segunda-feira, 19 de julho de 2010

mandado republicar

A arte de primeira grandeza na criação do humano
Por Antonio Siqueira


               


 O primeiro instrumento que se tem notícia






        A música sempre foi essencial às sociedades humanas, talvez nascida como ferramenta de agregação em grupos que começavam a se tornar extensos, possibilitando troca mais direta entre seus membros, a expressão musical tornou-se difundida e universal. Tão amplamente, que não se tem conhecimento de sociedade ou civilização que dispense uma forma ou outra de musicalidade. O vínculo com este meio de expressão começa, pelo menos, tão cedo quanto ao nascer. Cientistas especulam que a linguagem usada pelos adultos, a fala materna do "tatibitate" seja um prelúdio musical, ao qual respondem crianças de todo o mundo. A atração que a musica exerce sobre nos é tão poderosa que nossas experiências com essa forma de arte interferem na formação do cérebro humano.

        Matematicamente infinita, ciência mais que exata das sete artes, sedutora, tribal, unidora de povos e raças, reinventada a cada minuto e com uma diversidade impressionante de estilos e abordagens. A música nos cerca e não gostaríamos que fosse diferente. O vibrante crescente de uma orquestra pode encher os olhos de lágrimas ou provocar arrepios na espinha. A musica de fundo adiciona emoção aos filmes e, por vezes, ajuda a torná-los verdadeiros épicos. As "ondas" do bom e velho rádio nos remetem às lembranças guardadas no mais íntimo de cada um de nós. A torcida vibra com o hino de seu time. Os pais cantam suaves cantigas para acalmar seus bebes.



   






 Apitos de dente de hena




           Esse apego tem raízes profundas: fazemos musica desde o alvorecer da cultura. Mais de trinta mil anos atrás, os primeiros humanos já tocavam flauta de osso e elementos percussivos. Todas as sociedades tinham ou têm algum tipo de musica. Na verdade, nosso gosto parece ser inato. Bebes de apenas semanas de vida, já se voltam na direção de sons harmoniosos e agradáveis e tendem a afastar-se dos dissonantes. E quando o desfecho de uma sinfonia nos provoca aquele friozinho gostoso, os centros de prazer ativados no cérebro são os mesmos que estimulados quando comemos chocolate ou mantemos relações sexuais.

          Eis aí um intrigante mistério biológico: por que a musica, universalmente amada, singularmente poderosa com sua capacidade de tanger as cordas da emoção é tão difundida e importante para nós? Será que seu aparecimento incrementou de alguma forma a sobrevivência humana, por exemplo, auxiliando o namoro? O desenvolvimento de culturas milenares, o canto de trabalho, promovendo assim uma grande coesão social em grupos que haviam ficado grandes demais? Seria musica um "manjar auditivo" _um feliz acidente da evolução que por acaso excita a fantasia humana?


         Na Grécia Antiga, a musica em forma de arte civilizacional teria uma natural expansão no desenvolvimento cultural dos povos ocidentais. Para o grego a arte era um prazer, uma paixão. Já para os romanos era um instrumento de administração, de domínio, "o selo impresso sobre a nação conquistada". A Idade Média ou Idade Medieval foi um período intermédio numa divisão esquemática da História da Europa em quatro "eras", a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea. Por razões econômicas, culturais e sociais, a europa esqueceu o mundo medieval e projetou-se rumo ao nascente da era moderna. O crescimento economico que havia começado no século XIII continuava, apesar das desgraças. Por outro lado, o desenvolvimento dos estudos seculares, principalmente o humanismo clássico, a ciencia e a tecnologia constituiu uma força importante que floresceu no romntismo europeu. Um dos maiores beneficios destes fatores foi no campo das artes e a mãe musica ascendeu numa explosão criativa pouquissima vezes vista. O auge da criação e evolução da musica, como conhecemos, o Renascentismo.

Publicação originária de  30 de Setembro de 2008

3 comentários:

Celso Lins disse...

Esse texto é muito bom! LI na época e reli agora. Ele foi publicado até no Cult Office da UCB. Demais!

Anônimo disse...

Pegando carona na história neste texto comovente sobre a história da musica. Muito bom!

Luana BH

Anônimo disse...

Escrito com a alma do músico fantástico que és.

Cláudio Cunha (ATUAL)

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