quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

10 anos sem Cássia Eller

Réquiem a uma estrela
     Por Antonio Siqueira


Cássia Eller: sorriso marcante
Os bons morrem jovens e esta frase que pontua Love in the Afternoon, uma das canções mais belas do saudoso Renato Russo que se foi igualmente jovem, está longe de ser um clichê barato. Exatamente há 10 anos, morria de maneira precoce e absurdamente obscura, o gênio inigualável de Cássia Eller.  A cantora morreu às 19h05 do dia 29 de dezembro de 2001, aos 39 anos, após sofrer três paradas cardíacas na clínica Santa Maria, no bairro de Laranjeiras,  no auge de uma carreira que, até aquele fatídico momento, vivia o seu auge. Segundo pessoas próximas da cantora, Cássia Eller estava se sentindo mal e reclamando de enjôos. Os sintomas seriam resultado de estresse provocado por excesso de trabalho e laudos periciais não apontavam o uso de drogas como acharam os médicos que a atenderam.

     Um parecer de duas peritas do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro apontou que Cássia Eller morreu devido a um erro médico. Os médicos da Casa de Saúde Santa Maria teriam ministrado, segundo a perícia, o medicamento Plasil, o que poderia ter provocado uma parada cardíaca na cantora.   Os médicos foram denunciados à 29ª Vara Criminal pelo promotor Alexandre Themístocles de Vasconcelos, da 1ª Central de Inquéritos do Ministério Público. De acordo com o parecer de duas peritas do Ministério Público, o atendimento dado a Cássia Eller teria sido contra-indicado para eventual uso de álcool ou de qualquer outro tipo de droga. Para o promotor, a conduta dos médicos contribuiu "para a morte da paciente que, nas circunstâncias era previsível, mas poderia, com o tratamento adequado, ter sido evitada". O processo ainda corre, Cássia está morta, mas o seu legado não.

      A moça impôs-se por seu estilo enérgico de interpretação, principalmente em razão de seu timbre vocal de contralto - uma das mais marcantes vozes da nova MPB dos anos 1990. Cássia foi lançada como um míssil nos áureos tempos do Circo Voador em apresentações soberbas ao lado do guitarrista Vitor Biglione, onde destilava-se no melhor do blues. Numa dessas memoráveis apresentações, nas quais o público beirava o delírio, estaria eu, este humilde escriba, antevendo o futuro do único artista brasileiro que cantou e tocou o rock e o blues como realmente deveriam ser. Porém foi a partir de 1989 que Cássia começou seu trajeto pelo mundo do disco. Em São Paulo, ela gravou uma fita demo, apoiada pelo tio, que foi seu primeiro empresário. Ele que levou a fita para uma audição na gravadora Polygram. Nesta fita estava gravada a música que viria a ser o primeiro grande e eterno sucesso na voz de Cássia, a música "Por Enquanto", de Renato Russo. Veio então o contrato com a gravadora e o primeiro disco, lançado em 1990. Depois disso, Cássia não parou mais. Foram seis discos gravados. vários sucessos e uma personalidade inconfundível, que mistura sua timidez latente à rebeldia quase adolescente.

    Cássia Rejane Eller nasceu no Rio de Janeiro RJ em 10 de Dezembro de 1962. Residiu em Santarém PA, Belo Horizonte MG e Brasília DF. Tocando violão desde os 18 anos, chegou também a cantar opera e frevo e a tocar surdo em grupo de samba. Voltando ao Rio de Janeiro em 1990, foi contratada no mesmo ano pela Polygram. Seu primeiro disco, Cássia Eller, de 1990, incluiu regravações de Rubens (Premeditando o Breque), Já deu pra sentir (Itamar Assumpção), Qualquer dia (Legião Urbana) e um arranjo improvável e marcante de reggae para Eleanor Rigby (Beatles).


O segundo, Marginal, trouxe ECT (Marisa Monte, Carlinhos Brown e Nando Reis). No terceiro disco, Cássia Eller, gravou uma versão de Malandragem (Frejat e Cazuza), muito tocada nas rádios. Em 1996 lançou Ao vivo, gravado nas apresentações carioca e paulista do show Violões. Em Veneno antimonotonia (1997), traz somente composições de Cazuza.

      No ano de sua morte, ela gozava do sucesso de seu Acústico MTV, brilhantemente produzido por Nando Reis. Cássia deu uma roupagem tão marcante às interpretações das musicas do ex-titãs que acabou por catapultar também a carreira do brilhante baixista e compositor. Deixou um legado notável nos seus curtos onze anos de carreira, mostrou que um artista da música pode cantar e produzir de tudo e deu um chute pra longe no marasmo ideológico que se abatia sobre a MPB e à musica brasileira como um todo. Que todos cantem Cássia Eller sempre e hoje em especial. O planeta musica ficou mais pobre e a MPB órfão por tempo indeterminado.



* Cassia Eller no vídeo completo de sua memorável apresentação no Rock in rio 2011




sábado, 24 de dezembro de 2011

Poema de amor ao próximo
















...Podemos olhar pela janela

Podemos ver o sol
Podemos sorrir, alimentar os beija-flores
Temos a certeza de que os dias virão
O sol, para quem é de sol
a chuva, para que é de chuva
a neve, para que é de deve
a seca, para que em de seca
A tempestade... A calmaria...
Fazer o bem!
Mas o que é o bem?
Deve ser o amor em versão easy
Leve como o próprio amor deveria ser
Amar o próximo
Não como a si mesmo
E sim mais do que a si mesmo
Perdoar
Ponderar
Reivindicar
Construir
Reconstruir
Compor uma canção a 14 Bilhões de mãos e almas esperançosas
O mundo poderia ser bem mais habitável
A fome seria uma realidade do passado
Não seriamos bastardos
De uma dor, de uma natureza insana
Nem filhos da guerra
Talvez nem mesmos da paz
Seríamos filhos de nós mesmos
A utopia é um barco à vela
No meio do oceano
Sem rota
Sem vento
Sem rosa dos ventos
E o céu seria uma visão possível e transcendente
Sobreviver ao fardo de existir seria viável.
Sejamos menos tristes por mais tempo



*O Arte Vital deseja um Feliz Natal e um 2012 com menos desamor e desumanidade aos seus leitores e amigos. Que o espirito verdadeiro do Natal esteja com todos vocês.


Antonio Siqueira

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O Modernismo de Maurice Ravel

A revolução clássica de todos os estilos
Por Antonio Siqueira



Maurice Joseph Ravel nasceu em Ciboure (França), perto de Saint-Jean-de-Luz, Baixos Pirineus, a 7 de março de 1875. Entrou em 1889 no Conservatório de Paris e era ainda estudante quando apareceram suas primeiras composições. Estas criaram para o jovem compositor a fama de revolucionário perigoso, sendo-lhe negada por três vezes a atribuição do Prêmio de Roma.

     Sua vida se resumiu depois em trabalho interrompido apenas pela sua participação na I Guerra Mundial. Em 1920 recusou a legião d'Honneur. Um acidente em 1932 provocou em Ravel um trauma de que jamais se recuperou. A memória foi afetada e também a coordenação dos movimentos. Seus amigos organizaram viagens à Espanha e ao Marrocos, a fim de distraí-lo. Operado em 1837, Ravel morreu em Paris a 28 de dezembro de 1937, ainda inconsciente.

      A vida de Ravel foi neutra, sem acontecimentos, a não ser as reações provocadas por sua obra, reações que foram contraditórias, pois Ravel foi julgado revolucionário nos círculos tradicionalistas do Conservatório e conservador pelos círculos vanguardistas da década de 1920.

     Ravel contribuiu mais para a extensão e abertura do que para a destruição do sistema tonal clássico. Foi inovador em suas harmonias estranhas e clássico pelo firme contorno de suas linhas melódicas. É nesse ponto mesmo que diverge de Debussy, com quem foi, por equívoco, sempre comparado. Enquanto Debussy foi músico impressionista, pela dissolução da linha melódica (tal como os pintores impressionistas dissolveram o traço em proveito da luminosidade), Ravel foi anti-impressionista na construção da melodia.

     Não obstante, há uma atmosfera comum a Debussy, Ravel e outros músicos da época: certo esoterismo da linguagem musical, pela procura de novas harmonias, e um certo preciosismo temático, inspirado pelo Simbolismo, além de atração pelo Oriente e pela Espanha. A influência entre os dois compositores foi recíproca. Ravel, longe de ser um epígono, foi personalidade totalmente original. Sua música é a revelação dessa personalidade, reticente e reservada, ao mesmo tempo irônica e sentimental.

     Apesar de ter sido inovador em todos os gêneros musicais e na própria estrutura musical, não é um acaso a grande admiração de Ravel pela música pré-classicista francesa e pelos mestres do Classicismo vienense: ele próprio foi algo como o 'último clássico', antes de Stravinsky e a escola de Schönberg realizarem a grande subversão da música.

Entre as primeiras apresentações públicas das obras de Ravel está a abertura Sherazade, uma ópera não realizada. Ravel foi um mestre da orquestração, na descendência direta de Rimski-Korsakov, mas pouco do que fez foi produzido originalmente para a orquestra.

     Orquestrou obras para piano, suas e dos outros. É mesmo famosa a sua transcrição para a orquestra dos Quadros de uma exposição, de Mussorgsky, que pode ser considerada como obra original, raveliana. Escrito para orquestra é o célebre Bolero (1927), que se desgastou pela execução repetida. Mas é obra originalíssima pela sua estrutura rítmica e pela concepção melódica, que o próprio Ravel definiu como 'um estudo em crescendo, com o tema obstinadamente repetido'. Ravel também orquestrou sua obra pianística Pavana para uma infanta morta, de que se falará a seguir.

     Famoso são dois concertos, o Concerto para piano em ré maior (1931), também conhecido como Concerto para mão esquerda, e o Concerto para piano em sol maior (1932). Ravel tinha uma concepção clássica do concerto, como obra racional, mas não é possível ignorar a dramaticidade inerente ao Concerto para mão esquerda, escrito para o pianista Wittgenstein, que tinha na I Guerra Mundial perdido o braço direito.

     Muito se discutiu a estrutura rítmica da música de Ravel, herdeira dos ritmos de dança dos barrocos franceses (Lully, Couperin, Rameau). Na sua obra mais extensa, o balé Dafne e Cloé (1909-1912), reconhece-se tal sensualidade rítmica, enquanto o poema coreógrafo A valsa (1919-1920) é de marcação propositalmente lenta. Avesso à grandiloqüência, Ravel deixou, na ópera, duas obras de singulares humor e fantasia: A hora espanhola (1907) e A criança e os sortilégios (1925).

     No setor de música de câmara, Ravel se revela em sua intimidade, em sua secreta tensão; mas também como músico que, sem assumir qualquer radicalidade estrutural, numa elaboração arquitetônica clássica, explora sensualmente as sonoridades raras. São obras-primas o Quarteto para cordas em fá maior (1903), o Trio para piano, violino e violoncelo (1914) e a Sonata para piano e violino (1923-1927). De rara beleza melódica é a Introdução e Allegro (1906), para harpa, cordas, flauta e clarineta, explorando um jogo singular de contrastes harmônicos.

     O primeiro êxito de Ravel foi uma peça pianística, Pavana para uma infanta morta (1899), depois severamente julgada pelo autor, mas que persiste, em seu ritmo elegíaco, como uma de suas produções mais memoráveis. Ravel evoluiu, no piano, do impressionismo ainda sensível em Espelhos (1905), para os ritmos mais ásperos de Gaspard de la nuit (1908) em que persistem, no entanto, arabescos cromáticos fantasiosos.

     Mestre do piano na linha de artifício caprichoso de Liszt (um gênio notábilíssimo), explorou a espirituosidade em Valsas nobres e sentimentais (1911), mas tendeu depois para o despojamento de O túmulo de Couperin (1917). Seu estilo pianístico explorou uma aguda definição e acabamento formal, de feição neo-clássica.

     Grande mestre da orquestra e do piano, Ravel deixou obra vocal restrita, mas de grande singularidade. Sua escolha de textos era, às vezes, surpreendente, e o compositor seguia estritamente o ritmo da própria linguagem verbal. São assim, o ciclo das Histórias naturais (1906), segundo textos de Jules Renard, e as muito posteriores Canções de Dom Quixote à Dulcinéia (1932) sobre textos de Paul Morand. Música de câmara restrita são os ciclos Três poemas de Stéphane Mallarmé (1913) e Chansons madégasses (1925-1926). Além de outros ciclos eruditos, deixou várias transcrições de melodias populares.



Bolero de Ravel





Fonte para pesquisa: Larrouse Cultuiral

Artigo originalmente escrito e publicado em 2008 - Todos os direitos reservados


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um poema ainda existe e mora aqui


Meu lugar
Por Antonio Siqueira




@image: Jorge Freitas Lopes - Santiago RS













O meu lugar é o refúgio de toda as dores
Por vezes é onde moram todas as minhas dores
Às vezes é onde o meu único sol nasce e se esconde
O meu lugar é onde cantam os ciganos enluarados
Os vagabundos revestidos de alma
As canções embebidas de sonhos
De amores
De solidão
De carinho...
O meu lugar é onde choro
Onde o meu sorriso também impera
É onde sua voz chega, macia, reluzente...
É onde meu corpo repousa sobre o teu corpo
É onde teu peito acolhe minha cabeça
E tuas mãos me envolvem e me mostram
Que o infinito é mais próximo do que supomos.


Ilustração: Jorge Freitas Lopes www.jorgefreitaslopes.com



Clones inaudíveis


Eu sou você amanhã
  Por
  Antonio Siqueira



Todo artista, por mais talentoso e genial que seja, sofre algum tipo de influência na sua trajetória para um possível sucesso. Nas artes cênicas, o teatro brasileiro, por excelência, nos apresenta diversos atores de extrema capacidade e postura de palco que não titubeiam ao exaltar suas referências na arte de representar. Fernanda Montenegro, Paulo Autram e Cacilda Beker, são os principais ícones de duas gerações bem sucedidas. No cinema não é diferente, pois volta e meia, surgem novos candidatos a Antonionis anti-heróicos, Fredericos Fellinis neoliberais Hitchcocks que não causam medo ou suspense, Spielbergs ensandecidos, Amaldovares multicoloridos, enfim, uma fauna de usurpadores vampirescos e chatos. No Brasil, pelo menos, os aspirantes a Glauber Rocha desistiram do Cinema Novo ou por que não, o compreenderam, ou pela falta de espaço no mercado, o que é um alívio, pois Glauber foi único, apesar de, por vezes, ser tão surrealista a ponto de não dar a mínima chance aos estudiosos de sua metafórica obra, de decifrar a sua verdade oculta. É humanamente impossível imitar o que não se entende.

      No universo da música, esse fenômeno é como uma praga. Quase todos os artistas populares do nosso tempo têm uma verve beatlemaníaca. Nada foi tão “divisor de águas” quanto o quarteto inglês e as circunstâncias daquela época do século 20, o pós-guerra e outras irremediáveis mudanças de comportamento que aconteciam naturalmente no coração do homem moderno. Tanto que, quem sepultou os Beatles não foram seus eventuais filhotes e sim o novo. O Rock’n Roll se renovara no final dos anos 60 com os maiores artistas do gênero que já surgiram até hoje e, o mais impressionante, com trabalhos originais: Hendrix e Joplin,  grupos como Led Zeppelin, Gênesis e Yes, ajudaram, involuntariamente é claro, - não a beatlemania, pois eles são eternos e deixaram apóstolos incansáveis para reescreverem a história do rock e da música pop.

      O mundo fervia com suas transições e a música popular brasileira também se transmutava gradualmente. A Bossa-Nova já havia surgido levando o cancioneiro popular brasileiro aos quatro cantos do planeta, quando os Tropicalistas, com sua Geléia Geral, tentavam abalar as estruturas do regime ditatorial dos generais. Pouco depois surgiria o Clube da Esquina de Milton Nascimento, Lô Borges e um “trem mineiro” de músicos geniais que revolucionava a maneira de se fazer música por aqui. O rock nacional, finalmente, tornou-se um adolescente simpático. O samba, princípio de quase tudo, tentava reciclar o que jamais necessitara de reciclagem e deu à luz - ou às trevas - a seus subgêneros mais lodosos como o pagode ou sambanojo, como bem escreveu o saudoso jornalista, Fernando Toledo, em uma de suas explosões urbe-filosóficas.

     Até o parágrafo anterior, a criatividade era clarividente, mesmo com influências visíveis de compositores e intérpretes ainda que contemporâneos. Podia-se notar que na obra de Ivan Lins havia uma visitação constante a Tom Jobim e a Jackson do Pandeiro, que Caetano Veloso e João Gilberto eram, às vezes, quase a mesma pessoa; que havia muito de Lô Borges, Beto Guedes e Clube da Esquina no trabalho de Guilherme Arantes que, recentemente, até confessou usar as harmonias dos mineiros para criar as suas;  que Flávio Venturini, apesar de ser um dos mais talentosos compositores da música contemporânea, pilota os seus teclados com influências fortes de Keith Emerson, o lendário tecladista do grupo inglês Emerson, Lake & Palmer. Os arranjos com participação de Venturini em suas respectivas bandas, O Terço e 14 Bis - na fase inicial -, são belas revisitações que, no 14 Bis, geraram verdadeiras obras-primas, com a parceria do mesmo Venturini com Vermelho, este último com uma formação sofisticadamente clássica é imprescindível ao grupo até hoje. Maria Gandu, mais recentemente, transformou-se em uma versão chinfrim demais da inigualável Cássia Eller.

      A MPB moderna, atualmente, tornou-se um grande conglomerado de clones inaudíveis. Seria muito tortuoso enumerar cada morto-vivo nesse teatro de horrores produzido e dirigido pela mídia. Gente da monta de Fausto Silva, Gugu Liberato e Raul Gil, deveria ser Prioridade numa eventual Revolução Cultural. Só que um artista em especial chama a atenção nessa rapsódia de ignomínias: Jorge Vercillo. Certa vez, há pouco mais de quinze anos, fui a um famoso bar carioca, o Hospício do Chopp em Realengo, na zona oeste do Rio. Vercílo tocava em casas noturnas cariocas e, por acaso, tocava neste mesmo lugar citado. Percebi que o rapaz já interpretara Djavan pela décima vez naquela noite e com uma destreza incrível, fechava-se os olhos, veria-se o alagoano. Saí de lá bestificado com a Djavan Cover Session apresentada pelo jovem carioca com cara e trejeitos de Latin Lover norte-americano. O que me intrigou demais, foi ver o mesmo Jorge Vercillo se lançar no mercado, apadrinhado pelo mesmo Djavan, surgir com força total no mercado fonográfico nacional. Quando o ouvi numa FM da cidade, pensei que fosse ele, o Djavan, mas não era. Pensei: “nada mais se cria, tudo se copia”... (... eu sou você amanhã...), como disse um maluco que era velho e guerreiro. Foi quando percebi o quanto é insólita a nossa cultura popular.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Um poema ainda existe e fala de estrelas


Supernova
Por Antonio Siqueira

A_estrela_e_o_mar




Havia um pedacinho de mim no seu olhar,
Lá bem longe onde o rio surge,
Até onde o mar o acolhe.
Lá... Bem alto,
Onde só o céu espera,
Na ponta das asas e no sorriso dos anjos.

Estrelas em face,
Da cor dos diamantes.
Solfeja
Riqueza
Manhãs que levantam as marés.
O mar usou sua voz para anunciar que tu eras o meu sonho de felicidade.

Mesmo que e a estrela morra
Ainda levarão bilhões de anos
Para que saibamos
Que a eternidade nos espera.


@Musica: "A fala da paixão" de Egberto Gismont - Interprete: Dayana Fontenelle


sábado, 10 de dezembro de 2011

Um poema ainda existe, mesmo que caótico


Caos
Por Antonio Siqueira


"Caos Urbano" de Glauber Shimabukuro





















Nascemos do caos,
de um delírio de corpos se amando,
misto de paixão, suor e prazer.
Nascemos com a imensa necessidade de vida
e o incontrolável desejo da morte,
que ronda nossos passos,
sombra negra
a certeza de partir.
Somos animais hipócritas vestidos de razão,
ocultando em nossas veias o sangue vermelho do instinto.
Cai a minha máscara
e sei que preciso viver a intensidade de cada desejo.
Sentir sem medo de sentir,
caminhar sem medo de errar,
errar sem medo de acertar.
Meu coração adormece sozinho
a chama daquilo que um dia poderia ter sido.
Minha vida espreita o dia de poder
explodir em riso e festa
aquilo que ainda guardo para viver
Moram em mim
outros olhos que me vêem.
Neles existo e não me enxergo.
Tenho os olhos de um animal,
arisco e selvagem.
Farejo minhas vontades,
sacio minha sede
nos rios que correm em outros corpos.
Todos únicos sem serem um;
verdadeiros sem serem reais.
Tenho os olhos do pecado que não existe,
e escorrem por eles
lágrimas do sangue da minha culpa.
Tenho os olhos de versos.
Olhos de alma
que mostram meu coração de vidro,
tão pequeno e frágil,
que brilha e lacera em meu peito
inúmeras feridas
da onde brotam palavras vazias,
palavras vãs,
que eu nunca conseguirei entender.


@image "Caos Urbano" de Glauber Shimabukuro

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Alternativos e notáveis


Musica independente é o canal
Por Antonio Siqueira e Luana Campanelli (de BH)

















A música alternativa e independente no Brasil sempre foi de uma qualidade inquestionável. O Arte Vital, com a colaboração da  jornalista Luana Campanelli, pinçou o que tem surgido nesses últimos dois anos. Confiram:


Fernando Magalhães
,  notável guitarrista do Barão Vermelho desde 1985 e produtor de bandas como Detonautas, enfim tirou um tempo para lançar o seu primeiro trabalho solo homônimo instrumental. O disco é de 2009, mas o Arte Vital só teve acesso dias atrás. Excelente!

Kings of Caramel, grupo alternativo da Polônia, chega com sua música desencanada, acompanhada de um instrumental bem elaborado. Em lançamento de seu primeiro álbum homônimo, já disponível na íntegra.

Transmissor - Com uma turma que já passou por um punhado de bandas como Diesel, Udora, mordeorabo e Cinza, a bandaTransmissor mostra experiência na fusão dos distintos rock contemporâneo e bossa-nova. O grupo lança o primeiro disco, “Sociedade do Crivo Mútuo”.

Clube da Luta - O Clube da Luta nada tem a ver com porradas, mas sim com uma batalha para fomentar a boa música catarinense. O Clube começou em Floripa no ano de 2006, realizando um festival de bandas, e logo se tornou um espaço importante para a música independente do estado. Dele fazem parte grupos como Aerocirco, Lenzi Brothers, Maltines, Reino Fungi e outros. Venha sentir o “punch” sonoro de perto.

King of Leon
– A banda lança novo single no MySpace (http://br.myspace.com/kingsofleon). A música “Sex on Fire” estará no álbum “Only by the Night”, previsto para chegar às lojas no dia 23 de setembro.

Samambaia Sound Club – grupo de Florianópolis que autodenomina seu som como groove-rock com ironia e acidez”, o Samambaia lança um ep de remixes, “Outra sugestão”, para audição no MySpace (http://br.myspace.com/samambaiasoundclub).


Scracho - A banda formada num colégio na zona sul do Rio traz para download seu CD “A Grande Bola Azul”, de jeitão pop rock, com pitadas de reggae. Baixe agora no MySpace da banda (http://br.myspace.com/scracho).

Staples – a banda carioca de “punk rock pirulito de morango”, segundo as próprias integrantes, libera o álbum “Sem Olhar Pra Trás” para download no MySpace. É só baixar no perfil do quarteto http://br.myspace.com/bandastaples.


Backyard Babies – Punk com porradas de hard rock, os Backyard Babies (http://br.myspace.com/backyardbabies) trazem da sua Suécia o novo álbum, “Fuck Off and Die”, na íntegra para audição a partir de hoje (06), no MySpace.



Kings of Leon - Sex on Fire





sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Com a palavra (...e os versos):




Pensando em você
Sandra Britto














Pensando em você.
perceba com carinho que

Apesar dos pássaros
o abismo não se converterá.
Precisam ultrapassar.

Divinos!
Que em si guardam
poder em elevar-se.

Seguindo de olhos fechados
ou abertos.
Chegaram companheiro.



*Sandra Britto é professora graduada de História da Humanidade, palestrante e poeta notável.