terça-feira, 30 de março de 2010

Com a palavra...

uma coisa leva [a] outra

por mariza lourenço



pois bem, o caso Isabella Nardoni, por ora, está encerrado. a defesa apelou e haverá um embate na corte, pois salvo melhor juizo, a defesa protestará por um novo juri, e ainda existe dissídio jurisprudencial a respeito, mas não creio, sinceramente que, ao final, a brilhante sentença de primeiro grau seja reformada. em minha opinião a condenação foi justa e a pena respeitou a lei vigente (o sistema brasileiro é trifásico). o juiz prolator, ao dosar a pena, não deixou escapar absolutamente nada, o que, naturalmente, só reforça a opinião de que a sentença não sofrerá alterações em segundo grau.

no entanto, e apesar de ser um caso de clamor popular, as manifestações 'xiitas' contra o defensor dos réus extrapolaram as medidas. ora, defensor não é parte, não é réu e não está sob julgamento, portanto, confundi-lo com seus clientes é um erro, mesmo porque, em obediência ao princípio da ampla defesa, não deve haver intimidação ou cerceamento, sob pena de nulidade processual.

e uma coisa leva [a] outra

penso em crianças, em filhos, e na questão das relações familiares. a verdade, tomando como exemplo o caso da menina Isabella, é que as crianças ainda continuam sendo as grandes vítimas de relações desastrosas e, no caso de formação de um novo núcleo familiar, tornam-se alvos fáceis e indefesos de ódios por parte de novos companheiros de seus pais. isso é fato e pode ser comprovado através das inúmeras ações que tramitam nas varas de família, onde se discutem modificações nos regimes de visitas.

as nossas crianças (sim, todas são nossas) que, em princípio, deveriam ser protegidas e distanciadas de discussões as quais não deram causa, acabam por se transformar em joguetes e, muitas vezes, moedas de trocas entre adultos que têm olhos somente para seus umbigos.

é muito triste, especialmente quando se é obrigado a lidar com a natureza egoísta humana. a lei mudou, a constituição garante e o ECA está aí para ser cumprido, mas e a sociedade? que consciência a motiva? sobre isso, confesso, ainda não consigo opinar.


*Mariza Lourenço é advogada, escritora e mãe de dois jovems híper talentosos.

A própria razão desconhece

De um pé de tamarindo

à mordidez de um Neruda às avessas

Augusto dos AnjosP.Neruda

Por Antonio Siqueira

Não. Não é exagero literário comparar a linha poética do paraibano de Pau'darco, Augusto dos Anjos a de Pablo Neftali Neruda. A intrínseca relação destas duas vertentes geniais advém de forma bastante prosaica no extremo de um e de outro. A visceralidade dos versos de ambos, não obstante à temática do amor abrasivo, a forma contundente da desilusão e do vinvenciamento de emoções semelhantes. Neruda prima, com versos de urgência magnânima e contumaz o encantamento existencial em todos os pilares da existência humana; do amor, do espírito revolucionário, do ser político. Augusto dos Anjos abala as estruturas do mórbido ao rufar dos corações e mentes traídas. Essa filosofia, fora do contexto europeu em que nascera para Augusto dos Anjos seria a demonstração da realidade que via ao seu redor, com a crise de um modo de produção pré-capitalista, proprietários falindo e ex-escravos na miséria. O mundo seria representado por ele, então, como repleto dessa tragédia, cada ser vivenciando-a no nascimento e na morte. Um personagem constante em seus poemas é um pé de tamarindo que ainda hoje existe no Engenho Pau d'Arco.


Neruda confessou-se em certa feita, amante do único livro de Augusto, EU E OUTRAS POESIAS, editado em 1910. É a reunião do livro "Eu" (publicado em vida) a outras poesias que foram acrescentadas postumamente à obra (seu amigo Órris Soares reescreveu o seu póstumo). Augusto dos Anjos não viveu para conhecer Neruda, pois morreu de pneumonia aos 30 anos em 1914. A antítese das temáticas se encontram, metafisicamente, na narrativa literária. Basta pôr em prática a "Mãe Sensibilidade". Reparem bem nestes versos:

Psicologia de um Vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Augusto dos Anjos

A DANÇA

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.
.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.
.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
.
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda


Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Ausgusto dos Anjos

O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

Conclúo sem medo de ser contestado que, apesar da cronologia não tão distante, Augusto dos Anjos é, indubitávelmente, um Neruda às avessas.

JOYCE: EXCENTRICO, PORRISTA, FANTÁSTICO...

Um Porrista Genial
por Antônio Siqueira

Um dos mais inventivos escritores do século XX, James Joyce publicou Ulisses, um ponto de inflexão na história da literatura, em 1922. Dominando como poucos escritores o uso do monólogo interior, Joyce criou, em sua obra-prima, o monólogo de Molly Bloom, um exemplo perfeito desta técnica que tenta reproduzir a linguagem inconsciente de um personagem.

“(...) então sim pedi com os olhos que voltasse a me pedir e então me pediu e eu queria dizer sim minha flor da montanha e primeiro abracei-o e o trouxe para cima de mim para que pudesse sentir meus seios todos os perfumes sim e o coração que batia igual um louco e sim eu disse sim quero. Sim.” (Trecho de Ulysses)

Embora Joyce tenha vivido fora de seu país natal pela maior parte da vida adulta, suas experiências irlandesas são essenciais para sua obra e fornecem-lhe toda a ambientação e muito da temática. Seu universo ficcional enraíza-se fortemente em Dublin e reflete sua vida familiar e eventos, amizades e inimizades dos tempos de escola e faculdade. Desta forma, ele é ao mesmo tempo um dos mais cosmopolitas e um dos mais particularistas dos autores modernistas de língua inglesa.


JAMES JOYCE (1882-1941), romancista e poeta irlandês cujas perspicácia psicológica e inovadoras técnicas literárias converteram-no em um dos mais importantes escritores do século XX.

Depois do seu primeiro livro de poemas, Música de câmara (1907), e do livro de contos Dublinenses (1914), publicou o romance Retrato do artista quando jovem (1916), quase autobiográfico e no qual utilizou amplamente o monólogo interior.

Alcançou fama mundial em 1922, com a publicação de Ulisses, romance considerado um ponto de inflexão na literatura universal.

Finnegans wake (1939), sua última e mais complexa obra, constitui uma experiência de linguagem que abrange várias línguas. Postumamente, foi lançado, entre outros, Stephen hero (1944), primeira versão de Retrato do artista quando jovem. Em 1968, seu biógrafo, Richard Ellman, publicou um original inédito, Giácomo, obra pequena considerada o antecedente de Ulisses.

Conheci outro genio literário: Fernando Toledo. Acho que um dos poucos seres capazes de decifrar os truques literários do inventivo e excepcional escritor Irlandês. Fernando faleceu a 3 anos e, em póstuma homenagem, chegou a ser cremado com o seu inseparável Ulisses. Tema de muitos debates acirradamente interessantes em nossas longas noitadas filosofais.

Joyce morreu no inverno de 1941, pobre, bêbado e doente num subúrbio de Londres e sua obra atravessou o século XX incólume e se perpetuará por outros tempos, enquanto a ignorãncia dos homens perdurar.




Principais Obras

Música de câmara 1907 Poemas de amor

Dublinenses 1914 Contos

Retrato do artista quando jovem 1916 Romance

Exílios 1918 Peça teatral

Ulysses 1922 Romance

Pomes Penyeach 1927 Poemas

Collected Poems 1936 Poemas

Finnegans Wake 1939 Romance

Imagem: news.minnesota.publicradio.org



quarta-feira, 24 de março de 2010

Progressive Rock

O QUE É O

ROCK PROGRESSIVO BRASIL?

Por Antonio Siqueira

Quem disse que no Brasil não se faz um Rock Progressivo de alta qualidade e fidelidade? Muita gente nova ( e até os contemporaneos do prog) acha. Vou citar aqui algumas perolas do progressivo brasileiro


A Barca do SoL

A Barca Do Sol é uma daquelas raridades que o mundo deveria conhecer e nem mesmo o Brasil conhece direito, com 3 discos na bagagem essa banda maravilhosa mesclou MPB, música de câmara, Rock Progressivo e letras em forma de poesia, vale a pena pra quem curte nosso velho Rock Nacional!!

Saecula Saeculorum

Saecula Saeculorum é uma lendária banda de rock progressivo que foi criada em 1974, no estado do Minas Gerais. A banda era formada por Giacomo Lombardi (piano e voz), José Audisio (guitarras), Bob Walter (bateria), Edson Plá Vieguas (baixo), Juninho (baixo) e, especialmente, pelo renomado violinista Marcus Viana, que depois viria a formar o excelente Sagrado Coração da Terra.

Este álbum “Saecula Saeculorum” foi gravado em 1976 e se trata de um trabalho que segue a linhagem do Symphonic Rock com tendências clássicas muito fortes. Os maiores destaques são o violino e o “great piano” executado com bastante virtuosismo.

A letras são em português, mas, devido a gravação, muitas pessoas não entendem o que é cantado. Não que a gravação esteja ridiculamente ruim. Dá para se ouvir tranquiliamente todos os intrumentos, bem definidos.

A banda acabou em 1977, mas ainda chegou a se apresentar, recentemente, num tributo ao baterista Mário Castelo, porém com uma formação diferente, apenas mantendo Marcus Viana e Giacomo Lombardi.

Este trabalho é altamente recomendável para qualquer amante do rock progressivo, tanto pela virtuosidade por parte de alguns integrantes da banda, como também pela curiosidade dos fatos.


Principais Bandas de Progressivo do Brasil Main Prog Bands of Brazil

A BARCA DO SOL - Prog Folk
ACIDENTE - Prog Related
AETHER - Symphonic Prog
AKASHIC - Progressive Metal
ALEXL - Art Rock
ALGARAVIA - Art Rock
ALPHA III - Symphonic Prog
ANGRA - Progressive Metal
ANIMA DOMINUM - Symphonic Prog
APOCALYPSE - Symphonic Prog
ARAÚJO, MARCO ANTÔNIO - Prog Folk
ARION - Symphonic Prog
ASA DE LUZ - Symphonic Prog
ASHTAR - Prog Folk
ATMOSPHERA - Art Rock
BACAMARTE - Symphonic Prog
BENCHIMOL, SÉRGIO - Art Rock
BLEZQI ZATSAZ - Symphonic Prog
CALIX - Prog Folk
CARTOON - Prog Related
CASA DAS MAQUINAS - Symphonic Prog
CHRONOS MUNDI - Symphonic Prog
CINEMA SHOW - Art Rock
DOGMA - Symphonic Prog
ECLIPSE - Symphonic Prog
GRANDBELL - Symphonic Prog
HADDAD - Neo Progressive
III MILENIO - Symphonic Prog
INDEX - Symphonic Prog
KAIZEN - Symphonic Prog
KHALLICE - Progressive Metal
LEHMEJUM - Jazz Rock/Fusion
LEI SECA - Symphonic Prog
LOCH NESS - Symphonic Prog
MARSICANO, ALBERTO - Indo-Prog/Raga Rock
MINDFLOW - Progressive Metal
MUTANTES, OS - Psychedelic/Space Rock
NAVE - Art Rock
OCTOHPERA - Art Rock
POÇOS & NUVENS - Symphonic Prog
QUANTUM - Symphonic Prog
QUATERNA REQUIEM - Symphonic Prog
RECORDANDO O VALE DAS MAÇÃS - Prog Related
SAECULA SAECULORUM - Symphonic Prog
SAGRADO CORAÇÃO DA TERRA - Symphonic Prog
SATWA - Indo-Prog/Raga Rock
SEMENTE - Psychedelic/Space Rock
SHAAMAN - Progressive Metal
SLEEPWALKER SUN - Progressive Metal
SOLIS - Neo Progressive
SOM IMAGINÁRIO - Psychedelic/Space Rock
SOM NOSSO DE CADA DIA - Art Rock
TARKUS (BR) - Symphonic Prog
TAU CETI - Jazz Rock/Fusion
TELLAH - Art Rock
TEMPUS FUGIT - Symphonic Prog
TERÇO, O - Symphonic Prog
TERRENO BALDIO - Art Rock
TESIS ARSIS - Symphonic Prog
TISARIS - Symphonic Prog
TREM DO FUTURO - Symphonic Prog
VERDAGUER - Jazz Rock/Fusion
VESANIA - Symphonic Prog
VIA LUMINI - Symphonic Prog
VIOLETA DE OUTONO - Psychedelic/Space Rock
ZARG - Art Rock

sábado, 20 de março de 2010


BOM DIA, POESIA!
Por Antonio Siqueira




Amor
De espécie rara
calor
Que enlouquece a alma
Rancor
Isso eu ignoro
Paixão
Sem dó, a exploro
razão
Que pouco me importo

Estações
Nunca mais serão as mesmas
Florestas
Para abrigar somente as abêlhas
Sorriso
Encontro um no céu,
Palavras
Aqui na terra uma forma de açoite

Sexo
Alimento da alma
Poesia
Para ler e sorve-la com calma
Fantasia
Na teoria, uma viagem insólita
Ilustração: Celso Lins

sexta-feira, 19 de março de 2010

Um som a beira-mar.

Grupo 14 BIS
toca em Barra de Guaratiba
Por Antonio Siqueira





O Quarteto Mineiro 14 Bis, vem fazendo uma série de shows na Cidade Maravilhosa. Desde meados de Fevereiro, Claudio Venturini (Guitarra e vocais), Vermelho (Teclados e vocais), Sergio Magrão (baixo e vocais) e Hely Rodrigues (Bateria), vêm se apresentando pelas zonas sul, norte e oeste da cidade em companhia dos meninos da Banda Nave de Prata e desfilando seus grandes sucessos, antes da turnê nacional que marcará a volta de Flávio Venturini ao grupo, depois de 22 anos.



O show apresenta musicas do primeiro DVD da banda, lançado em 2008 e alguns números inéditos, como a nova versão de "Eu já fechei os meus olhos", que Cláudio e Vermelho adaptaram em 1992. A banda é de estrada mesmo, pois, segundo Vermelho, tecladista e um dos fundadores do grupo, "as viagens se multiplicam e não nos sobra tempo para mais nada." Que bom que a boa música corre pelo mundo num estilo quase mambembe. Essa é a essência para que a arte aconteça de maneira plena!



O 14 Bis toca hoje (Sexta - 19/04), ás 22 horas, no Theatro de Arena Elza Osborne, e amanhã (sábado, 20/04) na Lona Cultural de Jacarépagua, às 21 horas. O mais interessantes de todos esses shows, com certeza será o show de domingo em praça pública, às 17 horas, no balneário de Barra de Guaratiba, no litoral oeste da cidade. A enseada de BG é belíssima e com o sabor do bucolismo dentro da metrópole do Rio de Janeiro . O lugar é belíssimo e histórico e fica escondido do agito louco da cidade. Barra de Guaratiba é um pedacinho do paraiso ainda, por mais que tentem destruíla, e o 14 Bis, com seus mil sons e tons têm tudo a haver com a paisagem de lá.





Barra de Guaratiba






quinta-feira, 18 de março de 2010

Postagem do antigo blog, a história do The Dark Side of Moom:

A Fenomenologia
do Rock Progressivo


Por Antonio Siqueira





Ao abordar o bom e velho Rock Progressivo, não podemos deixar de falar sobre o Álbum “The Dark Side of The Moon” do Pink Floyd. Esse disco paradoxal aborda os diversos males que atacam o homem moderno, como a ganância, a escravidão, o tempo, o problema da individualidade e a loucura urbana. É, por muitos, considerado o melhor disco de rock progressivo de todos os tempos. Pela genial capa já se nota a que vem o álbum; um prisma que “reflete” um feixe de luz branco abrindo em todas as freqüências de cores “ocultas” em seu interior, uma clara analogia ao trabalho de expôr o homem aos seus próprios males.


Em 1973, apesar do grande sucesso devido aos álbuns anteriores, acreditava-se que o Pink Floyd já havia atingido o ápice musical com seu primeiro LP “Piper at Gates Of Dawn”, que divide com “Sgt. Peppers”, dos Beatles, títulos de pioneirismo do Rock Progressivo. Esperava-se que o Pink Floyd não passasse “daquilo”, já que seu principal integrante na época, o genial compositor, guitarrista, cantor e pintor Syd Barret, havia sido afastado da banda há alguns anos por motivo de loucura (devido à fórmula “cérebro já meio afetado” * LSD³ = “samambaia”). Porém, em março desse ano, na formação Roger Waters (baixo-vocal), Rick Wright (Teclado), Nick Mason (Bateria), David Gilmour (guitarra-vocal) lançam a sua obra prima, superando assim, inesperadamente, o seu primeiro álbum, com quase 30 milhões de cópias vendidas. É um dos três discos mais vendidos do mundo. Soando atualíssimo ainda nos dias de hoje, pois, por incrível que pareça, os seres humanos continuam purgando problemas mais intensos do que 30 anos atrás.

O LP possui algumas curiosidades, como a bizarra coincidência de que colocando o disco para rodar logo após o terceiro rugido do leão da Metro-GoldWyn-Mayer no filme “O Mágico de Oz”, as letras e os sons se encaixam perfeitamente nas imagens da tela. É uma experiência única e comprovada. Cuidado! Sua mãe pode pensar que você é um sujeito muito doido ao lhe ver fazendo isso. Os integrantes da banda dizem que é pura coincidência.



A qualidade de produção impecável, timbres e arranjos muito bem trabalhados, somados a um encaminhamento de músicas em perfeita harmonia, fora o lirismo das composições de Roger Waters, tornam esse álbum musicalmente inesquecível para quem ouvi-lo em sintonia perfeita e concentração em estado puro. Mas o que tornou esse LP uma verdadeira lenda do Rock, é a unidade de suas músicas que faz com que as suas nove faixas sejam entrelaçadas em um só tema (Leia-se Disco Conceitual), como os diversos capítulos de uma única obra temática sobre as “Mazelas dos Humanos”.

A primeira dessas Mazelas é tocada em “Speak to Me Breathe”, que trata do problema de encontrar espaço na sociedade e de como tocar a sua vida de acordo com os problemas que aparecem pela frente. Como diz a música, deixando-se levar por essa cômoda sociedade, você só corre na direção de uma precoce sepultura. A seguir, temos a instrumental “On the Run”, uma viagem lírica Floydiana. Depois dela vêm as sinistras badaladas do relógio “Time”, tratando da escravidão ao tempo o qual todo homem moderno está submetido, e dos momentos perdidos quando não nos enquadramos nesse relógio da sociedade. Aqui, eles parecem nos dizer que não adianta querer domá-lo, o tempo sempre irá passar, cada vez mais rápido. Apesar de tudo que fazemos, sempre ficará a sensação de que o nosso trabalho estará sempre incompleto aos nossos olhos e aos da sociedade moderna. Mas, no final das contas, como diz a música, você estará na realidade, somente “um dia mais perto da morte”.

Dando prosseguimento, o ápice do álbum chega com a bela “The Great Gig In The Sky” que, em meio aos magníficos vocais da cantora Clare Torry, sem dizer sequer uma palavra, nos mostra sensações de desespero, loucura, ternura, solidão e até mesmo saudade. Aqui eles mostram que sentimentos não precisam ser passados em palavras, mesmo porque os sentimentos existem antes mesmo das palavras existirem para podermos nomeá-los. Após esta seção magnífica de música, ouvimos a introdução de caixa registradora da conhecidíssima “Money”. Se o tema do álbum são os males humanos, o dinheiro, mais cedo ou mais tarde, teria que aparecer. De forma satírica, Roger Waters dá sua interpretação do que o dinheiro, o Senhor dos Males Humanos, representa para a sociedade. Ele mostra paradoxalmente, o que todo mundo sabe sobre a submissão que temos a ele. Porém, é quase impossível encontrar alguém qe queira se livrar desse "Mal". É de se notar, também, a muito bem executada performance instrumental dessa música, e o riff de baixo mais conhecido do Rock.

À frente, “Us And Them” trata o problema da solidão, do respeito à individualidade e da ambigüidade das pessoas, gerando problemas de comunicação. Por isso, sendo estopim de tantos desentendimentos e guerras. E finalizando essa, vem o solo do teclado delirante de Rick Wright em “Any Color You Like”, terminando com um duelo de guitarras bem acompanhado pelo baixo, bateria e teclado, preparando seus ouvidos e alma para o “The lunatic is on the Grass...” da “Brain Damage”, uma apologia à loucura. Muitos dizem que essa música é uma linda homenagem do Pink Floyd a Syd Barret, o eterno integrante maluco do Pink Floyd. Nota-se que, pelas referências da música, parece ser mesmo. Fechando o álbum, o “Eclipse” resume todos os aspectos da nossa vida mundana, regida perfeitamente pela grandiosa luz do sol, mas que, ainda assim, é encoberta pela pequena Lua. Como nós, que mesmo ante a grandiosidade da vida, somos encobertos por essas “pequenas” mazelas que nos atormentam.

The Dark Side of the Moom é uma obra filosófica, instrumentalmente criativa, conceitual e fenomenológica, como jamais se viu na música contemporânea. Imortal e atual como o Pink Floyd.



ASSISTA AO VÍDEO:


sexta-feira, 12 de março de 2010

A semana é, de fato, das mulheres....porém;

Homem: Produto mal acabado.
Mulher: a chave do entendimento humano.
Por Antonio Siqueira




Esta semana está sendo delas desde segunda-feira. Porém, apesar de todo esse glamour feminino, o que assusta são as estatísticas recentes: há cada 5 segundos, uma mulher é agredida físicamente, há cada minuto, uma mulher dá entrada em alguma emergência hospitalar, vítima de espancamento, há cada 1 hora, uma mulher é morta em algum lugar deste país. Por que isso? Por que essa violência sem sentido, torpe e de uma selvageria sem precedentes?



Desde 1968, desde aquela bem bolada queima de soutiens. Numa Paris assolada por greves, revoluções estudantis e mudanças radicais, as mulheres assumiram uma postura de liderança e resolveram enfrentar de peito aberto a selvageria de um mundo restrito aos homens. Mulheres se resumiam ao sacro dever matrimonial. Lavavam, passavam, serviam a seus donos e pariam quase que anualmente. Isso, ao que parece, ainda constitui um baque na tirania masculina.



Na minha humilde opinião e sendo direto, o homem que espanca uma mulher é produto de uma péssima orientação sexual, mediocremente equivocada e cheia de dúvidas do tipo, "Será que é isso que eu quero?", "será que é de mulher que eu gosto, MESMO?" Para mim é simples demais: Homem que bate em mulher, não tem a mínima certeza da sua heterogenia sexual, ainda não se identificou como macho adulto e, numa cadeia, seria a "Maria" de todas as celas. Digo isso sem medo e rindo muito, por que o mundo é das mulheres e meu um pouquinho...também.



com a palavra...

Ganham milhões
cantando mal” (The Beatles!?)

Por Vermelho


“Ganham milhões cantando mal”-(The Beatles!?)
- Revista VISÃO, 1964





Sim, foi um texto com esse mesmo título, com a mesma foto que li, se não me engano, na revista Visão (uma espécie de IstoÉ ou Veja da década de 60). Eu, como muitos outros jovens da época, estávamos fascinados com a música e tudo mais que os Beatles traziam de novo em beleza, energia musical e mudança de costumes, além dos sonhos de mudar o mundo.
Sei que a maioria de vocês sequer sonhava nascer naquela época... Mas, podem estar certos que todos nós um dia teremos ou tivemos 15 anos, porém, o tempo vai passar e um dia teremos cinqüenta e tantos e continuaremos a valorizar muita coisa boa que gostaremos para sempre.
E Beatles, Stones e outros, me abriram um mundo novo, ainda mais eu, que vinha de um colégio onde tocava órgão, acompanhando pela partitura, obras de Palestrina, Praetorius, Bach, Haendel, Mozart, Beethoven, Schumann, Wagner etc.


Quando fui estudar em Belo Horizonte, mudou tudo – além do governo militar: a gente via nas bancas de revistas fotos dos Beatles e suas músicas tocavam o dia inteiro nas rádios. Nem sei mais qual me encantou primeiro, se foi Please, please, I wanna hold your hand ou She loves you, mas todas mostravam uma energia, uma capacidade musical incrível, seja na composição como na execução. Sobretudo, os vocais, ate hoje insuperáveis, principalmente, John Lennon e Paul McCartney, grandes cantores solo que, cantando juntos com Harrison, faziam um vocal harmonioso, rico e cheio de vida.


Voltando ao título acima, que vi quando ainda estudava num colégio de padres alemães, onde interpretávamos canto gregoriano e eu tocava órgão durante as infindáveis missas e preces, pude ter acesso a estes Mestres que citei acima.


Um dia me deparei com esta foto, exatamente a mesma, e um artigo onde o articulista (se não me engano Sílvio Lancelloti – posso estar sendo injusto, pois infelizmente não guardei a reportagem) dizia que “Ganham milhões cantando mal” – se referindo aos Beatles que estavam começando a ganhar os Estados Unidos e o mundo com sua música contagiante.
Bem, sem mais detalhes. Existe até crítica construtiva e muita gente que entende o que está ouvindo e escrevendo sobre. Mas muitas vezes, eles escrevem verdadeiras asneiras, como esta.


Mas isto tudo passa e a boa música, como a dos Beatles permanece, inclusive, sendo apreciada pelas novas gerações. Este CD é muito interessante, pois contém muitas músicas que chamávamos de “lado B” - os discos compactos da época eram lançados com duas musicas, geralmente, porque a gravadora acreditava ter mais probabilidade de se tornarem um hit nas rádios. Acontece que, muitas vezes, a faixa do outro lado era tão boa que caia no gosto do público e as rádios acabavam seguindo. E com os Beatles tudo era surpresa, e sempre sucesso.


Apesar de Lennon ter certa razão quando disse que “O sonho acabou” - o sistema escravizou o mercado da música - e o que se ouve hoje em geral é música de péssima qualidade, ainda há esperança.
Muita música boa está acontecendo ou vindo por aí - mesmo que as emissoras de rádio e tevê ignorem - muita gente nova está interessada em música, seja estudando, compondo, se apresentando ao vivo, ouvindo e aprendendo. E, claro, sonhando com um mundo melhor. Também acreditamos nisso, que nossa Terra seja um Planeta Sonho para todos nós.


Na próxima vez, vou escrever sobre minha paixão pelos Rolling Stones que, se não eram tão sonhadores quanto os Beatles, tinham uma energia impressionante e continuam até hoje como a maior banda de rock’n’roll de todos os tempos.
Sei bem o que isto significa, pois, sem pretensão de nos compararmos a ninguém, temos o nosso estilo próprio, e vamos comemorar 30 anos de 14 Bis nesse ano. Temos planos de gravar um DVD com nosso amigo Flávio Venturini, que juntamente comigo, teve o sonho de fundar essa banda, reconhecida tanto pela nossa geração, quanto pela linda juventude de hoje.

domingo, 7 de março de 2010

Para o seu domingo...Jean Luc Ponty:



1982 Montreal Jazz Festival Jean-Luc Ponty - Violin Allan Zavod - Keyboards Jamie Glaser - Guitar Rayford Griffin - Drums Keith Jones - Bass more videos : http://cyworld.nate.com

sábado, 6 de março de 2010

Poema que não dorme...

Sem sono
Antonio Siqueira


a boca escancarada da noite
os urros do silêncio
as teclas mudas

não tilintam os cristais
não estilhaçam a vidraça
os amantes não sussurram
não há sinos de igreja
o mundo acabou
o relógio dorme
o tempo não passa

onde estão os latidos
os galos os gritos
os olhos do sol?

na cama imensa
o corpo exausto
o vazio da tua ausência
e os mil anos dessa noite
que me engole
que me vomita

sexta-feira, 5 de março de 2010

Outra nota triste

Johnny Alf: Morre o embrião da sonoridade bossanovista
por Antonio Siqueira






O cantor, pianista e compositor Johnny Alf morreu nesta quinta-feira (4). Ele estava internado em estado grave no hospital Mário Covas, em Santo André, na Grande São Paulo. Ele tinha 80 anos.

O nome "Johnny Alf" foi adotado por sugestão de uma amiga norte-americana, quando de sua apresentação no programa de jazz de Paulo Santos, na Rádio M.E.C.

Em 1952, Dick Farney e Nora Ney o contrataram como pianista da nova Cantina do César, de propriedade do radialista César de Alencar, iniciando assim sua carreira profissional. Mary Gonçalves, atriz e Rainha do Rádio, estava sendo lançada como cantora, e escolheu três canções de Johnny: Estamos sós, O que é amar e Escuta para fazerem parte do seu longplay Convite ao Romance.

Foi gravado seu primeiro disco em 78 rpm, com a música Falsete de sua autoria, e De cigarro em cigarro (Luís Bonfá). Tocou nas boates Monte Carlo, Mandarim, Clube da Chave, Beco das Garrafas, Drink e Plaza. Duas canções se destacaram neste período: Céu e mar e Rapaz de bem (1953), consideradas a melodia e a harmonia, como revolucionárias e precursoras da bossa nova.

Em 1955 foi para São Paulo, tocando na boate Baiuca e no bar Michel, com os iniciantes Paulinho Nogueira, Sabá e Luís Chaves. Em 1962 voltou ao Rio de Janeiro, se apresentando no Bottle's Bar, junto com o conjunto musical Tamba Trio, Sérgio Mendes, Luís Carlos Vinhas e Sylvia Telles. Apresentava-se no Litlle Club e Top, o conjunto formado por Tião Neto (baixista) e Edison Machado (baterista).

Em 1965 realizou uma turnê pelo interior paulista. Tornou-se professor de música no Conservatório Meireles, de São Paulo. Participou do III Festival da Música Popular Brasileira em 1967, da TV Record - Canal 7, de São Paulo, com a música Eu e a brisa, tendo como intérprete a cantora Márcia (esposa de Silvio Luiz). A música foi desclassificada, porém se tornando um dos maiores sucessos de sua carreira.

A sonoridade de Johnny foi o embrião da Bossa-Nova. O compositor tinha como influências, Frank Sinatra, George Gershwin e Cole Porter. Segundo o jornalista Ruy Castro, Johnny Alf foi o "verdadeiro pai da Bossa Nova". Tom Jobim, outro dos primeiros artistas da Bossa Nova, admirava Johnny Alf a ponto de apelidá-lo de "Genialf".



Johnny Alf Documentary - part 1


Preconceito?

O mundo obscuro do Rock gaúcho
Por Antonio Siqueira








Por algum motivo bobo, talvez por preconceito, como já ouvi falar, ou talvez por algum outro motivo, o Rio Grande do Sul é um estado que aglomera muitas bandas boas e diferentes que ainda não explodiram para o resto do Brasil.

Perguntem ao pessoal do sudeste brasileiro pra cima que bandas gaúchas eles conhecem. Certamente não serão muitas. Engenheiros do Havaí, e quem sabe seja só. Ah, não, tem uma bandinha, bem ruinzinha até, que estourou com uma música chamada Melissa há algum tempo atrás, a Bidê ou Balde, mas do mesmo modo que surgiu do nada, evaporou do nada. E quem fizer um esforço na memória vai lembrar do Nenhum de Nós, que fez um grande sucesso nos anos oitenta com alguns sucessos como “Camila, Camila” e “Astronauta de Mármore”. E do TNT.

Agora já dificultando um pouco, vocês conhecem a Acústicos e Valvulados? Ultramen? Comunidade Nin-Jitsu? Essas já são bem mais difíceis. Talvez algumas pessoas conheçam apenas os integrantes de algumas dessas bandas por participarem do Rockgol da MTV, porém, até onde sei, suas músicas são poucos executadas no eixo pra cima.

Graforréia Xilarmônica, Cidadão Quem, Cowboys Espirituais, Chimarruts, Armandinho (que não é o do trio elétrico). Mais difícil ainda.

E agora você me pergunta: “onde estás querendo chegar dizendo esse monte de nomes de bandas?”.

Eu estou querendo falar sobre as bandas gaúchas, que são maravilhosas e pouca gente fora do sul conhece.

E vou fazer alguns comentários sobre algumas.

Pra começo de conversa, Nenhum de Nós continua na ativa, e está muito bem, obrigado. Tem, principalmente aqui no Rio de Janeiro, uma carreira super consolidada, já passou da marca dos mil shows e ganhou disco de ouro por seu mais recente trabalho, “Acústico e Ao-Vivo 2”.

Cachorro Grande é uma maravilhosa banda que há pouco tempo está buscando êxito no eixo Rio-SP. Tem um som inspirado nos anos 60, principalmente na primeira fase dos Beatles. E vale a pena ouvi-la. É muito divertido. Tem aquela irreverência tradicional das bandas gaúchas.

Reação em Cadeia é uma banda que faz um estilo meio CPM22 gaúcho, misturando o peso e o amor. Só que as canções da Reação são mais lentas e melancólicas, enquanto as do CPM tem mais uma “áurea punk”. E pelo que se vê, a banda não pretende tentar carreira no sudeste, visto que já estão gravando um CD dedicado aos países de língua espanhola.

Tequila Baby é considerada por Marky Ramone a melhor banda inspirada nos Ramones do Brasil (sim, é o Tequila, ele gosta de Raimundos, mas prefere Tequila). Tanto que ele já produziu alguns de seus discos e fez um show com eles. Aqui no sul, é claro. Assim como a banda anterior, eles tem as suas músicas exaustivamente tocando nas rádios.

Papas da Língua, que por sinal, é minha banda gaúcha preferida, é uma banda com mais de 10 anos de carreira, que foram comemorados no ano passado, com quatro shows acústicos em grande estilo, e que viraram CD e DVD. E eu tive a oportunidade de acompanhar um desses shows e lhes digo que deixa muitos acústicos da MTV no chinelo. Uma super produção, com um maravilhoso cenário e arranjos muito bem refeitos para as canções antigas. Com certeza é muito melhor do que bandas que estão tocando adoidado pelo Brasil afora?

E podem ter certeza de que existem muitas outras bandas que por esquecimento mesmo nesse instante, não escrevi aqui. Convido-lhes a conhecer as bandas citadas. E nem mencionei o lendário "Bixo da Sêda", uma das melhores bandas de Progressive Rock que surgiram em terras tupiniquins.

Agora, fica a dúvida: porque não faz sucesso pro resto do país? Eu não sei.

Prefiro não acreditar que seja por preconceito.

Mas eu não sei qual é a resposta.


BIXO DA SEDA - BIXO DA SEDA




quinta-feira, 4 de março de 2010

Nota Triste

WALTER ALFAIATE







Por Áurea Alves



O cantor e compositor Walter Alfaiate, 79, faleceu às 17:06h deste sábado, vítima de falência múltipla de órgãos. Internado desde o dia 18 de dezembro, Seo Walter sofria de problemas pulmonares e cardíacos.
Morador de Botafogo, foi parceiro dentre outros moradores do barrio, de Mauro Duarte, tendo iniciado a carreira artística em 1960, partipando de rodas de samba no Teatro Opinião e e dos grupos Reais do Samba (1968) e Os Autênticos, entre os anos de 1966 e 1968, integrado também por Noca da Portela, Adélcio Carvalho, Eli Campos e Mauro Duarte.
O intérprete mais frequente de suas músicas foi Paulinho da Viola, com o qual participou de diveros shows. Seu primeiro disco, Olha aí (Alma Discos) foi lançado, no entanto, em 1998. Em 2003 lançou Samba na medida e em 2005 lançou disco em homenagem ao parceiro Mauro Duarte, ambos pelo selo CPC-Umes. (fonte Dicionário Cravo Albim).
No vídeo, Walter com sua voz potente divide a interpretação de Falso amor sincero (Nelson Sargento), com Dorina, gravada no projeto Casa do Samba.

postado no UNBUBBLE http://unbubblebr.wordpress.com/

segunda-feira, 1 de março de 2010

Ficou legal?

Você ouviria o meu som?

Por Antonio Siqueira





Freqüentemente recebo recados no orkut ou por email pra ouvir o som de alguém que quer saber da minha opinião. Alguns até pedem pra eu dizer se tem alguma coisa errada... Ora, se você desconfia de algo no seu som, então trabalhe pra sanar o problema antes de mostrar a quem quer que seja!

Pessoalmente, não tenho problemas com esse tipo de coisa; quando tenho tempo até ouço os sons e respondo da forma mais sincera - alguns até me respondem depois, outros não entram em contato nunca mais. O problema mesmo é esse desespero que toma conta das pessoas; elas querem aparecer e querem resultados a qualquer custo; e pra ontem! Querem plantar a semente e ficar abrindo o buraco onde plantaram a cada cinco minutos pra ver se a semente está dando frutos*. Já se sabe onde isso vai dar, não é?

O que quero dizer aqui é simples: não mande mp3, CDs ou vídeos de suas músicas pra caras que você considera mais famosos que você ou mesmo pra caras que você imagina que podem levar o seu trabalho pra gravadoras ou pra outros artistas ainda mais famosos - ou pra quem quer que seja! A maioria das pessoas não vai ouvir e você ainda está se arriscando a ouvir umas besteiras...

Então, simplesmente toque, faça o que tem que fazer. Estude e melhore a cada dia e não tenha essa ânsia nociva por aprovação. Escolha o caminho natural das coisas que é tocar, adquirir experiência e evoluir diariamente. Não tenha pressa e não acredite em saltos evolutivos fora do comum. A música tem o seu tempo e, na maioria das vezes, ele é mais lento que o tempo que a gente acredita ser o ideal pra nós. Sirva à música e tenha como principal ambição apenas estar na sintonia dela.

Agora, pra quem quer ficar famoso da noite pro dia, basta fazer alguma coisa bem idiota pra ser abduzido pelo esquema das grandes gravadoras e da grande mídia. Aí você terá exposição durante algum tempo, será usado até a última gota e será cuspido do esquemão imediatamente após render tudo o que tinha pra render. Se for fazer isso, faça-o conscientemente, sabendo das conseqüências e da sua real motivação. Se for feliz com isso, aproveite.

Por outro lado, para quem quer fazer arte de forma honesta deve haver um preparo mental para não ansiar por qualquer reconhecimento por parte de quem quer que seja - grande público, mídia, crítica, etc. Esse reconhecimento pode vir como pode não vir, mas ele não é condição pra se fazer arte. Acredito que quem escolhe fazer arte deve agradecer pela oportunidade de simplesmente poder fazê-la, é uma grande dádiva! Naturalmente, essa arte vai chegar nas pessoas na hora em que tiver que chegar, seja daqui a um mês ou a cem anos. O que não cabe é essa pressa por reconhecimento. É aí que a arte morre, justamente por se atropelar o ritmo natural das coisas - pelo desejo de ser aceito.

Tem um vídeo com uma entrevista do pianista e compositor Bill Evans no qual ele diz que pôs na cabeça que iria cuidar da música e que o resto viria naturalmente; tem outro vídeo com uma entrevista com o fantástico baixista Ray Brown em que ele diz que o objetivo sempre foi tocar! Pra mim essas são decisões conscientes, lições de vida mesmo, porque apontam para o caminho menos identificado com a cultura de massas que, é claro, pode ser bem mais demorado, mas que é muito mais bonito e verdadeiro.

Então, não peça mais a opinião de ninguém sobre seu trabalho, apenas pratique o seu ofício. Pela experiência, você mesmo terá como avaliar o que faz. E as opiniões virão mesmo sem você perguntar no decorrer do processo... Algumas serão desinteressadas e até reveladoras, vindo de pessoas que você respeita; outras serão levianas e sem base, vindas de pessoas que querem algo de você. A própria experiência lhe dará condições de só absorver o que lhe faz bem, o que lhe faz evoluir.

Apenas plante incansavelmente as sementes todos os dias e não espere os frutos: relaxe e faça música.



*citação do livro “A Eterna Busca do Homem” de Paramahansa Yogananda.
Montagem: Antonioni

Quem não quer viver um amor assim? Mais que belo!


john lennon e yoko ono

JEALOUS GUY





I was dreaming of the past
And my heart was beating fast
I began to lose control
I began to lose control

I didn't mean to hurt you
I'm sorry that I made you cry
Oh no, I didn't want to hurt you
I'm just a jealous guy

I was feeling insecure
You might not love me anymore
I was shivering inside
I was shivering inside

I didn't mean to hurt you
I'm sorry that I made you cry
Oh no, I didn't want to hurt you
I'm just a jealous guy

I didn't mean to hurt you
I'm sorry that I made you cry
Oh no, I didn't want to hurt you
I'm just a jealous guy

I was trying to catch your eyes
Thought that you was trying to hide
I was swallowing my pain
I was swallowing my pain

I didn't mean to hurt you
I'm sorry that I made you cry
Oh no, I didn't want to hurt you
I'm just a jealous guy, watch out
I'm just a jealous guy, look out babe
I'm just a jealous guy