terça-feira, 29 de maio de 2012

Porque ele se chamava "Moço"

O eterno menino do "Clube da Esquina"
      Por Antonio Siqueira


Lô Borges
Lô Borges é um compositor de verdades, de influências geniais das raízes sartreanas mais profundas das letras do seu parceiro mais freqüente, o poeta e irmão, Márcio Borges. Visceral, harmonioso e conciso; o som de Salomão  Borges Filho é a marca registrada, o ponto máximo de referencia destes quarenta anos do “Clube da Esquina”.

Sexto filho de dona Maricota e seu Salomão Borges,  Lô cresceu respirando música, principalmente por conta de seu irmão Marilton, e um tal de Bituca, vizinho ilustre e adotadíssimo pelo clã dos Borges. Nesta atmosfera, aos 14 anos de idade, já “mexia” no seu violão e criava harmonias prodigiosas. Ao compor “Para Lennon e McCartney” e “Clube da Esquina” aos 15 anos, Salomão Borges filho aposentava o patinete “afanado” do amigo Beto Guedes e mergulhava num universo que o assustou em certa época. Lô gravou e assinou com Milton Nascimento o “Discão da Esquina" e a partir daquele momento, com pouco mais de 18 anos, eternizaria na galeria dos grandes clássicos da MPB Contemporânea, obras-primas indiscutíveis como “O Trem Azul”, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” e “Clube da Esquina nº2”.

      Com um contrato nas mãos para gravar um segundo álbum, Lô Borges se viu numa encruzilhada, já que não tinha material para isso, pois as primeiras músicas que ele compôs na vida foram aquelas registradas no "Clube". Daí pra frente, ele teve que se disciplinar para compor as músicas que fariam parte de seu segundo álbum. Acontece que essa disciplina não existia, simplesmente por que Lô  jamais tivera que compor por obrigação. Nessa loucura toda surgiu Lô Borges, seu segundo trabalho. Ou simplesmente, o "disco do tênis" como é conhecido até hoje, graças à foto da capa, que mostra um par de tênis velhos do próprio cantor. É um dos trabalhos experimentais mais impressionantes da musica moderna, pois as 16 musicas deste álbum têm em média 2 minutos de duração.

     Como compositor, teve suas canções gravadas por grandes intérpretes da MPB como Milton Nascimento, Simone, Nana Caymmi, Gal Costa, Elba Ramalho, Elis Regina, Ney Matogrosso. A canção "Trem Azul" foi gravada por Tom Jobim em 1990 e regravada em 1994 numa versão em inglês feita pelo pröprio Tom em seu disco Antônio Carlos Brasileiro Jobim.

     Nestes 40 anos do disco que mudou a cara da Musica Brasileira, Lô Borges merece um destaque especial. O compositor de harmonias bem colocadas e sofisticadas que remodelaram a musica das Minas Gerais e a musica do Brasil...Se chamava "Moço" e ganhou as estradas em viagens e saborosas ventanias sonoras.



Lô Borges - Canção Postal / 1972



7 comentários:

Dery Nascimento. disse...

Parabéns mestre Antonio , um texto para ser degustado ao som de Lô Borges.

Antonio Siqueira disse...

valeu, Dera! Lo eh fantástico mesmo.

Anônimo disse...

Lô Borges é uma gracinha em tudo e eu acho ótimo ser ele ser meio que "esquecido' pelas grades mídias, pois comprometer um legado tão maravilhoso e na idade dele com esses programinhas de bosta seria uma heresia com a musica de bom gosto. amo a cação "Ela", é de uma sensibilidade imensa.

Martha Sandroni - SP

Anônimo disse...

Concordo com o Dery e com a Martha.
E mais uma vez,parabéns pelo texto,Toninho!
Beijão

Osvaldir Sodré da Silva disse...

Em dois minutos belas canções...em dois minutos um belo texto...que dizer mais...

Antonio Siqueira disse...

obrigado, meus anjos; este espaço é de vocês.

Anônimo disse...

O nome é "musica de minas"! Lo simplesmente, Lo!

Ludmila Guedes Santos

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