quinta-feira, 29 de abril de 2010
mais um poema da fogueira da juventude.....
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Improvisação, virtuosismo e muita criatividade...
Por Antonio Siqueira
Milles Davis e Jon Contrane em " So what "
Ilustração: Arquivo do autor
terça-feira, 27 de abril de 2010
Viradão Carioca: uma grande sacada!
Por Antonio Siqueira
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Apresentações de grupos de teatro, artistas de rua em todas as praças e passeios públicos da cidade. Nem parecia o mesmo Rio de Janeiro arrasado há 20 dias pelas enchentes provocadas pelas chuvas. Muito samba no Centro da Cidade, muita Bossa Nova e MPB na Zona Sul e
muito Rock’n Roll da Barra da Tijuca a Campo Grande; a agenda musical era repleta de ilustres.
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Como diversos outros shows do Viradão Carioca, a apresentação do sambista Nei Lopes começou pontualmente às 19h deste domingo (25) no Leme, Zona Sul do Rio. E, como os demais shows, também foi um sucesso. A platéia sambou, se divertiu com as histórias contadas por Nei e cantou junto os diversos partidos altos. Com o sucesso “Tempo que Dondon”, Nei lembrou que sua música já participou da trilha de duas novelas, sempre nos núcleos mais pobres. Ele começou e terminou sua apresentação com “E eu não fui convidado”, citou várias vezes seu parceiro Wilson Moreira, além de Arlindo Cruz e fez um pout-pourri com canções de Ary Barroso.
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Na Barra da Tijuca, além das apresentações de bandas de rock na areia da Praia do Pepê e de de excelentes grupos de teatro no Quebra Mar, o público contou com um imenso lual com Dj’s de varias partes do Brasil. Foram 54 horas de musica sem parar. Em Campo Grande, shows de musica e apresentações de artistas de varias partes da região. A literatura ganhou maior espaço este ano e escritores locais ou deram palestras, ou executaram imensos sarais poéticos. No marco zero, Rock e MPB.
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Milton Nascimento dispensa apresentação. Ele atraiu os fãs mais emocionados do Viradão Carioca. Tanto é que ao sair do palco da Praça XV, na noite deste domingo (25), após um show impecável, o público chegou a chiar. Mas nada que atrapalhasse o evento. Pelo contrário. Só demonstrou o quanto os fãs são tietes do cantor. E tiete é emoção, nunca razão. Milton parece ser eterno no coração do público carioca, o “Clube da Esquina” teve parte de sua base inicial aqui e o público ainda se emociona diante de tamanha grandeza harmônica e musical.
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Diogo Nogueira encerrou com muito samba o Viradão Carioca 2010, na Praça XV, no centro do Rio, neste domingo (25) à noite. O público de 5.000 pessoas que lotou o endereço não arredou o pé após o show de Milton Nascimento e vibrou muito com o show do filho de João Nogueira.
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No palco, Diogo agradeceu o convite para participar da maratona cultural do Rio, que está em sua segunda edição. A iniciativa dos paulistanos pegou na cidade do Rio. Isso é de importância vital para a cultura brasileira. Panis ET’ circenses, mas com muita qualidade e bom gosto.
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sexta-feira, 23 de abril de 2010
Receita paulistana que deu muito certo...
à Copacabana
Por Antonio Siqueira
Desta sexta-feira até domingo, o Rio de Janeiro vai ser o palco da segunda edição do Viradão Carioca. No total, mais de 500 atrações vão se apresentar gratuitamente em 90 pontos espalhados pela cidade. A programação conta com shows, peças teatrais, espetáculos de dança, exposições de arte, apresentações circenses, exibições de filmes e saraus.
O Viradão Carioca vai contar com seis palcos ao ar livre para shows: na Praça XV, na favela Rio das Pedras, na Cinelândia, no Leme, no Piscinão de Ramos e na Praça do Ringue, em Santa Cruz e no Teatro de Arena Elza Osborne em Campo Grande. Além desses pontos, o evento contará com um palco sobre rodas que vai passar pela Penha, Vila Isabel e Méier.
De acordo com a organização do evento, o principal objetivo do Viradão Carioca é integrar as diferentes regiões da cidade e seus moradores, por meio da oferta de uma programação bastante eclética. Na segunda edição, o evento traz como novidade a programação em comunidades, entre elas o Complexo da Maré, a favela Tavares Bastos e os morros Santa Marta, da Mangueira e da Providência.
A abertura oficial do evento está marcada para as 18h30, na Praça XV, com o show de Dona Ivone Lara. O palco ainda irá receber outros nomes conhecidos, como Sandra de Sá, Preta Gil, Pitty, Milton Nascimento e Diogo Nogueira.
Uma grande sacada da Prefeitura de São Paulo que, aos poucos, vai esquentando aqui por terras cariocas. Você poderá saber tudo o que irá rolar durante as 54 horas de programação do VIRADÃO CARIOCA acompanhando online Face Book, no Orkut e no Twitter.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
O infinito existe e tem caras, imagens e nos dá a impressão de uma paz que não existe aqui.
Por Antonio Siqueira
existem luzes no céu desde a minha tenra infância
mas o infinito não me revelava
o que existia naquelas pequenas luzes
um mago, um homem, um olhar...
desde que um genio pôs-se a voar em um conglomerado de caixotes
e outro ser teorizou as milhares de viagens nas asas da luz
a poesia encanta
a poesia acende
a poesia nasce
a poesia morre
a poesia sobe
a poesia desce
e o infinito sempre insiste em nos revelar
Segundo Epitáfio do Infinito
*Infinito... Em que é que pensamos quando ouvimos esta palavra? Em números enormes, incalculáveis, números que nunca mais acabaríamos de contar...? Um céu imenso, sem nunca mais acabar...? Cada um de nós pensará certamente uma coisa diferente, precisamente porque o conceito do infinito não tem por base nenhuma experiência sensível.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Calvin e Haroldo
sábado, 17 de abril de 2010
Nina Simone
quinta-feira, 15 de abril de 2010
O primeiro e único...
A Literatura Surrealista de
O Brasil é um ambiente fecundo de grandes escritores, porém o primeiro grande escritor surrealista surgido aqui foi, sem dúvidas, o mineiro de Urbelândia, Walter Campos de Carvalho. Um escritor desconcertante, avesso à mídia e à glória, esta última, Campos de Carvalho via com grande desprezo e revelava aos mais íntimos, achar medíocre. Advogado formado aos 22 anos e já em São Paulo tinha a vida ligada, quase que integralmente, à literatura, apesar de ter escrito somente seis livros. O mais conhecido, A Lua Vem da Ásia, é um verdadeiro manifesto surrealista. Contam que o escritor baiano, Jorge Amado, após ler este livro em 1956, entrou em uma livraria em Salvador e comprou todo o estoque de exemplares. Estava tão impressionado com o que tinha lido que resolveu mandar exemplares aos amigos. Eis um trecho desta obra:
A trama de A Lua Vem da Ásia se passa num hospício e é repleta de lances hilariantes, como uma tentativa de fuga num Zeppelin envolvendo personagens completamente absurdos. O nome dos capítulos (Capítulo sem Sexo, Capítulo CLXXXIV, Capítulo) e a total ausência de seqüência entre eles (do Capítulo Primeiro pula para o Capítulo 18 graus) dão uma idéia do que espera o leitor. Campos de Carvalho é prazeroso de se ler.
Em 1997, Campos de Carvalho concedeu uma entrevista a uma emissora de TV. Seria esta a primeira e última: Após 40 minutos de um quase monólogo, o entrevistador, desesperado, tentava fazer com que o escritor dissesse algo que fosse além dos três ou quatro monossílabos com que era brindado a cada nova pergunta. E arriscou: O senhor é feliz? Campos de Carvalho olhou para o alto do estúdio, para os lados, para o chão. Após um minuto e meio de um silêncio avassalador, ruidoso, o escritor finalmente respondeu. Não. O entrevistador, visivelmente constrangido, tentou uma saída pela esquerda e emendou: Se o senhor pudesse mudar alguma coisa no mundo, o que mudaria? De novo, um longo silêncio. Um pouco mais leve. E a resposta: Nada.
O autor deixou mais três novelas além de A Lua Vem da Ásia, todas com títulos, digamos, diferenciados: Vaca de Nariz Sutil, A Chuva Imóvel e o Púcaro Búlgaro esta última escrita em 24 dias. Após isso, parou inexplicavelmente de escrever.
Campos de Carvalho morou por mais de 50 anos no bairro de Higienópolis em São Paulo, onde residiu até os últimos dias de vida. Gostava de passear todas as tardes e numa dessas tardes, teve um mal estar súbito. Pouco antes de morrer contou a mulher, Lygia que estava passando mal: “Por causa de um sorvete que tomei”. Este era Walter Campos de Carvalho, talvez o primeiro e último escritor surrealista do Brasil.
Um poema ainda existe...Vinícius para vocês
Epitáfio
Por Vinícius de Moraes
Aqui jaz o SolQue criou a aurora
E deu a luz ao dia
E apascentou a tarde
O mágico pastor
De mãos luminosas
Que fecundou as rosas
E as despetalou.
Aqui jaz o Sol
O andrógino meigo
E violento, que
Possui a forma
De todas as mulheres
E morreu no mar.
Ilustração: Toni D'Agostinho
sexta-feira, 9 de abril de 2010
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Momento para reflexão
Por Antonio Siqueira
No momento em que eu iniciava esse artigo, subia para 145 o numero de mortos devido às fortes chuvas que castigam ininterruptamente o Estado do Rio de Janeiro, segundo boletim divulgado pelo Corpo de Bombeiros. Todos foram vitimados por deslizamentos de terra decorrentes da chuva. Ainda há desaparecidos e esse número pode continuar a aumentar. Com mais esse deslizamento ocorrido há algumas horas no Morro do Bumba, no bairro Fonseca em Niterói, chegando aproximadamentete, a um total de 60 pessoas soterradas. O saldo da tragédia ganha contornos de calamidade. Há 72 horas, chove o maior volume de água registrado aqui no Rio, desde que o mundo novo resolveu evoluir e planejar-se urbanisticamente. Pois é, o mundo está agonizando, endossando aqui a Teoria de Gaia de James E. Lovelock. A Terra está, possivelmente, doente e muito irritada. O cientista britânico, juntamente com a bióloga Lynn Margulis, analisaram pesquisas que comparavam a atmosfera da Terra com a de outros planetas, vindo a propor que é a vida da Terra que cria as condições para a sua própria sobrevivência, e não o contrário, como as teorias tradicionais sugerem, isto é a Terra é um organismo vivo, e como todo organismo vivo reage com uma forte febre a qualquer tipo de infecção grave. Parece que o vírus que provoca essa “infecção” somos nós seres humanos e acabaremos sendo eliminados dessa cadeia biológica.
Os nova-iorquinos chamaram Apocalipse II à tempestade de neve que se abateu nestas últimas semanas sobre o noroeste dos Estados Unidos. O primeiro teria sido registrado durante a semana passada. Não é ainda o fim do mundo, mas não deixa de ser um aviso. A concentração humana nas grandes metrópoles, com a perturbação da natureza, agrava as conseqüências dos desastres. Enquanto a neve desaba no Hemisfério Norte, atingindo a região mais densamente povoada e de ocupação pioneira dos Estados Unidos, no Brasil e em outros países do Sul as grandes chuvas fazem desabar as casas pobres e matam impiedosamente. Há também os terremotos, esses males inseparáveis do destino do planeta, posto que a ele congênitos. Mas, também no caso dos terremotos, desde os registrados na Antiguidade, os danos são equivalentes à densidade da ocupação nas áreas atingidas.
A partir do terremoto de Lisboa, ocorrido no dia 1 de novembro de 1755, discute-se essa relação, e o desastre chegou a alimentar a ideia de que a sede do Império deveria deslocar-se para o Brasil. Não há cifras confiáveis, mas se calcula que entre 30 mil e 90 mil pessoas tenham morrido, em uma população de 270 mil. Como relatam os historiadores, o terremoto causou profundo impacto no pensamento europeu. Todas as crenças, filosóficas e religiosas, sofreram grande abalo e, até hoje, filósofos ainda discutem os seus efeitos na razão humana.
A grande discussão que se faz é em torno do chamado “progresso”. Qualquer restrição ao desenvolvimento da técnica, com seus efeitos sobre a natureza, costuma ser considerada atitude reacionária. O mito do progresso infinito, no entanto, se choca com a consciência dos limites da vida humana e dos recursos do mundo. Parece impossível impor rédeas à busca do conhecimento e à aplicação tecnológica das descobertas. O físico brasileiro José Israel Vargas resume o raciocínio em uma frase linear: é impossível “desinventar”. Uma vez descoberto qualquer processo de intervenção na natureza, imediatamente surge seu proveito industrial, isto é, tecnológico. Se aceitarmos esse postulado, o homem pode estar sendo condenado a sucumbir vitimado pela própria razão, a razão que garantiu sua sobrevivência até o momento.
Há os que recusam a tese de que o homem está envenenando o meio ambiente, e atribuem as mudanças climáticas a fenômenos absolutamente naturais, sobre os quais só podemos ter escassa influência, na previsão de sua ocorrência e nas providências que reduzam os seus efeitos. Outros, no entanto, tentam provar que somos os responsáveis pela degradação do meio ambiente e que estamos nos condenando ao extermínio. É melhor considerar que o homem é um ser precário, e sua sobrevivência é ameaçada pelos fenômenos naturais e pela própria insensatez, como a submissão da técnica à ambição do lucro.
Sófocles, em Antígona, depois de manifestar sua profunda admiração pelos inventores, revela seu pessimismo, ao afirmar que eles ultrapassam toda a expectativa, “o talento e habilidade que conduzem o homem ora à luz, ora a malvados conselhos”. Não obstante o seu culto à inteligência e à razão, que levavam os grandes pensadores gregos à certeza de que a tarefa do homem era a de igualar-se aos deuses, havia os que advertiam contra essa presunção. Há sempre, ao lado do fulgor da inteligência, o perigo de que ela nos conduza aos “malvados conselhos”, identificados por Sófocles. Dentro desse raciocínio, a ciência deve estar submetida à razão política, mas isso só ocorrerá, quando formos capazes de dar razão à política, submetê-la à ética do humanismo. Isso significa planejar a vida para todos, buscando a igualdade e a justiça. Por enquanto morrem, sobretudo, os pobres, mas é provável que, diante da intensidade dos desastres, os grandes comecem a pensar de outra forma.
A neve sobre Nova York – onde começam a faltar alimentos – é um aviso, assim como foi o tsunami da Indonésia e o terremoto de Lisboa. Pouco importa se esses desastres – como o terrível terremoto de Porto Príncipe ou o terremoto que arrasou o estreito território chileno, o primeiro com muito mais vítimas do que o de Lisboa – se devem só às terríveis forças cósmicas, ou também ao desvario do homem. O que importa é usar a razão e a ciência na busca da igualdade e da justiça, de forma a que o homem viva melhor, enquanto o mundo existir.