sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Notas e afins...por Antonio Siqueira

A geléia da grandmother Pearl faz 20 anos

20 anos de bom rock

















Os boatos rezam pelo fim do grupo. Eddie Vedder teria dito em um concerto em Portugal, no ano de 2009, que aquele seria o último de muitos outros, o que não se confirmou. O grupo nunca foi dado às pirotecnias da grande mídia, tão pouco ao comercialismo compulsivo e barato de tudo que faz sucesso merecido ou não. O Pearl Jam é fantástico e assim se manteve por causa desta postura. Uma sonoridade que acabou, paralelamente com o ótimo Nirvana, alavancando o punk-rock na bela e intrigante Seattle, no auge do movimento local grunge.  É considerada uma das mais populares e influentes bandas da década de 90.

Acabando ou não, dando um tempo ou não, a verdade está aí; o Pearl Jam completa 20 anos de estrada em 2011, 13 álbuns depois e uma marca incomum para qualquer segmento do show busines. Um fato inusitado é que durante a turnê de Binaural, lançou nada menos que 72 CDs duplos, que traziam na íntegra cada um dos concertos da turnê. Trajetória inusitada como a suposta geléia com poderes alucinógenos que a vovó Pearl (avó de Vedder) fazia e que batizou o nome do grupo. Desde o primeiro álbum, Ten, considerado um dos melhores álbuns do grunge, e do rock em geral nos últimos tempos. Possui canções belas e inesquecíveis como Alive (o grande sucesso radiofônico do disco, que levou o Pearl Jam a ser conhecido nos quatro cantos do mundo), Oceans, Black e Release, outras pesadas e raivosas típicas do grunge, como Once e Why Go, além de outras excelentes por si só, como Jeremy, outro grande sucesso radiofônico, cuja letra trata de um garoto de que Vedder tinha ouvido falar, que havia cometido suicídio numa sala de aulas de uma escola americana.

2011 deve ser o ano do Pear Jam, o ano do Grunge. O Arte Vital deixa aqui registrado esse marco. Eddie Vedder, muito além de ser uma das maiores vozes da musica e um compositor irrepreensível, é um cara muito gente boa. Parabéns à geléia da grandmother Pearl.

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Guerra mais que anunciada, guerra mais que esperada


Bandidos fogem desesperadamente,
 fazendo a festa dos snipers

















Era questão de tempo. Essa guerra que o país assiste horrorizado, sempre nos serviu doses extras de um aperitivo amargo demais dentro do âmago mais profundo desta cidade. Rio de Janeiro: Primeira onda de ataques do crime organizado já havia atingido a sua finalidade. A tendência era submergir para voltar a surpreender. Eis que a secretaria de segurança, numa ação que, duvido muito, tenha um dedo se quer desse governador que aí está, resolveu dar um golpe de mestre nas pretensões do tráfico. Cerca de 400 bandidos estão acuados num perímetro equivalente a 800.000 metros quadrados e sem muitas opções para uma evasão. Como o BOPE está acompanhado de Fuzileiros Navais (essas duas corporações são de militares que não são treinados para fazer prisioneiros), sobrarão poucos bandido  para contar essa história de horror, cevada por décadas de abandono das autoridades. Nunca na história desses país, se viu tantos bandidos em fuga, ao vivo e à cores e em rede nacional. Era como se tivessem ateado fogo em um bueiro infestado de ratos. Atiradores de eliete se divertiam como se atirassem e patinhos na lagoa. Cruel...porém real e que apela para a mais intrínsecas das necessidades. Segurança é um 'bem' de extrema necessidade.

 O que corta o coração de qualquer ser, por mais acostumado que esteja a assistir essa tragédia social, é saber que 99% dos habitantes destas comunidades são pessoas de bem. São trabalhadores que lutam para saldar suas contas e contribuem maciçamente para o desenvolvimento econômico desse país. Pessoas que mereciam programas sociais inteligentes, não esse assistencialismo medíocre. Pessoas que mereciam ter seus filhos matriculados em boas escolas ou universidades. Como a história mesmo demonstra tudo está muito errado e não dá para combater a violência desses indivíduos com programas sociais no momento atual. Que a policia invada sim essas localidades, mas com responsabilidade e sabendo que ali, em sua enorme maioria, vivem pessoas que não têm nada a haver com essa bárbarie. Ontem, dezenas de famílias da Vila Cruzeiro (onde foi executado, em 2003, o jornalista Tim Lopes) dormiram na rua como moradores de rua por medo de subirem o morro e retornarem  para suas casas. O governador trouxe o modelo que transformou Medellín numa das cidades mais prosperas e tranqüilas da América do Sul, mas deixou lá a essência desse modelo: um investimento maciço em educação e urbanização. Fora a fanfarronada eleitoreira que foi a ocupação dessas comunidades pelas UPPs. A guerra está aí: encare-a mas mostre a cara.

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Cuidado com o que você anda falando por aí





Têm se falado muito em pena de morte. Um enorme contra-senso é pobre pedir por pena de morte. Até por que, só pobre mesmo morre em algum tipo de execução dessa monta. Os ricos ou aqueles que foram ricos; aqueles que são duros e flertam com as elites mais abastadas (os chamados “piolhos de rico”) acham muito cômodo matar o monstro que eles mesmos criaram e criam. Ainda bem que se está longe...mas muito longe de  sancionarmos uma lei dessas aqui no Brasil. Ou você já viu algum norte-americano rico morrer na cadeira elétrica? E olha que rico americano adora tirar uma onda de serial killer!

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Dá uma relaxadinha aí com "Um sábado qualquer"







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Paulo Coelho faz parecer que Caio Fernando Abreu escreve.








Pearl Jam - Porch @ Pink Pop 92 - 20 anos






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19 comentários:

Dayana disse...

Antonio
invejo o seu bom humor para dar esse tipo de noticia. Acredita que a DW-TV transmitiu ao vivo o confronto na noite de ontem (à tarde aí)? Simultaneamente com a globo internacional. Muito ruim isso. Eu tenho um desejo enorme de voltar para o Rio, para Campo Grande ou para o Grajaú, onde nasci. Em CG eu só tenho você mesmo como coisa boa para ficar perto, meu irmão. O Pearl Jam já existe há 20 anos, cara?!! Estamos ficando velhos.

Suas notas nos obrigam a pensar...cacete baiano da porra, sô! Pena de morte é só pra pobre em qualquer lugar do mundo. Gostei muito mesmo da expressão, “piolho de rico”, hihihihi...é bem sua e muita gente (gente que conheço ainda aí) que ler isso, vestirá a carapuça. Antony, você não presta, mas eu te amo.

Dayana

Dayana disse...

Que é esse Caio Fernando Abreu?

Anônimo disse...

Para dar uma refrescada nesta situação de inferno e guerra, só um vídeo do doidaraço Pearl Jam. No meu aniversário você arregaçou aqui, maluco! Puta texto!

André

Unknown disse...

Es una pena que la ciudad es que viví a través de él. El Río se recuperará.
Hermoso de memoria en PearlJam. No hay mensaje coo una versión en español de su blog?

Celso Lins disse...

Eu sofri na carne alguns estilhaços dessa guerra. Eles vão continuar jogando o lixo para baixo do tapete. Isso é pirotecnia, teatro de guerra. Mata-se gente pra caralho, dá aquela sensação de segurança, matam a sede sangue do povo e depois volta tudo de novo. e o Pearl Jam faz 20 anos...quem diria


A propósito:
Quem é Caio Fernando Abreu (2)?

Anônimo disse...

Chamastes bem a atenção para essa súplica ignorante pela implantação da pena de morte. E a maioria das pessoas que se manifestam, são pessoas de classes sociais inferiores. As chamadas "buchas".

Eloy

Anônimo disse...

Os textos... os poemas de Caio... são belíssimos!
Taí, um dos quais eu gosto bastante... (tem um jeito de oração) ;))


"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez."

(Caio fernando Abreu)




"Quando tudo parece sem saída sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo."
(Caio Fernando Abreu)


‎"Tive vontade de sentar na calçada da Rua Augusta e chorar, mas preferí entrar numa livraria, comprar um caderno lindo e anotar sonhos..."
(Caio Fernando Abreu)



Um abraço,
Neide Oliveira.

Anônimo disse...

Alguém tem que pagar, né? E, claro, é o povo. Porque a corda arrebenta para o lado mais fraco.

E você disse bem quando mencionou "guerra mais que esperada". O que eu me pergunto é por que isso não foi feito antes, muito antes, em outros governos? Compreende? E claro que nós sabemos que o nosso governante não decidiu acabar com o mal porque ele é bonzinho.

E me admira você não gostar de Caio (risos). Ao menos concordamos sobre Paulo Coelho. (E quem não concorda?)

Antonio Siqueira disse...

Oi Egley

Histórica e Antropologicamente a conta sempre foi e sempre será da plebe, minha jovem. Os interesses depositados nestas ocupações são meramente políticos. Não sei o que eles vão fazer com seus coleguinhas gangsters, os poderosos chefões do tráfico e da contravenção (políticos, empresários, gangsters de ofício...), não aqueles infelizes que você deve ter visto pela tv, correndo em fila indiana morro acima como ratos fugindo de bueiros em chamas. Vão ter que mudar de ramo por hora e eu vejo a nossa cidade repleta de cassinos clandestinos.

Eu não gosto da literatura contemporânea brasileira. Eu gosto de ler e é muito, mas não o que está aí. Nem me dou ao trabalho de pesquisar novos autores, pois o marasmo é o mesmo de sempre. Os que gosto muito, são escritores não publicados, alguns até muito, mas muito próximos de mim e que se escondem em blogs e publicações cujo os editores não apostam e só publicam por que são pagos para isso. Aí se escondem em blogs e dão mais atenção para suas profissões, aquelas que lhe garantem o pão de todo dia. Ainda temos que aturar alguns blogueiros que se acham best sellers, hehehehe... mas aí é outra polêmica.
...Se Paulo Coelho for tão "indigente mental" quanto eu, pelo menos arrumo uma boa briga.
Um beijo

Magda Camila disse...

É legal...esse post expulsa toda e qualquer hipocrisia danosa. Saudades de ouvir Pearl Jam. E lá se vão 20 anos!!!

Beijão com saudades

Magda Camila disse...

Poxa...tive que voltar para dizer que a época do Pearl Jam foi a mais feliz da minha vida. A década de 90 inteirinha foi formidávelmente linda.

magda

Celso Lins disse...

Vamos abaixar as cabeças e pedir piedade. Sejamos humildes, pois a hora do acerto de contas está chegando.

Celso Lins disse...

Porra, deixa eu falar do que interessa aqui: o Pearl Jam já está fazendo 20 anos??? Já li pela segunda vez a resenha. Muda esse vídeo!!! Vamos dar inicio a um fórum sem fim aqui, auhauhshsauhshahuah Abração

Anônimo disse...

O Pearl Jam é a maior banda que já existiu!!!
:-))

Triste Rio de Janeiro! Cidade de pessoas tão bonitas, gente tão bacana e sofrendo desse mal.Não demora e BH está indo pelo mesmo caminho. Você não gosta do CFA mas eu te digo em verdade, meu amigo: "vai passar..."

Beijo

Luana

mariza lourenço disse...

bem, vamos lá a mais um longo comentário, e nem poderia ser diferente para uma postagem tão diversificada e excelente. mais uma vez, meu querido, o senhor prova que a diversidade de temas é absolutamente possível.

do primeiro: música e homenagem a uma banda que sobreviveu à catástrofe da mídia impositiva e imediatista. para essa questão acho mesmo que vale a genialidade e despretensão, como é o caso de Pearl Jam, que, diga-se de passagem, aprendi a ouvir com mais interesse por sua causa. fechada a questão que tem mais a ver com sensibilidade e conhecimento, passemos ao segundo...

das guerras anunciadas: e alguém duvidava que isso, um dia, fosse acontecer? o Rio de Janeiro, vulnerável e maravilhoso, é apenas um dos nervos expostos de uma guerra encruada num país que, definitivamente, perdeu a mão. o problema, ou buraco, sempre foi e será mais embaixo. a ausência absoluta de políticas públicas eficazes, de uma legislação penal severa e passível de execução sem brechas, nos mantêm prisioneiros do terror. e assim permanecerá enquanto a vontade política estiver submetida a interesses econômicos obscuros (e ilegais).

da pena capital: e cada vez mais me torno fã ardorosa de nossa carta maior. humanista, não permite rastro sequer que atente contra o bem maior, a vida. não existe qualquer comprovação que a pena de morte tenha servido, ou sirva, para coibir a criminalidade. os crimes continuam os mesmos, os criminosos continuam delinquindo e a pena capital não é garantia de justiça, é fazer com as próprias mãos aquilo que a natureza condena. é institucionalizar a lei de talião. credo! bandido bom não é bandido morto, bandido tem que pagar pelo seu crime com direito à ressocialização. afinal, quem somos nós?

e, por último, um adendo: acho divertido que numa postagem tão rica, uma frase seja o mote dos comentários. descontada a genialidade de Caio Fernando Abreu, um excelente escritor, mas cansativo feito 365 dias nublados, e tão depressivo quanto, ele já morreu, e me desculpem seus 'cultuadores', Machadão, também morto, conseguiu a proeza de fazer perpetuar sua literatura de maneira atemporal e, convenhamos, ironicamente crua e agradável (?).
eu não sou Paulo Coelho, e, provavelmente, se me fosse permitido, teria feito mais do que me sentar às margens do rio piedra e chorar. escrever, quem sabe, sem me esconder num blogue e sem padecer da crítica de que escritores contemporâneos não são assim, uma brastemp... ;)

eu te amo, Antonioni!

Magda Camila disse...

Diversidade de temas é possível, mas não é para qualquer um, não é minha amiga?

magda

Antonio Siqueira disse...

O Rio é uma puta que todos querem comer. Todos a querem, mas ninguém a segura, ninguém a tem em definitivo; nem mesmo aqueles que nele habitam. Essas palavras duras me foram inseridas por uma pessoa extremamente inteligente e que goza de minha admiração, assim como sei que é recíproco. O Rio é uma puta que engana a todos, como varias que convivemos cotidianamente. Estão aí, tratando essa puta complicada à balas. Quem sabe ela não toma jeito, não?

Queridos Celso e Dayana; Caio Fernando Abreu era um ensaísta gaúcho, com textos chatos para caralho. Era...morreu em 1996. Foi elevado a categoria de "Cazuza da Literatura Brasileira", não me pergunte o pq, mesmo pq... deixa pra lá, rs. Isso é muito bom para a literatura brasileira! Bom para empobrece-la ainda mais e deixa-la dependente de um passando brilhante, capiteneado por Machadão, apesar de não gostar de Le-lo, admiro a facilidade e a complexidade simultâneas de seus textos. Esse sim, escrevia muito.
O meu black humor menciona CFA como se estivesse vivo...e está sim. Todo santo dia tem uma fragmento dele em algum lugar na internet...só na internet, pois não o vejo nem em livrarias conceituadas. Aqui em terra firme, na biosfera, estou livre desse mal. Mas se você ler Paulo Coelho, acaba achando CFA o próprio Hemingway.

Antonio Siqueira disse...

Mariza, jamais imaginei que vc gostasse um pouco mais do Pearl Jam por minha causa...isso é delicia!

Pois é...acordei cedo com um solo de guitarra desenhado na minha cabeça e a vergonha desceu sobre minha cara de pau, fazendo-me corrigir um texto mal digitado meses atrás e atracado com um belo som de Division Bell... by Pink Floyd.

Alguns filósofos que só vendem livros para bêbados em botecos e que algumas dúzias de imbecis os lêem, almaldiçoam o Pink Floyd. Eu peço ao bom criador que nos conceda o alívio de que vocês parem de escrever, seja como for. Vamos combinar...

Antonio Siqueira disse...

...vamos?

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