domingo, 31 de julho de 2016

50 anos de Capote. Conhecimento e verdade.

Por Fernando Figueiredo
Capote






Eu sempre fui um estudioso e amante da Teoria do Caos, mais precisamente, do Efeito Borboleta. O efeito borboleta se refere à sensibilidade das condições iniciais de um acontecimento, segundo a Teoria do Caos. Como o começo de um furacão, ou de uma doença, podem ser influenciados por eventos aparentemente insignificante. Como o bater de asas de uma borboleta em algum lugar poderia desencadear uma sequência de fenômenos meteorológicos que provocariam um tornado do outro lado do mundo. Sempre pensei nesse tipo de coisas, “E se”? é a frase que eu mais gosto de dizer. Descartes, durante a primeira meditação, apresenta aquele que é um dos mecanismos mais importantes do seu método, o princípio da dúvida. Ou como diria Platão “eu nada sei.” A respeito do conhecimento. Em 2016, comemoram-se os 50 anos da publicação em livro de A Sangue Frio, principal obra do jornalista e escritor estadunidense Truman Capote (1924-1984). O autor ficou seis anos em investigação para escrever A Sangue Frio. Viajou para o Kansas, teve a ajuda de uma amiga no levantamento das informações, anotou cerca de 8 mil páginas e entrevistou as mesmas pessoas várias vezes em busca de detalhes sobre o assassinato dos Clutters. Depois, acompanhou de perto a prisão, o julgamento e o enforcamento dos dois assassinos: Richard Hickcock e Perry Smith. “A cidade de Holcomb fica nas planícies do oeste do Kansas, lá onde cresce o trigo, uma área isolada que mesmo os demais habitantes do Kansas consideram distante.” começa o texto.











Capote foi o símbolo de um novo período na história da relação entre jornalismo e literatura, o chamado new journalism, movimento surgido no âmago da contracultura. A questão é: dá para chamar de jornalismo um relato assumidamente inventado? Sua leitura é uma grande oportunidade para a discussão sobre os limites da profissão jornalística. A Sangue Frio, nos deixa um questionamento, levantado a muitos séculos pelos filósofos e pensadores e que ninguém conseguiu ainda responder: o que é mesmo a “verdade”?

1 comentários:

Antonio Siqueira disse...

Excelente!
Textos curtos e que contam histórias de séculos....este é Fernando Figueiredo.

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