anos, no histórico episódio das Diretas, Já. Câmeras não mostrando os cartazes, áudios sem as palavras de ordem que já estão virando jargão... Enfim; as mesmas sabotagens de outrem.

      Hoje, a Rede Globo despertou e interrompeu a programação para mostrar a cobertura dos protestos. Estrategicamente, porém, os cinegrafistas continuam sem focalizar as faixas e cartazes. Depois da destruição de um carro da TV Record, as equipes da TV Globo temem se misturar com o povo e ficam alojadas em cima dos prédios, como franco-atiradores sem munição. Filmagens? Só do alto dos edifícios ou a bordo dos helicópteros…

Uma imprensa covarde é lamentavelmente desprezível.


Como aqui a arte será sempre vital, cabe este vídeo do U2, lembrando que não queremos "domingos sangrentos" e sim um país justo e igualitário:



U2 - Sunday Bloody Sunday







quarta-feira, 5 de junho de 2013

Nota Triste


A arte cada vez mais só
Por Antonio Siqueira



Se existe alguém insubstituível, este alguém é Scarlet Moon de Chevalier; sem igual. Scarlet tocou fundo na cena cultural carioca, revolucionou o jornalismo cultural e era uma excelente atriz. Os módulos de entrevistas de Scarlet são copiados até hoje e fizeram escola.

     Ao longo da carreira, Scarlet Moon trabalhou na TV e em jornais do Rio, além de lançar os livros “Dr. Roni e Mr. Quito” (biografia do irmão falecido, Ronald de Chevalier, personagem popular da cena carioca) e “Areias escaldantes”. Desde 1996 assinava a coluna "Abalo", do caderno Zona Sul do GLOBO.

      Para quem não sabe, os excelentes shows gratuitos que surgiram no Arpoador e logo se espalharam pelas praças das Zonas Sul e Norte da cidade foi uma iniciativa de grupos de notáveis que tinham em Scarlet uma liderança firme. Essa iniciativa contribuiu e muito para o surgimento, também, das Lonas Culturais na cidade. Fará uma falta enorme, uma lacuna eterna.  Que descanse em paz a melhor amiga da cidade.








A homenagem mais bacana de Lulu para Scarlet