sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O desejo de vingança é uma constante na historia humana e um dos grandes temas da literatura.


A vingança é eterna
Por Antonio Siqueira























Alexandre Dumas (1802 – 1870) foi equivalente, na França do século XIX, aos roteiristas da novela das oito no Brasil de hoje. Românticos e aventurescos, seus livros alcançavam um publico vasto e voraz. Um de seus romances mais populares, O Conde de Monte Cristo, ganhou uma belíssima edição com notas e ilustrações da época. Narra as desventuras de Edmond Dantes, marinheiro preso sob acusação falsa de ser partidário do Imperador deposto, Napoleão Bonaparte _ ofensa grave em 1815, tempo de restauração da monárquica. Depois de uma fuga espetacular da prisão, Dantes, enriquecido por um providencial tesouro escondido, reinventa-se como O Conde de Monte Cristo e busca destruir aqueles que o desgraçaram.

Os exageros folhetinescos de Dumas _ vilões soltam faíscas de ódio no olhar _ hoje soam cafonas. No entanto, Monte Cristo sobrevive. Um coração bondoso e generoso dirá que o apelo da historia está na restauração da justiça. O motor do romance, porém, é a vingança. Embora todo cidadão de bem declare ter aversão moral pelo conceito, a vingança delicia leitores há séculos.

"A vingança é um tipo de justiça selvagem que deve ser arrancada como uma erva daninha pela lei” escreveu o filosofo Francis Bacon, no século XVII. De fato, aprendemos que o Estado de Direito só pode existir quando a lei substitui as velhas retaliações tribais. O aparato judicial moderno deve, portanto, sempre se afastar da vingança. No entanto, essa sempre fará parte da natureza humana. E é essa condição que se tornou um dos motivos literários mais antigos. Basta pensar no grego Aquiles, na Ilíada de Homero, arrastando com uma biga o cadáver do troiano Heitor para vingar a morte do amigo Pátroclo.

Cada período histórico tem a sua sanha de vingança particular. Na Tragédia Grega, século V a.c, a vingança costuma ser exercida contra o próprio sangue. Medeia é o exemplo mais terrível. A virada do século XVI, época áurea do teatro inglês tinha em William Shakespeare, a sua verve criadora. As “peças de vingança” fora um gênero bastante popular no caldeirão cultural que antecede o período renascentista na grande Londres. Hamlet traz à cena um príncipe que vinga a morte do pai. Porém, essa trama quase que se perde em elucubrações filosóficas.

Heathcliff, o herói perverso de O Morro dos Ventos Uivantes (1847), clássico romântico da inglesa Emily Brontï, busca desforras de humilhações sofridas na infância, quando foi adotado por uma família de proprietários rurais e tratado como serviçal. De certo modo. Ele é avô dos marginais cariocas que caçam os ricos nos contos de Rubem Fonseca _ o personagem principal de O Cobrador, de RF, é um pobre-diabo que encontra a realização matando ricaços. Com suas enormes diferenças, cada um desses autores explorou uma ambivalência fundamental: a fome de justiça convive muitas vezes com a sede de sangue.



English version
Revenge is eternal
The desire for revenge is a constant in human history and one of the great themes of literature.

Alexandre Dumas (1802 - 1870) was equivalent in France of the nineteenth century, the writers of the soap opera in Brazil today. Romantic and adventurous, his books reached a wide audience and voracious. One of his most popular novels, The Count of Monte Cristo, won a beautiful edition with notes and illustrations of the time. Chronicles the adventures of Edmond Dantes, a sailor arrested on false charges of being a supporter of the deposed Emperor Napoleon Bonaparte in 1815 _ a serious offense, time to restore the monarchy. After a spectacular escape from prison, Dantes, enriched by a providential hidden treasure, reinvents himself as The Count of Monte Cristo and seeks to destroy those who disgraced. 


The exaggerations of Dumas feuilletons _ villains loose sparks of hatred in his eyes _ sound corny today. However, Monte Cristo survives. A kind and generous heart will tell you that the appeal of the story is the restoration of justice. The engine of the novel, however, is revenge. While every good citizen claims to have the moral aversion concept, revenge delight readers for centuries. 


"Revenge is a wild kind of justice that must be wiped out as a weed by the law," wrote the philosopher Francis Bacon in the seventeenth century. In fact, we learned that the rule of law can only exist when the law replaces the old tribal retaliations . The modern judicial apparatus should therefore always move away from revenge. However, this will always be part of human nature. It is this condition which has become one of the oldest literary motifs. Just think of the Greek Achilles in Homer's Iliad by dragging a chariot with the corpse of the Trojan Hector to avenge the death of his friend Patroclus. 


Each historical period has its particular fury of revenge. In Greek Tragedy, the fifth century BC, revenge is often perpetrated against his own blood. Medea is the most terrible example. The turn of the sixteenth century heyday of English theater was in William Shakespeare, his creative verve. The "pieces of revenge" was a genre popular in the cultural cauldron that predates the Renaissance period in greater London. Hamlet brings to a prince who avenges her father's death. However, this plot almost gets lost in philosophical musings. 


Heathcliff, the hero of The perverse Wuthering Heights (1847), the English romantic classic Emily Bronte, seeking retribution for the humiliations suffered during childhood, when he was adopted by a family of landowners and treated as a servant. In a way. He is grandfather of marginal locals who hunt the rich tales of Rubem Fonseca _ the main character in The Collector, RF, is a poor devil who is killing the achievement richies. With their enormous differences, each of these authors explored a fundamental ambivalence: the hunger for justice often coexists with a thirst for blood. 


sábado, 19 de fevereiro de 2011

Sonzeira para este sábado adoravelmente quente:


A musica de Amy Winehouse combina com o verão carioca, com o Verão Brasil. é com prazer que posto aqui este vídeo para agitar a tarde de quem está em casa, na frente da tela e procurando algo para fazer. Passeando pelo Facebook, no link de uma amiga, me veio essa vontade incontrolável de dançar a noite inteira:



Amy winehouse - You know I´m no good







quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Exercício sobre a tela 'Bruxa (Hexe)' de Sergio Cajado: a imagem e o poema.


As Bruxas são moças irresistíveis

Bruxa (Hexe) - 50X70 Pastel e acrilico sobre tela - Sergio Cajado - Zurich (2007)



De bruxarias
De noites longas
De batalhas escarnecedoras
De amanheceres desertos...
De milhões de sóis em manhãs frias
Ela me acolheu
Ela me alimentou
Ela me amou
Ela me enfeitiçou irremediávelmente.






sábado, 12 de fevereiro de 2011

Discordâncias do Mundo Pop



Algumas críticas são feitas por mero preciosismo
Por Antonio Siqueira





Os críticos musicais de hoje em dia exigem um segundo álbum melhor que o primeiro. Caso esta epopéia seja alcançada, a banda é "endeusada", do contrário a banda "Fracassa" neste mundo de ideias pré-definidas.

 Esquecemo-nos muitas vezes que uma banda para lançar o primeiro álbum, trabalha durante anos até o conseguir. É criada uma gama imensa de músicas por onde se pode escolher as melhores  a serem editadas. O segundo álbum (talvez devido às tais pressões), com menos tempo para criar e escolher, é lançado para as lojas comerciais e para lojas virtuais muitas vezes cru não superando as expectativas de um trabalho com anos de reflexão.

Discordo da opinião que uma banda deve inovar de álbum para álbum. Sou apologista de que cada álbum pode ser inovador de música para música dentro do próprio álbum. O ser humano tem oscilações de humor de dia para dia, o processo criativo muda de semana para semana e as criações ou improvisos nos ensaios variam conforme o estado de espírito de um grupo, uma banda. Daí surge outra pergunta: Porque é que uma banda que faz um álbum versátil musica a musica é considerada Pop e uma banda que acaba por faze-lo de álbum para álbum ao longo de uma carreira (pressões de inovar) não é?

Das coisas que me dá mais prazer é sentir que um amigo meu esta revoltado com a vida, outro esta triste com algo, um em êxtase e outro num dia absolutamente normal. O produto destes 4 estados de espírito concretiza-se em melodias tristes, vozes revoltadas e ritmos contagiantes.

As pessoas adoram o subliminar, mas nem tudo precisa necessita o ser. Porque não álbuns com mensagem e álbuns aleatórios que definem isso mesmo, a ALEATORIEDADE das nossas vidas?
O Mundo não está  cheio de gênios, mas está cheio de criativos que podem, com tempo, fazer trabalhos geniais.


domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Rock de São Francisco


Counting Crows: 
Maioridade no Rock Alternativo
por Antonio Siqueira

















As maravilhas do universo alternativo que compôem certas bandas podem ser enumeradas pelo sumido Counting Crows, grupo formado em São Francisco no começo da década de 1990, pelo vocalista e compositor, Adam Duritz. Entre seus grandes sucessos estão "Mr. Jones", do álbum "August and Everything After", que é uma das músicas mais tocadas nas rádios do mundo todo, e "Accidentally In Love", que estourou nas paradas depois de fazer parte da trilha sonora do filme Shrek 2.

Assim como não devemos confundir Los Hermanos com LS Jack (os Deuses do bom gosto que me perdoem a anti-estética comparação), não devemos confundir Counting Crows com The Calling nem com qualquer uma das colossais baboseiras americanas feitas para vender. Devemos encaixá-los no time das bandas que fazem pop-rock de qualidade como Dave Matthews Band, Blues Traveler, Ben Harper, o falecido Jeff Buckley, Pearl Jam... Ok, ok... a sonoridade destas bandas é um pouco diferente uma da outra, mesmo assim todas são de grande qualidade musical - o que é raro no terreno pop americano. O Counting Crows está no time das bandas de pop-rock americanas que devem ser lembradas nos livros de história da música pop. O responsável por este fato tem um nome: Adam F. Duritz, o pulso vital e intelectual do Couting Crows

Podemos atribuir seu sumiço também ao fato de que seus discos não são daqueles que agradam de primeira. A audição dos discos do Counting Crows deve ser feita de forma repetida até que as sutilezas de cada canção sejam internalizadas. Tanto "August and Everything After", "Recovering The Satellites" e, principalmente, "This Desert Life" quanto "Hard Candy" são álbuns a serem apreciados maduramente apenas com o tempo.

O vídeo do fim de domingo dos nossos assíduos 67 leitores é da música Round Here, numa gravação em sitonia fina com o público no Pink Pop Festival 2008. Esse som fez a minha juventude roqueira valer a pena...


O Counting Crows é:


Adam Duritz - vocal principal, piano, wurlitzer, tamborin
David Immergluck - guitarra, baixo, citarra elétrica, mandolin, vocal
Dan Vicrey - guitarra, citarra, banjo, vocal
Charles Gillingham - piano, orgão, acordeon, mellotron, vocal
Jim Bogios - bateria, percussão, vocal
David Bryson - guitarra, dobro, vocal





Counting Crows - Round Here (Pinkpop 2008)






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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Progressive Rock : controvérsia e devoção.


Progressivamente Falando
Por Antonio Siqueira
























Poucos estilos musicais geraram tanta controvérsia como o Rock Progressivo (RP), um estilo lembrado hoje em dia pelo enorme espectáculo em palco, pelo seu fascínio por temas derivados da ficção científica, mitologia e literatura fantástica e, acima de tudo, pelo seu esforço em combinar o sentido de espaço e monumentalidade da música clássica com a energia e o poder do Rock. O seu deslumbrante virtuosismo e fascinantes espectáculos ao vivo fizeram-no bastante popular durante a década de 70, a qual viu bandas como King Crimson, Emerson, Lake & Palmer, Yes, Genesis, Camel, Pink Floyd e Jethro Tull trazerem uma nova profundidade e sofisticação ao Rock. Por outro lado, os críticos estigmatizaram os elaborados concertos destas bandas como auto-indulgentes e materialistas. Eles viram a tentativa de fusão rock/clássica do RP como sendo elitista, uma traição às origens populistas do Rock. Mas de uma perspectiva mais realista, o RP é mais uma expressão vital da contra-cultura do final da década de 60 e durante a de 70. No entanto, a sua característica intemporal faz com que, hoje em dia, e para além do facto de a sua capacidade criativa e produtiva estar bem abastecida, este estilo conviva sempre de mãos dadas com as suas origens e influências.

Estavamos em 1967. Na Inglaterra, um dos centros de maior tradição musical, surgia uma necessidade de dar uma abertura estilística à música popular que vinha sendo feita. O cenário político-social da altura era o ideal. Artistas, na sua maioria de formação universitária e procedentes de conservatórios, deram as bases para o RP, juntos com alguns seguidores do psicadelismo. Ao Rock foram acrescentados elementos de música Erudita, Jazz e Folk. A partir de então o movimento cresceu, atingindo o grande mercado nos anos 70, que na época aceitava uma música que não fosse descartável. Foi o auge de grandes bandas inglesas como os Yes, King Crimson, Pink Floyd, Genesis, Jethro Tull, ELP, Gentle Giant, Camel, etc, e que acabaram por influenciar bandas em todos os cantos do planeta até aos dias de hoje. Mas não foi só na Inglaterra que o movimento teve o seu auge. A Itália deu também uma contribuição decisiva para este sucesso com bandas como Premiata Forneria Marconi, Banco Del Mutuo Soccorso, Osanna, Le Orme, Area, etc.

Na segunda metade da década de 70, com a crise do petróleo, as leis comerciais impuseram-se, as editoras começaram a procurar um estilo que exigisse menos investimento e mais vendas. Isso aconteceu com a onda "disco" que explodiu durante o ano de 1978, decretando o fim do RP (assim como outros estilos) em termos comerciais. A ajudar a este aniquilamento surgiu também o Punk Rock, apesar de ter sido um fenómeno mais localizado e efémero, nunca conseguindo alcançar grande numero de vendas a nível internacional.

No início da década de 80, algumas mentes criativas decidiram tentar apostar mais uma vez no RP, influenciadas pelos grandes nomes da década anterior. Face à cada vez maior exigência comercial, onde os contratos eram feitos conforme o numero de vendas, as bandas que então apareceram usaram muito inteligentemente uma mistura de RP com pitadas de uma corrente Pop que então reinava. Entre essas bandas destacam-se os Marillion, mas outras surgiram embora não com tanta notoriedade como IQ, Pendragon, Solaris, etc. Durante esta década, o RP resumiu-se envergonhadamente a um punhado de bandas que não permitiram que o movimento fosse definitivamente sepultado.  Além do mais, estas não podiam contar com qualquer tipo de divulgação e promoção. As editoras não se davam a esse luxo com bandas que estavam destinadas a um baixo numero de vendas e os media foram simplesmente engolidos por uma máquina promocional que se auto-alimentava através das bandas que promovia e das vendas que daí advinham. Esta máquina foi barrando, cegamente e conluiada com os media, todos os caminhos do RP desde a sua origem na banda até ao ouvido do consumidor. No final da década, e quando as forças começavam a faltar aos resistentes, eis que surgiu um fenômeno que veio revolucionar todo o mundo musical: a Internet.

Como se pode facilmente constatar hoje em dia, a Internet revelava-se um meio fundamental para o RP, pois conseguia os dois processos vitais para uma banda: divulgar e vender. Não tardou e, poucos anos passados, logo foram criadas algumas editoras independentes e especializadas no género, as quais utilizavam a Internet como meio fulcral de distribuição e venda dos seus discos. Foi então uma espécie de paraíso para os artistas deste género musical, que assim podiam dar largas à sua criatividade sem ter como pano de fundo o espectro do cumprimento de contratos ao nível das vendas. Até mesmo algumas grandes bandas, que pareciam adormecidas ou a enveredar por estilos muito pouco ligados ao RP, fizeram as pazes com o movimento e voltaram a produzir excelentes trabalhos. Mas não só da Internet viveu este ressurgimento. Também o embaratecimento e vulgarização de instrumentos e bons meios de gravação ajudaram a uma massiva produção discográfica neste meio.

No final da primeira metade da década começaram a aparecer os melhores resultados. Bandas como The Flower Kings, Spock's Beard, Anglagard, Porcupine Tree, etc, ressuscitaram o movimento trazendo consigo não só qualidade, como também uma frente descentralizadora do eixo anglo-saxónico que até então era incontornável. Novos mercados como a península Escandinava, o Japão e a França trouxeram uma maior heterogeneidade à linha musical que até então vinha sendo apresentada. Até aos dias de hoje, estas bandas, assim como muitas e muitas outras, têm provado que o RP está com ótima saúde, rejuvenescido e querendo ir mais além.





Premiata Forneria Marconi PFM - Celebration - Live TV, 1974





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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Um poema ainda existe... a fotografia também...


Cinza Escuro
Por Antonio Siqueira
Em exercício sobre imagem Gotas 3 de Aristides Coutinho

Foto: Eric Coutinho





























Eu ouço uma canção em gotas
Eu ouço seu tilintar
Compasso mais que perfeito
Em duo com minhas lágrimas...O chão é estreito
Comparado à minha fé nas coisas que vêm de você
Eu canto com as gotas da chuva
As últimas de uma tarde cinzenta
O amor é químico e é tão metabólico
Quanto a alma do poeta.







*Musica: The Show Must Go On - Pink floyd




* *Aristides Coutinho é estudante de Artes Visuais da UNOPAR , fotógrafo, designer gráfico e um artista de muita sensibilidade.