terça-feira, 21 de setembro de 2010

Há exatos 150 anos, morria o Filósofo Arthur Schopenhauer

O Universo Filósofico 
de Arthur Schopenhauer 
 Por Antonio Siqueira

Em 21 de setembro de 1860, há exatos 150 anos, morria em Berlim o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Seu legado é profundo. Causou gigantesca influencia em pensadores com Frederic Nitzche e Sigmund Freud. Contra o obscurantismo pedante de filósofos do seu tempo, que muitas vezes servia apenas para camuflar a imensa falta de conteúdo, Schopenhauer transmitiu sua mensagem de forma bastante clara.

O ponto de partida do pensamento de Schopenhauer encontra-se na filosofia kantiana. Immanuel Kant (1724 – 1804) estabelecera distinção entre os fenômenos e a coisa-em-si (que chamou noumenon), isto é, entre o que nos aparece e o que existiria em si mesmo. A coisa-em-si (noumenon) não poderia, segundo Kant, ser objeto de conhecimento científico, como até então pretendera a metafísica clássica. A ciência restringir-se-ia, assim, ao mundo dos fenômenos, e seria constituída pelas formas a priori da sensibilidade (espaço e tempo) e pelas categorias do entendimento. Dessas distinções, Schopenhauer concluiu que o mundo não seria mais do que representações, entendidas por ele, num primeiro momento, como síntese entre o subjetivo e o objetivo, entre a realidade exterior e a consciência humana. Como afirma em O Mundo como Vontade e Representação, “por mais maciço e imenso que seja este mundo, sua existência depende, em qualquer momento, apenas de um fio único e delgadíssimo: a consciência em que aparece”.

“Um homem vale por aquilo que sua conduta evidencia, não ao que agrada uma língua solta dizer sobre ele.” Essa constatação anda muito ignorada no país das bravatas, da crueldade publica e dos equívocos político-sociais. Schopenhauer  doou luz a um tempo de hipocrisia. O próprio Freud reconheceu a importância das idéias de Schopenhauer; em um de seus escritos afirma que certas considerações sobre a loucura, encontradas no Mundo como Vontade e Representação, poderiam "rigorosamente, sobrepor-se à doutrina da repressão".

 Transcrevo aqui algumas frases que mudaram o pensamento moderno e jogaram alguma clarividencia no universo filosofico de seu tempo. No sistema de Schopenhauer, a vontade é a raiz metafísica do mundo e da conduta humana; ao mesmo tempo, e a fonte de todos os sofrimentos. O tempo é o melhor amigo das artes, das expressões e do pensamento:

"A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças, do que nos nossos bolsos."

"Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência."

"A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende."

"A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais."

"O dinheiro é uma felicidade humana abstrata; por isso aquele que já não é capaz de apreciar a verdadeira felicidade humana, dedica-se completamente a ele."

"Nas pessoas de capacidade limitada, a modéstia não passa de mera honestidade, mas em quem possui grande talento, é hipocrisia."

"Ninguém é realmente digno de inveja, e tantos são dignos de lástima!"

"O amor é a compensação da morte."

"Vista pelos jovens, a vida é um futuro infinitamente longo; vista pelos velhos, um passado muito breve."

"Da árvore do silêncio pende seu fruto, a paz."


Sua sensualidade espiritual, sua doutrina - que era vida - segundo a qual conhecimento, pensamento,
filosofia não são apenas ocupação de cabeça,
mas do homem inteiro coração e sentidos.
O que dele faz um artista,
tudo isso pode ajudar a produzir uma humanidade
que ultrapassa a aridez da razão e a desertificação do instinto. Porque sempre,
companheiro do homem na jornada que penosamente o conduz a si mesmo, a arte atinge primeiro o objetivo.
É vital e cotumaz...é a essência.

4 comentários:

Anônimo disse...

Seria interessante abordar aqui um texto que o ilustrissimo escriba produziu aqui mesmo neste blog comparando a obra de Augusto dos Anjos a de Pablo Neruda, porém, mostrando o avesso de ambos os pensamentos. Pois bem, meu caro Antonioni. Eu, Robero Lamas, 65 anos, brasileiro, professor de história devidamente aposentado, agora tenho tempo para certas dissertações.

Há muito me deparo com as abordagens do liinismo. As filosofias da Vontade de Arthur Schopenhauer e Friedrich Wilhelm Nietzsche apresentam duas posturas antagônicas em relação ao sentido da vida. Em ambos a vida deve ser explicada como a expressão de uma força cega e irracional, tornando-se sinônimo de dor e sofrimento - contudo, a reação de cada um diante deste achado filosófico do século XIX os coloca em caminhos contrários. No elogio schopenhaueriano da negação da vontade, da fuga ascética em direção ao Nada, Nietzsche encontra o antípoda de sua filosofia, o niilismo passivo contra o qual propõe o niilismo ativo da afirmação do Eterno retorno. No caso ilucidado aqui, menciono esse antagonismo. Um pensamento que deveríamos abordar pessoalmente, de preferência, regado a um belo chopp preto, não acha? Estou de volta a Campo Grande e se seu telefone for mesmo, envie um e-mail confirmando.

Continuo não conseguindo postar com a minha conta, mas isso não tem importancia.

forte abraço

Roberto

mariza lourenço disse...

bravíssimo!

Magda Camila disse...

Meus primeiros contatos com a filosofia se deram no Colégio Santa Ursula, onde me formei no colegial. Passei a curtir a matéria. O filósofo das contradições, muito louco, mas pertinente. Schopenhauer escreveu: "O homem só pode ser si mesmo por completo enquanto estiver sozinho; por conseguinte, quem não ama a solidão, não ama a liberdade; pois o homem só é livre quando está sozinho". Isso me bastou.

Beijos

magda

Anônimo disse...

Precisava comentar esse post.Não sabia da sua intimidade com a filosia, principlmente com
o louco modelo de mundo de Schopenhauer.

Um beijão

Cristina

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