domingo, 14 de dezembro de 2014

Papai Noel Filho da Puta

Por Antonio Siqueira



fuck you santa klaus


























A classe média brasileira, geralmente, gasta 50% do valor que receberá do 13º salário com o pagamento de dívidas, mas vai às compras atendendo ao apelo do Papai Noel, um velhinho muito filho da puta, apenas para o comércio.

A chegada de Papai Noel na noite de Natal é esperada com ansiedade por inúmeras crianças em todo o mundo, embora o mito do “bom velhinho” carregue outras versões em nada carismáticas ou bondosas, como revela Roland Barthers em seu livro “Mitologias”, que se ocupa com uma análise semiológica das mensagens veiculadas pelos meios de comunicação de massa.

Segundo o livro, Papai Noel funciona como imagem reparadora da sociedade. É um momento em que a sociedade se livra de sua culpa através do presente e da imagem idealizadora do “bom velhinho” , do pai e do mundo adulto, pois a sociedade não aceita que se possa ter um lado bom e outro mau. Papai Noel surge, neste aspecto, como um personagem apenas bom e com ele a sociedade se redime. Isso passa para a criança que é impedida de expressar o seu lado agressivo (mau).

“A imagem da infância é feita de formulações ideais de bondade e inocência”, afirmam os psicólogos, que veem assim, “um comportamento repressor do Papai Noel, na medida em que o presente, na verdade, é uma troca. Só recebe presente que se comporta bem, uma maneira do pai esconder a repressão que ele exerce sobre o filho”.


A lenda de Nicolau

A ideia de que Papai Noel teve origem como sucessor de São Nicolau ou São Klaus pode ter sido o início do hábito de dar presentes na Alemanha, não é muito aceita pelos psicólogos. Na versão de Walt Disney para Papai Noel, nota-se que ele confecciona brinquedos numa fábrica em que os anões são artesãos e há, naturalmente, um artesão-chefe. Logo, Papai Noel procura ocultar o caráter de produção coletiva da indústria.


Tirania Ocidental
Para os psicólogos, Papai Noel, como se apresenta hoje, é uma construção moldada sobre fragmentos de mitos europeus. “Nessa construção encontramos, entre outros, o componente de humanização que é semelhante aos dos desenhos animados. Quer dizer, a figura do Papai Noel é acentuada pelos traços curvos, é engordada como acontece com os bichos”. Na verdade, Papai Noel só existe como escamoteamento, porque o consumo continua sendo culpado, enquanto ele é o móvel inocentador desse consumo, pois absolve sua culpa. Por outro lado, ele é um dos muitos mitos do poder em sua imagem dadivosa. Por isso, “ele é Papai Noel, um substituto do pai, porque é o pai quem realmente faz. Pai, em escala social, é a instituição. Logo, Papai Noel é uma imagem institucional”, do ponto de vista psicológico.



Na análise psicanalítica, Papai Noel opera como elemento de frustração do superego e de resistência ao consumo. ” Ele frustra o superego do consumidor naquilo que este tem de crítica à gratificação. Quer dizer, o anseio de gratificação pelo presente de Papai Noel e, este presente é uma autogratificação, sobretudo, quando se dá alguma coisa a um filho”.

No Brasil, o incremento da propaganda do mito Papai Noel, a partir de 1930, associa-se à industrialização e ao acréscimo de dependência externa. Vale ressaltar que, na década de 30, em todo o mundo, Papai Noel assumiu a feição que tem hoje, esse caráter bonachão, no quadro de uma crise econômica duradoura, quando foi necessária a intervenção do Estado em todos os setores da economia (política do New Deal reproduzida nos países europeus de diferentes formas).

O Brasil, pelo processo de colonização, vinha desenvolvendo várias representações natalinas próprias, que se centravam nas Festas de Reis. Estas festas, apesar dos folguedos de representações religiosas de origem ibérica, eram de realização brasileira, um ritual que variava de região para região. Não havia no país unidade nacional para manter uma só representação. Mas essas festas foram sendo esmagadas em função da sociedade de consumo, surgindo, então, a imagem definitiva e alienígena de Papai Noel, puxando seu trenó em pleno verão tropical.

O Natal (data do nascimento de Jesus Cristo) foi deturpado pelo mito Papai Noel, pois sua importância como instituição comercial na sociedade brasileira, sobretudo no processo de industrialização de bens de consumo, é notável, uma vez que se reflete nos próprios ciclos de emissão de papel-moeda, explicam os economistas. Nesses ciclos há piques:

O primeiro ocorre entre os meses de maio e julho, e é destinado à indústria de bens; o segundo ocorre entre agosto e setembro, destinando-se ao comércio atacadista de bens; e o último começa em outubro e emenda dezembro, que é o pique do varejo e do financiamento ao consumidor. Mesmo porque uma boa parte dos brasileiros que vive ao nível de subsistência tem como único recurso de compra a gratificação do Natal.





Papai Noel Filho da Puta dos Garotos Podres



7 comentários:

Anônimo disse...

Quero ganhar uma cobertura triplex, na Praia das Astúrias no Guarujá. Papai Noel, fale com o Berzoíni e/ou com o Vaccari. A minha meia está na janela em São Bernardo.

Marcelo

Anônimo disse...

Não entendo esta preocupação de alguns em exterminar com as tradições da sociedade.
O Papai Noel é uma delas.
Ao longo da minha vida li milhares de artigos criticando a imagem do velho gordo bonachão vestido de vermelho como se fosse uma figura do mal, do consumismo desenfreado, que precisa ser aniquilada.
E, depois, faz-se necessário dar um basta a esta maldita mania de culparem a sociedade pela miséria alheia, pela criança abandonada, que não terá o que comemorar nesta data.
Pergunto:
Aonde andam seus pais?
Por que não pensaram nas consequências de terem um filho sem condições?
Por que o pai não está preso, responsabilizado pelo desleixo de seu filho?
Ou por que a mãe insiste em ter filhos a granel, sabendo que não poderá sustentá-los?
Não aceito que, nesses casos, a ignorância seja culpada. Não mesmo. Na hora do aconchego, do “rala e rola”, maravilha. Depois, querem que os outros sustentem o “fruto” desse amor louco, estúpido, irresponsável!
O ser humano tem sido aliviado da sua carga de responsabilidade e compromisso paternal e maternal por políticos mal intencionados e por movimentos demagógicos. Este pessoal que tem filhos sem condições ou em precárias, aprendeu a exigir do governo e da sociedade que sejam compensados pelos seus infortúnios, pelas relações frustradas, pelo macho que deu no pé, pela mulher que não para de trocar de homem, sabendo que existem meios para evitar ter filhos, pois não são tão imbecis e ingênuos neste ponto.
Então, a cada véspera de Natal, surgem os caras que se apresentam como política e socialmente corretos, reclamando do Papai Noel, que não visitará todas as casas e as crianças, portanto, na verdade, trata-se de uma imagem maligna, injusta, exigente, aterradora!
Não aceito esta intenção de quebrar a magia do Papai Noel.
O mundo da criança é diferente dos nossos, pois é da imaginação, da brincadeira, do faz de conta.
Por que atribuir a este personagem a cruel realidade que o ser humano quando adulto constrói para si mesmo?
Não foram os pais desumanos os culpados, é o Papai Noel, acusam;
Não foi a irresponsabilidade de ter filhos sem condições, mas o Papai Noel, que não vai trazer presentes para seus rebentos, publicam;
Não foi o dinheiro, mesmo uns trocados, que poderia ter sido economizado da cachaça e do crack para comprar uma lembrança neste dia, mas o Papai Noel, que é mau, psicologicamente prejudicial à humanidade, dão a entender,
Eu apenas gostaria de saber desses autores de textos contrários a esta imagem do Papai Noel se, no Natal, eles visitam os filhos de seus casamentos separados ou se lembram dos seus pais, abandonados em asilos e sem qualquer atenção!
Se, por acaso, eles dão o ar de suas graças nas casas dos pobres levando algum presente às crianças que, em seus artigos, elas são mencionadas.
Se, nesta data, eles se lembram de seus irmãos, e os convidam para o jantar da véspera de Natal.
Se, nesta noite, eles contemplam seus sobrinhos com qualquer presente por mais simples que seja.
E, se neste dia, eles agradecem a Deus por terem o que comer e beber, vestir e comemorar ou, então, se jactam da sua condição econômica por terem se realizado como pessoas e profissionais e, neste egoísmo, de certo para justificar a si mesmos a sua superioridade perante a maioria das pessoas, o alvo é o Papai Noel, pois essas pessoas vivem de suas próprias ilusões e devaneios, não admitindo que os demais possuam sonhos e esperanças mesmo que sejam através de figuras mitológicas, da tradição do mundo Ocidental, de suas próprias famílias no passado, que as rejeitaram quando adultos!
Acredito que este pessoal confunde o Papai Noel com outra figura de nossas imaginações, mas com o qual tanto se identificam:
O velho e maldito demônio!


F.B.J.S - São Paulo

Antonio Siqueira disse...

confesso que chorei. ;(

Rosa Pena disse...

Papai Noel, Coca Cola e outras cositas norte americanas que rendem money são perversas. Deixar uma criança paupérrima imaginar que foi má por isso não merece ganhar presente é uma puta sacanagem. Te adoro Antonio. Falamos e pensamos muito parecidos. Mandou muito. Posso postar no Palanque Marginal? beijos

Anônimo disse...


O marketing, no mundo globalizado, é de fato uma arma letal.
Se antes a Coca-Cola vestindo de vermelho, o bom velhinho, de vermelho ganha o mundo. Hoje, por aqui, vermelho estamos.
Se tudo depende do ângulo que se vê, se bem que nem todos têm olhos de ver, como viu F.B.J.S.
Estou com o mesmo nariz vermelho de palhaço, do Marcelo, e rio.
Com a crônica dentro da outra, com o Antonio, choro.
Porém prefiro identificar o velho, com alguém de Luz.
Afinal, menos um vermelho.

Osvaldir

Antonio Siqueira disse...

Demorô, Rosinhaaaaaaaaaaaa!!!

Anônimo disse...

a vaselina do comentario do tal F.B.J.S de São Paulo é tão escorregadia que pode sobrar pro lombo alheio.

Celso

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