terça-feira, 22 de novembro de 2011

Noite estrelada em óleo sobre tela


Genialidade e Tragédia
  Por Antônio Siqueira


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     Nos meses finais de 1888, dois gênios da pintura, ainda que desconhecidos em seu tempo, encontraram-se em Arles, no sul da França. Vicent Van Gogh e Paul Gauguin eram diferentes em tudo, do temperamento ao físico, só afinavam na idéia de que era preciso ir atrás do sol para que o grande astro lhes ensinasse os caminhos da pintura moderna.


     Ainda que a estadia deles juntos naquela pequena cidade não tenha chegado a ultrapassar dois meses, permeada por desavenças de toda ordem, ela foi mutuamente enriquecedora. Gogh aspirou um ar estético de Gauguin e este, ao mudar-se depois para o Taiti, levou a cabo a idéia de Gogh de encontrar algum lugar onde o sol imperasse sempre.

     Por terem sido rejeitados numa grande exposição de pintura que anualmente era realizada em Paris, um grupo um tanto irreverente de artistas decidiu-se por realizar uma mostra paralela, produzindo com ela um grande escândalo: o salão dos impressionistas, como o evento foi posteriormente batizado. Ele deu-se no salão do fotógrafo Félix Nadar, que abriu suas portas no dia 15 de abril de 1874, expondo as telas de Auguste Renoir, Edgar Degas, Alfred Sisley, Berthe Morisot, Claude Monet, e outros tantos que não conseguiram se perpetuar. De certo modo era a reedição do Salon des Refusés, que ocorrera em 1863 em razão do escândalo provocado pela tela Déjeuner sur l'herbe de Manet (1832-1883), classificada pela imperatriz Maria Eugênia como "impudica", sem que entretanto provocasse a celeuma e a verdadeira revolução que a exposição de 1874 causou. O salão de 1874 também foi filho de um movimento anterior que buscava inspiração no ar livre, liderado por Eugène Delacroix, Eugène Fromentin e Théodore Chassériau, todos eles mobilizados pela palavra de ordem "il faut sortir de l'atelier!", era preciso sair-se do atelier. A crítica os tachou de preguiçosos fabricantes de borrões para baixo e, como em tantos outras oportunidades, a palavra "impressionistas", como pejorativamente foram apelidados, tornou-se o lema da bandeira estética deles. Seja como for, a exposição de 1874 marcou o declínio da arte acadêmica e deu impulso a uma extraordinária desordem estética criativa da qual o pintor holandês Vicent van Gogh vai ser um dos maiores exponenciais.

     Provavelmente, Paul deu-se contra que a loucura de Vicent era um caso perdido. Na noite de Natal, andando pela rua, ele sentiu-se seguido. Ao virar-se para ver quem era deparou-se com Vicent, com um olhar desvairado, empunhando uma navalha. Ao ser reconhecido, desatou a correr. Paul, que já havia se mudado para um pequeno hotel, tratou de voltar para Paris. No dia seguinte, porém, ele foi avisado do desatino de Vicent. O seu amigo havia cortado parte da orelha e a enviado, enrolada num lenço, a uma das rameiras, vizinhas dele. A cama e o quarto de Vicent havia se transformado numa grande poça de sangue.

     Quem mantinha Vincent na sua intenção de ser pintor era o seu irmão mais moço Theo Van Gogh, um modesto, mas premonitório, negociante de artes em Paris, que nunca poupou um tostão sequer para ajudá-lo. Graças a intensa correspondência trocada entre eles, entre Vicente e Theo, felizmente preservada, sabe-se com detalhes da evolução da pintura de Van Gogh, bem como suas impressões gerais sobre a arte, a dele e dos outros. Pelas cartas percebe-se como Vicent era um extraordinário sensitivo, um meticuloso, captando tudo ao seu redor para transformar em arte, em maravilhas extraídas do pincel. Theo, por sua vez, jamais faltou com o irmão, sendo o único a lhe reconhecer a genialidade, apesar de Vicent não ter conseguido vender nada em vida. Ao ser chamado com urgência a Arles para socorrer o irmão mutilado, Theo, desolado, não encontrou outra solução senão interná-lo numa clínica de alienados em Saint-Rémy. Um ano e meio depois, em 1890, Vicent, num outro ataque, dos tantos que já tivera, disparou contra o seu estômago, matando-se aos 37 anos de idade. Theo, seu irmão, logo o seguiu, morreu em 1891, aos 33 anos. Ambos estão enterrados no mesmo local.



 English Version

Genius and Tragedy

In the final months of 1888, two geniuses of painting, though unknown in his time, met in Arles in southern France. Vincent Van Gogh and Paul Gauguin were different in everything from the physical temperament, only thinned the idea that you had to go behind the sun so that the big star to teach them the ways of modern painting.


     Although their stay together in that small town has not reached more than two months, permeated by all sorts of disagreements, it was mutually enriching. Aspirated air Gogh Gauguin's aesthetic and that, after the move to Tahiti, he pursued the idea Gogh to find somewhere where the sun must reign.

     Have been rejected by a large exhibition of painting that was held annually in Paris, a somewhat irreverent group of artists decided to perform a parallel exhibition, producing with it a major scandal: the hall of the Impressionists, as the event was later named . He settled in the lounge of the photographer Félix Nadar, which opened its doors on April 15, 1874, exposing the screens Auguste Renoir, Edgar Degas, Alfred Sisley, Berthe Morisot, Claude Monet, and many others that could not be perpetuated . In a sense it was the reissue of the Salon des Refuses, which occurred in 1863 due to the scandal caused by the screen Dejeuner sur l'herbe by Manet (1832-1883), classified by the Empress Maria Eugenia as "shameless", without however, cause stir and revolution of 1874 that caused the exposure. The hall of 1874 was also the son of an earlier movement that sought inspiration in the outdoors, led by Eugene Delacroix, Eugène Fromentin and Théodore Chassériau, all mobilized by the slogan "il faut sortir de l'Atelier", had to leave from the workshop. Critics pan the lazy manufacturers smudges down and, as in many other occasions, the word "impressionist" as were pejoratively dubbed, became the motto flag aesthetic them. Anyway, the exhibition of 1874 marked the decline of academic art and gave an extraordinary impulse to creative aesthetic disorder which the Dutch painter Vincent van Gogh will be one of the largest exponential.

     Probably Paul gave against the insanity of Vincent was a goner. On Christmas night, walking down the street, he felt followed. As he turned to see who was faced with Vincent, with a wild-eyed, clutching a knife. When recognized, began to run. Paul, who had moved to a small hotel, tried to return to Paris. The next day, however, he was warned of the folly of Vincent. His friend had cut part of the ear and sent, wrapped in a scarf, one of the whores, his neighbors. The bed and room Vincent had become a big puddle of blood.

     Who kept Vincent's intention to be a painter was his younger brother Theo Van Gogh, a modest but prescient, art dealer in Paris who never spared a penny to help you. Thanks to intense correspondence between them, between Vincent and Theo, fortunately preserved, it is known in detail the evolution of Van Gogh painting, as well as their overall impressions of art, he and the others. The letters is perceived as Vincent was an extraordinary sensitive, meticulous, capturing everything around you to transform into art, wonders extracted from the brush. Theo, in turn, never missing with his brother, being the only one to recognize his genius, though Vincent was unable to sell anything in life. Upon being summoned urgently to Arles to rescue the crippled brother, Theo, sorry, no other solution but to commit him to a clinic for the insane in Saint-Remy. A year and a half later, in 1890, Vincent, in another attack, many of which already had been fired against his stomach, killing up to 37 years old. Theo, his brother, soon followed him, died in 1891 at age 33. Both are buried in the same place.




sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Um poema ainda existe...Em qualquer estação

Que o sol presente se faça
Por Antonio Siqueira
















É preciso o frio
Para que se faça a canção
Aquela que o calor emana dos corpos
A canção do coração maior
É necessário que a alma
Esteja em sintonia
Que o céu possa esperar mais um pouco
Eu escrevi a canção de toda uma vida
E o mundo parou
Pra você cantar

Serei sempre cigano
Sempre que o frio e a lua estiverem juntos
Até que o verão
Presente se faça.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Notas e notáveis: SWU Full



Ultrajado com rigor

Gabriel e Roger


















Que Peter Gabriel era o astro da noite do último sábado no SWU, todos sabíamos. No início da apresentação dos brasileiros, técnicos de ambos artistas protagonizaram uma briga de socos e pontapés em cima do palco. O fim do show do Ultraje teve o som cortado pelo empresário de Gabriel; Lamentável e demasiadamente feio. Os ingleses são ogros por natureza, é fato. E Roger, o "ultrajado", apesar de ser extremamente inteligente e de QI elevadíssimo, não leva desaforo para o travesseiro.



Porrada
O inglês, que escreveu uma das histórias mais notáveis do ProgRock à frente dos vocais do épico Genesis, admitiu sua parte de culpa e emitiu uma nota na qual se desculpou pelo ocorrido. Segundo a nota, devido as fortes chuvas, as apresentações ficaram todas atrasadas e, numa reunião entre a produção do evento e os artistas, ficou decidido que todos diminuiriam o tempo de suas apresentações. O Ultraje não teria encurtado seu show e então o empresário de  Gabriel desligou o som da banda na última música. Gabriel telefonou para Roger, vocalista do Ultraje a Rigor, a fim de pedir desculpas pelo incidente. Disse não concordar com a atitude do empresário. Mas em nota, reforçou que todos os artistas haviam                      
concordado em cortar 15 minutos de seus shows.


A maioria das pessoas, como esperado, tomaram as dores de Roger Moreira. Mas ainda falta que ele e o Ultraje a Rigor também admitam seus excessos por não terem cumprido o que foi combinado.


Alice


Quem encerrou as apresentações no palco "Consciência" foi o Alice in Chains, banda norte americana que ficou conhecida como uma das principais integrantes do movimento grunge de Seattle do começo da década de 90 - a banda não passava pelo Brasil desde 1993 e sob forte chuva, coube à banda o desafio de afastar o fantasma de Layne Staley e apresentar para o público brasileiro o vocalista Willian DuVall, que não decepcionou.  Destaque para “Rain when i die”, música que deu um tom mais poético à chuva que não parava de cair em Paulínia.


 Chuva





Como era esperado, a chuva judiou o público nos dois últimos dias do SWU e, curiosamente, a organização do evento, em entrevista coletiva na noite de segunda, afirmou que não havia lama no festival. Que o digam aqueles que voltaram para casa com lama até os joelhos depois de assistirem aos shows no palco New Stage, cuja pista era um espaço gramado.


Megadeth




Dave Mustaine e cia iniciaram o show no palco Consciência com "Trust" e emendaram "Wake Up Dead" na sequência. As rodas começaram a abrir e o bate cabeça contagiou mesmo aqueles lá no fundo da pista. Assim que terminou "Hangar 18", Mustaine caminhou no palco, de lado a lado, aplaudindo o público e fazendo reverências, como se de repente ele fosse o fã e o público seu ídolo.

Depois de cumprimentar a platéia e dizer o quanto era bom estar ali, Mustaine perguntou se o público reconhecia a canção seguinte. "A Tout Le Mond" foi recebida aos gritos logo nos primeiros acordes.

As canções mais antigas, clássicos do heavy metal como "Sweating Bullets", "Symphony of Destruction" e "Peace Sells, But Who's Buying", foram as que mais provocaram reações efusivas na platéia. Mas a nova "Public Enemy no. 1" também agradou. Para o bis, a banda escolheu nada menos que "Holy Wars", sempre alucinante ao vivo, e encerrou seu curto show de uma hora de forma apoteótica. Lembrei com carinho da Silvinha Schroeder e do Eric Coutinho, casal lindinho e minhas "coisa fina dus paraná", moradores ilustres da "Pequena Londres" e que, provavelmente, levitaram. ;-)

*
O Duran Duran encantou e remeteu-nos há um tempo bom demais.

O SWU é infinitamente mais bem organizado e interessante que o Rock in Rio. Palavra de carioca desiludido com a Medina Family. Esses porcos burgueses daqui gostam muito sim...de dinheiro.

* O prazer me chama...Keith Jarrett in the rain


Peter Gabriel no SWU



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A poesia da chuva


Dias de Chuva
Por Antonio Siqueira



Image_@luabela





















Procuro teu colo
Teu olhar
Tuas mãos
O chocolate quente
Um verso na viola
-Beijo de amor-
Tua boca
Tua voz
Amamos mais nos dias de frio?
De chuva?

Não.

A chuva é que te deixa mais bonita.