segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Setenta anos de Milton Nascimento



Os Mil Tons da Música do Mundo
Por Antonio Siqueira

Milton: Caricaturado por Head




















 “... Vou achar um novo amor
Vou morrer só quando for
A jogar o meu braço no mundo
Fazer meu outubro de homem
Matar com amor essa dor. Vou fazer desse chão minha vida...” 

     

     Chegar aos setenta anos de idade e, ao mesmo tempo, completar cinquenta anos de uma carreira musical, com toda certeza é um marco para qualquer artista. Apesar do lixo que nos empurram todos os dias, 90% de todo esse rejeito, volta para onde veio, isto é: para o nada! Não é fácil manter-se vivo no mercado da música brasileira. Milton Nascimento faz parte de um time seleto de notáveis da primeira arte contemporânea. Uma turma especial que completa setenta anos de idade física e, a maioria, meio século de carreira artística bem sucedida.

      Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola... Gente muito ilustre, compositores da alma e da cultura de um povo que nos anos 1960, passou por um questionamento cruel ante o momento conturbado desta década de incertezas: O engajamento ou a cultura de massa. O golpe de 1964 decretou uma espécie de “guerra de valores civis” ou “guerra civil cultural”. Enquanto uma camada densa da sociedade apoiava a revolução dos tiranossauros milicos de carreira, consumindo lixo cultural nacional e “enlatado”, outra fina camada, dentro deste contexto, empunhava uma intensa militância política. Uma parte do movimento bossanovista evoluiu rapidamente em direção da chamada “canção de protesto”, os militantes do antigo CPC (Centro Popular de Cultura) encenavam peças de teatro em portas de fábricas, favelas e sindicatos, publicando cadernos de poesia vendidos a preços populares, trabalhando em contato direto com as massas. Os festivais da canção eram como uma espécie de termômetro da música brasileira e foi no II Festival Internacional da Canção de 1967 que Milton Nascimento, este cidadão nascido no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1942, começou a realizar sua “Travessia” épica. Com um segundo lugar com sabor moral de primeiro, defendendo um dos maiores clássicos da MPB Contemporânea, Milton cantou para o mundo sua composição em parceria com o, na época estudante e notável poeta, Fernando Brant para um Maracanãzinho transbordando gente e emoção, em um uníssono surreal e raro.

   
      Milton transcendeu o anonimato como cantor gravando um LP no Rio de Janeiro em 1966. EM 1967, segundo o trecho da contracapa do disco Milton e Tamba Trio: Milton Nascimento entrou no estúdio acompanhado pelo Tamba Trio, no Rio de Janeiro, em 1967, para gravar seu primeiro disco. O encontro de Milton & Tamba com os arranjos de Luizinho Eça fazem de Travessia um álbum definitivo e eternamente moderno. E ganhou o mundo, o Bituca (como é carinhosamente chamado pelos irmãos de estrada)! Antes de “Travessia” a sua “Canção do Sal” já ecoava por ouvidos exigentes na voz de Elis Regina. Elis foi quem, de longe, melhor interpretou as canções de Milton. Parecia haver uma sintonia perfeita entre a harmonia e os acordes de suas criações com a voz e o talento explosivos da “Pimentinha”; era a “Mão e a Luva”. Certa feita, Elis, revelou em entrevista que até um “bom dia” de Milton “humilhava” e que “Se Deus quisesse nos falar, falaria pela voz de Milton Nascimento”. Exagero? Não. Milton canta e canta lindo ao extremo. O FIC de 1967 serviu apenas para adiantar o que viria pela frente, um sucesso sucedendo o outro. “Gira girou” com Márcio Borges, “Outubro” com Brant... “Maria Minha Fé”... Milton desfilava um rosário de maravilhas até ter sido catapultado para os EUA. Lá gravou o mesmo álbum, só que em inglês e com arranjos e orquestrações USA. Já em 1969, o terceiro álbum, Milton Nascimento, traria uma prévia, um breve ensaio do que seria o “Clube da Esquina”. Com composições de Nelson Ângelo, Toninho Horta, “o Mar do meu chão”, linda parceria de Dori Caymmi e Nelso Mottae emplacaria clássicos como “Sentinela” e “Beco do Mota”, ambas as parcerias com Fernando Brant. A parceria com o notável “Som Imaginário” do eterno companheiro de estradas, Wagner Tiso, foi um dos marcos de sua carreira. O LP “MILTON” é uma obra-prima roqueira e cancioneira ao mesmo tempo e também viria apresentar as composições de um adolescente de 16 anos chamado Salomão Borges Filho, o Lô; menino que já impressionava pela originalidade de suas harmonias trabalhadas e com sua parceria perfeita com o irmão Márcio. Era a prévia para o álbum que viria ser o divisor de águas da MPB Moderna e revolucionaria o jeito de se fazer musica por aqui. A Bossa Nova dava as cartas e também serviu de inspiração para o que estava por vir.



Foto: Mario Thompson



      Voltando ao finzinho dos anos 1960, na pensão aonde foi morar na capital, no Edifício Levy, Milton conheceu os irmãos Borges, Marilton, e Márcio. Foi num desses bares em troca de pão e escondidos do Juizado de menores que, ao lado dos irmãos, Borges formou, em 1969, o importante conjunto musical Clube da Esquina, Meca da MPB da década de 70. Dos encontros no bar da esquina das Ruas Divinópolis com Paraisópolis surgiram os acordes e letras de canções como Cravo e Canela, Alunar, Para Lennon e McCartney, Trem azul, Nada será como antes, Estrelas, São Vicente e Cais. Aos meninos fãs do The Beatles e do The Platters vieram juntar-sea eles, Nelson Angelo,  Helvius Villela, Emir Deodato, Beto Guedes, Fernando Brant, Robertinho Silva, Toninho Horta, Tavito, entre outros notáveis. Em 1972 a EMI gravou o primeiro LP, Clube da esquina, que era duplo e apresentava um grupo de jovens que chamou a atenção pelas composições engajadas, a miscelânea de sons e riqueza poética. O Clube da esquina escreveu um dos mais importantes capítulos da história da MPB. Chamou a atenção dos músicos brasileiros e estrangeiros, dada a sua ousadia artística e criatividade inovadora. Quando de seu lançamento, a crítica especializada não teve a capacidade de entender o que estava acontecendo e fez comentários severos a respeito da obra. Pouco tempo depois o disco teve reconhecimento internacional e ganhou o prestígio merecido aqui no Brasil também. O álbum virou disco de cabeceira de músicos no mundo inteiro, tornando-se referência estilística e estética da música contemporânea, e levou Milton Nascimento a ser convidado por Wayne Shorter a gravar um disco com ele, em 1975. O disco chamava-se Native Dancer e serviu para projetar Milton de uma vez por todas no mercado norte-americano.

   
      Seis anos depois desta epopeia revolucionária, na qual reuniu seus principais amigos e músicos da época e revelou Lô Borges, então um menino de 18 anos, como compositor de raro talento, Milton resolveu reviver aquela atmosfera mágica de criação e agregação de outros talentos. Agora teria de convocar mais gente: Tavinho Moura, Flávio Venturini, Vermelho, Joyce, Gonzaguinha, Chico Buarque, Francis Hime e Elis Regina fariam parte da Locomotiva Musical de “Clube da Esquina nº2”. Que ainda contou com artistas uruguaios, chilenos e uma nata de latino americanos da pesada. Outra obra-prima, outro marco histórico.



Foto: Mario Thompson



      Milton Nascimento difere dos outros artistas contemporâneos a sua trajetória; ela canta a terra, a raiz, a folha e o sal da terra, em um mosaico de temas e segmentos que ninguém possui. Enquanto os pós-tropicalistas e alguns bossanovistas perderam a mão de suas criações com o fim dos anos de chumbo e a abertura democrática, Milton seguiu seu caminho e foi, literalmente, onde o povo estava. Sua discografia é cristalina, unanime coesa e belíssima, onde se encontram épicos como “Minas” - 1975, “Geraes” – 1976, “Sentinela” – 1981, “Caçador de Mim” – 1982, “Ãnimã” – 1983, “Ao Vivo” – 1983, entre outros álbuns magníficos. Sua voz, um oceano de variações rítmicas e tonalidades que podem interpretar o mais ousado dos rocks a mais complexa opereta; Mil tons literalmente falando; Um oceano de voz orgânica, um monstro sagrado da canção popular.



      Seu legado se estende por uma discografia de 36 álbuns e uma dezena de projetos maravilhosos. Um deles foi o “Grande Circo Místico”.  Milton Nascimento integrou o grupo seleto de intérpretes da MPB que viajaram o país durante dois anos apresentando o projeto, um dos maiores e mais completos espetáculos teatrais já apresentados, para uma plateia de mais de 200 mil pessoas. Milton interpretou a canção Beatriz, composta pela dupla Chico Buarque e Edu Lobo. O espetáculo conta a história de amor entre um aristocrata e uma acrobata e a saga da família austríaca proprietária do Grande Circo Knie, que vagava pelo mundo nas primeiras décadas do século. Outra obra-prima dos musicais foi “Missa dos Quilombos” com textos de D.Pedro Casaldaliga e Pedro Tierra e Música de Milton Nascimento com  participação brilhante de Flávio Venturini. Não menos belas que a mais recente “Tambores de Minas”, onde Milton carrega para o palco dezenas de crianças. O estilo musical de Milton pode ser classificado como Música Popular Brasileira, surgido de um desdobramento do movimento da bossa nova, com fortes influências desta, do jazz, do jazz-rock e de grandes expoentes do rock, como os Beatles, Bob Dylan e com pitadas tanto da música hispano-americana de Mercedes Sosa, Violeta Parra e Victor Jara, quanto dos sons caribenhos de Pablo Milanes e Silvio Rodríguez. Ao mesmo tempo, o estilo de Milton Nascimento não deixa de beber nas fontes regionais brasileiras, nos cantos folclóricos de Minas Gerais e de outros estados. Um universo de musicalidade e sensibilidade ímpares.

No dia 26 de outubro, sexta-feira passada, Bituca fez aniversário completando 70 anos de idade. Uma carreira de 50 anos de estrada e uma obra difícil de ser comparada a de qualquer outro artista de seu tempo. São tantas histórias, casos, tantos mitos e passagens brilhantes na carreira deste gênio da canção pop mundial, que uma biografia seria e voltada para a obra deste patrimônio mundial da cultura seria bem vinda. Vida Longa ao Bituca. Som, amor e poesia para uma era de incertezas e, também, de realizações humanas como Milton Nascimento.



Caricatura: Head

Fotos: Mario Thompson



Clube da Esquina - 40 anos de um sonho que nunca envelhece
By Arte Vital Vídeos







Passo Piraju é barbárie consentida pela FUNAI



ATENÇÃO: PEDRO RIOS LEÃO, ÚNICA TESTEMUNHA NÃO INDÍGENA NA ALDEIA DE MATO PIRAJU DENUNCIA O ESTUPRO DE UMA ÍNDIA POR HOMENS NO CARRO DO PREFEITO IGUATEMI


"NOTICIAS DO MS:

Pedro Rios Leão
"Estou imerso há 3 dias na aldeia de Passo Piraju, sou o único branco no lugar e não consegui acessar a internet, estou tentando conseguir uma antena para estender meu contato até lá. O clima é muito tenso, o despejo foi decretado. Sexta feira, enquanto o latifundiário Gino Ferreira, ex-vereador, cobrava o despejo, uma índia em pielyto kwe foi espancada e violentada enquanto transitava para fora da aldeia. Ela estava em um carro com outros indígenas e foi a única que não conseguiu escapar. A caminhonete que interceptou o carro pertence ao Zé Roberto, prefeito da cidade de Iguatemi.
O deputado Fernando Gabeira esteve em Dourados e queria visitar Passo Piraju e Pielyto Kwe, foi impedido pela própria FUNAI que também impediu que as lideranças indígenas chegassem perto do deputado.
O clima é de barbárie total e a minha presença incomoda e muito os fazendeiros.
 Os pistoleiros não são meros capangas de fazendeiros, são empresas de segurança privada barbarizando com a constituição e assassinando os índios a sangue frio com as bençãos da polícia civil, muitas vezes com livre acesso a todos os terrenos por usar viaturas da polícia civil. Empresas como SEPRIVA e GASP. Eu estou trabalhando muito junto a aldeia e não tenho mais como articular com o pessoal de fora, mas por favor, não deixem de trabalhar. Está muito muito obscura a situação no mato grosso do sul. A FORÇA NACIONAL TEM QUE REMOVER OS FAZENDEIROS DO TERRITÓRIO INDÍGENA.

Consegui analisar alguns documentos, entendo a urgência que muitos que me acompanham esperam mas a informação necessária é simples: está acontecendo um massacre, e nem a demarcação resolve, porque os fazendeiros não cumprem, matam, estupram, roubam, aterrorizam, e não são punidos, e a própria FUNAI tenta encobrir os absurdos. O governo federal tem que mandar proteção urgente para os índios e mesmo a minha vida corre risco enquanto eu estiver aqui registrando.

É preciso que continue a se forçar uma atitude do governo federal, que na era Lula deixou matar bem mais lideranças indígenas do que no governo do nefasto FHC. (podem pesquisar, eu juro que não é implicância minha) Assim como na reforma agrária foi mais latifundiário que os Tucanos. Esse é o preço da parceria com Sarneys e Barbalhos. Eu peço, para a própria base petista, para que tome uma providência. Que peça ação urgente por dentro do partido.

E amigos, não me deixem ser o único "Caraí" no fogo cruzado. Pressionem os jornalistas, os deputados, quem puder. Está assustador. Se acontecer alguma coisa comigo, a culpa é do PT."

Enviado por Pedro Rios Leão.

*Pedro é um dos membros efetivos do Tribunal Popular....ele é mais um dos TPs ameaçados por tentar defender os direitos constitucionais dos arts 5°, 231 e 232 da nossa carta magna...."



PS: Esse é o telefone da Promoção e defesa de direitos humanos, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Peçam para o Paulo Maldos tomar uma providência e mandar a força nacional proteger as aldeias.
Gaste 5 minutos do seu dia com isso (61) 2025 9617.
POR FAVOR LIGUEM, DIVULGUEM E COMPARTILHEM!!


"Nós, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos viveu por séculos sem consciência de si... Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros...."
(Professor Darcy Ribeiro)




sexta-feira, 26 de outubro de 2012

70 anos de Milton "Canta Lindo" Nascimento

           

           Hoje é aniversário de Milton Nascimento e não é um aniversário qualquer': Milton completa 70 anos de idade, no mesmo ano em que emplaca 50 anos de uma carreira brilhante, de vasta obra em 36 álbuns autorais e que ainda tem muita lenha para queimar. E este blog não poderia deixar de lembrar deste marco, deste patrimônio da MPB Moderna, cuja carreira internacional também é um grande sucesso. O Arte Vital parabeniza o artista e traz uma sessão de vídeos a serem publicados durante o dia de hoje.

  

VIDA LONGA PARA TI,
MILTON NASCIMENTO!












Milton Nascimento - San Vicente - by Arte Vital Vídeos







terça-feira, 23 de outubro de 2012

Um sonho real que mudou a história do mundo:



De Minas para a Lua  
Por Antônio Siqueira




O antológico primeiro voo de um homem














       

        Os estadunidenses vão discordar por toda a eternidade, pois a arrogância e a prepotência dos “irmãos do Norte” não os permite filtrar esta realidade mais que comprovada. Contudo, afirmar que o “pai da aviação” é um mineiro de Palmira não é mera patriotada. Assinam em baixo centenas de autoridades e curiosos presentes ao Campo de Bagalette, em Paris, no dia 23 de outubro de 1906, quando o 14-Bis voou por mais de 50 metros e garantiu a seu inventor, Alberto Santos Dumont, um prêmio e um lugar na história.

         Em contraste com os irmãos Wilbur e Orville Wright, que afirmaram ter voado em 1903 com um biplano, o avião do brasileiro foi o primeiro aparelho mais pesado que o ar a sair do chão com recursos próprios, enquanto o dos estadunidenses, conforme eles próprios reconheceram, foi impulsionado por uma catapulta. Mas a polêmica, provavelmente, jamais terá fim: as brechas deixadas pela historia (esta ciência longe de ser exata) são, especialmente, o que torna o seu estudo fascinante.

         Imperdoável seria permitir que a polêmica tirasse o brilho desse brasileiro nascido em 20 de julho de 1873. Seu pai, Henrique Dumont, era um rico plantador de café. Palmira, mais tarde rebatizada com o nome do seu filho mais ilustre, na época fazia parte de um Brasil pouco propício ao surgimento de inventores, apesar da paixão do Imperador Dom Pedro II pela ciência: era um país essencialmente agrário, com suas elites voltadas para as práticas bacharelescas. ”Se o filho de um fazendeiro sonhasse em se transformar em aeronauta, cometeria um verdadeiro pecado social”, afirmou Santos Dumont, mais tarde, já na França, aonde chegou em 1891 para desenvolver seus principais projetos. Na ótima formação obtida com professores e cientistas franceses - complementando o estudo em bons colégios de São Paulo, quando a família já morava em Ribeirão Preto - incluiu-se a leitura das obras de Julio Verne, o escritor das aventuras impossíveis, que lhe deu, literalmente, asas à imaginação.

         Toda época tem o seu centro de convergência. Se hoje é Nova Iorque e um dia foi Roma, no final do século 19, não havia melhor lugar para ficar famoso do que Paris. Foi lá que aquele brasileiro, de estatura baixa e franzino, que gostava de se vestir bem e falar pouco, começou a conquistar os céus. Primeiro com balões, depois com os dirigíveis e, por fim, com os aeroplanos.


O voo do Dirigível em Paris
  Após estudar os automóveis, Santos Dumont construiu os primeiros veículos aéreos de combustão e chegou a escapar da morte algumas vezes. Em agosto de 1901, o dirigível nº 5 bateu em um hotel e ele ficou preso nas cordas, na ocasião, foi salvo pelos bombeiros parisienses.
         Foi uma prévia do que aconteceria mais tarde com alguns pioneiros da aviação num período em que acidentes de avião, mais ou menos graves, se tornariam comuns. Antes que seu nome figurasse no obituário de algum matutino francês, era preciso que o inventor brasileiro, se lançasse, enfim, a um grande desafio e a oportunidade surgiu com o Prêmio Deustch.

         É curioso que muita gente, ao falar sobre Santos Dumont, mencione apenas dois fatos: o voo do 14-Bis e o suicídio. O primeiro, grande feito, porém, o tornou famoso, valendo-lhe o reconhecimento e os elogios de destacadas personalidades mundiais como o inventor Thomas Alva Edson. A façanha ocorreu em 1901, quando Santos Dumont, saindo campo de Saint-Cloud, contornou a Torre Eiffel com seu dirigível nº 6 e retornou em 30 segundos. Era a primeira pessoa a dirigir um veículo aéreo num percurso previamente determinado - um avanço tão importante para a aviação quanto seria para a indústria automobilística, a invenção do arranque automático em 1911, invenção essa, que abriria caminho para a produção de carros em massa.

        Aclamado pela multidão que acompanhou o vôo, Santos Dumont recebeu o prêmio de 100 mil francos instituído por Deutsch de la Meurthe, o maior importador de petróleo da França na época. Assim como nunca patenteou seus inventos, inclusive, dando liberdade a qualquer um para copiá-los e melhor desenvolvê-los, Santos Dumont preferiu dividir o prêmio entre os mecânicos que trabalhavam em seus projetos e os desempregados de Paris.

      O 14-Bis recebeu esta nomenclatura, porque, nos testes iniciais, o aeroplano era lançado a partir do dirigível nº 14 por repetidas vezes, daí a expressão "Bis". Até então, Santos Dumont aterrissava com seus estranhos dirigíveis nas ruas de Paris, levava passageiros, inclusive crianças, e ia aperfeiçoando os seus modelos. Num desses passeios, em 1903, a jovem cubana Aída Costa - que muitos acreditam ter tido um romance com o brasileiro -, tornou-se a primeira mulher a pilotar um veiculo aéreo.

      Enquanto isso, no Brasil, as pessoas fugiam da vacina e o avanço científico encontrava pouco estímulo numa economia exportadora de matérias-primas. Pelo badalado vôo do 14-Bis, realizado em 23 outubro de 1906, Santos Dumont recebeu o Prêmio Archdeacon, de 3 mil francos - curiosamente, valor menor do que embolsara pelo vôo com dirigível nº 6. No mês seguinte, em 12 novembro, ele voaria ainda mais longe, percorrendo além de 200 metros no mesmo campo de Bagatelle e conquistando o prêmio de 1.500 francos oferecido pelo Aeroclube da França.


Os primeiros aeroplanos: Projeto muito louco!
  Alguns dos maiores nomes da aviação estavam na disputa, como os franceses Voisin e Blériot, que, com problemas mecânicos na ocasião, tiveram que aguardar mais alguns anos para escreverem seus nomes na história da aviação. Os ausentes do encontro foram os irmãos Wrigth, que, ao que tudo indica, “amarelaram”. Isso fez que com que pairassem  no ar as mais fortes suspeitas sobre a veracidade do vôo que afirmam ter feito em 1903, na Carolina Norte, vôo este que, os estadunidenses consideram o primeiro da história - mas que não foi testemunhado por nenhuma alma, a não ser a dos próprios interessados, Wilbur e Orville.

      Santos Dumont ainda construiria no final de 1907, o modelo Demoiselle, uma grande sensação por suas pequenas dimensões e fácil dirigibilidade. Em 1910, no entanto, o brasileiro abandonaria de vez os projetos da aviação - apenas um ano depois da primeira feira de produtos aeronáuticos do mundo, em Reims, na França. A esclerose múltipla, doença que o acompanhava havia alguns anos, estava se manifestando fortemente. E a partir de então, Santos Dumont se dedicaria - entre uma ou outra internação -, aos estudos astronômicos.

      Recebeu homenagens diversas, inclusive, nos monumentos de Saint-Cloud e em Bagatelle, palcos parisienses de suas maiores façanhas. Fez algumas viagens ao Brasil, até a volta definitiva em 1928. Dois anos antes, tinha pedido em casamento a filha de Gabriel Voisin, mas o pai vetou suas pretensões, devido à diferença de idade. O brasileiro contava com 53 anos e jovem Janine Voisin apenas 17. Atualmente, Janine está viva e reside no interior da França com seus 96 anos.

      À medida que o século 20 firmava-se, intensificava uma escalada de violência. Santos Dumont se recolhia a seus estudos e aos discursos pela paz, além de se dedicar a invenções revolucionárias para a época, como um original chuveiro de água aquecida (graças ao uso de álcool), instalado na excêntrica casa que construiu em Petrópolis - que chamava de “A Encantada” -, cujos degraus foram planejados para que o visitante só pudesse entrar com o pé direito. Os aviões, já então transformados em eficientes armas de guerra, tinham criado mitos, como o alemão Manfred Von Richtofen, o Barão Vermelho, vitorioso combatente na Primeira Guerra Mundial. No Brasil, aviões foram utilizados na Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo. No dia 23 de junho daquele ano, aos 59 anos, Santos Dumont se enforcou com uma gravata num hotel em Guarujá, no litoral paulista. Se sua morte foi motivada pelo uso bélico dos aviões (como foi popularmente disseminado) ou se foi simplesmente em conseqüência de sua terrível doença, nunca se soube com certeza.

   
Santos Dumont
No inicio do século, ele chegara a autorizar que seus balões fossem usados para fins militares pela França, mas com certeza, não imaginava o poder de destruição que seu invento alcançaria pouco tempo depois. Ele chegou a presenciar um desses violentos bombardeios na sua fazenda em São Paulo e, segundo pesquisadores, teve uma crise violenta, se sentindo ao mesmo tempo, culpado e traído. Dumont morreu antes de ouvir falar em nomes como Spitfire, kamikazes, Enola GayB52U2 ou os mais recentes modelos de aeronaves equipadas com recursos diversos, como o da tecnologia
Stealth (que as tornam invisíveis a radares convencionais); porém, todos, transformados em incrementadas “máquinas de fazer morte”.


       

      Em homenagem e em reconhecimento ao seu trabalho para a aviação mundial, desde 1976, o nome deste genial pesquisador e inventor mineiro batiza uma das crateras da Lua.



   *Texto publicado originalmente no Jornal Via Fanzine em 21 de outubro de 2005.

                                               
      Todos os direitos reservados  ao autor da obra ®



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Violões de Minas


Uma magia real

        Por Antonio Siqueira


"Eu não ando só. Só ando em boa companhia. Com meu violão, minha canção e a poesia."
                                              Vinicius de Moraes



      As configurações modernas do violão, (o desenho) foram confeccionadas na Espanha. Presente hoje em quase todos os gêneros musicais populares, sua abrangência só se compara à do piano. Ao longo do tempo este  instrumento sofreu grandes evoluções e, hoje em dia, possui uma grande variedade de formatos e tamanhos, cada qual mais apropriado a um estilo de execução. Marginalizado durante boa parte do século XX, o violão popular hoje é sinônimo de beleza e sonoridade ímpares.
A história do violão pode ser traçada com mais de 4.000 anos.Muitas teorias têm sido criadas sobre os ancestrais do instrumento. Menciona-se frequentemente que o violão derivou do alaúde, ou mesmo da Kithara Grega antiga.
Os rastros mais antigos encontrados por arqueólgos são: a Harpa Côncava e o 'Tanburs'nas regiões de civilizações Sumérias, Babilônicas e Egípcias. Muito tempo!
O violão acompanhou a história das civilizações. As primeiras obras publicadas para violão, datam do século XVI. Pelos artistas espanhóis Alfonso Mudarra e Migue Fuenllana. Em peças clássicas, no século XIX, ele se sedimentou e caiu no gosto popular. No Brasil, diversos nomes respondem pelo instrumento mais popular do planeta.

    O músico mineiro, Geraldo Viana produziu em 2006, o documentário, "Violões de Minas" em DVD, que destaca a história do violão apresentando os principais intérpretes do instrumento no estado.Destaque para os violonistas, Toninho Horta, Juarez Moreira, Gilvan de Oliveira, Chiquito Braga, José Lucena, Aliéksey Vianna, entre outros.


"Eu não ando só. Só ando em boa companhia. Com meu violão, minha canção e a poesia."
                                              Vinicius de Moraes



segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Notas, notáveis, nem tão notáveis e afins


De volta
A coluna “Notas e Notáveis”, andou parada, mas está de volta. A realidade é que o momento criativo anda meio estagnado e o escriba aqui também arrumou outros afazeres. As eleições se definiram em várias cidades e Estados. Neste período as coisas tendem a estagnar mesmo, haja vista que muita gente por aí, depende desse quadro lamentável de interesses e pressupostos da subserviência para pôr algum trabalho em evidencia. De qualquer forma, sempre existe algo acontecendo, mesmo que seja um evento medíocre como o “Voicer”, reality que a Rede Globo resolveu veicular para emburrecer ainda mais o cenário sócio-cultural de seus telespectadores. Claudia Leite, Carlinhos Brown e Lulu Santos (este sempre foi de circo) são de uma mediocridade tão grande que não merecem respaldo.



Led Zeppelin: show do '02 Arena' sai em DVD

Depois de diversas "deixas" e uma contagem regressiva feita através do Facebook, o Led Zeppelin finalmente anunciou oficialmente o lançamento em filme da reunião da banda em 2007.

Intitulado “Celebration Day”, o filme terá imagens do show em que a banda se reuniu em homenagem ao fundador da gravadora Atlantic, Ahmet Ertegun, que assinou a banda nos anos 60.

O show aconteceu no O2 Arena, em Londres, com os membros fundadores John Paul Jones, Jimmy Page e Robert Plant, que contaram com Jason Bonham - filho do falecido baterista John Bonham - em uma apresentação de duas horas, para 18 mil pessoas.

“Celebration Day” será exibido nos cinemas a partir de 17 de outubro, após a pré-estreia em 13 de setembro. O filme será lançado em CD e DVD no dia 19 de novembro.



Dylan ressurge

Bob Dylan está notável! É verdade que ao longo de sua carreira, o músico teve altos e baixos, acertou e errou muitas vezes. Incorporou personas diferentes. Já fez som plugado e desplugado. Afugentou fãs por motivos que serviram para angariar outros tantos. "Tempest", o 35º álbum de uma extensa discografia, está aí para provar que Dylan tem sempre algo para mostrar. Não que Dylan, do alto de seus 71 anos, tenha resolvido revolucionar a música. Não, ele faz o que sempre fez - folk, blues, rock, country e baladas - só que consegue parecer renovado dentro de sua seara. A curva que acompanha a linha do tempo do artista, aponta para cima, mais uma vez.



O alagoano acordou

Djavan volta às prateleiras e aos ouvidos dos fãs com seu novo ábum,"Rua dos Amores".
Ainda não ouvi, mas o título é sugestivo. Djavan é um dos pouquissimos artistas nacionais que, quando resolve gravar, acerta. seu ultimo trabalho, "Ária", é formidável.


De Hong Kong para as galáxias


Lidi Satier











     A cantora e compositora brasiliense e radicada em Hong Kong, Lidi Satier, estará no Brasil para lançamento do seu álbum, “Teia”. O cd será lançado no Clube do Choro em Brasília e promete ser uma agradável novidade. Lidi conta com um time de músicos notáveis e a produção competente e elaborada de Hamilton Pinheiro e co produção da também compositora, Vanessa Pinheiro. Cláudio Venturini canta com Ela a faixa “Em algum lugar”, parceria com Tuca de Oliveira e Vanessa, belíssima balada que já é o carro-chefe do disco. Merece atenção, pois é um álbum conceitual de primeira grandeza e Lidi Satier canta, canta e canta muito!


Aqui você confere o making do clipe de lançamento de "Teia":