quinta-feira, 26 de abril de 2012

Politica é o fim


A Ética que nunca nasceu

Por Antonio Siqueira


    Definitivamente: Não existem BOAS INTENÇÕES quando o assunto é POLÍTICA! A verve de cada um é cruel demais aos olhos mortais comuns. A partir de um documentário produzido pelo pessoal do João Moreira Salles, vazou esta “preciosidade”. Politicagem à moda antiga, ou seja, bem aos moldes maquiavélicos do Novo PT.

     Como perguntara Caetano numa canção aparentemente despretensiosa que homenageava sua antiga banda, ou melhor, sua “A Outra Banda da Terra” que o acompanhou nas décadas de 70 e 80: “Brasil, mas quem pariu tal gente?”. NÓS PARIMOS! Somos os culpados hediondos por esta cafajestada ainda infestar as instituições do nosso país, doa a quem doer.

      Este vídeo foi-me enviado via e-mail por um jornalista amigo e combativo há exatamente 4 anos, depois virou febre em mensagens em massa. Vasculhando meus arquivos mais antigos, o reencontrei. Jeremias escreveria em certa feita: "Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!" (Jeremias 17 : 5). Isso seria um conselho de Deus para com a humanidade. Se confiarmos em planos humanos estaremos virando as costas para os planos de Deus e suscetíveis à corrupção dos infiéis.
Malditos somos todos nós que elegemos esses vermes. Que Deus nos proteja desses canalhas!


Não se deve confiar em calhordas






* Politica nunca foi arte e não caberia neste espaço, se a coisa não fosse tão dantesca.
   Me perdoem os amigos e seguidores deste blog.

terça-feira, 17 de abril de 2012

No Coração do Clube da Esquina: Beto Guedes


As Várias Esquinas do Homem Música
    Por Antonio Siqueira


        O Arte Vital e este escriba tinham uma dívida com o Clube da Esquina; tentar, mesmo mal e parcamente, homenagear e retratar aqui um pouco do que foi esse “fenômeno” cultural advindo das alterosas. A música das Minas Gerais mudou a cabeça de muita gente que “mexe” com a primeira arte e fez-me amá-la como se ama a musa mais radiante ou àquela menina mais bonita da escola. Eu era menino num Brasil que ouvia Roberto Carlos (que é gente muito boa e soube explorar bem as suas oportunidades com honestidade acima de tudo), The Fevers; Ronnie Von & Vanusa eram super heróis de uma geração, em sua imensa maioria, carente de informação e novidades, quando os primeiros acordes da revolução musicultural “pousaram” mansamente em meus ouvidos. Mesmo com pouquíssima idade, lembro-me dos cuidados com que Dona Fátima, minha saudosa mãe, guardava aquele Long Play belíssmo e duplo, o qual trazia dois molequinhos representando os gênios criativos de Milton “Canta Lindo” Nascimento e Lô Borges na capa. O tempo passou, Dona Fátima se foi para o infinito e o Long Play sumiu; ganhei outro em um dos meus aniversários de um amigo que também é outro gênio criativo da arte maior: Sir Marcos Damasceno passava pelo Passo Imperial quando adquiriu a preciosidade para me presentear. Eu era uma espécie de “discípulo” de Marquinhos, um dos maiores cancioneiros que por aqui passou e quase enlouqueci com o presente. Devo ter feito mais rotações naqueles vinis do que a Terra desde seu resfriamento e o ‘professor’ Damasceno musicista e instrumentista notável, ainda me concedeu o privilégio de aulas extensas e bem aproveitadas no que concernia às canções daquele álbum duplo.

     O Clube revelou gênios, tanto músicos e instrumentistas fantásticos, quanto compositores geniais por excelência. Márcio Borges, por exemplo, como um dia ouvi ou li, não me lembro bem se foi o seu próprio pai Salomão; “Não escrevia, psicografava o infinito”. Toninho Horta é um mago de harmonias e acordes que não são deste plano; Lô Borges escreve musica com verdades e vertentes viscerais, além de ser um dos caras mais bacanas desta turma de notáveis, mas foi a música de Beto Guedes que me arrebatou definitivamente.

      Não desaparece da minha memória o dia que ouvi “Amor de Índio” numa coletânea chamada "Comportamento Geral”, lançada no comecinho da década de 80 e que trazia Gonzaguinha, Simone, Chico Buarque, Walter Franco, o genial Sidney Miller, entre outros nomes de impacto da MPB. Ouvi tantas vezes eu fui chamado à atenção, pois ninguém aguentava mais; foi a primeira canção que toquei e cantei ao violão, ao piano...Dali em diante cacei o LP “Amor de Índio” incansavelmente até um dia achá-lo numa lojinha escondida na Rua do Ouvidor, no Centro do Rio naquele 1983 em que ainda andava pelas mãos de meu pai e o perturbava por demais com meus desejos fonográficos. Beto é o mineiro mais Clube da Esquina desta galera de ilustres e tem uma discografia divinamente bela; seus 6 primeiros álbuns foram recheados de clássicos que ocuparam espaço de destaque na word music. Beto emplacou uma das parcerias mais bem sucedidas da Brazillian Music com o letrista carioca Ronaldo Bastos, mas escreveu algumas preciosidades com Márcio Borges. O álbum “Contos da Lua Vaga” é uma jóia rara e magnífica, tanto em qualidade na elaboração _ ele trabalhou o disco tocando quase tudo e usando e abusando da sua verve de multi-instrumentista _ quanto para encontrá-lo, até hoje, inclusive na web.

      Este blog receberá posts sobre os quarenta anos do “Clube da Esquina” durante boa parte do ano de 2012. É uma divida que tenho desde o ano de 2002, quando se completaram trinta anos deste revolucionário movimento e, posteriormente, trinta e cinco em 2007. Passou em branco por puro temor deste que vos escreve em produzir matérias à altura da dimensão e da magnitude desta ‘coisa toda’ que é a música mineira. Este “Clube”, ou “Guarda-Chuva” _ como declara em tom de muito humor, ilustríssimo Marcinho Borges_ revelou artistas clássicos da Musica Popular Brasileira Contemporânea e estes, serão contemplados no Arte Vital como merece a Musica Universal e da forma mais concreta e sincera como exigem o bom gosto e o amor à música de qualidade. A nossa arte, os filhos da nossa arte e nossa musica sem igual agradecem.


* A obra de Beto Guedes fora pautada de canções, cujo tema abraçava causas supremas e de cunho ecológico. Este vídeo produzido pelo Arte Vital, traz uma das obras-primas deste mineiro que é musica até a alma:




Beto Guedes - Contos da Lua Vaga




segunda-feira, 16 de abril de 2012

O rock sem fronteiras


A Força do Terceiro Mundo             
Por Antonio Siqueira


@image_viva_rockroll






















Parte I


      Os grandes movimentos musicais populares oriundos dos EUA e da Europa que concerniam, principalmente, ao Rock and Roll atravessaram o atlântico e vieram dar em “praias” brasileiras, assim que movimentos como a Tropicália e o Clube da Esquina promoveram uma revolução sem precedentes na sonoridade do cancioneiro popular. Surgiam assim, em todas as capitais, as bandas de garagens, bem aos moldes dos grupos de jovens norte - americanos e londrinos, estes que encontraram e identificaram a gênese deste segmento. As bandas de garagem eram grupos amadorísticos que ensaiavam nos fins de semana, levavam à loucura vizinhos mais conservadores e sonhavam com o sucesso, representando toda uma inocência e a  força primitiva do rock and roll. Algumas destas bandas conseguiram chegar ao estrelato, caso dos Ramones que em 1976, se tornariam um dos grupos pioneiros do punk americano.

      Um dado importante na revolução do rock punk se deu em Londres e foi na chamada Conexão Jamaicana: o reggae. Os jovens londrinos da classe operária começaram a se identificar com esse ritmo antilhano, essa mistura de calipso, rhythm and blues, funk e soul e a situação de miséria dos jovens do Terceiro Mundo. Assim como os jovens da década de 50 projetavam-se na marginalidade negra do blues norte americano para criar o rock and roll, esse fenônemo influenciou os movimentos punks e veio aportar em terras brasileiras.

      Como nos versos fortes e comoventes da poetisa e letrista Suzana Nunes na musica “Pedras Rolantes (Nas Ondas do Rádio)" de Flávio Venturini -Vermelho e Suzana Nunes: “Chegaram pelo atlântico com seus gritos selvagens e o belo horror nascente das pedras rolantes” rock com brechas de influencias poderosas do progressivo da banda 14 Bis, single do segundo disco da banda de 1980, o rock chegaria aqui de vez. Com a música vinha uma ideologia carismática, um comportamento rebelde e antiimperialista que se expressava a partir de letras enganjadas, uma mistura inteligente de gêneros e ritmos, roupas coloridas e exóticas, alimentação vegetariana e muita maconha. Com a expansão do mercado fonográfico externo, o Rock Brasil não tardaria a viver a sua era de ouro, esta que teve nos Gritos Selvagens de artistas notáveis, o pé na porta para a grande revolução da cultura pop nacional.



14 Bis - Pedras Rolantes - Nas Ondas do Rádio - 1980






terça-feira, 3 de abril de 2012

Clube da Esquina: Uma crônica musicultural



  Parte II

A música magnífica de Minas para o mundo
Por Antonio Siqueira





A capa
O ano era 1972 e um caldeirão musicultural de gêneros e segmentos da era pós Beatles surgia e fazia emergir uma leva fantástica de músicos notáveis e geniais. O Rock Progressivo e o Rock Metal davam as cartas e bandas como Genesis, Yes, CrimCrimsom, Led Zeppelin, Deep Purple, Emerson Lake and Palmer, Pink Floyd e Queen inseriam os primeiros acordes de uma era de ouro. O, surpreendente LP Sargent Pepper’s Lonely Heart Club Band, gravado em 1966 e considerado um divisor de águas na carreira dos Rapazes de Liverpool e na história do rock era a revolução; Este álbum possuía uma forte influencia do movimento psicodélico e abriria os portais para o ProgRock, detonando assim, uma ogiva de criatividade inesgotável na Word Music. Só para lembrar; Jimmy Hendrix faria trabalhos excepcionais influenciado por estas experiências lisérgicas, um deles; “Are you experienced”, seu primeiro álbum, seria um primor em técnica e virtuosismo. Porém, a musica psicodélica britânica se mostraria mais experimental e instigante do que a norte-americana, influenciando toda uma geração de músicos que acabou por desembocar no Rock Progressivo (fusão perfeita entre o rock e a musica erudita) destes anos 1970.

        Em 1971, na bela Minas Gerais, um grupo de talento incontestável, capitaneado pelo jovem Milton Nascimento, começava a mudar os rumos da Musica Popular Contemporânea. Milton já freqüentava diversos palcos, já havia traçado a sua “Travessia” na companhia de outro jovem poeta, Fernando Brant, já havia conquistado seu lugar entre os grandes gênios da primeira arte na segunda metade da década de 1960 ao fazer o Maracanãzinho lotado cantar e se emocionar em uníssono soltando, com ele, a voz nas estradas. Talvez, um encontro com o menino Lô Borges (na época com apenas 14 anos e que já se mostrava um melodista maduro e de extrema criatividade) nas escadas do Edifício Levy, tenha acendido uma chama sem pavio. Mas o que se sucedeu a partir dos encontros com esses amigos ilustres e já músicos fantásticos, viria se transformar em um dos movimentos musiculturais mais importantes dos dois últimos séculos.


        Desde o final dos anos 1960 e no início dos 70, a peça teatral, o livro, o filme, o disco, enfim o produto cultural que os sensores semi-alfabetizados julgassem inadequado ao momento político e ofensivo ao Estado seria proibido e seus autores ficariam sob a estreita vigilância do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Envolvidos nessas condições político-jurídicas, os Rapazes de Belo Horizonte começavam a confeccionar o som que mudaria a cara da MPB Moderna. Paralelo à sua carreira já bem sucedida, Milton continuou freqüentando um pequeno boteco situado na esquina da Rua Divinópolis com a Rua Paraisópolis, no bairro de Santa Tereza, onde com os amigos Lô, Marcio e família Borges, Toninho Horta, Fernando Brant, Beto Guedes, Helvius Vilela, Eumir Deodato entre outros que apareciam com seus instrumentos e muita sede de musica e bom papo, criariam o que Dona Maricota Borges chamaria de Clube da Esquina.



O disco


        No ano de 1971, a rapaziada do Clube Mineiro já havia composto um número de canções que pretendiam lançar num álbum duplo, coisa rara nestes tempos.  A Tropicália já havia sido devorada pelos predadores do período jurássico ditatorial, mas o talento inquestionável dos letristas deste projeto épico trataria de dizimar quaisquer  fossem esses contextos censurais. Com letras de teor político existencial e profundeza intrínsecos (observa-se uma forte influência sartreana nas letras de Márdio borges e Fernando Brant) e harmonias divinamente elaboradas, o álbum duplo Clube da Esquina seria gravado no Rio de Janeiro em estúdio preparado exclusivamente para os cavaleiros da revolução musical daquela década de incertezas. Mar Azul, praia próxima à Piratininga, no belíssimo litoral niteroiense, seria o cenário da casa em que se deu vida e sonoridade com sensíveis requintes de sofisticação a esta obra-prima da musica universal. Disse Jose Geraldo Castro Moreira, o Vermelho, tecladista e arranjador do 14 Bis, em recente conversa com este articulista, sobre a experiência da primeira audição do LP Clube da Esquina: "A impressão foi maravilhosa ao ouvir 2 musicas deste disco, ainda num gravador de fita alta qualidade na casa do Milton, então em Copacabana, com Beto Guedes que me apresentou "San Vicente" e "Girassol". Tocou baixo em ambas, Beto é excelente baixista; além do vocal na 2a faixa. Quase caí de costas, - só não foi mais porque além de ouvir de novo e de novo, nao queriamos acordar Bituca, que dormia no quarto ao lado, acho..."  Depoimentos assim não são raros sobre este disco épico.


As gravações
 Produzido por Milton Miranda, com direção musical de Lindolfo Gaya, orquestrado pelos geniais maestros Eumir Deodato e Wagner Tiso e com regência do Monstro Sagrado, Paulo Moura; Clube da Esquina foi gravado em quatro pistas, isto é: a maioria das gravações era no “pau”. Não havia, pelo menos aqui em terras nacionais, recursos em 12 ou mais canais para a elaboração das faixas. Quase todas as musicas foram tocadas de uma vez só, o que, de certa forma, deu ainda mais vitalidade e veracidade às gravações. Beto Guedes, jovem e promissor multi-instrumentista na flor de seus 19, 20 anos de idade, participou de praticamente todas as faixas, tocando guitarra, baixo e percussão; e ainda cantando nas faixas Saídas e Bandeiras nº1 e nº2 (Milton Nascimento e Fernando Brant) e Nada Será como Antes (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos). Beto ainda foi prestimoso nos vocais de diversas faixas ao longo dos trabalhos. Tavito, exímio violeiro das 12 cordas, deu vida aos arranjos de Tiso e Deodato, tendo participação também destacada em diversas musicas do disco. Toninho Horta, que não demoraria a ser reconhecido no mundo como um dos top 10 guitarristas da Word Music e do jazz, simplesmente arrebenta e também mostrou ao que veio principalmente nas guitarras que deram o peso necessário às faixas como “Trem de Doido” (Lô e Marcio Borges), “Trem Azul” (Lô Borges e Ronaldo Bastos), “San Vicente” (Milton e Fernando Brant) e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” (obra-prima do menino Lô Borges e do “nerudeano” Márcio Hildon Borges).


Criatividade
O álbum proporcionou momentos belíssimos como a interpretação épica do clássico “Cais” (Milton e Ronaldo Bastos); a orquestração genial de Wagner Tiso e a regência refinada de Paulo Moura construíram a magnitude do single e eternizaram uma das músicas mais belas do cancioneiro brasileiro. “Me deixa em paz” (da nata do samba carioca e autoria de Monsueto e Ayrton Amorim) teve a participação preciosa da diva do samba canção, Alaíde Costa e considerada por muitos um dos maiores momentos da canção brasileira. Milton e Alaíde brincaram com suas vozes de outro mundo e o primeiro mostrou ao Brasil que mineiro toca e canta o samba e o choro com destreza notável. O Clube teve, ao todo, 20 gravações com composições divididas irmamente entre Milton Nascimento e o jovem, na época com 18 anos recém completados, Lô Borges. Lô também dividiu a autoria do álbum ao lado de Bituca e não parou mais. “Nuvem Cigana” de autoria de Lô e de seu irmão Márcio, parecia prever naqueles versos belíssimos na voz de Milton, o que seria a trajetória do garoto prodígio das harmonias ousadas, repletas de beleza e rebeldia em doses perfeitas. Fernando Brant e Ronaldo Bastos criaram letras maravilhosas, mas, talvez, Márcio Borges  tenha escrito as letras de maior impacto e também escreveria seu nome na galeria dos maiores poetas da musica contemporânea. Um disco repleto de estilos, de idéias, de músicos fantásticos... Um disco que seria o grande divisor de águas do que seria, dali em diante a musica popular brasileira e, em amplo espectro, a canção popular latino americana. Canções como “Dos Cruces” (Carmelo Larrea), “Os Povos” (Milton Nascimento e Márcio Borges), “Cravo e canela” (Milton e Ronaldo Bastos) e “San Vicente” (Milton e Brant) demonstraram essa filosofia sem fronteiras e atraíram a admiração de artistas celebres como Violeta Parra, Vitor Jara, Pablo Milanez, Mercedes Sosa, Silvio Rodriguez entre outros hermanos.

      O “Discão duplo” ganhou o mundo! Remasterizado em Abbey Road no anos de 1994 e com sua capa que trazia os, então meninos, Cacau e Totonho (fotografados por Cafi na companhia de Ronaldo Bastos em uma estradinha de terra nas proximidades de Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, próximo de onde moravam os pais adotivos de Milton Nascimento e recentemente descobertos já adultos) numa alusão a Milton Nascimento e Lô Borges, e numa explosão de criatividade que jamais se viu na MPB Moderna e, talvez, raramente tenha se registrado pelo mundo da música algo semelhante ao fenômeno ocorrido naquele 1972. Clube da Esquina levou a musica mineira para o mundo, criou clássicos eternos da canção popular nacional, lançou nomes e preciosidades para a grandiosa e eterna galeria estelar como Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, Wagner Tiso, Márcio Borges, Fernando Brant, Ronaldo Bastos e, brevemente revelaria; Tavinho Moura, Flávio Venturini, Vermelho, Claudio Venturini, Sergio Magrão, Hely Rodrigues, Zé Eduardo, Tavito, Nelson Ângelo, Robertinho Silva e sua família de gênios percussivos e mais uma leva de artistas nos anos que sucederam-se àquela célula inicial, que elevariam ainda mais o nível da MPB. Como costuma dizer a jornalista Leda Nagle, mineira de Divinópolis e carioca de alma e formação: “O Milton Nascimento é como uma Kombi que só embarcam coisas boas.” Eu diria que Milton é como uma nuvem cigana, Leda... Na qual só pairam e fazem morada, os grandes astros deste imenso céu que ainda é a Música Popular Brasileira de qualidade.


Clube da Esquina (1972)


Produtor Fonográfico:
Indústrias Elétricas e Musicais Fábrica Odeon S/A
Lado Um

   1. "Tudo Que Você Podia Ser" (Lô Borges, Márcio Borges) – 2:56
      Interpretação: Milton Nascimento
   2. "Cais" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) – 2:45
      Interpretação: Milton Nascimento
   3. "O Trem Azul" (Lô Borges, Ronaldo Bastos) – 4:05
      Interpretação: Lô Borges
   4. "Saídas e Bandeiras nº 1" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 0:45
      Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
   5. "Nuvem Cigana" (Lô Borges, Ronaldo Bastos) – 3:00
      Interpretação: Milton Nascimento
   6. "Cravo e Canela" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) – 2:32
      Interpretação: Lô Borges e Milton Nascimento

Lado Dois
   1. "Dos Cruces" (Carmelo Larrea) – 5:22
      Interpretação: Milton Nascimento
   2. "Um Girassol da Cor do Seu Cabelo" (Lô Borges, Márcio Borges) – 4:13
      Interpretação: Lô Borges
   3. "San Vicente" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 2:47
      Interpretação: Milton Nascimento
   4. "Estrelas" (Lô Borges, Márcio Borges) – 0:29
      Interpretação: Lô Borges
   5. "Clube da Esquina nº 2" (Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges) – 3:39
      Interpretação: Milton Nascimento

Lado Três

   1. "Paisagem da Janela" (Lô Borges, Fernando Brant) – 2:58
      Interpretação: Lô Borges
   2. "Me Deixa em Paz" (Monsueto, Ayrton Amorim) – 3:06
      Interpretação: Alaíde Costa e Milton Nascimento
   3. "Os Povos" (Milton Nascimento, Márcio Borges) – 4:31
      Interpretação: Milton Nascimento
   4. "Saídas e Bandeiras nº 2" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 1:31
      Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
   5. "Um Gosto de Sol" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 4:21
      Interpretação: Milton Nascimento

Lado Quatro

   1. "Pelo Amor de Deus" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 2:06
      Interpretação: Milton Nascimento
   2. "Lilia" (Milton Nascimento) – 2:34
      Interpretação: Milton Nascimento
   3. "Trem de Doido" (Lô Borges, Márcio Borges) – 3:58
      Interpretação: Lô Borges
   4. "Nada Será Como Antes" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) – 3:24
      Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
   5. "Ao Que Vai Nascer" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 3:21
      Interpretação: Milton Nascimento


Ficha técnica do discão

Diretor de Produção: Milton Miranda
Diretor Musical: Lindolfo Gaya
Orquestradores: Eumir Deodato e Wagner Tiso
Regente: Paulo Moura
Diretor Técnico: Z. J. Merky
Técnico de Gravação: Nivaldo, Jorge e Zilmar
Técnico de Laboratório: Reny R. Lippi
Lay-out: Gafi
Fotos: Cafi e Juvenal

Músicos:
Lô Borges – violão
Tavito – Guitarra de 12 cordas e violão
Toninho Horta – Guitarra e baixo
Nelson Ângelo – Guitarra, surdo e piano
Wagner Tiso – Órgão e piano elétrico
Beto Guedes – Baixo e guitarra
Robertinho Silva- Bateria
Luiz - Caxixi
Rubinho - Tumbadora


********* English Version*************


The magnificent music to the world of Minas
By Antonio Siqueira

     The year was
1972 and a melting pot of genres and musicultural segments of the post Beatles came and did emerge takes a fantastic and brilliant notable musicians. The Rock and Progressive Metal Rock gave the letters and bands like Genesis, Yes, CrimCrimsom, Led Zeppelin, Deep Purple, Emerson Lake and Palmer, Pink Floyd and Queen inserted the first chords of a golden age. The surprising LP Sargent Pepper's Lonely Heart Club Band, recorded in 1966 and considered a watershed in the career of the Boys from Liverpool and in rock history was revolution; This album had a strong influence of the psychedelic movement and open the gates to ProgRock, triggering thus an inexhaustible creativity warhead in Word Music. Just to remember, Jimmy Hendrix would do exceptional work lysergic influenced by these experiences, one of them, "Are You Experienced", their first album was a masterpiece in technique and virtuosity. However, the British psychedelic music would prove to be more experimental and provocative than the U.S., influencing an entire generation of musicians which eventually flows into the Progressive Rock (perfect fusion between rock and classical music) of the 1970s.


     In 1971, the beautiful Minas Gerais, a group of undeniable talent, led by the young Milton Nascimento, began to change the course of Contemporary Popular Music. Milton had attended various stages, had drawn his "Crossing" in the company of another young poet, Fernando Brant, had already earned his place among the great geniuses of the first art in the second half of the 1960s to make Maracanãzinho packed singing and be moved in unison dropping with him, the voice on the roads. Perhaps a meeting with the boy Lô Borges (then only 14 and already showed a melodist mature and highly imaginative) on the steps of Building Levy, has lit a flame without a wick. But what happened from the meetings with these illustrious friends and have fantastic musicians, would become one of the cultural movements of the most important music of the last two centuries.

        
Since the late 1960s and early '70s, the play, book, film, disk, and finally the cultural product that sensors semi-literate judged inappropriate for the political moment and offensive to the state would be banned and their authors would under the close supervision of DOPS (Department of Political and Social Order). Involved in these political and legal conditions, the Boys of Belo Horizonte began to fabricate the sound that would change the face of modern MPB. Parallel to his already successful career, Milton continued attending a small pub located on the corner of Divinópolis with Paraisópolis Street in the neighborhood of Santa Teresa, where Lô with friends, family and Marcio Borges, Toninho Horta, Brant, Beto Guedes , Helvius Vilela, Eumir Deodato and others who appeared with their instruments and thirsty music and good conversation, which would create
lady Maricota Borges and Clube da Esquina.


The album


        
In 1971, the Mining Club of the guys had a number of songs they wanted to release a double album, a rare thing these days. Tropicalia had already been devoured by the predators of the Jurassic period dictatorship, but the unquestionable talent of the songwriters of this epic project would try to wipe out any of these contexts were censurais. With letters of political content and depth intrinsic existential (there is a strong influence on Sartre's letters Márdio Borges and Fernando Brant) and divinely elaborate harmonies, the double album Clube da Esquina was recorded in Rio de Janeiro studio prepared exclusively for riders the musical revolution of the decade of uncertainty. Mar Azul beach near the Piratininga in the beautiful coastal Niterói, would be the scene of the house in which they gave life and sensitive sound with touches of sophistication to this masterpiece of music universal. I would say, keyboardist and arranger of the 14 Bis, in a recent conversation with this correspondent, about the experience of first hearing of the Corner Club LP: "The impression was wonderful to hear two songs on this disc, even a tape recorder in the house of quality Milton, then in Copacabana, with Beto Guedes, who introduced me to "San Vicente" and "Sunflower." He touched down in both, bassist Beto is excellent, beyond the second vocal track. I nearly fell on his back, - not only because it was more than to hear again and again, not wanted to wake Bituca, who slept in the next room, I think ... " Statements like this are not rare on this epic album.


     Produced by Milton Miranda, with musical direction by Lindolfo Gaya, orchestrated by brilliant maestro Eumir Deodato and Wagner Tiso and regency of Sacred Monsters, Paulo Moura, Clube da Esquina was recorded on four tracks, ie: most of the recordings was "stick ". There was, at least here on national lands, resources 12 or more channels for the preparation of the tracks. Almost all the songs were played at once, which, somehow, still has more vitality and truth to the recordings. Beto Guedes, promising young multi-instrumentalist in the flower of their 19, 20 years old, participated in almost all the bands, playing guitar, bass and percussion, and still singing in bands Outputs and Flags No. 1 and No. 2 (Milton Nascimento and Fernando Brant) and nothing will be as before (Milton Nascimento and Ronaldo Bastos). Bob was still on vocals prestimoso several bands over the work. Tavito, expert of the 12-string guitarist, gave life to the arrangements of Tiso and Deodato, with participation also highlighted in several songs on the disc. Toninho Horta, who would soon be recognized worldwide as one of the top 10 guitarists of Word Music and Jazz, simply bursts and also showed the guitars that came mainly in giving the necessary weight to tracks like "Crazy Train" (Moe and Marcio Borges), "Blue Train" (Borges and Ronaldo Bastos), "San Vicente" (Milton and Fernando Brant) and "A Sunflower Color Your Hair" (a masterpiece of the boy and Borges' in nerudean" MarcioHildon Márcio Borges).

      The album yielded beautiful moments as the interpretation of the classic epic "Pier" (Milton and Ronaldo Bastos), brilliant orchestration and conducting Wagner Tiso refined Paulo Moura built the magnitude of the single and eternalized one of the most beautiful music of the Brazilian songbook. "Leave me alone" (the cream of the samba and authoring Monsueto and Ayrton Amorim) was attended precious diva boxers, Alaíde Coast and considered by many one of the greatest moments of Brazilian music. Alaíde Milton and played with their voices from another world and first in Brazil showed that mining plays and sings samba and choro with remarkable dexterity. The Club had, in total, 20 recordings with compositions irmamente divided between Milton and Young, who was then 18 years recently completed, Lô Borges. Moe also shared the authorship of the album alongside Bituca and never stopped. "Cloud Gypsy" written by Lô and Marcio his brother, seemed to predict those beautiful verses in the voice of Milton, which would be the trajectory of the child prodigy of daring harmonies, full of beauty and rebellion in perfect doses. Brant and Ronaldo Bastos created wonderful letters, but, perhaps, Márcio Borges has written the lyrics of greatest impact and also write his name in the gallery of the greatest poets of contemporary music. A disk full of styles, ideas, fantastic musicians ... A disc that was the great watershed of what would henceforth the Brazilian popular music, and broad spectrum, the Latin American popular song. Songs like "Dos Cruces" (Carmelo Larrea), "The People" (Milton Nascimento and Marcio Borges), "Clove and Cinnamon" (Milton and Ronaldo Bastos) and "San Vicente" (Milton and Brant) demonstrated this philosophy without borders and attracted the admiration of artists celebrated as Violeta Parra, Victor Jara, Pablo Milanez, Mercedes Sosa, Silvio Rodriguez and other siblings.

      
The "double álbum" won the world! With its cover which featured the then boys, Cocoa and Totonho (photographed by CAFI in the company of Ronaldo Bastos on a dirt road near New Fribourg, mountainous region of Rio de Janeiro, where they lived close to the adoptive parents of Milton and recently discovered as adults) in an allusion to Milton Nascimento and Lô Borges, and an explosion of creativity ever seen in modern MPB, and perhaps has rarely been recorded by the music world something similar to the phenomenon that occurred in 1972. Club Corner led the music for the mining company, created timeless classics of the national popular song, released names and treasure to the great and eternal star gallery as Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, Wagner Tiso, Márcio Borges, Fernando Brant, Ronaldo Bastos and soon reveal; Tavinho Moura, Flavio Venturini, Red, Claudio Venturini, Sergio Magrão Hely Rodrigues, Zé Eduardo, Tavito, Nelson Angelo, Robby Smith and his family of geniuses and over a percussive wave of artists in the years that followed- up to that initial cell, which would increase further the level of MPB. As they say the journalist Leda Nagle, mining and Divinópolis carioca soul and training: "The Milton is like boarding a van that only good things." I would say that Milton Roma is like a cloud, Leda ... In which only hover and do address, the big stars of this immense sky still the Brazilian popular music quality.Clube da Esquina (1972)Phonographic Producer:Electric and Musical Industries Factory Odeon A / SSide A


The Songs

Side one

 
1. "Everything You Could Be" (Lô Borges, Márcio Borges) - 2:56

      
Interpretation: Milton Nascimento

   
2. "Pier" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) - 2:45

      
Interpretation: Milton Nascimento

   
3. "The Blue Train" (Lô Borges, Ronaldo Bastos) - 4:05

      
Interpretation: Lô Borges

   
4. "Exits and Flags No. 1" (Milton Nascimento, Fernando Brant) - 0:45

      
Interpretation: Beto Guedes and Milton

   
5. "Cloud Gypsy" (Lô Borges, Ronaldo Bastos) - 3:00

      
Interpretation: Milton Nascimento

   
6. "Cravo e Canela" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) - 2:32

      
Interpretation: Milton Nascimento and Lô Borges

Side Two


   
1. "Dos Cruces" (Carmelo Larrea) - 5:22

      
Interpretation: Milton Nascimento

   
2. "A Sunflower Color Your Hair" (Lô Borges, Márcio Borges) - 4:13

      
Interpretation: Lô Borges

   
3. "San Vicente" (Milton Nascimento, Fernando Brant) - 2:47

      
Interpretation: Milton Nascimento

   
4. "Stars" (Lô Borges, Márcio Borges) - 0:29

      
Interpretation: Lô Borges

   
5. "Clube da Esquina No. 2" (Milton, Lô Borges, Márcio Borges) - 3:39

      
Interpretation: Milton Nascimento


Side Three


   
1. "Nature's Window" (Lô Borges, Fernando Brant) - 2:58

      
Interpretation: Lô Borges

   
2. "Leave Me in Peace" (Monsueto, Ayrton Amorim) - 3:06

      
Interpretation: Alaíde Costa and Milton Nascimento

   
3. "The People" (Milton Nascimento, Marcio Borges) - 4:31

      
Interpretation: Milton Nascimento

   
4. "Exits and Flags No. 2" (Milton Nascimento, Fernando Brant) - 1:31

      
Interpretation: Beto Guedes and Milton

   
5. "A Taste of the Sun" (Milton Nascimento, Fernando Brant) - 4:21

      
Interpretation: Milton Nascimento


Side Four


   
1. "For the Love of God" (Milton Nascimento, Fernando Brant) - 2:06

      
Interpretation: Milton Nascimento

   
2. "Lilia" (Milton Nascimento) - 2:34

      
Interpretation: Milton Nascimento

   
3. "Crazy Train" (Lô Borges, Márcio Borges) - 3:58

      
Interpretation: Lô Borges

   
4. "Is Nothing Like Before" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) - 3:24

      
Interpretation: Beto Guedes and Milton

   
5. "When You Will Sunrise" (Milton Nascimento, Fernando Brant) - 3:21    
     Interpretation: Milton Nascimento




Datasheet album


Production Director: Milton Miranda
Musical Director: Lindolfo Gaya
Orchestrators: Eumir Deodato and Wagner Tiso

Ruler: Paulo Moura
Technical Director: Z.
J. Merky
Recording Technician: Nivaldo, Jorge and Zilmar

Laboratory Technician: Reny R.
LippiLay-out: FATFPhotos: CAFI and Juvenal



Musicians:
Lô Borges - guitar
Tavito - 12-string guitar and guitar

Toninho Horta - Guitar and bass

Nelson Angelo - Guitar,
Deaf and piano
organ and electric piano - Wagner Tiso
Beto Guedes - Bass and guitar, percussion, vocals

Robertinho Silva -Drums
- Caxixi
Rubens - tumbadora




Clube da Esquina - 40 anos de um sonho que não envelhece








 

* Peço desculpas aos leitores pela primeira postagem que não foi lá estas coisas.
   Devidamente corrigido e revisado, o texto agora possui duas versões, uma em
   português e uma segunda, abaixo, em inglês.
   Um abraço a todos e tenham uma boa leitura.

* I apologize to readers for the first post that there was not these things.
    Duly corrected and revised, the text now has two versions, one in
    Portuguese and a second, below, in English.
    A hug to all and have a good read.





domingo, 1 de abril de 2012

A engenharia floydeana



A Fenomenologia do rock 
( Publicado originalmente em 18-10-2010 )
   Por Antonio Siqueira 

   
The Dark side of the Moom - Capa























       Ao abordar o bom e velho Rock Progressivo, não podemos deixar de falar sobre o Álbum “The Dark Side of The Moon” do Pink Floyd. Esse disco paradoxal aborda os diversos males que atacam o homem moderno, como a ganância, a escravidão, o tempo, o problema da individualidade e a loucura urbana. É, por muitos, considerado o melhor disco de rock progressivo de todos os tempos. Pela genial capa já se nota a que vem o álbum; um prisma que “reflete” um feixe de luz branco abrindo em todas as freqüências de cores “ocultas” em seu interior, uma clara analogia ao trabalho de expôr o homem aos seus próprios males.

      Em 1973, apesar do grande sucesso devido aos álbuns anteriores, acreditava-se que o Pink Floyd já havia atingido o ápice musical com seu primeiro LP “Piper at Gates Of Dawn”, que divide com “Sgt. Peppers”, dos Beatles, títulos de pioneirismo do Rock Progressivo. Esperava-se que o Pink Floyd não passasse “daquilo”, já que seu principal integrante na época, o genial compositor, guitarrista, cantor e pintor Syd Barret, havia sido afastado da banda há alguns anos por motivo de loucura (devido à fórmula “cérebro já meio afetado” * LSD³ = “samambaia”). Porém, em março desse ano, na formação Roger Waters (baixo-vocal), Rick Wright (Teclado), Nick Mason (Bateria), David Gilmour (guitarra-vocal) lançam a sua obra prima, superando assim, inesperadamente, o seu primeiro álbum, com quase 30 milhões de cópias vendidas. É um dos três discos mais vendidos do mundo. Soando atualíssimo ainda nos dias de hoje, pois, por incrível que pareça, os seres humanos continuam purgando problemas mais intensos do que 30 anos atrás.

      O LP possui algumas curiosidades, como a bizarra coincidência de que colocando o disco para rodar logo após o terceiro rugido do leão da Metro-GoldWyn-Mayer no filme “O Mágico de Oz”, as letras e os sons se encaixam perfeitamente nas imagens da tela. É uma experiência única e comprovada. Cuidado! Sua mãe pode pensar que você é um sujeito muito doido ao lhe ver fazendo isso. Os integrantes da banda dizem que é pura coincidência.

      A qualidade de produção impecável, timbres e arranjos muito bem trabalhados, somados a um encaminhamento de músicas em perfeita harmonia, fora o lirismo das composições de Roger Waters, tornam esse álbum musicalmente inesquecível para quem ouvi-lo em sintonia perfeita e concentração em estado puro. Mas o que tornou esse LP uma verdadeira lenda do Rock, é a unidade de suas músicas que faz com que as suas nove faixas sejam entrelaçadas em um só tema (Leia-se Disco Conceitual), como os diversos capítulos de uma única obra temática sobre as “Mazelas dos Humanos”.

      A primeira dessas Mazelas é tocada em “Speak to Me Breathe”, que trata do problema de encontrar espaço na sociedade e de como tocar a sua vida de acordo com os problemas que aparecem pela frente. Como diz a música, deixando-se levar por essa cômoda sociedade, você só corre na direção de uma precoce sepultura. A seguir, temos a instrumental “On the Run”, uma viagem lírica Floydeana. Depois dela vêm as sinistras badaladas do relógio “Time”, tratando da escravidão ao tempo o qual todo homem moderno está submetido, e dos momentos perdidos quando não nos enquadramos nesse relógio da sociedade. Aqui, eles parecem nos dizer que não adianta querer domá-lo, o tempo sempre irá passar, cada vez mais rápido. Apesar de tudo que fazemos, sempre ficará a sensação de que o nosso trabalho estará sempre incompleto aos nossos olhos e aos da sociedade moderna. Mas, no final das contas, como diz a música, você estará na realidade, somente “um dia mais perto da morte”.

      Dando prosseguimento, o ápice do álbum chega com a bela “The Great Gig In The Sky” que, em meio aos magníficos vocais da cantora Clare Torry, sem dizer sequer uma palavra, nos mostra sensações de desespero, loucura, ternura, solidão e até mesmo saudade. Aqui eles mostram que sentimentos não precisam ser passados em palavras, mesmo porque os sentimentos existem antes mesmo das palavras existirem para podermos nomeá-los. Após esta seção magnífica de música, ouvimos a introdução de caixa registradora da conhecidíssima “Money”. Se o tema do álbum são os males humanos, o dinheiro, mais cedo ou mais tarde, teria que aparecer. De forma satírica, Roger Waters dá sua interpretação do que o dinheiro, o Senhor dos Males Humanos, representa para a sociedade. Ele mostra paradoxalmente, o que todo mundo sabe sobre a submissão que temos a ele. Porém, é quase impossível encontrar alguém qe queira se livrar desse "Mal". É de se notar, também, a muito bem executada performance instrumental dessa música, e o riff de baixo mais conhecido do Rock.

      À frente, “Us And Them” trata o problema da solidão, do respeito à individualidade e da ambigüidade das pessoas, gerando problemas de comunicação. Por isso, sendo estopim de tantos desentendimentos e guerras. E finalizando essa, vem o solo do teclado delirante de Rick Wright em “Any Color You Like”, terminando com um duelo de guitarras bem acompanhado pelo baixo, bateria e teclado, preparando seus ouvidos e alma para o “The lunatic is on the Grass...” da “Brain Damage”, uma apologia à loucura. Muitos dizem que essa música é uma linda homenagem do Pink Floyd a Syd Barret, o eterno integrante maluco do Pink Floyd. Nota-se que, pelas referências da música, parece ser mesmo. Fechando o álbum, o “Eclipse” resume todos os aspectos da nossa vida mundana, regida perfeitamente pela grandiosa luz do sol, mas que, ainda assim, é encoberta pela pequena Lua. Como nós, que mesmo ante a grandiosidade da vida, somos encobertos por essas “pequenas” mazelas que nos atormentam.

      The Dark Side of the Moon é uma obra filosófica, instrumentalmente criativa, conceitual e fenomenológica, como jamais se viu na música contemporânea. Imortal e atual como o Pink Floyd.




O álbum