domingo, 9 de maio de 2010

nas minhas navegancias achei essa matéria muito interessante de Mauri Alexandrino...matéria do ano de 2008...

Os vinte anos do "Verão da Lata"
Por Mauri Alexandrino da Trupe da Terra






No verão de 1988 o navio Solano Star deixou em alto mar sua carga clandestina de milhares de latas de cinco litros repletas de maconha. Elas boiaram em direção à costa e deram nas praias em todo o trecho entre Santa Catarina e Rio de Janeiro. Foi o último suspiro "pós-hippie" que atracou no litoral, especialmente na região da Baixada Santista. Faz 20 anos o famoso "verão da lata".

Não havia polícia que desse jeito e a qualidade da maconha era tão alta, uma variedade africana como se constatou depois, que a expressão "da lata" passou a ser, na gíria de qualquer círculo social, sinônimo de "coisa boa". Invadiu a cultura popular, a televisão e, por fim, a música. Entre as dezenas de citações do episódio ou da expressão destacou-se o sucesso "Veneno da Lata", na voz de Fernanda Abreu.

A violência aumentava, o Plano Cruzado que havia falhado, a Aids assombrava, os exilados haviam voltado, Fernando Gabeira usava tanguinha de crochê na praia e a campanha das Diretas Já estava nas ruas. Ao momento efervescente daquele início de 1988 somou-se o que menos se esperava.

"Havia a sensação dos usuários de ter escapado da polícia e dos traficantes. A maconha vinha do mar, como dádiva de Deus", nas palavras de Marcelo Dantas, roteirista do filme que está sendo produzido a respeito do episódio, que tem o título provisório de "Jamais haverá verão como esse".
 
A história, por si só, é tão boa que o diretor João Falcão diz que o longa vai reproduzir a trajetória de gente que teve contato com as latas - com licença poética para aumentar e criar lendas urbanas. O centro será o empenho de caiçaras e surfistas para encontrar aquele "tesouro" e sua capacidade de tornar praias quase inabitadas em point na época.

João Falcão quer reproduzir nas telas de cinema o "clima de comédia generalizada" que tomou conta do litoral. No filme não faltarão "malucos" que saíam em direção às praias para pegar latas, surfistas que se mantinham horas em cima das pranchas para fugir da polícia, caiçaras que enterravam o fumo na areia, pescadores que enriqueceram ao traficar.

O psicanalista e professor na pós graduação na PUC-SP, Oscar Cesarotto, também se baseou no verão de 1988 para criar fatos fictícios em seu livro O Verão da Lata (Iluminuras, 2005). "Fora do País, ninguém acredita que isso aconteceu." Ele comemora o fato de haver um projeto de filme até para não ficar com a fama de ter inventado a história.


1 comentários:

Celso disse...

hehehehe, li sádado esse post e morri de rir lembrando disso. pena que eu só tinha uns 13 anos, mas lembro do tumúlto que foi na cidade. o Rio nunca mais foi o mesmo! Deixei pra postar hoje, rs...muito boa! parabéns ao Alexandrino pela boa matéria!

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