sexta-feira, 9 de julho de 2010

Brasil e Argentina: tragédia Quixotesca

 Dunga X Maradona: 
O fracasso e suas desgraças
Por Antonio Siqueira










        Terá sido pelo mau humor? Terá sido pelas respostas quase sempre grosseiras nas entrevistas? Terá sido por enclausurar a seleção e dar a ela um tratamento de exército-a-serviço-de-um-ditador? Certamente que não. Porque enquanto conseguia os resultados dentro da Copa do Mundo, o técnico Dunga tinha o apoio da maioria dos torcedores, inclusive nos comentários dos internautas nas reportagens e nas enquetes. Só que, diante da Holanda, o resultado não veio. E a derrota fez dele, na opinião dos mesmos torcedores e leitores, o maior responsável pelo fracasso brasileiro na África do Sul.

        Ao contrário de Diegoo Maradona, que retornou  a Buenos Aires como um General derrotado, mas honrado e festejado pelo povo.

O Bode Dieguito

       No Reino do Rio da Prata, um homem íntimo de Deus conquista o mundo com a bola nos pés. Ano 1986 DC. Os amantes do futebol se rendem à magia de um homem de estatura atarracada chamado Diego Armando Maradona. O México é cenário de algumas das mais belas exibições de um futebolista na História. O Midas de Lanús transforma toda a prata em ouro. Só que o destino leva Maradona a outras paragens e o ouro se transforma em pó. Vive às turras com outro rei, conhecido como Pelé. Uma forte ventania embaralha o caminho de Don Diego, que se perde em drogas, confusões e polêmicas, e acaba flertando com a morte.


















   
O Bode Dunga

         Ano 1990 DC. Itália. Uma geração fracassada acaba sendo conhecida pelo nome de um dos seus integrantes. A Era Dunga sucumbe aos pés de Maradona e a seleção volta para casa de forma prematura. Da Itália para os EUA. Quatro anos. Foi o que durou a agonia do volante. Dunga deu a volta por cima. Ao contrário do Pibe, com muito mais suor que inspiração. Levantou a taça e deu uma banana para o mundo. Para completar, viu Maradona ser varrido da epopeia do futebol, flagrado no antidoping.

Dunga e Maradona

         O fim da linha para Dunga e Maradona ocorre na mesma fase. Separadas por 24 horas, as despedidas mostram uma diferença básica entre as duas "famílias". Ao cair diante da Holanda, Dunga balança a cabeça, recebe um abraço do seu Sancho Jorginho e vai para o vestiário. Seus guerreiros passam vergonha sozinhos em campo. Maradona, por sua vez, mais afeito a um caráter épico, resolve ficar no barco à deriva, cumprimentando cada um dos seus jogadores. Mesmo nocauteado em pé por um "soco de Ali", como ele mesmo disse. Ego arrematado por alemães sedentos.


           Chegam as coletivas. Dunga se mostra mais comedido. Também não é apertado. Provavelmente tenha deixado a entrevista achando que exagerara com os jornalistas o tempo todo. Os argentinos são mais duros e Don Diego retoma o clima pesado dos embates do tempo das Eliminatórias. Perguntado se alguém na Argentina poderia estar feliz com a eliminação, retruca:

- Você está gozando da minha cara? Não me fo#@, irmão!


           Tirando a grosseria do Pibe, ambos seguem a mesma linha, com o mesmo discurso que mescla o paternalismo e o corporativismo, dizendo-se orgulhosos dos seus guerreiros. Dunga celebra o "feito" de fazer o "resgate da seleção". Maradona comemora o "mérito" de devolver o futebol argentino "às suas raízes".

           Os dois heróis, cada um do seu jeito, parecem Quixotes da bola, talhados para polemizar, para duelar com o planeta e os seus ameaçadores moinhos.

      

Nota do blog: Os acontecimentos envolvendo o goleiro Bruno do Flamengo nos dá a certeza de que  compreender melhor o funcionamento da mente dos psicopatas é uma tarefa de importância vital para a humanidade.
  

2 comentários:

Celso disse...

Porra cara, vamos para a fazendinha então......

Anônimo disse...

Maradona era genio com a bola, essa é a difença BÁSICA!

André

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