terça-feira, 18 de maio de 2010

Poeta da Cidade

Os 100 anos de Noel Rosa na voz de Martinho da Vila
Por Antonio Siqueira



Ninguém tem duvidas de que Martinho da Vila é a cara do samba, o permeio do jongo, a ginga carioca elevada à esfera universal da musica de qualidade. Com quase quarenta álbuns lançados, parecia faltar a Martinho um disco cantando as principais obras de Noel Rosa. Noel morreu aos 26 anos deixando um legado de mais de quatrocentas musicas. Martinho escolheu, a dedo, um repertório luxuoso de quatorze sambas de Noel e muito bem acompanhado, diga-se de passagem.


Poeta da Cidade foi idealizado para celebrar o centenário de nascimento de Noel, o compositor que ligou morro e asfalto, nos anos 30, com seus sambas cheios de verve e poesia. Martinho optou por selecionar músicas feitas somente por Noel, sem parceiros ilustres como o subestimado Vadico (1910 - 1962). A exceção é Filosofia, de Noel e André Filho (1906 - 1974).

Os destaques do disco residem nas pérolas raras pescadas no baú de Noel. E Não Brinca Não (faixa em que o canto de Martinho soa leve e solto) e Viola (gravada com Mart'nália, convidada também de Rapaz Folgado) são sambas de acento rural atípico no cancioneiro de Noel, hábil cronista dos costumes do Rio dos anos 1920. Século do Progresso (gravada com Ana Costa) e Quando o Samba Acabou (com Analimar, filha de Martinho) são temas mais lentos em que Noel retratou casos fictícios da violência da época, com muita melancolia e (certo) lirismo.

Quando investe nos clássicos, Martinho é menos feliz. Mas cabe apontar o tom camerístico que sua filha pianista, Maíra Freitas, imprime em Último Desejo. Em contrapartida, Patrícia Hora , filha de Rildo, não consegue transmitir todo o sentimento contido na tristonha Três Apitos. No todo, Poeta da Cidade é bom disco que ratifica o apego de Martinho ao Rio.

4 comentários:

Anônimo disse...

Vale a pena conferir "três apitos" na voz autêntica de Patrícia Hora, que possui um timbre suave, sexy e que passa pelas modulações com naturalidade e sentimento culminando num final chique e original, onde cria um diálogo com Martinho.

Antônio Almeida

Anônimo disse...

Maravilhosa essa versão nova de "três apitos" na voz de Patrícia Hora, que sempre participou dos CDs do Martinho da Vila e de seus shows e agora faz da canção um apelo inteligente para q o amado a corresponda a cada "você" da letra e ao de bossa no final.

Anônimo disse...

Gostei da emocao passada nessa versão de três apitos tanto no arranjo qto na voz: magnifico!

Anônimo disse...

Bom dia ARTE VITAL! Ficou maravilhoso o resultado!

Aninha

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